Devir: diferenças entre revisões

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{{minidesambig|pela editora Devir|Devir Livraria}}
'''Devir''' (do [[latim]] ''devenire'', chegar) é um conceito [[filosofia|filosófico]] que significa as mudanças pelas quais passam as coisas.<ref name="Schüler2002">Arnaldo Schüler. ''[http://books.google.com/books?id=9MIZEhXWJngC&pg=PA158 Dicionário enciclopédico de teologia]''. Editora da ULBRA; 2002 [cited 3 Septem]. ISBN 978-85-7528-031-7. p. 158.</ref><ref>" série de mudanças por vir; futuro; ''A ninguém é dado conhecer seu devir''(...)" ''[http://books.google.com/books?id=RFrCN3hCsHoC&pg=PA435 Dicionário UNESP do português contemporâneo]''. UNESP; 1 January 2005. ISBN 978-85-7139-576-3. p. 435.</ref> O conceito de "se tornar" nasceu no leste da Grécia antiga pelo filósofo [[Heráclito de Éfeso]] que no século VI a.C., disse que nada neste mundo é permanente, exceto a mudança e a transformação.<ref name="VieiraCataneo2001">António Vieira; Girolamo Cataneo. ''[http://books.google.com/books?id=ifRj8J8nJL0C&pg=PA67 As lágrimas de Heráclito]''. Editora 34; 2001. ISBN 978-85-7326-212-4. p. 67.</ref> Sua teoria está em oposição com a de [[Parmênides]], outro filósofo grego que acreditava que as mudanças ônticas ou os "tornar-se" que percebemos com nossos sentidos é algo enganoso que há pura perfeição e eternidade por trás da natureza, e que esta é a verdade suprema.<ref name="Souza">"Parmênides, reagindo violentamente, afirmando que o movimento é uma ilusçao dos sentidos e que o "Ser" é perfeitamente "imóvel"." Antônio Vital Menezes de Souza. ''[http://books.google.com/books?id=5pCCp7YbUH8C&pg=PA40 Marcas de diferença: Subjetividade e Devir na Formação de Professores]''. Editora E-papers; ISBN 978-85-7650-097-1. p. 40.</ref> Na filosofia, a palavra "tornar-se" diz a respeito de um conceito ontológico específico que não deve ser confundido com a filosofia do processo, esta última indicando uma doutrina metafísica da [[teologia]].
'''Devir''' é um conceito [[filosofia|filosófico]] que qualifica a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Surgiu primeiro em [[Heráclito]] e em seus seguidores; o devir é exemplificado pelas águas de um rio, “que continua o mesmo, a despeito de suas águas continuamente mudarem.”
Recebe também a acepção nietzschiana do "torna-te quem tu és", usada em um dos seus escritos.Traduz-se de forma mais literal a eterna mudança do ontem ser diferente do hoje,nas palavras de [[Heráclito]]:
 
===Heráclito===
{{quote2|O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio duas vezes, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje.|[[Heráclito]]}}
Cerca de 500 a.C. Heráclito escreveu o seguinte:
:''Tudo flui e nada permanece, tudo dá forma e nada permanece fixo.''
:''Você não pode pisar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras, vão fluir.''<ref>{{Citar SEP | autor =Steven Savitt | pagina =spacetime-bebecome | titulo =Being and Becoming in Modern Physics| data =3/9/2013}}</ref>
 
==Ver também=Platão===
Platão tinha interesse em construir sua teoria sobre o "devir" de modo a não anular as perspectivas de imutabilidade do ser, tudo se passa como se o filósofo tivesse que conhecer duas posições extremas para poder ultrapassá-las: a de Heráclito para quem tudo o que existe é conduzido pelo fluxo do devir; e a posição antagonica de Parmênides para quem o ser não comporta nem o nascimento nem a morte, o devir só pode ser uma ilusão, o ser é imutável ou não é o ser.<ref name="Marcondes1993">Hilton Japiassú, Danilo Marcondes. ''[http://books.google.com/books?id=2K0bP_T6F_oC&pg=PA72 Dicionário básico de filosofia]''. Zahar; 1993. ISBN 978-85-378-0341-7. p. 72.</ref> Para ele, o ser na dimensão do "tornar-se" implica a causa específica da inteligência produtora e tudo o que ela postula, o "ser que é sempre" não está sujeito à geração e ao devir, porque permanece sempre nas mesmas condições; ele é captado pela inteligência por meio do [[raciocínio]], o devir que continuamente se engendra não é nunca um verdadeiro ser justamente porque está em contínua mudança, ele é objeto de opinião, ou seka, é captado mediante a percepção sendorial, distinta da [[razão]].<ref name="Giovanni">REALE, Giovanni. ''[http://books.google.com/books?id=BvRhFZdaqPMC&pg=PA131 História da filosofia grega e romana - Platão]''. LOYOLA; ISBN 978-85-15-03304-1. p. 131.</ref>
* [[Causalidade]]
 
===Aristóteles===
{{esboço-filosofia}}
Para Aristóteles, o devir é apenas uma passagem da [[potência]] ao [[ato]] que é a perfeição para a qual o devir tende.<ref name="Susin2003">"Segundo Aristóteles, ato é a perfeição para a qual o devir tende." Luiz Carlos Susin. ''[http://books.google.com/books?id=ImeZ81uBu1IC&pg=PA82 Éticas em diálogo: Levinas e o pensamento contemporâneo: questões e interfaces]''. EDIPUCRS; 2003. ISBN 978-85-7430-367-3. p. 82.</ref><ref name="Baptista">"Aristótles dá o nomde de devir ao processo de realização da potência. Devir é o princípio de atualização da potencialidade em direação à realização da forma. O princípio do decir é o movimento, o princípio do movimento é a potência." William Baptista. ''[http://books.google.com/books?id=ofapNUTWCdIC&pg=PA55 O devir da verdade]''. Letra Capital Editora LTDA; ISBN 978-85-7785-168-3. p. 55.</ref> O devir aristotélico é a realização de um processo para se receber, o que move um ente para sua finalidade é o ''motor''; tudo está em ''movimento'' porque é movido por um motor, o motor que move a si mesmo e não é movido por nenhum outro é o primeiro motor, o motor perfeito onde todas as suas potencialidades estão atualizadas.<ref name="Baptista"/>
 
===Hegel===
O conceito do devir em Hegel constitui a síntese [[dialética]] do ser e no não ser, pois tudo o que existe é contraditório estando então sujeito a desaparecer. Tal como Heráclito, Hegel viu a oposição e o conflito como essenciais ao devir.<ref name="Inwood1997">Michael Inwood. ''[http://books.google.com/books?id=J2gicMEltEsC&pg=PA293 Dicionário Hegel]''. Jorge Zahar; 1997. ISBN 978-85-7110-378-8. p. 293.</ref>
 
===Nietzsche ===
Para Nietzsche, o conflito produz um devir porém esse não se caracteriza como síntese, o devir preconizado por Nietzsche a partir de Heráclito, provém mediante a diferenciação e a separação que se engendram na disputa.<ref name="Martins1994">Luiz Renato Martins. ''[http://books.google.com/books?id=NBJZiC89WIIC&pg=PA47 Conflito e Interpretação em Fellini]''. EdUSP; 1994. ISBN 978-85-314-0208-1. p. 47.</ref>
 
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==Ver também==
* [[Ser]]
* [[Ontologia]]
* [[Fisicalismo]]
 
[[Categoria:Conceitos filosóficos]]
[[Categoria:Ontologia]]