Constituição do Império Romano: diferenças entre revisões
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A '''Constituição do Império Romano''' foi um conjunto das diretrizes e princípios não escritos transmitidos principalmente através precedentes<ref>[http://www.worldcat.org/title/senate-of-the-roman-republic-addresses-on-the-history-of-roman-constitutionalism/oclc/255101651 The Senate of the Roman Republic: Addresses on the History of Roman Constitutionalism] por Robert C Byrd publicado por "US Gov. Print. Off., 1995" </ref>. Após a queda da [[República Romana]], o equilíbrio constitucional do poder deslocou-se do [[senado romano]] ao [[imperador romano]]. Começando com o primeiro imperador, [[Augusto]], o imperador e o senado eram tecnicamente [[Teoria da separação dos poderes|dois poderes]] co-iguais de governo. Na prática, no entanto, a autoridade efetiva do senado imperial era insignificante, pois o imperador detinha o verdadeiro poder do [[Estado]]. Durante o reinado do segundo imperador romano, [[Tibério]], os poderes que tinham sido detidos pelas [[assembleias romanas]] foram transferidos para o senado.
Os poderes de um imperador existiam em virtude de sua situação legal. Os dois componentes mais significativos para o poder de um imperador eram os "[[Tribuno da plebe|poderes tribunícios]]" e os "[[Procônsul|poderes proconsulares]]"
As magistraturas tradicionais que sobreviveram à queda da república foram [[cônsul]], [[pretor]], [[tribuno da plebe]], [[edil]], [[questor]] e [[tribuno militar]] == História constitucional ==
No ano {{AC|88|x}}, [[Lúcio Cornélio Sula]] foi eleito cônsul da República Romana, e começou uma [[guerra civil]]. Embora ela tenha terminado em dez anos, ela foi a primeira de uma série de guerras civis que não terminaria até o ano {{AC|30|x}}. O general que venceu a última guerra civil da República Romana, [[Augusto|Caio Otaviano]], reteve um conjunto de poderes garantidos em vida pelo senado, incluindo o comando militar supremo, e aqueles do [[tribuno romano|tribuno]] e [[censor romano|censor]]. [[Júlio César]], não tendo filhos legítimos vivos sob a lei romana,{{notaNT|Sua filha [[Júlia (filha de Júlio César)|Júlia]] morreu em {{AC|54|x}}; seu filho [[Cesarião]] com [[Cleópatra]] não foi reconhecido pela lei romana e não foi mencionado em seu testamento.<ref> {{Citar livro|sobrenome=Suetônio|autorlink=Suetônio|título=Vida de Augusto|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Augustus*.html|ano=121a|ref=harv}}</ref>}} adotou Otaviano, seu sobrinho-neto, como seu filho e principal herdeiro{{harvref|Rowell|1962|p=15}}. Nos anos após {{AC|30|x}}, Otaviano propôs reformar a constituição romana. A conseqüência final dessas reformas foi a abolição da república, e da fundação do [[Império Romano]]. [[Lépido]] foi exilado e despojado de sua posição, e [[Marco Antônio]] cometeu suicídio após sua derrota na [[Batalha de Áccio]] em {{AC|31}}, e quando Otaviano retornou a Roma dois anos [[Última Guerra Civil da República Romana|após derrotar Marco Antônio]], ninguém restava para se opor a ele
Quando Otaviano depôs Marco António, em {{AC|32|x}}, ele renunciou à sua posição como [[Triunvirato|triúnviro]]
[[Imagem:The Death of Cleopatra arthur.jpg|thumb|250px|esquerda|upright|''A morte de Cleópatra'', <small>por Reginald Arthur, 1892, na [[Galeria Roy Miles]], [[Londres]]</small>]]
Após estas reformas finais terem sido instituídas, Augusto nunca mais alterou sua constituição
Quando Augusto morreu em {{DC|14|x}}, o [[Principado Romano|Principado]] legalmente terminou
Nas décadas seguintes, após a morte de Augusto, o Império Romano foi, em certo sentido, uma união de principados incipientes, o que poderia ter se desintegrado a qualquer momento
==Senado==
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[[Imagem:Curia Iulia.JPG|thumb|upright|A [[Cúria Júlia]], lugar de reunião do [[senado romano]], mandada edificar por César durante a sua ditadura, após a destruição da [[Cúria Hostília]] pelos seguidores de Clódio.]]
