Conquista romana da Britânia: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Provinciaromana-Bretanha-pt.svg|thumb|upright=1.4|A [[província romana]] da [[Britânia (província romana)|Britânia]].]]
Por volta de [[43|43 d.C.]], momento da principal invasão romana da Britânia, a ilha já tinha sido frequente objetivo de invasões planejadasplaneadas e realizadas por forças da [[República Romana]] e do [[Império Romano]]. Assim como outras regiões nos limites do império, ''Britânia'' estabelecera relações [[Diplomacia|diplomáticas]] e [[Comércio|comerciais]] com os romanos ao longo de um século desde as expedições de [[Júlio César]] em [[{{AC|55 a.C.|55]]n}} e [[{{AC|54 a.C.]]|n}}, e a influência econômicaeconómica e cultural de [[Roma Antiga|Roma]] era uma parte significativa da tardia pré-romana [[Idade do Ferro]] britânica, especialmente no sul.
 
==Introdução==
 
[[FicheiroImagem:Caesars invasions of Britain.jpg|thumb|esquerda|upright|Reconstrução da primeira das invasões de [[Júlio César]] à ilha.]]
Entre [[55 a.C.]] e [[40|40 d.C.]], a política de pagamento de tributos, troca de reféns e [[estado satélite|vassalagem]] das tribos britânicas, iniciada com as [[invasões da Britânia por Júlio César]] durante a [[Guerra das Gálias]], continuou sem sofrer apenas câmbios. [[César Augusto]] preparou a invasão da ilha em três ocasiões ([[{{AC|34 a.C.]]|n}}, [[{{AC|27 a.C.]]|n}} e [[{{AC|25 a.C.]]|n}}). A primeira e terceira foram abortadas por causa de revoltas produzidas em outras regiões do império, e a segunda por os líderes britânicos parecerem dispostos a chegar a um acordo e evitarem a guerra.<ref>[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/49*.html#38 49.38], [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/53*.html#22 53.22], [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/53*.html#25 53.25]</ref> Segundo a ''[[Res Gestae Divi Augusti|Res Gestae]]'' de Augusto, dois reis britânicos, [[Dunovelauno]] e [[Tincomaro]], viajaram suplicantes a Roma durante o seu reinado,<ref>[[Augusto]], ''[[Res Gestae Divi Augusti]]'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Augustus/Res_Gestae/6*.html#32 32]. O nome do segundo rei é desconhecido, mas Tincomaro é o candidato mais provável.</ref> e a ''Geografía'' de [[Estrabão]], escrita durante este período, afirma que a Britânia pagou mais em tributos e impostos do que poderia implicar se a ilha fosse conquistada.<ref>[[Estrabo]] ''Geografía'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/4E*.html 4.5]</ref>
 
Na década de [[40{{DC|40 d.C.]]|n}}, a situação política dentro da Britânia era instável. Os [[Catuvelaunos]] substituíram os [[Trinovantes]] como o reino mais poderoso a sudeste da Britânia, tomando a antiga capital Trinovantiana de [[Camuloduno]] (atual [[Colchester]]), e iniciaram uma política de pressões para os seus vizinhos os [[Atrébates]], dirigidos pelos descendentes do antigo aliado e posterior inimigo de Júlio César, [[Cômio]].<ref>John Creighton (2000), ''Coins and power in Late Iron Age Britain'', Cambridge University Press</ref>
 
[[Calígula]] planejou uma campanha contra os britanos em [[40]], mas a sua execução foi realmente estranha: segundo o que escreve [[Suetônio]] em ''[[Vidas dos Doze Césares]]'', o imperador dispôs as suas tropas em formação de batalha ao longo do [[canal da Mancha]] e ordenou que atacassem permanecendo na água. Posteriormente ordenou que os soldados deviam recolher conchas da água como "o tributo que o oceano devia ao [[monte Capitolino]] e ao [[monte Palatino]]".<ref>[[Suetônio]], ''Calígula'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Caligula*.html#44 44-46]; [[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/59*.html#25 59.25]</ref> Os historiadores modernos não se mostram seguros a respeito de se essa ação foi um castigo a um possível motim dos soldados ou consequência de um dos desvarios de Calígula. O certo é que esta tentativa de invasão preparou as tropas e facilitou a invasão de [[Cláudio]] iniciada três anos depois (por exemplo, Calígula edificou um [[farol]] em [[Bolonha-sobre-o-Mar]], que serviu como modelo para outro construído em [[{{DC|43|43 d.C.]]n}}, em [[Dubris]]).
 
