Edgard Leuenroth: diferenças entre revisões

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'''Edgard Frederico Leuenroth''' ([[Mogi Mirim]], [[31 de outubro]] de [[1881]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[28 de setembro]] de [[1968]]<ref name="RBOOKS" />) foi um [[tipógrafo]], [[jornalista]], [[arquivista]] e propagandista, um dos mais notáveis [[anarquia|anarquistas]] do período da [[República Velha|Primeira República]] [[brasil]]eira.<ref name="FGV">[http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/biografias/ev_bio_edgardleuenroth.htm Edgard Leuenroth]. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Fundação Getúlio Vargas. [http://web.archive.org/web/20090908170353/http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/biografias/ev_bio_edgardleuenroth.htm Cópia arquivada em 8 de setembro de 2008].</ref>
 
Fundou diversos jornais e colaborou em diferentes funções junto a tantos outros. Esteve envolvido com os periódicos ''[[O Boi]], [[O Alfa (periódico)|O Alfa]], Folha do Braz, [[O Trabalhador Gráfico]], [[Portugal Moderno (periódico)|Portugal Moderno]], [[A Terra Livre]], [[A Lucta Proletária]], [[A Folha do Povo]], [[A Lanterna (periódico)|A Lanterna]], [[A Guerra Social]], [[O Combate (periódico)|O Combate]], [[A Capital (periódico)|A Capital]], [[Eclectica]], [[Spartacus (periódico)|Spartacus]], [[A Plebe (periódico)|A Plebe]], [[Romance Jornal (periódico)|Romance Jornal]], [[Jornal dos Jornaes (periódico)|Jornal dos Jornaes]], [[A Noite (periódico)|A Noite]], [[Ação Libertária]] e [[Ação Direta (periódico)|Ação Direta]]''.<ref name="FENAE">[http://www.fenae.org.br/fenaeagora/2002/maio/personagem.htm A voz dos operários: Edgard Leuenroth]. Revista Fenae Agora [http://web.archive.org/web/20041225201834/http://www.fenae.org.br/fenaeagora/2002/maio/personagem.htm Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2005]. </ref> Foi também fundador de diversas entidades vinculadas a imprensa, entre estas o ''Centro Typographico de São Paulo'', a ''União dos Trabalhadores Gráficos'', a ''Associação Paulista de Imprensa'' e a ''Federação Nacional da Imprensa''.<ref name="FENAI">[http://www.fenai.org.br/historico3edgard.htm O Fundador, Federação Nacional da Imprensa]</ref>
 