O [[senado romano|senado]] era uma instituição política no antigo [[Império Romano]]. Após a queda da [[República Romana]], o equilíbrio constitucional do poder deslocou-se do senado ao [[Imperador romano|imperador]]. Começando com o primeiro imperador, Augusto, o imperador e o senado eram tecnicamente dois ramos co-iguais de governo. Na prática, no entanto, a autoridade real do senado imperial era insignificante, como o imperador detinha o verdadeiro poder do Estado. Como tal, a associação ao senado tornou-se procurada por indivíduos que buscavam prestígio e posição social, em vez de autoridade real. Durante os reinados dos primeiros imperadores, os poderes legislativos, judiciais e eleitorais foram todos transferidos das [[Assembleias do Povo|assembleias romanas]] para o senado. No entanto, uma vez que o controle que o imperador mantinha sobre o senado era absoluto, este agiu como um veículo através do qual o imperador exercitava os seus poderes autocráticos. O primeiro imperador, Augusto, herdou um senado aumentado por seu antecessor, o [[ditador romano]] [[Júlio César]] para 900 membros. Augusto reduziu o tamanho do senado para 600 membros, e após este ponto, o tamanho do senado nunca foi novamente alterado drasticamente. Alguém poderia tornar-se um senador por [[questor]] sendo eleito (um magistrado com encargos financeiros). No entanto, só se podia candidatar-se à cargo de questor se o candidato fosse da classe senatorial, e para ser da classe senatorial, a pessoa teria que ser o filho de um senador
O poder que o imperador mantinha sobre o senado era absoluto, que era devido, em parte, ao fato de que o imperador ocupava o cargo por toda a vida. Durante as sessões do senado, o imperador se sentava entre dois cônsules, e geralmente atuava como presidente. Senadores com posição mais elevada falavam antes dos senadores do baixo escalão; todavia, o imperador poderia falar a qualquer momento. A maior parte dos projetos de lei que eram lançados perante o senado eram apresentados pelo imperador<ref name=":0" />, que ele, geralmente, tinha nomeado uma comissão para elaborar cada projeto de lei antes apresentá-lo. Apesar das assembleias romanas continuarem a se reunir depois da fundação do império, os seus poderes tinham sido todos transferidos para o senado, e assim [[Senatus consultum|decretos senatoriais]] (''senatus consultum'') adquiriam completa força de lei<ref>[[Tácito]], ''Anais'', I, 15.</ref>.
▲O poder que o imperador mantinha sobre o senado era absoluto, que era devido, em parte, ao fato de que o imperador ocupava o cargo por toda a vida.<ref name=":0" /> Durante as sessões do senado, o imperador se sentava entre dois cônsules<ref name=":0" />,e geralmente atuava como presidente. Senadores com posição mais elevada falavam antes dos senadores do baixo escalão; todavia, o imperador poderia falar a qualquer momento<ref name=":0" />. A maior parte dos projetos de lei que eram lançados perante o senado eram apresentados pelo imperador<ref name=":0" />, que ele, geralmente, tinha nomeado uma comissão para elaborar cada projeto de lei antes apresentá-lo. Apesar das assembleias romanas continuarem a se reunir depois da fundação do império, os seus poderes tinham sido todos transferidos para o senado, e assim [[Senatus consultum|decretos senatoriais]] (''senatus consultum'') adquiriam completa força de lei<ref>[[Tácito]], ''Anais'', I, 15.</ref>. Os poderes legislativos do senado imperial eram principalmente de uma natureza financeira e administrativa, contudo o senado conservava uma variedade de poderes sobre as províncias<ref name=":0" />. Durante o início do império, todos os poderes judiciais que haviam sido detidos pelas assembleias romanas também foram transferidos para o senado. Por exemplo, o senado naquele ponto detinha jurisdição sobre os julgamentos criminais. Nestes casos, um cônsul presidia, os senadores constituíam o júri e o veredito era proferido sob a forma de um decreto (''senatus consultum'')<ref name=":0" />. e, enquanto um veredito não poderia ser objeto de recurso, o imperador poderia perdoar um indivíduo condenado através de um veto. Em teoria, o senado elegia novos imperadores, enquanto que em conjunto com as assembleias populares, seria então conferido ao novo imperador seus poderes de comando (''[[imperium]]'')<ref name=":0" />. Depois que um imperador tivesse morrido ou abdicado seu cargo, o senado poderia divinizá-lo, entretanto, às vezes poderia passar um decreto (''[[damnatio memoriae]]'' ou "maldição da memória") que iria tentar apagar todos os vestígios de aquele imperador da vida romana, como se ele nunca tivesse existido<ref>[http://ancienthistory.about.com/od/romannames1/a/EmperorsErased.htm Damnatio List - Emperors Whose Memory Was Erased by Senate Decree - Damnatio memoriae] por N.S. Gill publicado na "Ancient History" do "ABOUT"</ref>. O imperador [[Tibério]] transferiu todos os poderes eleitorais das assembleias para o senado<ref name=":0" /> e, embora teoricamente o senado elegesse novos magistrados, a aprovação do imperador foi sempre necessária antes que uma eleição pudesse ser finalizada<ref name=":0" />.
