Lupa Capitolina: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Loba romana.JPG|thumb|Miniatura presenteada pela Itália ao Brasil.]]
 
A '''Lupa Capitolina''' é uma escultura de [[bronze]], mantida nos [[Museus Capitolinos]], de dimensões aproximadamente naturais que representa a loba das narrativas romanas sobre a [[Fundação de Roma]]. É tradicionalmente considerada como uma peça da [[arte etrusca]], masmais precisamente do escultor [[Vulca]] de [[Veios]], que teria sido fundida no curso inferior do [[rio Tibre]] e que permaneceu em posse de [[Roma]] desde a [[Antiguidade]]. Porém estudos recentes encabeçados pela [[Universidade de Salento]] demonstraram, através do uso de [[datação por radiocarbono]], que é uma obra feita na [[Idade Média]], mais precisamente entre os séculos XI-XII,<ref name=Lupa /> quando surgiram técnicas que permitiam a fusão de obras de bronze desse tamanho em uma única peça. Nela foi anexada uma outra peça, atribuída a [[Antonio Pollaiuolo|Pollaiuolo]], no [[século XV]], figurando [[Rômulo e Remo]] sendo alimentados. Esta parte foi anexada em [[1471]], quando o bronze foi doado pelo [[Papa Sisto IV]] à cidade de [[Roma]] e transferido do [[Latrão]] ao [[Monte Capitolino|Capitolino]].<ref name=Repubblica/>
 
== História ==
 
A ''lupa'' romana é um tema extremamente popular em medalhas, moedas, jóias, relevos, mosaicos, etc., especialmente no [[Império Romano]]. A loba foi inicialmente retratada sem os gêmeos, mas a partir de ca.do {{AC|século III|nl}} a representação da loba amamentando os gêmeos é regular. A [[Atitude (arte)|atitude]] da ''Lupa Capitolina'' de girar a cabeça para trás com ela sentada enquanto os gêmeos se amamentam é um modelo para a maioria das versões posteriores do motivo. A ''lupa'' romana é um simbolo para a origem divina do fundador de Roma, Rômulo, o filho do deus da guerra Marte, e a reivindicação da eternidade ({{langx|la|''[[aeternitas (Roma Antiga)|aeternitas]]''}}), da cidade e do império.{{harvref|Weigel|1992|p=296}}
 
=== Lenda ===
 
Segundo as narrativas em [[Alba Longa]], cidade fundadofundada pelo [[herói]] [[Troia|troiano]] [[Eneias]], o rei local [[Numitor]] foi vítima de um estratagema de seu irmão, [[Amúlio]]. Amúlio de modo a apossar-se do trono da cidade prende Numitor, mata todos os seus varões e obriga sua sobrinha, [[Reia Sílvia]] a tornar-se uma sacerdotisa [[vestal]], dedicada a deusa [[Vesta]], o que implicaria que ela deveria manter-se casta.{{HarvRef|Plutarco|século I|p=III.2}} No entanto, Reia Silvia acaba por ter dois filhos de [[Marte (mitologia)|Marte]] (deus romano da [[guerra]], os irmãos [[Rômulo e Remo]].{{HarvRef|Plutarco|século I|p=III.4}}<ref name=Romanem /> Ao descobrir a verdade, Amúlio prende Reia e ordena que seus filhos sejam jogados no rio Tibre. Como um milagre, o cesto onde estavam as crianças acaba atolando em umanuma das margens do rio no sopé do monte [[Palatino]] onde são encontrados por uma loba que os amamenta.{{HarvRef|Lívio|27-25 a.C.|p=I.4}} Tempos depois, um pastor de ovelhas chamado [[Fáustulo]] encontra os meninos próximo ao pé da Figueira Ruminal (''Ficus Ruminalis''), na entrada de uma caverna chamada [[Lupercal]].{{HarvRef|Varrão|século I a.C.|p=V.54}}{{HarvRef|Plutarco|século I|p=IV.1}} Ele os recolhe-os e leva-os para sua casa onde são criadascriados por sua mulher [[Aca Laurência]].{{HarvRef|Plutarco|século I|p=III.5-6}}{{HarvRef|Lívio|27-25 a.C.|p=I.5-7}}
 
