Doninha-anã: diferenças entre revisões

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| binomial_autoridade = [[Carolus Linnaeus|Linnaeus]], [[1766]]
}}
A '''doninha-anã''' (''Mustela nivalisNivalis'') é umaa espécie de [[doninha]], um pequeno [[mamífero]]com [[carnívoro]]o damenor famíliatamanho dosdo [[mustelídeos]].género
''Mustela'' e da família Mustelidae. De origem nativa da Eurásia, América do Norte e do
norte de África, foi introduzida em diversas regiões (como o Arquipélago dos Açores)
(Tikhonov et al., 2008).
Apesar do seu pequeno tamanho, a doninha é carnívora e grande predadora,
conseguindo matar uma presa com 5 a 10 vezes mais que o seu próprio peso, como o
coelho-bravo (Macdonald, 1992).
 
==Descrição Tamanho física==
A doninha tem um corpo delgado e alongado e é extremamente flexível. As
Com menos de 23 centímetros de comprimento, trata-se do menor mamífero carnívoro vivo. Isso não significa que ela seja o menor mamífero que se alimenta de [[carne]] (título que pertence ao [[musaranho]], apesar de sua dieta constirtuir-se de insetos, e não carne de vertebrados, como no caso da doninha) apenas que é o menor membro vivo da ordem [[Carnivora]], que inclui mamíferos como o [[cão]], o [[urso]], a [[foca]], o [[quati]], a [[hiena]], o [[gato]] e o [[mangusto]].
patas são curtas possuindo garras não retrácteis, a cabeça é pequena com um focinho
elevado e as orelhas são também pequenas e redondas (Castells et al., 1993).
Os olhos são grandes, salientes e de cor escura. A cauda é curta e pouco espessa,
não ultrapassando os 2/3 do comprimento cabeça-corpo. A pelagem é castanha
arruivada no dorso, patas e cauda, sendo completamente branca no ventre. A linha de
demarcação entre o dorso e o ventre é geralmente irregular embora possam aparecer
indivíduos desta espécie com uma linha bem demarcada. O crânio tem uma aparência
primitiva comparativamente com a de outras espécies do género Mustela (Castells et al.,
1993).
A doninha tem 4 pares de mamilos, mas estes só são visíveis nas fêmeas. Nos
machos, o báculo (osso do pénis) é relativamente pequeno (16-20 mm). A doninha tem
glândulas anais musculares sob a cauda, que contêm compostos voláteis sulfurados
(Harris e Yalden, 2008).
Existe um evidente dimorfismo sexual em relação ao tamanho e peso. As fêmeas
são mais pequenas do que os machos, pesando aproximadamente metade destes. O
comprimento total dos machos varia entre 18-27 cm, a cauda entre 5-6,5 cm e pesam
cerca de 70-170 gr. As fêmeas medem entre 16-19 cm, a cauda têm 4-5,5 cm e pesam
entre 40 a 90 gr (Castells et al., 1993).
 
== Aparência e Hábitos ==
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Em locais de clima mais frio, a doninha, assim como seu parente o arminho, troca sua pelágem e fica inteiramente branca<ref>{{Referência a livro| autor = Josef Reichholf| título = Mamíferos| editora = Círculo dos Leitores | ano = 1984 | páginas = 152-153}}</ref> durante o inverno a fim de se camuflar na neve. Na primavera, a pelágem normal reaparece.
 