Em [[1917]] foi julgado e condenado como um dos articuladores da [[Greve de 1917|Greve Geral]]. Com o surgimento do [[Partido Comunista Brasileiro]] passou a ser criticado por [[Astrojildo Pereira]], [[comunista]] ex-anarquista que tinha como meta ampliar a influência do partido através do alinhamento com os sindicatos e os meios de imprensa operários, com a proposta [[bolchevique]].
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=== A greve de 1917 ===
{{artigo principal|[[Greve Geral de 1917]]}}
Como resultado da forte organização do movimento operário paulistano através de sindicatos de inspiração anarquistas e órgão de imprensa operária e tendo como precedentes uma série de greves parciais pelo aumento dos salários, comícios e piquetes, em [[1917]] estourou a [[Greve Geral de 1917|Greve Geral]] na cidade de São Paulo. Através de suas colunas do jornal A Plebe Leuenroth não só demonstrou seu apoio a greve, mas assumiu para si a função de articulador desta.<ref name="FENAI" />{{quote|"''Toda a imprensa o considera um sonhador, um utopista, desses que põem toda a sua alma na propaganda das idéias que um dia irão dominar o mundo inteiro.''"|O Estado de SãoS. Paulo sobre Edgard Leuenroth, 9 de Janeiro de 1918<ref name ="FENAI" />}}Em 9 de julho, uma carga de cavalaria foi lançada contra os operários que protestavam na porta da fábrica Mariângela, no Brás resultou na morte do jovem anarquista [[Espanhóis|espanhol]] [[José Martinez]].<ref name="ODB" /> Seu funeral atraiu uma multidão que atravessou a cidade acompanhando o corpo até o [[cemitério do Araçá]] onde foi sepultado.[[Ficheiro:Funeral Jose Martinez.jpg|thumb|300px|left|Funeral de José Martinez em direção cemitério do Araçá no dia [[11 de Julho]] de [[1917]].]]{{quote|"''O enterro dessa vitima da reação foi uma das mais impressionantes demonstrações populares até então verificadas em São Paulo. Partindo o féretro da rua Caetano Pinto, no Brás, estendeu-se o cortejo, como um oceano humano, por toda a avenida Rangel Pestana até a então Ladeira do Carmo em caminho da Cidade, sob um silencio impressionante, que assumiu o aspecto de uma advertência. Foram percorridas as principais ruas do centro. Debalde a Policia cercava os encontros de ruas. A multidão ia rompendo todos os cordões, prosseguindo sua impetuosa marca até o cemitério. À beira da sepultura revezaram os oradores, em indignadas manifestações de repulsa à reação (...) No regresso do cemitério, uma parte da multidão reuniu-se em comício na Praça da Sé; a outra parte desceu para o Brás, até à rua Caetano Pinto, onde, em frente à casa da familia do operário assassinado, foi realizado outro comício.''"|Edgard Leuenroth]<ref name="DEALBAR" />}}Indignados os operários da indústria têxtil [[Cotonifício Rodolfo Crespi|Cotonifício Crespi]], com sede na [[Mooca]] entraram em greve, e logo foram seguidos por outras fábricas e [[bairros operários]]. Três dias depois mais de 70 mil trabalhadores já aderiram a greve. Armazéns foram saqueados, bondes e outros veículos foram incendiados e barricadas foram erguidas em meio às ruas.<ref name="RBOOKS" />{{quote|''Sem que se possa precisar detalhes, verificou-se uma agitação entre a multidão estacionada nas imediações da avenida Rangel Pestana. Havia sido assaltada uma carrocinha de pão. Essa ocorrência teve o efeito da chispa lançada ao rastilho de pólvora. Parece ter servido ela de exemplo e estimulo para que a mesma ação fosse praticada em muitas partes da cidade. Feito que aconteceu com rapidez fulminante, como se um veiculo de comunicação de excepcional capacidade pusesse em contato todo o elemento popular paulistano.''|Edgard Leuenroth<ref name="DEALBAR" />}}Edgard Leuenroth, que naquele momento fazia parte do Comitê de Defesa Proletária, passara a ser considerado pelo aparato repressor estatal o mentor "psico-intelectual" da greve.<ref name="ODB" />{{quote|"''A Policia entrou em ação. Começaram os choques com as multidões. Dos encontros resultaram vitimas de ambos os lados. Os operários não se podiam reunir para tomar resoluções. Cada corporação lançava os seus memoriais de reivindicações, quase todas coincidentes, na maioria delas. Mas uma ação de conjunto, coordenada para a determinação do objetivo comum, não se tornava exequível no momento, devido à impossibilidade realização de assembléias sindicais. Foi então que se constituiu o Comitê de Defesa Proletária, resultante de uma reunião clandestina de militantes de várias categorias sindicais. Sua função não seria de órgão diretor para expedir palavras de ordem. Sua missão seria de um núcleo de relações e coordenador das reivindicações dos trabalhadores em agitação e privados de seus sindicatos e de seu organismo federativo.''"|Edgard Leuenroth<ref name="DEALBAR" />}}Em meio ao caos das perseguições e cercos policiais aos grevistas, as dificuldades de reuniões e emissão das reivindicações e até mesmo tiroteios e saques Edgard Leuenroth junto a outros nomes do movimento operário anarcossindicalista paulistano organizam um enorme comício no antigo Hipódromo da Mooca.[[Ficheiro:São Paulo (Greve de 1917).jpg|thumb|right|300px|Operários e anarquistas marcham portando bandeiras negras pela cidade de São Paulo na greve de 1917.]]{{quote|"''Foi indescritível o espetaculo que então a população de São Paulo assistiu, preocupara com a gravidade da situação. De todos os pontos da cidade, como verdadeiros caudais humanos, caminhavam as multidões em busca do local que, durante muito tempo, havia servido de passarela para a ostentação de dispendiosas vaidades, justamente neste recanto da cidade de céu habitualmente toldado pela fumaça das fábricas, naquele instante, vazias dos trabalhadores que ali se reuniam para reclamar o seu indiscutível direito a um mais alto teor de vida. Não cabe aqui a descrição de como se desenrolou aquele comício, considerado como uma das maiores manifestações que a história do proletariado brasileiro registra. Basta dizer que a imensa multidão decidiu que o movimento somente cessaria quando as suas reivindicações, sintetizadas no memorial do Comitê de Defesa Proletária, fossem atendidas. O término do comício teve o mesmo aspecto de que se revestiu o seu início. A multidão se desdobrava em numerosas colunas que se punham em marcha, de regresso aos bairros. Os militantes mais visados retiravam-se no meio de grupos espontaneamente formados. Soube-se mais tarde que, em pontos distantes do local do comício, haviam-se realizado varias prisões.''"|Edgard Leuenroth<ref name="DEALBAR" />}}
 
Ao fim do comício o Comitê de Defesa Proletária do qual Leuenroth fazia parte se reuniu para garantir que as reivindicações em formato de resolução fossem transmitidas ao presidente do estado, que entre outras demandas exigia a libertação de todos os operários do movimento que haviam sido encarcerados.{{quote|"''A comissão de jornalistas era composta de representantes de jornais diários da Capital e o Comitê de Defesa Proletária, pelos seguintes elementos: Antonio Candeias Duarte, comerciário; Francisco Cianci, litógrafo; Rodolfo Felipe, serrador; Gigi Damiani, pintor, diretor do jornal libertário "La Bataglia"; Teodoro Municeli, diretor do jornal socialista "Avanti", e Edgard Leuenroth, jornalista, diretor do jornal anarquista "A Plebe" e secretário do comitê.''"|Edgard Leuenroth<ref name="DEALBAR" />}}Atendidas as exigências a greve chegou ao seu fim.
 
