Grão-Principado de Moscou: diferenças entre revisões

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Apesar da turbulência interna do final do período de Ivan, a Rússia continuou com suas guerras de expansão. Em [[1552]] anexou o [[Canato de Kazan]] no médio [[Volga]] e em [[1556]] foi a vez do [[Canato de Astrakhan]] cair sob seu domínio. Assim a Rússia ganhou acesso ao Mar Cáspio e o Rio Volga, estendendo suas fronteiras às proximidades da [[Sibéria]] e da [[Ásia Central]]. Na direção leste a expansão russa encontrou pouca resistência. Em [[1581]] a família mercantil Stroganov, interessada no comércio de peles, patrocinou o líder cossaco [[Yermak Timofeyevich]] para liderar uma expedição na Sibéria Ocidental. Como resultado desta campanha Yermak derrotou o [[Canato da Sibéria]] e reivindicou os territórios a oeste dos rios [[Rio Ob|Ob]] e [[Irtysh]] para a Rússia.
 
Porém a expansão ao noroeste, em direção ao mar Báltico, provou ser muito mais difícil. Em [[1558]] Ivan invadiu a [[Livônia]], que levou a uma guerra que durou 25 anos contra [[Polônia]], [[Lituânia]], [[Suécia]] e [[Dinamarca]]. Apesar de alguns sucessos, o exército de Ivan, e a Rússia falhou em assegurar uma posição no Mar Báltico, coisa que só viria a conseguir com [[Pedro, o Grande]]. Em [[1571]] Devlet-Giray, khan da CriméiaCrimeia, com um exército de 120 mil cavaleiros devastou Moscou e capturou uma grande quantidade de escravos. As fronteiras da Moscóvia passaram a ser invadidas praticamente que anualmente pela [[Horda Nogai]] e o [[Canato da CriméiaCrimeia]], vitimando milhares de russos. Diante de tal situação a fronteira sul passou a ser protegida por milhares de soldados -- um pesado fardo para o Estado que enfraqueceu seu desenvolvimento social e econômica. As guerras prejudicaram a Rússia. Alguns historiadores acreditam que Ivan criou a ''oprichnina'' para mobilizar recursos para suas guerras e calar a oposição quanto a isso. Independente do motivo, as políticas interna e externa de Ivã tiveram um efeito devastador na Rússia, levando-a a um período de guerra civil e lutas civis, como foi caracterizado o Período dos Problemas.
 
== Período de confusão ==
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Ivã IV foi sucedido por seu filho Fedor, que era mentalmente deficiente. O poder então nas mãos do boiardo Boris Godunov, cunhado de Fedor. Talvez o mais importante acontecimento do reinado de Fedor foi a proclamação do patriarcado de Moscou em [[1589]]. A criação do patriarcado culminou na criação de uma [[Igreja Ortodoxa Russa]] separada e totalmente independente do Estado.
 
Em [[1598]] Fedor morreu e com ele terminou a Dinastia Ryurikida, já que ele não tinha herdeiros. Godunov então promoveu uma Zemsky Sobor, uma assembléiaassembleia nacional de boiardos, oficiais da Igreja e plebeus, que o proclamaram czar, apesar de várias facções boiardas terem recusado tal decisão. Safras ruins causaram fome em larga escala entre 1601 a 1603, e durante , e em meio às revoltas e descontentamento da população, surgiu um homem dizendo ser Dimitry, o filho de Ivã IV que faleceu em [[1591]]. Este pretendente ao trono, que se tornou conhecido como Falso Dimitry I, ganhou apoio da Polônia e marchou a Moscou, ganhando seguidores entre os boiardos e outros elementos da sociedade russa. Alguns historiadores especulam que Godunov poderia resolver tal crise, porém ele faleceu em [[1605]]. Como resultado, Falso Dimitriy I entrou em Moscou e foi coroado czar no mesmo ano, após o assassinato do czar Fedor II, filho de Godunov.
 