==Assembleias legislativas==
As assembleias legislativas eram instituições políticas do antigo [[Império Romano]]. Durante o reinado do segundo imperador romano, [[Tibério]], os poderes que tinham sido detidos pelas [[Assembleias do Povo|assembleias romanas]] (''comitia'') foram transferidos para o [[Senado romano|senado]]. A castração das assembleias havia se tornado inevitável, porque os eleitores eram, em geral, ignorantes quanto ao mérito da importância das questões que eram colocadas perante elas<ref name=":0" />, e frequentemente as assembleias estavam dispostas a vender seus votos pela melhor oferta. Após a fundação do Império Romano, o povo de Roma continuou a organizar por [[centúria]]s e por [[Tribos romanas|tribos]]<ref name=Levi>{{Citar livro|url=http://books.google.it/books?id=T3dKmSA7PhEC&pg=PA175&lpg=PA175&dq=origine+trib%C3%B9+Claudia&source=bl&ots=fQEl30AgSQ&sig=eBqJj3RyJzRoawRf-gIgEuUOGsk&hl=it&ei=flsISuzeFY7GsgbmgOGsCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1 |autor=Mario Attilio Levi |coautor= |título=''L'Italia nell'evo antico'' |subtítulo= |idioma=italiano |edição= |local=| editora=PICCIN |ano=1988 |página=175 |páginas=565|isbn=8829903299 |acessodata=janeiro de 2012 }}</ref>, mas neste ponto, estas divisões tinham perdido a maior parte de sua importância<ref> LE BOHEC, Y. ''El ejército romano: instrumento para la conquista de un imperio'', Ed. Ariel, Barcelona, 2004, ISBN 84-344-6723-2 978-84-344-6723-1</ref>.
[[File:Gaius Gracchus Tribune of the People.jpg|thumb|250px|esquerda|upright|[[Caio Graco]] presidindo o Concílio Plebeu, <small>por Silvestre David Mirys (1742-1810)</small>]]
Enquanto a máquina da [[assembleia das centúrias]] continuou a existir na vida do império por muito tempo
Após a fundação do império, as [[Tribos romanas|divisões tribais]] dos [[Cidadania romana|cidadãos]] e dos [[liberto]]s continuou<ref>Patterson, Orlando. [http://books.google.com.br/books?id=T2grY7NbnygC&hl=en ''Slavery and social death'']. cap. II, 8.</ref>, mas o único propósito político das divisões tribais era que dessa forma elas dariam uma melhor assistência ao senado para manter uma lista de cidadãos
▲Após a fundação do império, as [[Tribos romanas|divisões tribais]] dos [[Cidadania romana|cidadãos]] e dos [[liberto]]s continuou<ref>Patterson, Orlando. [http://books.google.com.br/books?id=T2grY7NbnygC&hl=en ''Slavery and social death'']. cap. II, 8.</ref>, mas o único propósito político das divisões tribais era que dessa forma elas dariam uma melhor assistência ao senado para manter uma lista de cidadãos<ref name=":0" />. As divisões tribais também simplificavam o processo pelo qual os grãos eram distribuídos<ref name=":0" />. Eventualmente, a maioria dos libertos passaram a pertencer a uma das quatro tribos urbanas, enquanto que a maioria dos homens livres pertenceriam a uma das trinta e um tribos rurais<ref>[https://books.google.com/books?id=LEAGAAAAQAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false The History of Rome, Volume 2 ] Por Barthold Georg Niebuhr, William Smith e Leonhard Schmitz (pg. 23-96) publicado pela "Cambridge University" em 1832.</ref>. Sob o imperador Tibério, os poderes eleitorais da assembleia tribal foram transferidos para o senado. A cada ano, depois que o senado tinham elegido os magistrados anuais, a assembleia tribal também ouviu o ''renuntiatio''<ref name=":0" />. Qualquer legislação que o imperador tivesse apresentado às assembleias para fins de ratificação eram submetidos à assembleia tribal<ref name=":0" />. A assembleia ratificava decretos imperiais, começando com o imperador [[Augusto]], e continuando até o imperador [[Domiciano]]. A ratificação da legislação pela assembleia, no entanto, não tinha importância legal, visto que o imperador poderia fazer qualquer decreto em lei mesmo sem o consentimento das assembleias. Assim, sob o império, o [[Cônsul#História|chefe do