Educação na Roma Antiga: diferenças entre revisões

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O fundamento de educação grega antiga era um sistema eficaz de educação formal, mas, em contrapartida, os romanos não tinham um sistema desse tipo até o [[século III a.C.]]. No [[século II a.C.]], as escolas começaram a surgir em Roma. Elas eram muito pequenas e eram geralmente apenas um quarto. Além da leitura e a escrita, as crianças eram ensinadas aritmética elementar e outras matérias<ref>[http://spartacus-educational.com/ROMeducation.htm Education in the Roman Empire] por John Simkin "Spartacus Educational Publishers Ltd"</ref>. A base da educação romana antiga era, acima de tudo, em casa e dada pela família, a partir do qual as crianças recebiam a chamada "educação moral".<ref name="Smith">William A. Smith, ''Ancient Education'' (New York: Philosophical Library, [[1955]]){{en}}</ref>. Embora as fontes literárias e documentais fazem intercâmbio dos vários títulos{{notaNT| Literador, Gramático, Retórico ou Filósofo}} para um professor, um [[Édito Máximo|édito de preços]] emitido por [[Diocleciano]] em [[301]] estabelece que distinções de fato existiram e que, pelo menos em teoria, o professor teve de definir-se usando um dos títulos<ref>[http://www.mariamilani.com/ancient_rome/ancient_roman_schools.htm ancient roman schools] por Giovanni Milani-Santarpia em 4 de agosto de 2011</ref>.
===Educação moral===
Enquanto os meninos gregos recebiam principalmente a sua educação da comunidade, os primeiros e principais educadores de uma criança romana eram quase sempre os seus pais. Os pais ensinavam os filhos as qualificações necessárias para viver no início da república, que incluíram técnicas agrícolas, domésticas e militares, bem como as responsabilidades morais e civis que se esperavam deles como cidadãos. A educação romana foi realizada quase exclusivamente no agregado familiar sob a direção do paterfamílias<ref name="Smith">William A. Smith, Ancient Education (New York: Philosophical Library, 1955), 184.</ref>. Da tradição paterfamilias, ou mais alto membro masculino da família, um estudante geralmente aprendia "''apenas suficiente leitura , escrita e aritmética para capacitá-lo a entender as simples transações comerciais e contar, pesar e medir"''<ref name="Shelton">Jo-Ann Shelton, ''As the Romans Did: A Source book in Roman Social History'' (New York: Oxford University Press, 1998).</ref>.
[[File:Grabrelief einer Familie (RM Enns).JPG |thumb|150px|esquerda|upright|''<small>Relevo na sepultura de uma familia romana</small><small><sub> no museu romano em [[Enns]]</sub></small>]]
Enquanto os meninos gregos recebiam principalmente a sua educação da comunidade, os primeiros e principais educadores de uma criança romana eram quase sempre os seus pais. Os pais ensinavam os filhos as qualificações necessárias para viver no início da república, que incluíram técnicas agrícolas, domésticas e militares, bem como as responsabilidades morais e civis que se esperavam deles como cidadãos. A educação romana foi realizada quase exclusivamente no agregado familiar sob a direção do paterfamílias<ref name="Smith">William A. Smith, Ancient Education (New York: Philosophical Library, 1955), 184.</ref>. Da tradição paterfamilias, ou mais alto membro masculino da família, um estudante geralmente aprendia "''apenas suficiente leitura , escrita e aritmética para capacitá-lo a entender as simples transações comerciais e contar, pesar e medir"''<ref name="Shelton">Jo-Ann Shelton, ''As the Romans Did: A Source book in Roman Social History'' (New York: Oxford University Press, 1998).</ref>.
Homens como [[Catão, o Velho|Catão, o velho]], aderiu a essa tradição romana e levou seu papel como professore muito a sério. Catão não só fez seus filhos se esforçados, bons cidadãos e romanos responsáveis, mas ''"ele foi seu professor de leitura (de seu filho), seu professor de direito, o seu treinador de atletismo. Ele ensinou a seu filho, não só para arremessar um dardo, lutar em armadura e cavalgar, mas também ensinou box, suportar tanto calor e frio, e nadar prolongadamente"''<ref name="Plutarch">Plutarch, ''The Lives of Aristeides and Cato'', translated by David Sansone (Warminster: Aris & Phillips, 1989).</ref>.
 