==Ecologia e comportamento==
== Distribuição geográfica ==
A doninha é um mustelídeo que apresenta uma distribuição ecológica bastante
Este animal pode ser encontrado na [[Europa]], [[Ásia]] e [[América do Norte]], geralmente em áreas mais ao [[norte]], mas já foi encontrada também no norte da [[África]].
abrangente estando porém, ausente nas regiões mais húmidas.
Está geralmente associada à agricultura (quintas, campos agrícolas, prados,
matas), pois as suas presas são encontradas nessas proximidades e também devido à
presença de estruturas, como muros de pedra, sebes e moitas, que lhe fornecem
protecção (Fragoso, 1999).
Numa população clássica de doninhas, distinguem-se três grupos de indivíduos:
os residentes sedentários, os residentes temporários e os errantes. Os residentes
sedentários têm a função de defender o seu território de indivíduos do mesmo sexo. Os
residentes temporários ocupam um determinado espaço num curto período de tempo. Os
indivíduos errantes procuram estabelecer-se numa dada área e não possuem um
território certo. As doninhas podem não permanecer ao longo de toda a sua vida no
mesmo grupo (Fragoso, 1999).
A doninha tem um padrão territorial típico dos mustelídeos, composto por um
macho e várias fêmeas no mesmo território. Como em muitos animais, a densidade
populacional de cada território depende da oferta de alimentos e do sucesso reprodutivo.
As populações apresentam fortes variações no número de indivíduos devido à eficaz
capacidade de reprodução e a uma elevada mortalidade (75 a 90% por ano) (Pulliainen,
1999).
É um predador que caça habitualmente durante o dia pequenos mamíferos
(nomeadamente roedores), embora também possa alimentar-se de ovos de aves,
lagartos, sapos, salamandras, peixes, podendo mesmo ser necrófagos. Raramente, a
doninha pode matar presas maiores do que ela, como o coelhos-bravos (Oryctolagus
cuniculus) e lebres-ibéricas (Lepus granatensis) (Castells et al, 1993).
Devido ao seu tamanho pequeno a doninha é caçada por uma série de predadores
(Harris e Yalden, 2008), nomeadamente a coruja-das-torres (Tyto alba), o corujãoorelhudo
(Bubo virginianus), o Lince-ibérico (Lynx pardinus), o gato-bravo (Felis
silvestres) e o gato doméstico (Felis silvestris catus) (King, 1989).
==Reprodução==
A época de acasalamento das doninhas inicia-se em Fevereiro, e as crias nascem
em meados de Março. O período de gestação das doninhas dura cerca de 34 a 37 dias.
Nascem habitualmente 4 a 6 crias por ninhada, e os cuidados parentais são realizados
exclusivamente pela mãe (Santos-Reis, 1993).
O período de acasalamento está directamente relacionado com a disponibilidade
de alimentos, logo, em épocas em que as presas estão em grande número, poderá
suceder um segundo período reprodutor no final do Verão, ou mesmo o período de
reprodução poderá ser contínuo entre Fevereiro e Dezembro (Santos-Reis, 1993).
As crias nascem com uma coloração rosa, sem qualquer tipo de pelagem, cegas e
surdas, no entanto adquirem a sua primeira pelagem (geralmente branca) com quatro
dias de vida. Aos 10 dias, a diferença da cor entre zona dorsal (normalmente mais
escuras) e a zona ventral torna-se evidente. A primeira dentição nasce ao final de 2-3
semanas de idade, no momento em que as crias deixam de mamar. Os olhos abrem
completamente e os ouvidos detectam sons entre as três e quatro semanas de vida
(Harris e Yalden, 2008).
No final de um período de oito semanas as crias tornam-se independentes,
estando preparadas para caçar, separando-se da família entre a nona e a décima segunda
semana. A maturidade sexual é atingida ao final de 3 a 4 meses após o nascimento
(Santos e Pinto, 1998).
==Parasitas==
Os ectoparasitas conhecidos que afectam as doninhas incluem o piolho
(''Trichodectes mustelae'') e ácaros como Demodex e ''Psoregates mustela''. As pulgas
instalam-se nos hospedeiros (doninhas) a partir das tocas das suas presas. As espécies
de pulgas conhecidas que infestam doninhas incluem ''Ctenophthalmus bisoctodentatus'' e
''Palaeopsylla'' (Travassos-Dias e Santos-Reis, 1989).
Os helmintos conhecidos que parasitam as doninhas incluem a trematode Alaria,
os nematóides Capillaria, Filaroides e Trichinella e o cestóide Taenia (Travassos-Dias
e Santos-Reis, 1989).
Factores de Ameaça
As principais ameaças a que as doninhas estão sujeitas abrangem intoxicações
acidentais por venenos de elevada toxicidade usados para exterminar roedores
(rodenticidas) e perseguições humanas (Pulliainen, 1999).
A perda de habitat também é um factor de ameaça para a doninha, uma vez que
esta espécie prefere áreas agrícolas abertas, que estão em declínio devido ao abandono
das práticas agrícolas (êxodo rural) em várias regiões da Europa, afectando directamente
o habitat ideal para a doninha (Tikhonov et al., 2008).
==Conservação==
A doninha é encontrada em diversas áreas protegidas. É uma espécie classificada
como Pouco Preocupante (LC) pela IUCN devido à sua ampla distribuição e,
presumivelmente, ao seu grande número de populações (Tikhonov et al., 2008).
É uma espécie que se encontra listada no Apêndice III da Convenção de Berna
(Pulliainen, 1999) e que está protegida pela legislação nacional de alguns países, como é
o caso da Província de Sichuan, na China (Ming et al, 2000).
Na Europa, é necessária uma monitorização para quantificar a tendência da
população (Pulliainen, 1999).
 