==Preparativos de Cláudio==
Três anos depois da frustrada invasão de [[Calígula]], o seu sucessor no trono, o imperador [[Cláudio]], provavelmente utilizando as tropas do seu predecessor, formou uma força invasora para reabilitar no trono a [[Verica]], um rei exilado dos Atrébates.<ref>[[Dião Cássio]] ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/60*.html#19 60.19-22]</ref> [[Aulo Pláucio]], um importante senador, foi posto no comando de quatro legiões que somavam um total de 20 000{{formatnum:20000}} soldados sem contar os [[Tropas auxiliares romanas|auxiliares]], com os quais somariam por volta de 40 000{{formatnum:40000}}. As legiões de Plaúcio foram as seguintes:
*[[Legio II Augusta|Legio II ''Augusta'']]
*[[Legio IX Hispana|Legio IX ''Hispana'']]
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A força principal de invasão de Pláucio partiu em três divisões. Geralmente, acredita-se que o porto do que partiu o exército romano foi [[Bolonha-sobre-o-Mar]], e que o principal ponto de desembarque foi [[Rutúpias]] (''Rutupiae''; atual [[Richborough]], na costa Leste de [[Kent]]). Contudo, não fica demonstrado que fossem estes dois locais. [[Dião Cássio]] não menciona o nome do porto de partida, e embora [[Suetônio]] afirme que a força secundária partiu sob o comando de Cláudio de Bolonha,<ref>[[Suetônio]], ''As vidas dos doze césares, Vida de Cláudio'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Claudius*.html#17 17]</ref> isso não significa necessariamente que a força de invasão inteira partisse dali. Pela sua vez, Richborough conta com um grande porto natural, que seria adequado, e amostra restos arqueológicos romanos que indicam uma ocupação militar no momento adequado. Contudo, Dião Cássio alega que os romanos partiram de leste para oeste, e uma viagem de Bolonha a Richbourough suporia um deslocamento de sul a norte. Alguns historiadores<ref>Por exemplo, John Manley, ''AD43: a Reassessment''.</ref> sugestionam que a força invasora navegou de Bolonha para [[Solent]], desembarcando nas cercanias de {{ilc|Noviômago dos Reginos||Noviomagus Reginorum}} ([[Chichester]]) ou [[Southampton]], em território governado oficialmente por Vérica. Uma explicação alternativa propõe uma viagem do [[rio Reno]] para Richborough, que suporia um deslocamento de leste a oeste.<ref>[[Estrabão]] (Geografia [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/4E*.html#5.2 4:5.2]) o Reno foi um ponto de partida utilizado para cruzar para a Britânia durante o [[Século I]].</ref>
 
==Derrota da resistência a sul==
[[Imagem:CymruLlwythi.PNG|thumb|upright=1.425|Tribos de [[Gales]] durante a invasão romana. A posição exata das fronteiras é discutida.]]
A resistência dos britanos foi dirigida pelos líderes [[Togoduno]] e [[Carataco]], filhos do rei dos catuvelaunos, [[Cunobelino]]. Uma importante força britânica enfrentou-se com os invasores romanos nas imediações de [[Rochester (Kent)|Rochester]], no [[rio Medway]]. A [[Batalha do rio Medway|batalha]] prolongou-se durante dois dias. O general romano Hosídio Geta foi capturado durante a contenda, mas foi resgatado e desequilibrou a contenda em favor dos romanos, sendo recompensado com um ''[[Triunfo romano|triunfo]]'' ao seu regresso a Roma.
 
Os britânicos retrocederam para o [[rio Tâmisa|TâmisaTamisa]] com o exército romano perseguindo-os ao longo do rio e causando numerosas baixas quando atravessavam o território de [[Essex]]. Desconhece-se se para este fim os romanos construíram uma ponte fixa ou se a edificaram temporariamente, embora seja confirmado que ao menos uma divisão de [[Batávios|auxiliares batávios]] cruzou o rio e constituiu uma força independente.
 