Executivo]] voltou a ser o principal legislador, que era um poder que ele não exercia desde a época do início da república<ref name=":0" />. O [[concílio plebeu]] (''Concilium Plebis'')<ref>[https://books.google.com/books?id=q6MezDFWplkC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false Ancient Rome: An Introductory History] Por Paul A. Zoch, (Páginas 36-39, 144 e 178) publicado pela "University of Oklahoma Press" em 28 de novembro de 2012</ref> sobreviveu também à queda da república<ref name=":0" />, e também perdeu seus poderes legislativos, judiciais e eleitorais para o senado. Em virtude de seus [[Tribuno da plebe|poderes tribunícios]], o imperador sempre teve o controle absoluto sobre o concílo<ref name=":0" />.
==Magistrados executivos==
{{AP|Magistrado romano|Magistrados executivos do Império Romano}}
Os magistrados executivos eram pessoas [[Eleição|eleitas]] durante o antigo [[Império Romano]]<ref name="Abbott, 342">{{Harvnb|Abbott|1901|p=342}}</ref>. Os poderes de um imperador, (seu ''[[imperium]]'') existiu, pelo menos em teoria, em virtude da sua posição legal. Os dois componentes mais significativos para o ''imperium'' de um imperador eram os poderes tribunícios (''potestas tribunicia'')<ref>[http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=8402141 ‘Tribvnicia Potestate’] por Harold Mattingly no "Journal of Roman Studies" (Volume 20, Edição 01, pag. 78-91) em novembro de [[1930]] DOI: http://dx.doi.org/10.2307/297387</ref> e os [[Procônsul|poderes proconsulares]] (''imperium proconsulare'')
[[Imagem:Artgate Fondazione Cariplo - Canova Antonio, Allegoria della Giustizia.jpg|thumb|200px|upright|"''Alegoria da esperança''" - [[Justiça (mitologia)|Justiça]], a [[Mitologia romana|deusa romana]] que personificava a [[justiça]] e a [[vingança]], <small>por [[Antonio Canova]] (1757-1822)</small>]]
Em virtude de seus poderes proconsulares, o imperador detinha o mesmo grau de autoridade de comando militar que os [[Cônsul|magistrados supremos]] (os cônsules romanos e procônsules) durante a república. No entanto, o imperador não estava sujeito às restrições constitucionais que os antigos cônsules e procônsules estavam sujeitos
Quando um imperador era dotado dos [[Tribuno da plebe|poderes tribunícios]], seu cargo e sua pessoa tornaram-se sacrossantos{{notaNT|Na "''Sacrata lex''" (Lei sagrada)<ref>Coarelli, F. (1983) "Foro Romano I: Periodo archaico", [[Roma]], p. 178</ref>, os plebeus juraram que defender a pessoa do tribuno a todo custo, o que o fez sacrossanto (ou seja, ele não poderia ser atacado pelos magistrados patrícios)<ref>[http://www.livius.org/concept/tribune/ Tribune] - [[Tito Lívio|Lívio]].</ref>}}, e, assim, tornou-se uma ofensa capital a ferir ou obstruir o imperador Sob o império, os cidadãos foram divididos em três classes, e para os membros de cada classe, um plano de carreira distinto era disponível (conhecido como o ''[[cursus honorum]]'').<ref>{{citar web|título=Cursus Honorum|url= http://www.novaroma.org/cursus_honorum/index.html.pt|publicado=Nova Roma|língua=português|acessodata=26 de fevereiro de 2015}}</ref>. As magistraturas tradicionais estavam disponíveis apenas para os cidadãos da classe senatorial. As magistraturas que sobreviveram à queda da república foram (por ordem de classificação pelo ''cursus honorum''): [[cônsul]], [[pretor]], [[tribuno da plebe]], [[edil]], [[questor]] e [[tribuno Militar]]
