Tervel da Bulgária: diferenças entre revisões

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'''Tervel da Bulgária''' ({{lang-bg|Тервел}}), também chamado de ''Tarvel'', ''Terval'' ou ''Terbelis'' em algumas fontes bizantinas, foi um [[cã búlgaro]] no início do século VIII. em 705, ele recebeu o título de [[césar (título)|césar]], algo sem precedentes na história do [[Império Romano]]<ref name="първа">Андреев, Й. Българските ханове и царе (VII-XIV в.). София, 1987</ref><ref name="втора">[http://istoria-vuz.hit.bg/tervel.html Хан Тервел - тема за кандидат студенти]</ref>. Ele provavelmente era [[cristianismo|cristão]] como seu avô, o cã da [[Antiga Grande Bulgária|Grande Bulgária]] [[Kubrat]]<ref name="първа"/><ref name="трета">[[s:История славянобългарска|„История славянобългарска“, св.Паисий Хилендарски, 18 век.]]</ref><ref name="четвърта">"Българите", докум. филм, реж. и сценарист П. Петков, опер. Кр. Михайлов. Производство bTV. 2006 год., България</ref>. Depois que o [[exército búlgaro]] destruiu as [[Califado Omíada|forças árabes]] durante o [[cerco de Constantinopla (717-718)|cerco de Constantinopla]], Tervel foi chamado pelos seus contemporâneos de "Salvador da Europa"<ref>[http://www.programata.bg/?p=62&c=1&id=51493&l=2 Exposition, Dedicated to Khan Tervel]</ref><ref>[http://calendar.dir.bg/inner.php?d=16&month=2&year=2009&cid=&sid=&eid=51734 НИМ представя изложбата "Кан Тервел - спасителят на Европа"]</ref><ref>[http://www.speedylook.com/Bulgaria.html Bulgaria at Sleedh Look encyclopedia]</ref><ref>[http://www.bulgarite.info/node/5 Кан Тервел - спасителят на Византия и ЕВРОПА]</ref>.
 
A [[Nominalia dos Cãs da Bulgária|''Nominalia''Nominália dos Cãs da Bulgária]] afirma que Tervel pertencia ao [[clã Dulo]] e reinou por 21 anos. Segundo uma cronologia criada por Moskov, Tervel teria reinado entre 695 e 715. Outras cronologias, porém, marcam seu reinado como tendo ocorrido entre 701 e 718 ou entre 700 e 721, mas nenhuma delas pode ser conciliada com a ''Nominalia''Nominália. O relato ali e algumas tradições posteriores permitem-nos identificar Tervel como sendo o filho e herdeiro de seu predecessor, [[Asparuch]], que, provavelmente, morreu numa batalha contra os [[cazares]].
 
== Aliança com Justiniano II ==
{{AP|Batalha de Anquíalo (708)}}
Tervel foi mencionado pela primeira vez nas fontes bizantinas em 704 depois de ter sido procurado pelo [[imperador bizantino]] deposto e exilado [[Justiniano II]] {{nwrap|r.|685|695}}. Ele conseguiu o apoio de Tervel para uma tentativa de retomada do trono em troca de amizade, presentes e da mão de sua filha em casamento. No ano seguinte, com um exército de 15 000{{formatnum|15000}} [[cavalaria|cavaleiros]] providenciados por Tervel, Justiniano apareceu repentinamente em [[Constantinopla]] e conseguiu entrar na cidade. Restaurado no trono, o imperador mandou executar os que haviam lhe tomado o trono, os imperadores [[Leôncio]] {{nwrap|r.|695|698}} e [[Tibério III]] {{nwrap|r.|698|705}}, juntamente com seus aliados. O imperador também premiou Tervel com muitos presentes, o título de ''[[kaisarcésar (título)|césar]]'' - o que fez do cã búlgaro o segundo na hierarquia bizantina e o primeiro estrangeiro a receber a honraria - e concessões territoriais no noroeste da [[Trácia bizantina]], uma região chamada de [[Zagora (Bulgária)|Zagora]]. Se a filha de Justiniano, [[Anastácia (filha de Justiniano II)|Anastácia]], se casou com Tervel como combinado, não se sabe.
 
Apenas três anos depois, porém, quando Justiniano II se consolidou no governo, ele mesmo violou o acordo e iniciou operações militares para recuperar a área cedida, mas o cã Tervel aniquilou os bizantinos na [[Batalha de Anquíalo (708)|Batalha de Anquíalo]] (perto da moderna de [[Pomorie]]) em 708. Três anos depois, quando teve que enfrentar uma séria revolta na [[Ásia Menor]], Justiniano novamente buscou a ajuda de Tervel, mas recebeu apenas um apoio morno na forma de um modesto exército de 3 000{{formatnum|3000}} soldados. Enganado pelo imperador rebelde [[Filípico]] {{nwrap|r.|711|713}}, Justiniano foi capturado e executado. Os búlgaros receberam permissão para voltar para casa ilesos. Tervel aproveitou-se da confusão no Império Bizantino e atacou a Trácia em 712, saqueando toda a região e chegando próximo da capital imperial.
 
