Fernand Braudel: diferenças entre revisões

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'''Fernand Braudel''' ([[Luméville-en-Ornois]], [[24 de agosto]] de [[1902]] — [[Cluses]], [[27 de novembro]] de [[1985]]) foi um [[história|historiador]] [[frança|francês]] e um dos mais importantes representantes da chamada "[[Escola dos Annales]]".
 
'''Fernand Braudel''' ([[Luméville-en-Ornois]], [[24 de agosto]] de [[1902]] — [[Cluses]], [[27 de novembro]] de [[1985]]) foi um [[históriaHistória|historiador]] [[françaFrança|francês]] e um dos mais importantes representantes da chamada "''[[Escolaescola dos Annales]]''".
==Biografia==
Formado em [[História]] na [[Universidade de Sorbonne]], começou sua carreira profissional na [[Argélia]], onde permaneceu por dez anos, de 1923 até 1932.
Durante a II Guerra Mundial,é preso e, sem qualquer material, escreve de memória a sua tese, que seria inspirada no contacto mais íntimo que tivera com o mar, a obra tem como título: ''O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II''; em que a personagem central não é o rei Filipe II,mas sim o Mediterrâneo. Tese esta que é escrita a um ritmo frenético, em sensivelmente um ano: num ano são redigidos milhares de páginas, que haviam, como fora mencionado, escritas de memória.
 
Ao longo de sua vida, os seus estudos concentraram-se em três projetos principais:
Estudando o Mar na época de [[Filipe II de Espanha]], Braudel inicialmente iria abordar temas políticos, em conformidade com as principais correntes historiográficas do período, como por exemplo, a [[escola metódica]], para além de ser verificável um claro recurso à Geografia - temos assim a Geo-história -, naquele que seria um dos estudos mais notáveis da coeva historiografia. Porém, mais adiante em sua carreira, Braudel conhece [[Lucien Febvre]], que se torna seu mestre e o aconselha uma mudança na temática de seu trabalho: Ao invés de se ater apenas ao tema politico, [[Lucien Febvre]] o aconselha a estudar a história do [[Mar Mediterrâneo]] de uma perspectiva mais ampla, analisando outros aspectos do período como, por exemplo, a economia da região naquela época.
 
- ''O Mediterrâneo'' (1923 – 1949, e depois 1949 – 1966);
Trabalhando nesse estudo ao longo de uma vida inteira, Braudel passou por diversos momentos felizes e tristes. Em 1935, ele abandona temporariamente o mediterrâneo e vem ao Brasil, onde por três anos se dedica, junto com um grupo de intelectuais franceses, a colaborar na organização da [[Universidade de São Paulo]]. Aqui permanece até 1937 finalizando assim um período em que o próprio historiador classificou como um dos mais felizes da sua vida. Seguindo o período feliz, veio o período de sofrimento. Pouco depois de seu retorno a França, inicia-se a segunda guerra mundial.
 
- ''Civilização e Capitalismo'' (1955-1979); e a inacabada
==Obras==
 
- ''Identidade de França'' (1970-1985).
 
A sua reputação decorre em parte dos seus escritos, mas principalmente de seu sucesso em fazer da escola dos ''Annales'' o mais importante motor da pesquisa histórica em França, e em grande parte do mundo, após a década de 1950. Como principal líder da escola historiográfica dos ''Annales'' nas décadas de 1950 e 1960, exerceu enorme influência na escrita da História na França e em outros países a partir de então.
 
Braudel tem sido considerado um dos maiores dos historiadores modernos que têm enfatizado o papel dos fatores socioeconómicos em grande escala na pesquisa e escrita da História. Ele também pode ser considerado como um dos precursores da [[teoria dos sistemas-mundo]].
 
== Biografia ==
Braudel nasceu em Luméville-en-Ornois (a partir de [[1943]] mesclado com, e parte do [[Gondrecourt-le-Château]]), no departamento de [[Meuse]], na França. O seu pai, que era um [[Matemática|matemático]] natural, ajudou-o em seus estudos. Braudel também estudou grande parte de [[Latim]] e um pouco de [[Grego]].
 
Aos 20 anos tornou-se um ''agrégé'' em História. Enquanto lecionava em uma [[ensino secundário|escola secundária]] na [[Argélia]] (1923–1932), ficou fascinado pelo [[mar Mediterrâneo]]. De 1932 a 1935 lecionou nos [[liceu]]s ''Pasteur'', ''Condorcet'' e ''Henri-IV'' em [[Paris]], vindo a conhecer [[Lucien Febvre]], o co-fundador da influente revista ''Annales''.
 