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=== Gramático ===
Entre nove e doze anos de idade, meninos de famílias abastadas poderiam deixar seu literador para trás e assumir estudo com um [[gramático (Roma Antiga)|gramático]] ({{langx|la|''grammaticus''}}), que aprimorava a escrita e as habilidades de oratória de seus alunos, treinando-lhes na arte de análise poética e ensinava-lhes grego se ainda não dominassem o idioma<ref name="Shelton"/>. A essa altura, os meninos de classe inferiores já estariam trabalhando como aprendizes, e as meninas ricas ou pobres, estariam focadas em tornarem-se noivas atraentes e, posteriormente, boas mães<ref>[http://www.historylearningsite.co.uk/roman_education.htm "Roman Education"] - "HistoryLearning" [[2014]].{{en}}</ref>.
[[File:The School-Teacher Punished by the order of Camillus.gif|thumb|150px|esquerda|upright|''<small>'''O Professor Punido'''</small>'', <small><sub>por ordem de [[Marco Fúrio Camilo|Camilo]]</sub></small>]]
Entre nove e doze anos de idade, meninos de famílias abastadas poderiam deixar seu literador para trás e assumir estudo com um [[gramático (Roma Antiga)|gramático]] ({{langx|la|''grammaticus''}}), que aprimorava a escrita e as habilidades de oratória de seus alunos, treinando-lhes na arte de análise poética e ensinava-lhes grego se ainda não dominassem o idioma<ref name="Shelton"/>. A essa altura, os meninos de classe inferiores já estariam trabalhando como aprendizes, e as meninas ricas ou pobres, estariam focadas em tornarem-se noivas atraentes e, posteriormente, boas mães<ref>[http://www.historylearningsite.co.uk/roman_education.htm "Roman Education"] - "HistoryLearning" [[2014]].{{en}}</ref>.
As atividades diárias incluíam palestras pelo gramático (''Enarratio''), a leitura expressiva (''lectio'') e da análise de poesia (''partitio'')<ref name=":0" />. O currículo era inteiramente bilíngue, pois era esperado que os estudantes soubessem ler e falar a língua grega, bem como o latim. A avaliação do desempenho do aluno era feita no local sem nenhuma regra educacional do governo romano, somente de acordo com as normas particulares estabelecidas pelo seu gramático, como nenhuma fonte sobre educação romana nunca menciona que o trabalho foi levado para ser classificado ou avaliado por outra autoridade<ref>[http://publishing.cdlib.org/ucpressebooks/view?docId=ft8v19p2nc&brand=ucpress Kaster, Robert A. Guardians of Language: The Grammarian and Society in Late Antiquity.] [[Universidade da Califórnia em Berkeley|Berkeley]]: University of California Press, [[1997]], c1988 1997{{en}}. http://ark.cdlib.org/ark:/13030/ft8v19p2nc/</ref>. Em vez de uma avaliação por uma regra ditada pelo governo romano, os alunos completariam um exercício, o tutor apresentaria os resultados do trabalho a ele e o aluno seria, conforme a necessidade determinada pelo gramático, revelada pela sua auto-percepção como um "guardião da língua", corrigido ou parabenizado<ref>[http://publishing.cdlib.org/ucpressebooks/view?docId=ft8v19p2nc&chunk.id=d0e42900&toc.id=&brand=ucpress Guardians of Language: The Grammarian and Society in Late Antiquity] pela "UC Press E-Books Collection" de [[1982]] a [[2004]]{{en}}.</ref>.
 
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Na época inicial romana, os estudos [[retórica|retóricos]] não foram exclusivamente feitos através de um professor, mas eram aprendidos através da observação atenta de um aluno aos mais antigos<ref>[http://www.academia.edu/5573535/Paul_and_Rhetoric_by_J._Paul_Sampley_and_Peter_Lampe Paul and Rhetoric] por J. Paul Sampley e Peter Lampe (pg.182) ISBN-13: 978-0567027047.{{en}}</ref>. A prática da retórica foi criado pelos gregos antes de se tornar uma instituição na [[sociedade romana]], e levou muito tempo para que ela ganhar a aceitação, em Roma. O orador, ou estudante de retórica, era importante na sociedade romana devido à disputa política constante que ocorreu ao longo da história romana<ref name="Bonner" />. Os jovens que estudavam sob um retórico não iriam só se concentrar em falar em público. Esses alunos aprendiam também outras disciplinas como a [[geografia]], [[música]], [[filosofia]], [[literatura]], [[mitologia]] e [[geometria]]<ref name="Shelton" />. Estes estudos bem equilibrado deu aos [[Oratória#História|oradores]] romanos uma educação mais diversificada e ajudou a prepará-los para futuros debates.
 
Ao contrário de outras formas de educação romana, não há muita evidência para mostrar que o nível retórico estava disponível para ser prosseguidos na escola organizada. Devido a esta falta de evidência, presume-se que essa educação foi feita através dos professores particulares mencionados anteriormente. Esses tutores tiveram enorme impacto sobre as opiniões e ações de seus alunos. Na verdade, a influência foi tão grande que o governo romano expulsou muitos retóricos e filósofos em {{AC|161|x}}<ref>[http://www.ies-ramonycajal.com/files/ORATORIA_Y_RETRICA_LATINAS.pdf ORATORIA Y RETÓRICA LATINAS] por Ramón y Cajal nas apostilas do Departamento de "Latín y Griego" do Curso 2014-15.</ref>. Havia dois campos de estudo oratória que estavam disponíveis para homens jovens. O primeiro destes campos era o ramo deliberativo do estudo. Este campo era para a formação dos jovens que, mais tarde, necessitariam incitar à "conveniência ou inconveniência" de medidas que afetavam o [[senado romano]]. O segundo campo de estudo era muito mais lucrativo e era conhecido como oratória judicial. Estes oradores viriam a entrar em áreas como o direito penal, o que era importante para ganhar um público seguidor. O apoio do público era necessário para uma bem sucedida carreira política em [[Roma antiga|Roma]]<ref name="Bonner" />. Mais tarde na história romana, a prática da declamação se concentrou mais sobre a arte da eloquência{{notaNT|Na retórica antiga, a declamação fazia parte dos exercícios preparatórios na formação dos futuros oradores que buscavam a perfeição da eloquência. A partir de um assunto de carácter geral, os estudantes deviam declamar textos vulgares, daí um certo sentido [[pejorativo]] que a declamação tem hoje em dia, porque representa uma forma não natural de expressão.}}, em oposição à formação de discurso sobre questões importantes nos tribunais. [[Tácito]] apontou que durante seu tempo (a segunda metade do [[século I| primeiro século]]), os alunos tinham começado a perder de visão para as disputas legais e tinham começado a se concentrar mais da sua formação na arte de contar histórias<ref name="Shelton" />.
 
== Ver também ==