Tíndaris: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Tindari.jpg|thumb|250px|Laguna de Tindari.]]
'''Tindari''', antigamente '''TyndarisTindaris''' ou '''Tyndarion''' (em [[língua grega|grego]]: Τυνδαρίς, [[Estrabão|estrab.]]; Τυνδάριον, [[Ptolomeu|ptol.]]) é uma pequena localidade (uma ''[[frazione]]'') no ''[[comuna italiana|comune]]'' de [[Patti]], na [[Messina (província)|Província de Messina]] na [[Sicília]], entre [[Barcellona Pozzo di Gotto]] e [[Cefalù]].
Tindari foi importante cidade na [[Antiguidade]], sendo hoje um famoso santuário dedicado à [[Virgem Maria|Virgem]], também conhecida pelo [[poema]] "Vento a Tindari", escrito pelo Nobel de Literatura [[Salvatore Quasimodo]].
 
==Histórico==
TyndarisTindaris situava-se sobre uma colina íngreme e alta que se projeta como [[promontório]] sobre uma ampla [[baía]] do [[mar Tirreno]], tendo a Punta de Milazzo ao leste e o CapoCabo Calaviá ao oeste, e distava - segundo os itinerários antigos - 36 [[milha]]s de Messana (atual [[Messina]]).<ref>[[Itinerário de Antonino]], p. 90; [[Tabula Peutingeriana|Tab. Peut.]]</ref> Era uma cidade da [[Grécia Antiga|Grécia]], e uma das últimas cidades sicilianas que podem reivindicar uma origem puramente grega, tendo sido fundada por [[Dionísio I de Siracusa|Dionísio, o Velho]] em 396 ou 395 a.C. Seus colonos originais foram os remanescentes dos [[Messênia|messenianosmessênios]] exilados, que foram guiados pelo [[NaupactusNaupacto]], [[Zaquintos]], e o [[Peloponeso]] pelos [[esparta]]nos após o fim da [[Guerra do Peloponeso]]. Estes haviam primeiramente sido estabelecidos por Dionísio em Messana, quando ele repovoou a cidade; mas os espartanos sentiram-se ofendidos, e foram então transferidos para o lugar de TyndarisTindaris que havia sido previamente incluída no território de [[Abacaenum]]. Os colonos então batizaram a cidade como TyndarisTindaris, em honra às suas divindades nativas, os "Tyndaridae" ou [[Dioscuri]], filhos de [[Tíndaro]], e prontamente receberam cidadãos novos de outros lugares, logo elevando a população local a cinco mil cidadãos.<ref>[[Diodoro Sículo|Diod.]] xiv. 78.</ref> Isto elevou a nova cidade a um lugar de grande importância.
[[Ficheiro:Tindary greek ruins.jpg|thumb|Ruínas gregas, em TindariTindaris]]
É novamente mencionada em [[344 a.C.]], quando foi uma das primeiras cidades que declararam apoio a [[Timoleonte]] após seu desembarque na Sicília.<ref>Diod. xvi. 69.</ref> Num período posterior é novamente mencionada como aderindo à causa de [[Hieron]], e o apoiando durante sua guerra contra os mamertinos, em [[269 a.C.]]. Nesta ocasião ele posicionou suas tropas em TyndarisTindaris, à esquerda, e em TauromeniumTauromênio (moderna [[Taormina]]), à direita.<ref>Diod. xxii. Exc. H. p. 499</ref> Realmente a posição privilegiada de TyndarisTindaris a tornava um importante ponto estratégico no Tirreno, assim como Tauromenium[[Tauromênio]] estava para o [[mar da Sicília]], e consequentemente são citadas nas guerras subsequentes. Na [[Primeira Guerra Púnica]] era no começo tributária de [[Cartago]]; mas os cidadãos, alarmados com o crescente poder dos [[Roma Antiga|romanos]], estavam a ponto de revoltar-se em favor destes, mas foram contidos pelos cartagineses que, para tal, sequestraram os principais cidadãos e os mantiveram reféns.<ref>Diod. xxiii. p. 502.</ref> Em [[257 a.C.]] ocorre nas suas proximidades a [[batalha de TyndarisTindaris]], entre seus habitantes e os de [[Lípara]], onde uma frota romana sob comando de [[MarcusMarco AtiliusAtílio RegulusRegulo]] obtém alguma vantagem sobre a armada cartaginesa, mas sem qualquer efetivo resultado positivo.<ref>[[Políbio|Pol.]] i. 25; Zonar. viii. 12.</ref> A frota romana é descrita naquela ocasião como margeando o promontório de TyndarisTindaris, mas a cidade contudo não caiu em suas mãos, e isto não ocorreu até quando da queda de Panormus (atual [[Palermo]]), em [[254 a.C.]], quando os tindarenses expulsaram a guarnição cartaginesa e se uniu à aliança romana.<ref>Diod. xxiii. p. 505.</ref>
 
Bem pouco se ouve falar de TyndarisTindaris sob o governo romano, mas parece ter sido uma cidade florescente e considerável. [[Cícero]] chama-lhe de ''nobilissima civitas'',<ref>Cícero, Verrinas, iii, 43</ref> e sabe-se de seus habitantes atuaram com zelo e fidelidade para com os romanos em várias ocasiões. Entre outras, proveram de armamentos as forças navais de [[Cipião Africano]], fato que em gratidão ele pagou restituindo-lhe uma estátua de [[Mercúrio (mitologia)|Mercúrio]] que havia sido levada pelos cartagineses, e que continuou sendo um objeto de grande veneração na cidade, até quando foi novamente arrebatada pelo ávido [[Verres]].<ref>Cic. Verr. iv. 3. 9-42, v. 47.</ref>
 