No início do [[século XX]] a cidade [[brasil]]eira de [[São Paulo]], embora enriquecida pelas exportações de [[café]], ainda não possuía uma [[universidade]]. Em [[1934]] o francófilo [[Júlio de Mesquita Filho]] convidou o antropólogo [[Claude Lévi-Strauss]] e Fernand Braudel, para ajudarem a estabelecer uma. O resultado foi a criação da [[Universidade de São Paulo]], onde Braudel lecionou de 1935 a 1937. Braudel afirmaria posteriormente que este tempo no Brasil foi "''o melhor período de sua vida''". ([[Thomas E. Skidmore]], "''Levi-Strauss, Braudel and Brazil: a Case of Mutual Influence.''" Bulletin of Latin American Research 2003 22(3): 340–349. ISSN: 0261-3050)
Braudel retornou a Paris em [[1937]]. Tinha então iniciado a pesquisa arquivística em seu doutoramento no Mediterrâneo quando caiu sob a influência da escola dos ''Annales'' por volta de [[1938]]. Nessa época ingressou na ''[[École pratique des hautes études]]'' (EPHE) como docente de História. Trabalhou com Lucien Febvre, que mais tarde iria ler as primeiras versões da obra magna de Braudel e fornecer-lhe aconselhamento editorial.
 
Com a eclosão da [[Segunda Guerra Mundial]] em [[1939]], foi convocado para o serviço militar, e posteriormente foi feito prisioneiro em [[1940]] pelos alemães. Enquanto prisioneiro de guerra em um campo perto de [[Lübeck]], na [[Alemanha]], Braudel elaborou o seu trabalho "''[[La Méditerranée et le Monde Méditerranéen à l'époque de Philippe II]]''" ("O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico à Época de Filipe II"), sem acesso a seus livros ou notas, baseando-se apenas em sua prodigiosa memória e numa biblioteca local.
 
Braudel tornou-se o líder da segunda geração de historiadores dos ''Annales'' após [[1945]]. Em [[1947]], com Febvre e [[Charles Morazé]], obteve financiamento da [[Fundação Rockefeller]], em [[Nova York]] e fundou a prestigiosa ''Sixième Section'', para "Economia e Ciências Sociais" na "''École pratique des hautes études''".
 
Em [[1962]] ele e [[Gaston Berger]] usaram a garantia da [[Fundação Ford]] e fundos do governo para criar uma nova fundação independente, a "''[[Fondation Maison des Sciences de l'Homme]]''" (FMSH), sediada no edifício de mesmo nome, e que Braudel dirigiu a partir de [[1970]] até à sua morte. A FMSH focou as suas atividades em "''networking''" internacional para disseminar a abordagem dos ''Annales'' à Europa e ao mundo. Em [[1972]] Braudel deixou toda a responsabilidade editorial na revista, embora o seu nome tenha permanecido no cabeçalho.
 
Em [[1962]] escreveu uma "História das Civilizações", como base para um currículo de História, mas a sua rejeição da narrativa tradicional baseada em eventos era arrojada demais para o Ministro Francês da Educação, que a recusou.
 
Uma característica do trabalho do Braudel era sua compaixão para com o sofrimento dos povos marginalizados. Ele observou que muitas das fontes históricas sobreviventes provinham das classes ricas alfabetizadas. Enfatizou a importância da vida efêmera dos escravos, servos, camponeses e dos pobres urbanos, demonstrando a sua contribuição para a riqueza e o poder dos seus respectivos senhores e das sociedades. O seu trabalho foi muitas vezes ilustrado com representações contemporâneas da vida quotidiana, e raramente com imagens de nobres ou reis.
 
Em 1949, Braudel foi eleito para o "''[[Collège de France]]''" diante da aposentadoria de Febvre. Co-fundou o jornal acadêmico "''[[Revue économique]]''" em [[1950]]. Aposentou-se em [[1968]]. Em 1983 foi eleito para a "''[[Académie française]]''".
 
== Obra ==
*"''[[La Méditerranée et le Monde Méditerranéen a l'époque de Philippe II]]''" (3 vols.) Tradução portuguesa: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II - 2 vols. Lisboa, Publicações D. Quixote.
**"''La part du milieu''" (v. 1) ISBN 2-253-06168-9