Quando o líder britano Togoduno faleceu após a ''débâcle'' do Tâmisa, Pláucio deteve a sua ofensiva e enviou uma mensagem a [[Cláudio]] pedindo que se unisse para dirigir a ofensiva final. [[Dião Cássio]] escreve que Pláucio precisava do apoio de Cláudio para derrotar o ressurgimento dos britanos que estavam decididos a vingar a morte de Togoduno. Contudo, Cláudio não era militar. O [[Arco de Cláudio]] afirma que o imperador recebeu a rendição de onze líderes da resistência britana sem sofrer perda alguma.<ref>[[Wikisource:Arch of Claudius|Arco de Cláudio]]</ref> [[Suetônio]] afirma que Cláudio recebeu a rendição dos britanos sem estar presente numa só batalha.<ref>[[Suetônio]] ''As vidas dos doze césares, Vida de Cláudio'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Claudius*.html#17 17]</ref> É provável que os catuvelaunos estivessem já à beira da derrota pela habilidade militar de Plaútio, o que permitiu Cláudio aparecer como o vencedor na marcha final sobre Camuloduno. Dião Cássio relata que Cláudio trouxe das afastadas regiões do império [[Elefante de guerra|elefantes de guerra]], (embora não se tenham descoberto restos deles), e armamento pesado que impediu um novo rebrote dos insurgentes nativos. Onze líderes a sudeste da [[Britânia (província romana)|Britânia]] renderam-se ao imperador, e este regressou para Roma junto a Camuloduno para celebrar a sua vitória. Carataco, pela sua vez, escapou e continuou resistindo os invasores desde o afastado oeste. Em comemoração da vitória de Cláudio, o filho do [[Imperador romano|imperador]], [[Tibério Cláudio César Britânico|Cláudio Tibério Germânico]] foi recompensado com o título honorífico de ''Britânico''.
 
==44 - 60==
[[FicheiroImagem:boudiccastatue.jpg|thumb|upright|esquerda|Estátua de [[Boudica]] perto da ponte de Westminster.]]
Em [[44|44 d.C.]], o general [[Vespasiano]] assumiu o comando de uma pequena força e marchou para oeste subjugando as tribos e capturando uma série de [[ópido]]s ao longo do seu caminho. A marcha de Vespasiano chegou ao menos até [[Exeter]] e, provavelmente, alcançou a região de [[Bodmin]].<ref>[[Suetônio]], ''Vidas dos Doze Césares, Vida de Vespasiano'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Vespasian*.html#4 4]</ref> A ''[[Legio IX Hispânica]]'' foi enviada para norte, para [[Lincoln (Inglaterra)|Lincoln]] e, após quatro anos de invasão, é provável que a área em redor de [[Humber]] até o [[rio Severn]] caísse sob controle romano. A situação da [[estrada romana]] conhecida como ''[[Fosse Way]]'' levou muitos historiadores a debater o papel da rota como uma fronteira durante a primeira ocupação. É mais provável que a fronteira entre os romanos e os britanos estivesse mudando durante este período.
 
No fim de [[47|47 d.C.]], o novo governador da Britânia, [[Públio Ostório Escápula]], iniciou uma campanha contra as tribos assentadas no atual [[Gales]] e [[Cheshire Gap]]. A tribo dos [[Siluros]], assentada na região do sudeste de Gales, causou consideráveis problemas a Escápula e defendeu com firmeza a fronteira galesa situada nas proximidades do seu território. O próprio Carataco foi derrotado num encontro e fugiu para o território dos [[Brigantes]], que ocuparam os [[Peninos]]. A rainha deste povo, [[Cartimándua]], estava pouco disposta a batalhar com os romanos e decidiu assinar um tratado de paz com eles pelo qual lhes entregava Carataco e eles comprometiam-se a apoiá-la militarmente. Quando Ostório faleceu, foi substituído por [[Aulo Dídio Galo]], que penetrou na fronteira galesa, tomando-a, mas sem continuar, provavelmente porque Cláudio queria evitar uma dura guerra de desgaste com o objetivo de se abrir caminho através do montanhoso território britânico.
 