Os monges defenderam com sucesso a Troitse-Sergiyeva Lavra contra os poloneses de setembro de 1609 a janeiro de 1611. Subsequentemente, a Rússia entrou em período de caos constante, conhecido como o [[Tempo de problemas]] ({{lang-ru|Смутное Время}}), que incluiu uma guerra civil entre facçõesfações, as intervenções externas da Polônia e Suécia, e um forte descontentamento popular. Falso Dimitry I e sua guarnição polonesa foram expulsos. Vasiliy Shuyskiy foi proclamado czar em 1606. Em sua tentativa de recuperar o trono, Shuyskiy aliou-se com os suecos. Falso Dmitriy II, aliado dos poloneses, apareceu. Em 1610 aparentemente foi proclamado czar, e os poloneses ocuparam Moscou. A ocupação levou a um revigoramentoressurgir do [[patriotismo]] entre os russos, e um novo exército, financiado por mercadores do norte e abençoado pela Igreja Ortodoxa, expulsou os poloneses. Em 1609 oficialmente Polônia interveio (invasões anteriores foram feitas por exércitos particulares). Em 1610 os boiados russos assinaram um tratado de paz, reconhecendo Ladislau IV da Polônia, filho do rei polonês Sigismundo Vasa, como czar (no entanto sofreu oposição de seu pai). Os adversários foram derrotados pelo exército polonês em Kluszyn. Em 1611, um terceiro falso Dimitry apareceu, porém logo foi desmascarado, apreendido e executado.
Em [[1612]] os poloneses foram expulsos de Moscou por um exército sob o comando de Dimitry Pozharsky. Também conseguiram recuperar o controle sobre alguns territórios, dentre eles [[Smolensk]], que em [[1509]] foi perdido para a [[República das Duas Nações|Comunidade Polaco-Lituana]]. Em 1613 um novo Zemsky Sobot proclamou o boiardo [[Mikhail Romanov]] como czar, dando início ao reinado da [[dinastia Romanov]], que se estenderia por 304 anos.
 
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Funcionários do governo continuaram a servir apesar da legitimidade do governante ou da facção boiarda controlando o trono. No século XVII a burocracia expandiu-se dramaticamente. O número de departamentos governamentais (prikazy ; sing., prikaz ) aumentou para 23 em 1613 e 80 no meio do século. Apesar de os departamentos por vezes apresentantes jurisdições conflitantes, o governo central, através dos governadores das províncias, foi capaz de controlar e regular todos os grupos sociais, assim como o comércio, manufatura e a Igreja Ortodoxa.
 
O compreensivo código legal introduzido em [[1649]] ilustrou a extensão do controle do Estado sobre a sociedade russa. Nessa época, os boiardos foram assimilados pela nova elite, que eram servidores dvoryanstvo. O estado requeria o serviço tanto da velha quanto da nova nobreza, principalmente em assuntos militares devido ao permanente estado de guerra nas fronteiras oeste e sul e dos ataques de nômades. Em troca, a nobreza recebia terras e camponeses. No século anterior, o regime gradualmente reduziu os direitos dos camponeses para transferi-los de um senhor de terras para outro. O código de 1649 oficialmente attachedfixava os camponeses em seus domicílios. O Estado sancionou completamente a servidão, e camponeses se tornaram fugitivos do estado. Os senhores de terra tinham total poder sobre seus camponeses. Camponeses vivendo em terras controladas pelo Estado, no entanto, não eram considerados servos.
Eles eram organizados em comunas, as quais eram responsáveis por taxas e outras obrigações. Na condição de servos, no entanto, os camponeses estatais eram fixos à terra aonde trabalhavam. Comerciantes urbanos de classe média e artesãos tinham taxas, e, como os servos, eram proibidos de mudar de residência. Ao encadeamento da sociedade moscovita em domicílios específicos o código legal de 1649 moldou o movimento e subordinou o povo aos interesses do Estado.