Segundo a informação da ''Nominalia''Nominália, Tervel teria morrido em 715. Porém, o cronista bizantino [[Teófanes, o Confessor]], atribui a Tervel um papel fundamental na tentativa de restauração do imperador deposto [[Anastácio II]] em 718 ou 719. Se realmente Tervel ainda estava vivo, ele foi o cã búlgaro que firmou o [[Tratado de 716|novo tratado]] (que confirmava o tributo anual pago pelos bizantinos à Bulgária, as concessões territoriais na Trácia, regulava as relações comerciais entre os dois países e tratava da questão dos refugiados políticos) com o imperador [[Teodósio III]] em 716. Porém, em outro ponto da narrativa, Teófanes relata que o nome do governante búlgaro que negociou este tratado era Cormésio (''Kormesios''), ou seja, o sucessor de Tervel, [[Kormesij da Bulgária|Kormesij]]. É provável que o cronista tenha atribuído os eventos de 718-719 a Tervel simplesmente por que ele era o nome do governante búlgaro mais recente que lhe era familiar e por que suas fontes não lhe citavam o nome, como é o caso de suas fontes sobre o cerco de Constantinopla. De acordo com outra teoria, ''Kormesios''Cormésio seria um enviado de Tervel.
 
A maioria dos pesquisadores concorda que foi na época de Tervel que a famosa escultura do "[[Cavaleiro de Madara]]", um [[patrimônio mundial da humanidade]], foi criada como uma homenagem às vitórias sobre os bizantinos, honrando seu pai, Asparuch, e como uma expressão da glória do estado búlgaro recém-criado.
 
== A guerra contra os árabes em 717-718 e anos finais ==
[[FicheiroImagem:Madara Bulgaria.jpg|thumb|esquerda|240px|[[Cavaleiro de Madara]], uma escultura criada na época de Tervel para homenagear as vitórias sobre os bizantinos de [[Asparuch]], pai dele.]]
{{AP|Cerco de Constantinopla (717-718)}}
Em 25 de maio de 717, [[{{lknb|Leão |III, o Isáurio]]}}, foi coroado imperador em Bizânciobizantino. No verão do mesmo ano, os árabes, liderados por [[Maslama ben Abd al-Malik ibn-Marwan|Maslama ibn-MarwanMasalmas]], cruzaram o [[Dardanelos]] e cercaram Constantinopla com 200 000{{formatnum|200000}} homens. De acordo com as fontes árabes, a frota do general tinha 2 500 navios.
 
Leão III implorou a Tervel por ajuda invocando o tratado de 716 e o cã búlgaro concordou. O primeiro confronto entre búlgaros e árabes terminou numa vitória búlgara. Durante os primeiríssimos estágios do cerco, os búlgaros aparecem na retaguarda muçulmana e uma grande parte do exército árabe foi destruída. O resto estava agora prensado entre Constantinopla e os búlgaros. Os árabes construíram duas linhas de trincheiras à volta de seu acampamento, uma na direção dos búlgaros e outra, de frente para as poderosas [[muralhas de Constantinopla]]. Eles continuaram o cerco apesar do severo inverno, que teve mais de 100 dias de neve. Na primavera, a [[marinha bizantina]] destruiu a frota árabe que havia chegado com provisões e equipamentos, e o [[exército bizantino]] derrotou os reforços árabes na [[Bitínia]]. Finalmente, no início do verão, os árabes travaram combate com os búlgaros, mas sofreram uma pesada derrota. De acordo com TéofanesTeófanes, o Confessor, os búlgaros teriam massacrado 22 000{{formatnum|22000}} árabes nesta batalha. Logo depois, os árabes levantaram o cerco e recuaram. A vitória búlgaro-bizantina de 718 e a vitória do [[Reino Franco|rei franco]] [[Carlos Martel]] na [[Batalha de Tours]] (732) frearam decisivamente a invasão muçulmana da Europa.
 
Em 719, Tervel novamente interferiu em assuntos internos do Império Bizantino quando o imperador deposto [[Anastácio II]] pediu sua ajuda para reconquistar o trono. Tervel deu-lhe 360 000{{formatnum|360000}} moedas de ouro e tropas. Anastácio marchou para a capital, mas a população se recusou a cooperar. Neste ínterim, Leão III enviou uma carta a Tervel na qual ele admoestava-o a respeitar o tratado e a preferir a paz à guerra. Como Anastácio já havia sido abandonado por seus aliados, o cã búlgaro concordou com o pedido de Leão e rompeu relações com o usurpador. Ele também prendeu e enviou a Leão III muitos dos conspiradores que haviam se refugiado em [[Pliska]], sua capital.
 
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