[[FicheiroImagem:England Celtic tribes - South.png|thumb|upright=1.4|direita|thumb|Tribos celtas a sul da Inglaterra.]]
Quando [[Nero]] ascendeu ao trono após a morte de Cláudio em [[{{DC|54|54 d.C.]]n}}, parecia decidido a continuar a invasão da ilha e nomeou [[Quinto Verânio]] como governador da [[Britânia (província romana)|província]], um homem com experiência em tratar com as belicosas tribos da [[Ásia Menor]]. Verânio e o seu sucessor, [[Caio Suetônio Paulino]] dirigiram com sucesso uma campanha ao longo do território de Gales, famosa por destruir a resistência dos [[druida]]s ao capturar as suas capitais, [[Mona]] eou [[Anglesey]], em [[{{DC|60|60 d.C.]].n}} A ocupação final de Gales foi detida por causa da rebelião da rainha [[Boudica]], cujas tropas obrigaram os romanos a retroceder para sudeste. Os siluros não foram conquistados por completo até [[{{DC|76|76 d.C.]]n}}, após uma longa e dura campanha dirigida pelo general romano [[Sexto Júlio Frontino]].
 
==60 - 96==
Após a derrota dos insurgentes britanos sob o comando da rainha [[Boudica]] na [[Batalha de Watling Street]], os seguintes governadores enviados por Roma continuaram a sua conquista avançando para norte.
 
Cartimándua foi obrigada a pedir apoios os romanos para que a ajudassem a enfrentar-se com a rebelião do seu marido [[Venútio]]. [[Quinto Petílio Cerial]] tomou umas quantas legiões estacionadas em Lincoln e avançou até chegar a [[Iorque]]. As legiões enfrentaram-se com Venútio e derrotaram-no nas imediações de [[Stanwick St John|Stanwick]], por volta de [[70{{DC|70 d.C.]]|n}} Como resultado, a tribo dos Brigantes foi totalmente romanizada.
 
[[FicheiroImagem:Agricola campaigns in Britannia.png|thumb|upright=1.4|direita|Campanhas de [[Cneu Júlio Agrícola|Agrícola]] na Britânia nos anos de 78-84.]]
Sexto Júlio Frontino foi enviado a governar a província romana da Britânia em [[{{DC|74|74 d.C.]]n}} em substituição de Quinto Petílio Cerial. O novo governador subjugou a tribo dos Siluros e os povos hostis a Roma que se assentavam no território de Gales, estabelecendo o seu acampamento base em [[Caerleon]], guarnecendo-o com a ''[[Legio II Augusta]]'' e estabelecendo uma série de pequenas fortificações situadas a cerca de 15 – 2015–20&nbsp;km de distância entre elas. Durante o seu mandato foi construída uma fortificação em [[Pumsaint]], a oeste de [[Gales]], em parte com o objetivo de explorar os recursos auríferos de [[Dolaucothi]]. Frontino retirou-se da província em [[{{DC|78|78 d.C.]]n}} e ao seu regresso à capital foi designado como comissionado de águas em [[Roma]].
 
O general [[Cneu Júlio Agrícola]] foi designado em substituição de Frontino. O novo governador da ilha derrotou os [[Ordovicos]] em Gales e, posteriormente, tomou o comando de uma pequena força, marchando para norte, onde construiu uma série de estradas ao longo dos Peninos. Edificou uma fortificação em [[Deva Victrix|Chester]] e empregou táticas depreciáveis em algumas ocasiões com o objetivo de obter a rendição britana pelo medo. Em [[80{{DC|80 d.C.]]80n}}, Agrícola tinha chegado até o [[rio Tai]], iniciando na zona a construção da grande fortaleza de [[Inchtuthil]]. Agrícola obteve uma decisiva vitória contra a [[Confederação de Caledônia]] liderada por [[Calgaco]] na [[Batalha do monte Graupius|Batalha do Monte Gráupio]]<ref>Geralmente acreditava-se que a batalha fora travada na zona de [[Bennachie]], em [[Aberdeenshire]], embora recentes estudos sugestionem [[Moncrieffe]], em [[Perthshire]]</ref>. Após a vitória, Agrícola ordenou à sua frota navegar para norte da [[Escócia]] com o fim de obter a rendição das [[Órcadas]].
 
Apesar das suas vitórias, Júlio Agrícola foi chamado para Roma pelo imperador [[Domiciano]] e substituído por uma série de sucessores ineficazes que não foram capazes de subjugar os seus inimigos e continuar o avanço para norte.
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==Insucesso na conquista de Escócia==
[[FicheiroImagem:Hadrians Wall map.png|right|thumb|upright=1.4|Localização na [[Grã-Bretanha]] da [[Muralha de Adriano]], ao sul, e da [[Muralha de Antonino]], mais ao norte]]
Após a saída de [[Cneu Júlio Agrícola]], os romanos foram retirando-se de maneira progressiva atrás dos ''[[limes]]'' que construíram na parte central da ilha, conhecidos geralmente com o nome genérico de [[Muralha de Adriano]].
 