▲Sob o império, os cidadãos foram divididos em três classes, e para os membros de cada classe, um plano de carreira distinto era disponível (conhecido como o ''[[cursus honorum]]'').<ref>{{citar web|título=Cursus Honorum|url= http://www.novaroma.org/cursus_honorum/index.html.pt|publicado=Nova Roma|língua=português|acessodata=26 de fevereiro de 2015}}</ref>. As magistraturas tradicionais estavam disponíveis apenas para os cidadãos da classe senatorial. As magistraturas que sobreviveram à queda da república foram (por ordem de classificação pelo ''cursus honorum''): [[cônsul]], [[pretor]], [[tribuno da plebe]], [[edil]], [[questor]] e [[tribuno Militar]]<ref name=":0" />. Se um indivíduo não era da classe senatorial, ele poderia concorrer para um desses cargos se ele fosse autorizado a se candidatar pelo imperador, ou de uma outra forma, ele poderia ser indicado para um desses cargos pelo imperador. Durante a transição da [[República Romana|república]] ao [[Império Romano|império]], nenhum cargo perdeu mais poder ou prestígio do que o consulado, devido, em parte, ao fato de que as competências substantivas dos cônsules republicanos foram todas transferidas para o imperador. Os cônsules imperiais podiam presidir o senado, podiam atuar como juízes em certos julgamentos criminais, e tinham o controle sobre jogos públicos e espetáculos<ref name=":0" />. O pretores também perderam uma grande parte de seus poderes, e por fim tinham pouca autoridade fora da cidade<ref name=":0" />. O pretor chefe em Roma, o pretor urbano (''praetor urbanus'')<ref>"''[http://www.researchgate.net/publication/248694915_Law_Making_in_the_Later_Roman_Republic._By_Alan_Watson Law making in the later Roman Republic]''" por Alan Watson, (Oxford University - The Clarendon Press, [[1974]]) pg. 31–62.</ref>, ultrapassou todos os outros pretores, e por um breve momento, ele adquiriu o domínio sobre a tesouraria<ref name=":0" />. Sob o império, os tribunos da plebe permaneceram sacrossantos<ref>[http://www.livius.org/concept/tribune/ Tribune] - [[Tito Lívio|Lívio]].</ref>, e, pelo menos em teoria, mantiveram o poder de convocar, ou vetar, o senado e as [[assembleia]]s<ref name=":0" />. [[Augusto]] repartiu o colégio dos questores em duas divisões<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/secondary/SMIGRA*/Quaestor.html "''Quaestor''"] por William Smith no "Dictionary of Greek and Roman Antiquities, John Murray, London, 1875." em 29 de set de 2012</ref>, e atribuiu a uma divisão a tarefa de servir nas províncias do senado e à outra a tarefa de gerir a administração civil em Roma<ref name=":0" />. Sob Augusto, o edil perdeu o controle sobre o fornecimento de grãos para uma junta de comissários. No entanto, não foi até depois que eles perderam o poder de manter a ordem na cidade, que eles realmente tornaram-se impotentes, e durante o {{séc|III}} o cargo desapareceu inteiramente<ref name=":0" />.
==Fim do principado==
{{AP|Principado romano}}
[[File:Venice – The Tetrarchs 03.jpg|thumb|esquerda|upright|Os [[Tetrarquia|tetrarca]]s, <small>em [[Veneza]], na quina da parede da [[basílica de São Marcos]]</small>]]
Durante o período que começou com a acessão do imperador [[Nerva]] e terminou com a morte do imperador [[Cômodo]], o império continuou a se enfraquecer. Tornava-se difícil recrutar soldados suficientes para o exército, a inflação se tornava um problema, e em pelo menos uma ocasião, o império quase faliu. O desenvolvimento constitucional mais significativo durante esta época foi o desvio estável na direção da monarquia. Não se sabe exatamente como Nerva se tornou imperador, embora ele provavelmente fora apoiado pelos conspiradores que derrubaram [[Domiciano]]. Foi sugerido que Nerva teria participado na conspiração, ou que pelo menos tivera conhecimento dela.<ref name="murison-151" /> No mesmo dia da derrubada de Domiciano, Nerva foi proclamado imperador pelo [[Senado romano|senado]]<ref name="murison-153">Murison, p. 153</ref>, porém, a forma em que chegou ao cargo é motivo de debate.<ref name="murison-151">Murison, p. 151</ref> Seu reinado, embora demasiado curto ({{DC|96|x}} a {{DC|98|x}})<ref>[[Suetônio]], ''[[As vidas dos doze césares]]'', Vida de Domiciano [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Domitian*.html#14 14]</ref> para quaisquer importantes reformas constitucionais, fez serem revertidos alguns dos abusos causados pelo seu antecessor<ref name=":0" />.