==Referências==
* Castells, Á., Zamora, J., & Mayo, M. (1993). Guía de los mamíferos en libertad de España y Portugal. Ediciones Pirámide.
* Fragoso, S. (1999). Distribuição e alguns aspectos da ecologia da Doninha (Mustela nivalis Linnaeus, 1766) no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros. Relatório de estágio para obtenção de licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Aninais, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
* Harris S.; Yalden D. (2008). Mammals of the British Isles. Mammal Society; 4th Revised edition. ISBN 0-906282-65-9.
* King, C. M. (1989). The natural history of weasels and stoats. Christopher Helm. London. 253 pp.
* Macdonald, David (1992). The Velvet Claw: A Natural History of the Carnivores. New York: Parkwest. ISBN 0-563-20844-9.
* Ming, Yi; Gao, Z., Li, X., Wang, S. and Jari, N. (2000). Illegal wildlife trade in the Himalayan region of China. Biodiversity and Conservation 9: 901-918.
* Pulliainen, E. (1999). Mustela nivalis. In: A. J. Mitchell-Jones, G. Amori, W. Bogdanowicz, B. Kryštufek, P. J. H. Reijnders, F. Spitzenberger, M. Stubbe, J. B. M. Thissen, V. Vohralík and J. Zima (eds), The Atlas of European Mammals, Academic Press, London, UK.
* Santos-Reis, M. (1993). As doninhas ibéricas (CARNIVORA: Mustela). Um estudo taxonómico e ecológico. Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa para a obtenção do grau de Doutor. Lisboa. 454 pp.
* Santos, M. J. e Pinto, B. (1998). Ecologia espacio-temporal da comunidade de carnívoros na Serra de Grândola. Relatório de estágio para obtenção de licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Aninais, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
* Travassos-Dias e Santos-Reis, M. (1989). A carraça Ixodes ventalloi Gillcolado, 1936, como principal ectoparasita de uma população de doninhas (Mustela nivalis Linnaeus, 1766) em Portugal. Garcia de Orta, série Zoológica, 14: 35-50.
* Tikhonov, A., Cavallini, P., Maran, T., Kranz, A., Herrero, J., Giannatos, G., Stubbe, M., Conroy, J., Kryštufek, B., Abramov, A., * Wozencraft, C., Reid, F. & McDonald, R. (2008). Mustela nivalis. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. <www.iucnredlist.org> Em 15 de Janeiro de 2014.
 
Foi acidentalmente introduzida pelo homem na [[Austrália]] e na [[Nova Zelândia]].
 
{{Referências}}
 
== {{Ligações externas}} ==