O Mercador de Veneza: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Revertidas edições por 179.233.1.156 para a última versão por Zoldyick (usando Huggle)
Linha 31:
Shylock odeia Antônio por seu [[antissemitismo]], demonstrado certa vez em que ele insultou e cuspiu no judeu. Além disso, Antônio faz empréstimos sem [[juro]]s, o que atrapalha os negócios de Shylock. Este propõe então uma condição para o empréstimo: se Antônio não conseguir pagá-lo na data especificada, ele receberá uma [[Libra (peso)|libra]] da carne de Antônio. Bassânio não quer que Antônio aceite uma condição tão arriscada, porém Antônio se surpreende com o que ele vê como 'generosidade' do agiota (já que ele não pede juros), e assina o contrato. Com o dinheiro em mãos, Bassânio parte para Belmonte com seu amigo, Graciano, que pediu para acompanhá-lo. Graciano é um jovem gentil, porém impertinente, extremamente falante e com grande falta de tato. Bassânio pede a seu amigo que tente se controlar, e os dois partem para Belmonte e Pórcia.
 
Enquanto isso em Belmonte, Pórcia está sendo visitada por diversos pretendentes. Seu pai lhe deixou um [[testamento]] estipulando que cada um dos seus pretendentes deve escolher corretamente um de três cofres - um de [[ouro]], outro de [[prata]] e outro de [[chumbo]], cada um com uma inscrição. Se escolher o correto, ele conquistará Pórcia; caso contrário, deverá ir embora e nunca mais incomodá-la, ou qualquer outra mulher, com uma proposta de casamento. O primeiro pretendente, o Príncipe do [[Marrocos]], obcecado com luxo e dinheiro, escolhe o cofre de ouro: ao ver o de chumbo, cujo texto diz "Aquele que me escolher deve dar e apostar tudo o que tem", o príncipe afirma não desejar arriscar tudo por este metal; o de prata, que diz "Aquele que me escolher ganhará aquilo que merece", o que lhe soa como um convite à tortura; por sua vez o de ouro, que diz "Aquele que me escolher ganhará o que muitos homens desejam", soa a ele como a indicação de que quem escolhê-lo conquistará Pórcia. Dentro do cofre, no entanto, estão apenas umas poucas moedas de ouro e uma [[caveira]], com um [[pergaminho]] onde está escrito versos célebres, ''All that glisters is not gold ([[Nem tudo que reluz é ouro]]) / Often have you heard that told / Many a man his life hath sold / But my outside to behold / Gilded tombs do worms enfold / Had you been as wise as bold, / Young in limbs, in judgment old / Your answer had not been inscroll'd: / Fare you well; your suit is cold.''
O segundo pretendente é o arrogante [[Príncipe de Aragão]], que decide não escolher o chumbo, por ser muito ordinário, nem o ouro, porque então ele irá conquistar aquilo que é desejado por muitos homens, e ele quer se distinguir das multidões bárbaras. Ele decide então escolher a prata, pois o cofre prateado, que lhe promete dar aquilo que ele merece, deve reservar-lhe algo grande - uma vez que ele se imagina, de maneira egoísta, como sendo uma grande pessoa. Dentro do cofre, no entanto, está a imagem da cabeça de um [[bobo da corte]] sobre um bastão, com o comentário: ''"What's here? the portrait of a blinking idiot… / Did I deserve no more than a fool's head?"''<ref>[http://www.shakespeare-navigators.com/merchant/MerchantText29.html#54 ''Merchant of Venice'': Act 2, Scene 9, Lines 54-59]</ref> ("O que está aqui? o retrato de um idiota que pisca... / não merecia eu nada mais que a cabeça de um tolo?") O pergaminho então segue: ''"Some there be that shadows kiss; / Such have but a shadow's bliss: / …Take what wife you will to bed, / I will ever be your head"'' — significando que ele havia sido tolo para imaginar que um homem pomposo como ele poderia ser um marido apropriado para Pórcia, e que ele sempre havia sido e seria um tolo, e o fato dele ter escolhido o cofre de prata é uma mera prova disto.
O último pretendente é Bassânio, que escolhe o cofre de chumbo; enquanto ele pondera sua escolha, membros do domicílio de Pórcia entoam uma canção que afirma que a "fantasia" (e não o amor sincero) é "engendrada nos olhos, / e alimentada com o olhar." (''"engend'red in the eyes, / With gazing fed."'')<ref>[http://www.shakespeare-navigators.com/merchant/MerchantText32.html#67 ''Merchant of Venice'': ato 3, cena 2, versos 67-68]</ref> Aparentemente em resposta a esta pequena peça filosófica, Bassânio então comenta, ao fazer a escolha correta: ''"So may the outward shows be least themselves. / The world is still deceived with ornament." And at the end of the same speech, just before choosing the least valuable, and least showy metal, Bassanio says, "Thy paleness moves me more than eloquence; / And here choose I; joy be the consequence!"''
Linha 55:
 