Anos depois, durante um assalto a uma caravana, Remo é preso e levado para Alba Longa. Neste momento Fáustulo revela a verdade paraa Rômulo que parte para a cidade onde mata Amúlio e liberta seu avô Numitor e sua mãe.{{HarvRef|Plutarco|século I|p=7-8}} Os gêmeos decidem então partir da cidade juntojuntos com todos os indesejáveis para fundarem uma nova cidade no local onde foram abandonados.{{HarvRef|Lívio|27-25 a.C.|p=I.6}}{{HarvRef|Plutarco|século I|p=IX.1-2}} Rômulo queria chamá-la Roma e edificá-la no [[Palatino]], enquanto Remo desejava nomeá-la Remora e fundá-la sobre o [[monte Aventino|Aventino]]. EmNo meio asdas discussões subsequentes, Rômulo mata seu irmão e funda sua cidade, Roma.{{HarvRef|Plutarco|século I|p=IX.5; X.1-3}}
 
=== Representações históricas ===
 
Entre os textos de autores clássicos pode-se notar referências acerca de grupos escultórios representando a loba capitolina e os gêmeos. No monte [[Palatino]], próximo da [[Figueira Ruminal]], localizava-se uma estátua da ''Lupa Capitolina'' que em {{AC|296|nl}} recebeu dos ''[[Edil|curule aediles]]'' Cneu e Quinto Ogúlnio as imagens de Rômulo e Remo como bebês lactantes sob suas tetas;{{HarvRef|Lívio|27-25 a.C.|p=X.23.12}} possivelmente pode ser esse grupo de esculturas que é representado em moedas, bem como pode ser o modelo utilizado para fazer a versão medieval em [[bronze]].{{harvref|Richardson|1992|p=151}} Um segundo grupo escultórico foi identificado por [[Dionísio de Halicarnasso]] durante o festival da [[Lupercalia]], podendo possivelmente ser datado do período da restauração da caverna de [[Augusto]].{{harvref|Carcopino|1925|p=31-32}} Um terceiro grupo localizava-se no [[Monte Capitolino|Capitólio]] e, assim como outras esculturas situadas em pilares no local, foram derrubadas durante uma tempestade que se abateu sobre Roma em {{AC|65|nl}}{{harvref|Cícero|63 a.C.|p=III.19}}{{harvref|Dião Cássio|século III|p=XXXVII.9}}{{harvref|Obsequioso|século IV|p=61}}
 
No século X, em umnum ''Chronicon'' do monge Benedito do [[monte Soratte]], a ''Lupa Capitolina'' é mencionada como adornandoadorno ada fachada do palácio de Latrão, local onde esteve até 1450. Paolo di Liello relata que certa vez quando as mãos de dois assaltantes foram cortadas, elas foram penduradas na imagem da loba.<ref name=Penelope /> Atualmente diversos países como [[Romênia|Roménia]], [[Moldávia]], [[França]], [[Estados Unidos]], [[Austrália]], [[Espanha]], [[Japão]], [[Itália]], [[Argentina]] e [[Brasil]] possuem réplicas da escultura da [[Idade Média]]. No caso do Brasil a réplica adorna os jardins do [[Palácio do Buriti]], em frente ao [[Eixo Monumental]], tendo esta sido um presente do governo italiano por ocasião da inauguração de [[Brasília]]. É uma estátua de bronze fundido colocada sobre um [[capitel]] [[Ordem jônica|jônico]] feito em granito rosa, que pertencia à coleção do Antiquarium Comunale.<ref name=Correio />
 
{{referências|col=2|refs=