=== Segunda prisão ===
[[Ficheiro:Edgard_Leuenroth_prisãoEdgard Leuenroth prisão.png|thumb|left|300px|Fotos tiradas na delegacia por ocasião da prisão em [[1917]].]]Pouco tempo depois Leuenroth seria novamente preso sob a acusação de ter liderado um grupo de operários na pilhagem do ''Moinho Santista'' ocasião em que foram roubadas algumas sacas de farinha de trigo.<ref name="FGV" /> Tem início um longo processo onde o aparelho burocrático-estatal se utiliza de todos os meios para manter Leuenroth preso. Este foi diversas vezes adiado causando protestos entre a forte imprensa anarquista da época que passou a denunciar a má vontade e a morosidade da justiça.<ref name="ODB" />{{quote|"''Muito tempo ainda não havia decorrido, quando se verificou a minha prisão. Iniciou-se então minha peregrinação pelos postos policiais, com o fim de serem burlados os "habeas corpus" requeridos quando fui transferido para a Cadeia Publica, hoje Casa de Detenção. Após seis meses, fui levado ao Tribunal do Júri, para ser julgado pela estúpida acusação de ter sido o autor psíquico-intelectual da greve geral de julho de 1917. Fui absolvido por unanimidade de votos, após dois adiamentos, com o intuito de impedir de ter também como defensor, ao lado do dr. Marry Junior; o grande criminalista, dr. Evaristo de Morais. Passado algum tempo, divulgou-se a notícia de deportação de alguns militantes proletários para outros Estados.''"|Edgard Leuenroth<ref name="DEALBAR" />}}No início de [[1918]] ainda na prisão, Leuenroth recebeu a notícia de que seus amigos libertários cogitavam a possibilidade de candidatá-lo para deputado como uma forma de protesto. De sua cela na cadeia pública de São Paulo, Leuenroth escreveu uma artigo agradecendo a consideração, afirmando que não poderia aceitar uma candidatura sua pois isso iria de encontro com seus ideais anarquistas aos quais permanecia fiel, e não compactuaria com o Estado nem para fazer protesto.<ref name="FENAI" />
 
=== Sob o impacto da Revolução Russa ===
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Seu legado permanece vivo ainda nos dias de hoje, sendo ele considerado um dos grandes nomes entre os anarquistas brasileiros que lutaram por trazer a uma parcela oprimida da sociedade um tempo de liberdade ao mesmo tempo em que surgiram e cresceram novas formas de autoritarismo.<ref name="ODB" />
 
== {{Ver também}} ==
{{portal-anarquia}}
* [[Peter Kropotkin]]
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* [[Fábio Lopes dos Santos Luz]]
 
== {{#if:|{{ELES|Bibliografia|}}|Bibliografia }} ==
* [[Anarquismo, roteiro de libertação social]]. Rio de Janeiro: Mundo Livre, ([[1963]]).
* O que é Marximismo ou Bolchevismo: programa comunista. São Paulo: s.c.e., ([[1922]]).<ref>Co-autor Antônio Candeias Duarte (Hélio Negro)</ref>
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* VADICO, Luis Antônio. & MARTINI, Silvia Rosana Modena. Edgard Leuenroth (1881 - 1968). Seção de Pesquisa do AEL, 1996, 2000.
 
== {{Ligações externas}} ==
* {{Link|pt|2=http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/biografias/ev_bio_edgardleuenroth.htm |3=Biografia de Edgard Leuenroth no FGV-CPDOC}}
* {{Link||2=http://recollectionbooks.com/bleed/Encyclopedia/LeuenrothEdgard/LeuenrothMirror/ed-edga-a.htm |3=Edgard Leuenroth (1881 - 1968) no Recollection Books}}.
* {{Link|en|2=http://recollectionbooks.com/bleed/Encyclopedia/LeuenrothEdgard.htm |3=Biografia de Edgard Leuenroth no Our Daily Bleed}}
* {{Link|pt|2=http://www.ifch.unicamp.br/ael/ |3=Arquivo Edgard Leuenroth da Universidade de Campinas}}
* [http://www.nu-sol.org/verve/pdf/verve2.pdf Porque os anarquistas não aceitam a ação político-eleitoral], por Edgard Leuenroth; Revista Verve, 2ª ed., pg. 11
 
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