==Performances==
A primeira performance da peça cuja existência foi registrada se deu na corte do [[Rei da Inglaterra|rei]] [[Jaime I da Inglaterra|Jaime I]] da [[Inglaterra]], na primavera de 1605, seguida por uma segunda performance alguns dias depois; não se tem, no entanto, qualquer outro registro de encenações dela no século XVII.<ref>Boyce, Charles. ''Encyclopaedia of Shakespeare'', Nova York, Roundtable Press, 1990, p. 420.</ref> Em 1701, [[George Granville]] encenou uma adaptação bem sucedida, chamada de ''O Judeu de Veneza'', com [[Thomas Betterton]] no papel de Bassânio. Esta versão (que continha uma [[mascarada]]) era popular, e foi encenada pelos quarenta anos seguintes. Granville cortou as cenas dos Gobbos, para se adequar ao [[decoro]] [[neoclássico]], e acrescentou uma cena com Shylock e Antônio na [[Prisão|cadeia]], além de ampliar a cena do [[brinde]] durante o banquete. [[Thomas Doggett]] interpretou Shylock de maneira cômica, talvez até mesmo se assemelhando a uma [[farsa]]. [[Nicholas Rowe]] manifestou suas dúvidas sobre esta interpretação ter sido realizada antes de 1709; o sucesso de Doggett no papel fez com que produções posteriores adotasem o palhaço das trupes para interpretar Shylock.
 
Em 1741 [[Charles Macklin]] retornou ao texto original numa produção bem-sucedida do [[Teatro Real (Drury Lane)|Teatro Real]] de [[Drury Lane]], abrindo caminho para a versão de [[Edmund Kean]] setenta anos mais tarde.<ref>F. E. Halliday, ''A Shakespeare Companion 1564–1964,'' Baltimore, Penguin, 1964; pp. 261, 311–12. Em 2004, o filme foi lançado.</ref> [[Arthur Sullivan]] compôs [[música incidental]] para a peça em 1871.<ref>[http://math.boisestate.edu/GaS/other_sullivan/venice/index.html Informações sobre a música incidental de Sullivan] em ''The Gilbert and Sullivan Archive'', página acessada em 31-12-2009</ref>
Linha 126:
 
=== Sexualidade na peça ===
A inexplicável [[depressão nervosa|depressão]] de Antônio — "Não sei, realmente, por que estou triste"<ref>Ato I, cena I.</ref> — e sua completa devoção a Bassânio levaram alguns críticos a desenvolver a teoria de que ele sofreria de [[amor não-correspondido]] por seu amigo, e estaria deprimido por Bassânio ter chegado na idade em que deve casar-se com uma mulher. Em suas peças e em sua poesia Shakespeare frequentemente descreveu laços entre homens com diferentes graus de [[homossocialidade]], o que fez com que alguns críticos especulassem sobre uma possível correspondência por parte de Bassânio às afeições de Antônio, apesar de sua obrigação de se casar:
 
<poem>
Linha 182:
 
=== Teatro e televisão ===
No [[Brasil]], a sua cena principal (a cobrança de Shylock pela libra de carne de seu devedor, Antônio) foi parodiada na peça ''[[Auto da Compadecida|O Auto da Compadecida]]'', de [[Ariano Suassuna]], transformada posteriormente em [[O Auto da Compadecida (minissérie)|minissérie]] pela [[TV Globo]] e, posteriormente, lançada como [[O Auto da Compadecida (filme)|filme]].
 
{{referências|col=2}}
Linha 200:
 
{{Shakespeare}}
 
{{esboço-teatro}}
 
[[Categoria:Peças de teatro de William Shakespeare|Merchant of Venice]]