Os romanos tentaram avançar as suas posições para norte, entre os rios [[rio Clyde|Clyde]] e [[rio Forth|Forth]] em [[142]], quando a [[Muralha de Antonino]] foi construída. Contudo, após duas décadas de repetidos insucessos, as legiões abandonaram a sua ofensiva e retiraram-se atrás da seção da Muralha de Adriano, situada entre as regiões do [[rio Tyne]] e a área fronteiriça do [[fiorde de Solway]]. Apesar desta aparente retirada, as tropas romanas tentariam penetrar na [[Escócia]] várias vezes mais, de fato, a maior densidade de acampamentos romanos da [[Europa]] encontra-se na Escócia, como resultado das quatro ocasiões nas quais o Império Romano tentou submeter a belicosa região.
 
A mais importante destas invasões aconteceu em [[209]], quando o [[imperador romano|imperador]] [[Septímio Severo]], alegando a intolerável beligerância da tribo [[Maeatae]], iniciou uma campanha contra a Confederação da Caledônia. Para a sua campanha, o imperador tomou o comando de três legiões veteranas estacionadas na ilha e {{formatnum:9000}} soldados imperiais apoiados por numerosa cavalaria e [[Tropas auxiliares romanas|auxiliares]] subministrados por via marítima pela frota britânico-romana e as frotas do [[Danúbio]] e do [[rio Reno|Reno]]. O conflito foi extremamente sangrento, e ambos os bandos sofreram quantiosas baixas. Septímio Severo viu-se obrigado a retroceder atrás da sua muralha após perder 50 000{{formatnum:50000}} dos seus homens. Enquanto firmava o tratado de paz com os britanos, Severo reformou a Muralha de Adriano, tão profusamente que alguns historiadores lhe atribuíram a sua construção. Durante as negociações para assinar uma trégua, foi emitido o primeiro comentário do qual tem registro; atribuído a um nativo da Escócia (tal qual menciona [[Dião Cássio]]). Quando a esposa do imperador, [[Júlia Domna]], criticou os costumes sexuais das mulheres caledônias, uma das esposas dos líderes britanos, Argentocoxos, replicou do seguinte modo: "''Nós nos casamos com os melhores homens enquanto vós tendes de vos conformar com os piores''". O imperador Severo faleceu em [[Iorque]] em [[211]], quando planeava retomar as hostilidades contra as tribos britanas. Os seus planos seriam abandonados pelo seu filho [[Caracala]].
 
As últimas incursões dos romanos na Escócia limitaram-se a simples missões de exploração, ao estabelecimento de contratos comerciais, à assinatura de tratados e, finalmente, à propagação do [[cristianismo]].
 
Os sucessos e insucessos dos romanos em submeter a Britânia ficam ainda presentes na geografia política das [[ilhas Britânicas]], na qual a separação entre Escócia e [[Inglaterra]] coincide praticamente com a situação da Muralha de Adriano.
 
=={{ Ver também}} ==
*[[Britânia (província romana)]]
 
{{Referências|col=2}}
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{{Tradução/ref|es|Invasión romana de Britania}}
 
=={{ Bibliografia}} ==
{{refbegin|2}}
 
* Cottrell, Leonard, ''The Great Invasion'', Cerberus Pub., Londres, 2006 (1958). ISBN 9781841450575
* Manley, John, ''A.D. 43'', Tempus, 2002. ISBN 978-0-7524-1959-6
Linha 84 ⟶ 87:
* Tácito, ''De Vita Agricolae'', Bosch, Barcelona, 1976. ISBN 978-84-7162-574-8.
* Tácito, ''Historias'', Akal, Madrid, 1989. ISBN 978-84-7600-453-1.
{{refend}}
 
=={{Ver também}}==
 
*[[Britânia romana]]
*[[Cneu Júlio Agrícola]]
 
{{Roma Antiga}}
{{Portal3|Roma Antiga|História|Reino Unido}}
 
[[Categoria:História do Reino Unido]]
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[[Categoria:Guerras envolvendo o Império Romano]]
[[Categoria:Século I no Império Romano]]
 
{{Bom interwiki|es}}