Élia Zenonis: diferenças entre revisões

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== Imperatriz ==
Em 17 de novembro de 474, Leão II morreu e seu pai, Zenão, se tornou o único imperador do [[Império Romano do Oriente]]. O novo imperador não era, contudo, particularmente popular entre a população de [[Constantinopla]], pois o imperador era [[Isáuria|isauriano]] e, portanto, considerado um [[bárbaro]]. Para assegurar sua posição, Zenão concedeu as principais posições da burocracia imperial para seus companheiros isaurianos, alguns deles entre os mais rudes da capital<ref name="penelope.uchicago.edu">[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/secondary/BURLAT/12*.html#Armatus J. B. Bury, ''History of the Later Roman Empire from the Death of Theodosius I to the Death of Justinian'' (1923), Chapter XII]</ref>. Além disso, a poderosa facção [[germânicos|germânica]] do exército, liderada por [[Teodorico Estrabão]], estava insatisfeita com os oficiais isaurianos que Leão I incorporou na força para reduzir sua dependência em relação aos [[ostrogodos]]. Para terminar este processo de alienação, Zenão isolou o general conterrâneo [[IllusIlo]].
 
Basilisco e Verina se aproveitaram da situação para iniciar uma conspiração com objetivo de derrubar Zenão. Em 475, uma revolta popular contra o imperador irrompeu na capital. Com o apoio dos militares liderados por Estrabão, IllusIlo e [[ArmatusArmato]], os revoltosos conseguiram tomar o controle de Constantinopla. Verina convenceu seu genro a deixar a cidade e Zenão então fugiu para sua terra natal levando consigo alguns dos isaurianos da capital e o tesouro imperial. Basilisco foi aclamado ''[[augusto (honorífico)|augusto]]'' em 9 de janeiro de 475.
 
Zenonis foi declarada ''[[augusta (honorífico)|augusta]]'' imediatamente depois do vitorioso [[golpe de estado]] e [[Marcos (filho de Basilísco)|Marcos]], o primogênito do novo casal imperial, foi declarado primeiro [[césar (título)|césar]] e, depois, um ''augusto'', co-imperador com o pai. Basilisco e Zenonis apoiaram a causa [[monofisita]]<ref name="penelope.uchicago.edu"/> primeiro restaurando dois de seus líderes, o [[patriarca de Alexandria]] [[Timóteo II de Alexandria|Timóteo II]] e [[patriarca de Antioquia|o de Antioquia]], [[Pedro, o Pisoeiro]], aos seus respectivos trono e, em seguida, por sugestão de Timóteo, emitindo uma carta circular aos [[bispo]]s (''Enkyklikon'') em 9 de abril de 475 urgindo-os a aceitarem como válidos apenas os três primeiros [[concílio ecumênico|concílios ecumênicos]] e a rejeitarem o [[Concílio de Calcedônia]]<ref name="catholic">{{1913CE|Pope St. Simplicius}}</ref>. Todos os bispos deveriam assinar o édito. Ainda que a maioria dos bispos orientais tivesse aceitado a carta, o [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] [[Acácio de Constantinopla]] se recusou e, com o apoio da população da cidade que cada vez mais desdenhava Basilisco, enrolou em panos pretos os [[ícone]]s em [[Hagia Sophia|Santa Sofia]]<ref>[[Evágrio Escolástico]].</ref>;
 
De acordo com algumas passagens no "[[Suda]]", Zenonis era amante de um sobrinho do marido, [[ArmatusArmato]]. [[J. B. Bury]] cita a passagem da seguinte forma: ''"Basilisco permitiu que ArmatusArmato, mesmo sendo seu parente, que se associasse livremente com a imperatriz Zenonis. A amizade dos dois se tornou íntima, pois eram ambos pessoas de beleza extraordinária e eles ficaram extravagantemente apaixonados um pelo outro. Eles costumavam trocar olhares, viravam com frequência a cabeça para trocarem sorrisos; e a paixão a que eles eram obrigados a esconder era a causa de tristeza e agonia. Eles contaram o problema para Daniel, um [[eunuco]], e para Maria, uma [[parteira]], o que não curou a doença pelo remédio de fazê-los ficar juntos. Então Zenonis convenceu Basilisco a conceder ao amante o cargo mais alto na cidade"''<ref name="penelope.uchicago.edu"/>. O trecho faz referência ao fato de Zenonis ter supostamente convencido Basilisco a nomear ArmatusArmato para o cargo de ''[[magister militum praesentialis]]''. Ele também recebeu um [[cônsul romano|consulado]] em 476, juntamente com o próprio Basilisco<ref name="armatos">[[Suda]], s.v. ''Ἁρμάτος''.</ref><ref>[[Prosopografia do Império Romano Tardio]], vol. 2</ref>
 
