Arte sacra: diferenças entre revisões

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Em geral, pode-se dizer que é arte religiosa aquela que reflete a vida religiosa do [[artista]]. A [[virtude]] da [[religião]] tende a produzir no homem uma atitude substancialmente interna, de amor, submissão, de fé e esperança e, sobretudo, de adoração a [[Deus]]. A arte religiosa deve ter esta mesma finalidade e para que isso ocorra é necessário que a arte - conservando o característica intrínseca - se subordine ao fim da religião.
 
A "arte sacra" é aquela arte religiosa que tem um destino de liturgia, isto é, aquela que se ordena a fomentar a vida litúrgica nos fiéis e que por isso não só deve conduzir a uma atitude religiosa genérica, mas há de ser apta a desencadear a atitude religiosa exigida pela [[Liturgia]], querou dizerseja para o culto divino.
 
== Condições da arte sacra ==
A arte sacra leva consigoincorpora uma série de características que é necessário reconhecer e compreender profundamente. Por exemplo, um quadro pode provocar um sentimento religioso, mas pode não ser adequado que se celebre a [[Santa Missa]] perante ele. Se os elementos que compõem a obra artística, ainda que dominados por um sentimento religioso, não estão espiritualizados em grau suficiente, centra-se centram a atenção em demasia em um elemento sensível, puramente estético, sem elevar-se a um plano espiritual, que ajude alguém a colocar-se diante de Deus,. nãoNão deve, portanto, ser tratado como arte sacra, mas sim no âmbito mais geral da arte religiosa.
 
Não é suficiente que a subordinação seja somente ante o tema, porque, por exemplo, o Nascimento do Senhor pode ser considerado atraente em parte sob o seu aspecto de simplicidade, ternura, etc., mas sua representação não será arte religiosa e muito menos arte sacra se não tem por intenção refletir o mistério divino que ali se manifesta, e se não eleva o espírito daqueles que o contemplam.
 
A arte sacra, em suma, não só deve servir à Liturgia e respeitar os fins especificamente litúrgicos - ainda que mantendo-se fiel às suas exigências naturais como arte -, mas ademais deve expressar e favorecer à sua maneira esses fins, dirigindo a essa finalidade o prazer estético que, por sua natureza, à mesma arte lhe cabe produzir. Por isto, se o artista, além de o ser autenticamente, não estáestiver vitalmente penetrado da religiosidade geral e ao mesmo tempo da religiosidade litúrgica, não poderá produzir umuma obra autêntica de arte sacra.
 
Disto se pode deduzir uma série de consequências. A arte sacra é necessário que seja compreensível, querou dizerseja, que sirva de ensinamento, porque é uma "[[teologia]] em imagens". Deve representar as verdades da fé, não de um modo arbitrário, mas de exposição do dogma cristão com a maior fidelidade possível e com sentimentos autenticamente piedosos.
 
== Normas eclesiásticas ==
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O [[Concílio de Trento]] (sess. XXV) emitiu um Decreto - saindo de encontro com a heresía iconoclasta dos [[Calvinismo|calvinistas]] - estabelecendo uma vez mais o sentido tradicional que tem para o culto a representação das imagens de [[Cristo]], da [[Virgem Maria]], Mãe de Deus e dos outros santos, e também realçou o valor da instrução catequética que supõem as histórias dos mistérios da nossa redenção, representadas em pinturas e outras reproduções, ao mesmo tempo que condenava os abusos, para "que não se exponha imagem alguma de falso dogma" (Denz. Sch. 1821-1825).
 
Sucessivamente, a hierarquia eclesiástica tem feito intervenções para dignificar a arte sacra, dado não só proibições (p. ex. a decretada pela Sagrada Congregação de Ritos, de 11 de junho de [[1623]], que proibiu a representação do Cristo crucificado com os braços para o alto) como também tem dado orientações concretas sobre diferentes manifestações da arte sacra. Nesta linha o ''[[motu proprio]]'' [[De musica sacra]] de S. [[Papa Pio X|Pio X]], de 22 de novembro de [[1902]].
 
Por outro lado, o [[Código de Direito Canônico]] recolheu diferentes disposições sobre a construção de Igrejas (Can. 485, 1.162, 1.164), sobre as imagens (Can. 1.2791.280, 1.385,3°), sobre os utensílios litúrgicos (can. 1.296, 3), sobre o [[sacrário]] (can. 1.268, 1.269), sobre a música (can 1.264), sobre a guarda e vigilância do patrimônio artístico (can. 1.497, 1.522, 1.523), etc.
 
A Encíclica [[Mediator Dei]] dá preciosas indicações sobre a música sacra e sobre as artes em geral no culto litúrgico: «As imagens e formas modernas… não se devem desprezar nem proibir-se em geral por meros preconceitos, mas é de todo necessário que, adotando-se equilibrado meio termo entre um servil realismo e um exagerado simbolismo, com a vista mais posta em proveito da comunidade cristã que no gosto e critérios pessoais do artista, tenha livre campo a arte moderna, para que também sirva, dentro da reverência e decoros devidos aos lugares e atos litúrgicos… Por outra parte… nos sentimos precisados a ter que reprovar e condenar certas imagens e formas ultimamente introduzidas por alguns que à sua extravagância e degeneração estética unem o ofender claramente mais de uma vez ao decoro e à piedade e modéstia cristã, e ofendem ao mesmo sentimento religioso, tudo isso deve afastar-se e desterrar-se em absoluto de nossas Igrejas, e em geral, tudo o que nega a santidade do lugar» ([[Papa Pio XII|Pio XII]], Enc. [[Mediator Deí]], 20 nov. 1947, 193-194).
 
Posteriormente, muitos outros documentos pontifícios vieram a se referir de uma forma ou outra aà arte sacra, principalmente aà música (cfr. Papa Pio XII, Instrução do Santo Ofício sobre a arte sacra, 30 jun. 1952; íd, Enc. [[Musica sacrae disciplinae]], 25 dez. 1955; íd, Instrução da S. Cong. de Ritos sobre a Música e Liturgia Sagradas, 3 set. 1958, etc.).
 
O [[Concílio Vaticano II]] deu também um impulso e umas indicações concretas para a arte sacra: « A Igreja procura com especial interesse que os objetos sagrados sirvam ao esplendor do culto com dignidade e beleza, aceitando as mudanças de matéria, forma e ornato que o progresso da técnica introduz com o correr do tempo. Em consequência, os padres decidiram determinar acerca deste ponto o seguinte: "A Igreja nunca considerou como próprio nenhum estilo artístico, mas, acomodando-se ao caráter e às condições dos povos e às necessidades dos diversos ritos, aceitou as formas de cada tempo, criando no curso dos séculos um tesouro artístico digno de ser conservado cuidadosamente.