Quando Nerva morreu em janeiro de 98, [[Trajano]] sucedeu-lhe sem oposição. Trajano foi além do que até mesmo Nerva tinha ido na restauração a imagem de uma república livre [[Adriano]] sucedeu Trajano como imperador. De longe, a sua mais importante alteração constitucional foi a sua criação de um aparelho burocrático<ref name=":0" />, que incluiu uma gradação fixa de gabinetes claramente definidos, e uma ordem correspondente de promoção. Muitas das funções que haviam sido terceirizadas no passado estavam agora sendo executadas pelo Estado, e este sistema seria revivido pelo imperador [[Diocleciano]], quando ele estabeleceu a tetrarquia<ref name="Hastenteufel">Zeno Hastenteufel. ''[http://books.google.com/books?id=3gGN7Igj9fsC&pg=PA31 Infância e adolescência da igreja]''. EDIPUCRS; GGKEY:WZLBZNDBNK4. p. 31.</ref><ref name="GODOY">ANTONIO ALLEONI CORR A DE GODOY. ''[http://books.google.com/books?id=PtfBhpdL91IC&pg=PA6 Visões de redenção]''. biblioteca24horas; ISBN 978-85-7893-737-9. p. 6.</ref>. Adriano foi sucedido por [[Antonino Pio]], que não fez nenhum verdadeira mudança na constituição<ref>''Römische Geschichte'' [2 vols., Ed. Por H. Bengtson, Stuttgart 1954]</ref><ref>Poder e a Locura; A História dos césares, Jonathan Cape Ltd, Londres [[1958]]</ref>. Ele foi sucedido por [[Marco Aurélio]], em {{DC|161|x}} O mais significativo desenvolvimento constitucional que ocorreu durante o reinado de Marco Aurélio foi o renascimento do [[Colegialidade#República|princípio republicano da colegialidade]]<ref name=":0" />, quando ele fez seu irmão, [[Lúcio Vero]]<ref>''HA Verus'' 2.9–11; 3.4–7; Birley, ''Marcus Aurelius'', 108.</ref>, o seu co-imperador<ref>Barnes, 66. Poorly compiled: e.g. Barnes, 68.</ref>.
Marco Aurélio governou a metade ocidental do império, enquanto seu irmão governou a metade oriental do império. Em {{DC|169|x}}<ref>{{citar livro|sobrenome=Peacock| nome = Phoebe B.| editora = Library of Congress| url = http://www.roman-emperors.org/lverus.htm| título = Lúcio Vero (161–169 A.D.)| publicado = Roman Emperos| língua = inglês| acessodata = 28/07/2013}}</ref>, Lúcio Vero morreu, e em {{DC|176|x}} Marco Aurélio fez o seu filho, Cômodo, seu novo co-imperador<ref>[http://www.tulane.edu/~august/handouts/601cprin.htm Tulane University "Roman Currency of the Principate"]</ref>. Este acordo também foi revivido quando o imperador Diocleciano estabeleceu a [[tetrarquia]]. Em {{DC|180|x}}, Marco Aurélio morreu, e Cômodo tornou-se imperador. A tirania Cômodo reviveu as piores memórias dos imperadores julianos posteriores<ref name=":0" />, ao ser mais explícito do que qualquer dos seus antecessores na tomada de poderes que ele não possuíam uma base jurídica, e em ignorar a constituição. Ele foi morto em {{DC|192|x}}<ref name=":0" /> Nenhuma outra reforma constitucional foi promulgada durante o principado. O único desenvolvimento de qualquer de significância foi o deslizar constante para a monarquia, uma vez que as distinções constitucionais que haviam sido criadas por Augusto perderam qualquer significado que elas ainda tinham. A partir de {{DC|235|x}}, com o reinado do imperador bárbaro [[Maximino Trácio]], o império foi submetido a um período de severa tensão militar, civil, e económica. A crise sem dúvida atingiu o auge durante o reinado de [[Galieno]], de {{DC|260|x}} a {{DC|268|x}} A crise terminou com a adesão de Diocleciano em {{DC|284|x}}, e a abolição da [[Principado romano|principado]]. == Ver também ==
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