== Deposição ==
Logo depois de sua elevação, BasilicoBasilisco despachou IllusIlo e seu irmão, Trocundo, para lidar com Zenão, que, agora em suas fortalezas na [[Isáuria]], voltou a ser um líder regional. Basilisco, porém, não conseguiu cumprir as promessas que fez aos dois generais; além disso, eles receberam cartas de alguns dos principais ministros na corte urgindo-os a assegurem o rápido retorno de Zenão, pois a cidade agora preferia um isauriano restaurado do que um miafisita cuja impopularidade só cresceu por conta da ganância em cobrar impostos de seus asseclas<ref name="penelope.uchicago.edu"/>.
 
Durante as operações na Isáuria, IllusIlo capturou o irmão de Zenão, [[Longino (irmão de Zenão)|Longino]], e o manteve cativo numa fortaleza da região. Por acreditar que teria grande influência sobre um Zenão eventualmente restaurado, ele desertou e marcou com ele para Constantinopla no verão de 476. Quando Basilisco soube do perigo, ele tentou apressadamente revogar seus éditos religiosos e conciliar o patriarca com o povo, mas era tarde demais<ref name="penelope.uchicago.edu"/>.
 
ArmatusArmato, como ''magister militum'', foi enviado com todas as forças disponíveis para a [[Ásia Menor]] para dar combate ao exército isauriano que avançava, mas mensagens secretas de Zenão prometendo-lhe o título de ''magister militum'' perpétuo e a concessão do título de césar ao seu filho induziram-no a também trair Basilisco<ref>De acordo com [[Procópio de Cesareia|Procópio]], ArmatusArmato rendeu seu exército a Zenão na condição de que ele apontasse o filho de ArmatusArmato, também chamado de [[Basilisco (césar)|Basilisco]], como césar e reconhecesse-o como sucessor ao trono quando morresse. Depois que Zenão havia recuperado o império, ele cumpriu a promessa e nomeou Basilisco césar, mas não demorou muito para que lhe retirasse o título e executasse ArmatusArmato</ref>. ArmatusArmato evitou a estrada pela qual Zenão estava avançando e marchou para a Isáuria por outro caminho. Esta traição selou o destino de Basilisco<ref name="penelope.uchicago.edu"/>.
 
Em agosto de 476, Zenão cercou Constantinopla. O líder dos [[godos]] da [[Panônia]], Teodorico, o Amal, (que futuramente seria conhecido como [[Teodorico, o Grande]]) havia também se aliado a Zenão. Ele teria atacado Basilisco e seu ''[[foederati]]'' godos da Trácia liderados por [[Teodorico Estrabão]] e receberia em troca o título de ''magister militum'' de Estrabão, além de todo o pagamento que seria dado os godos. Já se sugeriu que Constantinopla estaria indefesa durante o cerco de Zenão justamente por que o ''magister militum'' Estrabão teria marchado para o norte para conter esta ameaça<ref>Veja {{cite book |last=Heather |first=Peter |title=Goths |year=1998 |month=May |publisher=Blackwell Publishing |isbn=0-631-20932-8 |pages=158&ndash;159 }}</ref>. O [[Senado bizantino]] abriu os portões da cidade para o isauriano e permitiu-lhe retomar o trono. Basilisco fugiu e tentou pedir [[santuário (legal)|santuário]] numa igreja, mas foi traído por Acácio e se rendeu com sua família após obter uma promessa solene de Zenão de que não "teriam seu sangue derramado". Basilisco, sua esposa, Élia Zenonis, e seu filho Marcos foram então enviados para uma fortaleza na [[Capadócia]], onde o imperador ordenou que fossem confinados numa [[cisterna]] seca para que morressem ao léu<ref>[http://www.roman-emperors.org/basilis.htm Hugh Elton, "Flavius Basiliscus (AD 475-476)"]</ref>.