Tibério: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Tiberius - Paestum (M.A.N. Madrid) 01.jpg|thumb|upright|esquerda|Estátua idealizada de Tibério ([[Museu Arqueológico Nacional de Espanha|M.A.N.]]) encontrada em [[Pesto (cidade)|Pesto]] (atual [[Pesto (cidade)|Peto]] em [[1860]]. Realizada após a sua morte para lhe render culto.]]
O imperador (''[[Princepspríncipe (Roma Antiga)|príncipe]]; ''princeps'') dispunha de todos os poderes de um tribunaltribunícios (''Tribunicia potestas''), dos quais tinha um procônsul no governo das [[província romana|províncias]] (poder que o Imperador podia exercer em qualquer parte do território), e seguramente dos poderes de um [[cônsul]], pois se o desejava ostentava o cargo de cônsul ordinário (''Consul ordinarius''). Era, além disso, ''[[pontifexpontífice maximusmáximo]] (''pontifex maximus'') e com frequência exercia também as funções censoriais (embora não ostentasse o título de censor, magistratura "ressuscitada" por [[Cláudio]]). Eram-lhe atribuíam várias qualificações: ''Pater Patriae'', ''Princeps Senatus'', ''Imperator'' e ''Augustus''[[Augusto (título)|Augusto]].
 
O imperador tinha ao seu serviço os funcionários públicos seguintes:
* Os leitores (assistentes ou escoltes).
* Os pretorianos, unidades militares reagrupadas numa unidade especial ao serviço imperial, que prestava o seu serviço nos quarteis gerais ou ''Pretoris''. Constituíam a guarda pessoal do ''Imperator'' e tinham à frente o [[prefeito pretoriano]] (''Praefectuspraefectus Praetoriuspraetorius''; (na época de Tibério desempenhava este cargo [[Lúcio Élio Sejano|Élio Sejano]], quem foi depois o seu ministro).
* Os ''Speculatores'', corpo de cavalaria com funções de escolta e comunicação de mensagens.
* Os empregados, escravos e libertos imperiais, constituídos por milhares de pessoas diversas destas condições, que realizavam as tarefas domésticas e de serviço das residências imperiais, sendo o cargo mais influente o de ''Cubicularius''.
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* O saque de guerra.
* O ouro oferecido por cidades e províncias.
* Provavelmente uma parte dos bens sem herdeiros que eram compartilhados com o erário (''Aerarium''; (as finanças públicas).
 
As propriedades do imperador (terras, palácios, vilas na [[Itália (província romana)|Itália]] ou nas [[província romana|províncias]] e outras), parece que passavam ao seu sucessor, até mesmo não sendo parentes.
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=== Apogeu e queda de Germânico ===
 
[[Imagem:Germanicus.jpg|right|thumb|upright|[[Germânico]], [[Museu do Louvre]]]]
Os problemas militares, por sua vez, surgiram depressa para Tibério: as legiões da [[Panônia]] e [[Germânia]] não receberam as primas prometidas durante o reinado de Augusto e, após um breve período de tempo em que assumiram que não haveria resposta por parte de Tibério, amotinaram-se.<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#16|I.16]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#17|I.17]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#31|I.31]]</ref> [[Júlio César Germânico|Germânico]] e o filho de Tibério, [[Júlio César Druso]] foram enviados para a região à cabeça de uma força com o objetivo de sufocar a rebelião.
 
Germânico, porém, reuniu os amotinados e liderou-os numa breve campanha ao longo do [[rio Reno|Reno]], em território germânico, afirmando que qualquer pilhagem que pudessem conseguir constituíria a prometida prima.<ref>Dião Cássio, ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/57*.html#6 LVII.6]</ref> Germânico e o seu exército cruzaram o Reno e ocuparam todo o território entre esse rio e o [[rio Elba]]. Tácito escreve que Germânico recuperou as águias perdidas após a ignominiosa derrota na [[Batalha da floresta de Teutoburgo]], na qual três legiões romanas, sob comando de [[Públio Quintílio Varo]], foram aniquiladas numa emboscada germana.<ref name="tacitus-annals-ii-41">Tácito, ''Annales''Anais [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#41|II.41]]</ref> Apesar da indolência militar de Tibério, Germânico proporcionara um duro golpe aos inimigos de Roma na Germânia, sufocara um amotinamento de tropas e ademais trouxera para Roma as águias perdidas. Estas heroicas ações posicionaram Germânico num lugar privilegiado na linha sucessória.
 
Após a sua campanha na Germânia,<ref>Tácito, ''Annales''Anais [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#26|II.26]]</ref> Germânico celebrou um [[triunfo romano|triunfo]] em [[Roma]] em [[17]].<ref name="tacitus-annals-ii-41"/> Este triunfo era o primeiro que contemplava Roma desde os do imperador [[Augusto]] em [[29 a.C.]] Em [[18|18 d.C.]], foram concedidas a Germânico as províncias orientais do Império, como se tinha feito com [[Marco Vipsânio Agripa]] e com o próprio Tibério. Esta nomeação supunha que Germânico era o claro favorito para suceder a Tibério.<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#43|II.43]]</ref> Germânico faleceu ao ano seguinte, provavelmente envenenado pelo governador da província da [[Síria (província romana)|Síria]], [[Cneu Calpúrnio Pisão (cônsul 7 a.C.)|Cneu Calpúrnio Pisão]].<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#71|II.71]]</ref> Os ''Pisoni'' tinham sido partidários dos ''Claudii'' e haviam-se aliado com o jovem Octaviano após o seu casamento com Lívia, a mãe de Tibério; portanto o imperador estava suspeitoso. No juízo, Pisão ameaçou implicar Tibério,<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#16|III.16]]</ref> embora não se saiba com certeza se realmente o governador da Síria seria capaz de implicar o imperador. Quando se generalizou no [[Senado romano|senado]] uma atitude hostil contra Pisão, este suicidou-se.<ref>Suetônio, ''As vidas dos doze césares, Vida de Tibério'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Tiberius*.html#52 52]</ref><ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 3#15|III.15]]</ref>
 
Tibério, pela sua vez, parecia estar cansado da política. Em [[22|22 d.C.]], começou a compartilhar poderes tribunícios com o seu filho [[Druso, o Jovem]]<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 3#56|III.56]]</ref> e começou a realizar excursões à [[Campânia]] que se tornavam mais longas cada ano. Em [[23|23 d.C.]], o filho de Tibério faleceu em estranhas circunstâncias<ref>Tácito, ''Annales'' , [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 4#7|IV.7]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 4#8|IV.8]]</ref><ref>Suetônio, ''As vidas dos doze césares, Vida de Tibério'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Tiberius*.html#62 62]</ref> e Tibério decidiu retirar-se para a [[Capri (ilha)|ilha de Capri]] ([[26]]).<ref name="tacitus-annals-iv-67">Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 4#67|IV.67]]</ref>