TyndarisTindaris foi também uma das dezessete cidades selecionadas pelo [[Senado romano]], aparentemente como uma distinção honorífica, para contribuir com certas oferendas ao templo de [[Vênus (mitologia)|Vênus]] em [[Eryx (Sicília)|Eryx]].<ref>Cic. ''Verr.'' v. 47; Zumpt, ''ad loc.''; Diod. iv. 83.</ref> mas noutros aspectos não possuía qualquer privilégio particular, e estava na condição de [[municipium]] ordinário, com seus próprios magistrados, senado local, ect., mas era certamente, ao tempo de Cícero, um dos lugares mais consideráveis da ilha. Porém, sofreu severamente com as exações de Verres.,<ref>Cic. ''Verr.'' ll. cc.</ref> e os habitantes, para se vingarem do seu opressor, demoliram sua estátua pública assim que deixou a ilha.<ref>Cic. ''Verr.'' ii. 66.</ref>
 
TyndarisTindaris suportou novamente uma parte considerável da guerra entre [[Sexto Pompeu]] e [[Otaviano]] ([[36 a.C.]]). Foi um dos pontos ocupados e fortificados pelo primeiro, ao preparar a defesa dos estreitos sicilianos, mas foi tomada por [[MarcusMarco VipsaniusVipsânio AgrippaAgripa|AgrippaAgripa]] após sua vitória naval em MylaeMilas, e tornou-se um dos seus bastiões na ofensiva contra Pompeu.<ref>AppianoApiano, ''B.C.'' v. 105, 109, 116.</ref> Após isto, não se ouve falar mais de TyndarisTindaris na história; mas não há dúvida de que continuou a existir durante o longo período do [[Império Romano]]. [[Estrabão]] fala dela como um dos lugares ao norte da Sicília que, ao seu tempo, ainda merecia o título de cidade; e Plínio, o Velho dá-lhe o título de ''colônia". É provável que recebera a condição de colônia sob Augusto, pois encontra-se uma inscrição de ''ColoniaColônia Augusta TyndaritanorumTindaritanoro''.<ref>Estrab. vi. p. 272; Plin. iii. 8. s. 14; Ptol. iii. 4. § 2; Orell. ''Inscr.'' 955.</ref> Plínio menciona uma grande calamidade que a cidade teria sofrido, quando (ele diz) metade da cidade foi engolida pelo mar, provavelmente por conta de um terremoto que teria causado a colina sobre a qual está situada, mas naonão há qualquer pista sobre a data deste evento;<ref>Plin. ii. 92. s. 94.</ref> Os Itinerários Antoninos atestam a existência de TyndarisTindaris, ainda como um lugar considerável, no [[século IV]].<ref>Itin. Ant. pp. 90, 93; Tab. Peat.</ref>
 
[[FicheiroImagem:Patti Tindari Wallfahrtskirche.jpg|thumb|leftesquerda|Santuário de TindariTindaris.]]
 
==Situação atual==
Até o [[século XIX]] o lugar de TyndarisTindaris estava completamente deserto, mas o nome foi mantido graças a uma igreja, que ocupava o ponto mais elevado da colina onde a cidade situava-se antigamente, e era chamada de ''Madonna di Tindaro''. Sita a cerca de 180 metros acima do nível do mar, é um marco para os marinheiros. Ruínas consideráveis da antiga cidade também são visíveis. Ocupa toda o planalto, ou parte superior do monte, e podem ser encontraadosencontrados restos de antigas paredes, a intervalos, por toda a beira do precipício, menos em uma parte diante do mar em que o precipício é bastante íngreme. Não é improvável que ali houve um desmoronamento, tal como registrado por Plínio. Dois portões da cidade ainda podem ser distinguidos. Os principais monumentos que podem ser registrados, nas ruínas, são: o teatro, que apresenta restos bastante deteriorados, mas o suficiente para perceber que não possuía grandes dimensões, e que era aparentemente uma construção romana ou, então, assim como o TauromeniumTauromênio, uma reconstrução romana sobre fundações gregas; um grande edifício com dois belos arcos de pedra, em geral chamado ''Gymnasium''Ginásio, mas cuja real destinação não é determinável; vários outros edifícios dos tempos romanos, mas de caráter incerto, um pavimento com [[mosaico]] e alguns túmulos romanos.<ref>Serra di Falco, ''Antichità della Sicilia'', vol. v. part vi.; Smyth's ''Sicily'', p. 101; Hoare's ''Classical Tour'', vol. ii. p. 217, etc.</ref>
 
[[FicheiroImagem:Patti Tindari Schwarze Madonna.jpg|thumb|upright|A Madona Negra de TindariTindaris, com inscrição ''NIGRA SUM SED FORMOSA''.]]
 
Numerosas inscrições, fragmentos de esculturas e de elementos decorativos de arquitetura, bem como moedas, vaso etc., foram também encontrados no sítio.
==Lendas religiosas==
Uma lenda local narra que a [[laguna]] foi criada após a vinda de um peregrino que chegara para visitar a imagem da Virgem; mas este se recusara a orar porque a madona era negra. Outra diz que uma mulher derrubou um bebê, acidentalmente, no mar e a madona fizera a terra subir para salvar sua criança. As areias de MarinelloMarinelo têm um formato que lembra a madona de perfil.
==Referências==