Alessandro Scarlatti: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Alessandro Scarlatti.jpg|thumb|200px|direita|Alessandro Scarlatti]]
 
'''Alessandro Scarlatti''' ([[Palermo]], {{dni|lang=br|2|5|1660|si}} — [[Nápoles]], {{morte|lang=br|24|10|1725}}), cujo nome verdadeiro era Pietro Alessandro Gaspari<ref>Fonte: http://www.operabaroque.fr/Cadre_baroque.htm</ref>, foi um compositor italiano de grande importância para a música lírica do período [[barroco]]. Seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da [[ópera séria]] e da [[ópera bufa]] (ópera cômica) do seu tempo. Ele é considerado o pai da escola napolitana de ópera, a qual contou, mais tarde, com membros como [[Leonardo Leo]], [[Leonardo Vinci]], [[Giovanni Pergolesi]] e [[Johann Adolfo Hasse]], entre outros.
 
Dentre as obras de sucesso de Scarlatti merecem destaque as óperas ''Carlo, Re d'Allemagna'' (1716), ''Telemaco'' (1718) e ''La Griselda'' (1721). Além das óperas, Alessandro Scarlatti também ficou famoso por suas cantatas de câmara. Foi pai de dois outros compositores, [[Domenico Scarlatti]] (1785-1757) e [[Pietro Filippo Scarlatti]] (1679-1750), e irmão mais velho de Francesco Scarlatti (1666-1741), também compositor, ainda que de menor expressão em comparação com Alessandro e Domenico.
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As óperas de Alessandro Scarlatti são dotadas de alto nível musical e influenciaram compositores dos mais variados países. Do ponto de vista da ação dramática, porém, ficam a dever para as composições de autores que o sucederam, como [[Händel]], [[Hasse]] e [[Vivaldi]]. As aberturas das óperas de Alessandro Scarlatti, chamadas sinfonias, consistiam geralmente de três movimentos: rápido, lento e rápido. Essa forma se tornou de grande importância na criação posterior da [[sinfonia]] clássica para [[orquestra]].
 
Alessandro Scarlatti foi um compositor de extraordinário talento criativo. Sua obra compreende nada menos que 115 óperas, 150 [[oratório]]s e mais de 500 [[cantata]]s, além de composições instrumentais. A música de Scarlatti forma um importante elo entre a música vocal do início do [[barroco]] italiano do século XVII, centrada em [[Florença]], Veneza e [[Roma]], e a escola clássica do século XVIII, que culmina em [[Joseph Haydn|Haydn]] (1732-1809) e [[Wolfgang Amadeus Mozart|Mozart]] (1756-1791).<ref>Ver também: GONÇALVES, Robson. ''Uma Breve Viagem pela História da Ópera Barroca''. SP: Clube de Autores, 2011, págs. 36 e seguintes. Disponível em www.clubedeautores.com.br [http://www.clubedeautores.com.br/book/87392--Uma_Breve_Viagem_pela_Historia_da_Opera_Barroca]</ref>
 
== Vida ==
=== Origem na Sicília (1666-1672) e primeira estada em Roma (1672-1684) ===
 
===Origem na Sicília (1666-1672) e primeira estada em Roma (1672-1684)===
[[Imagem:Swedish queen Drottning Kristina portrait by Sébastien Bourdon stor.jpg|thumb|Retrato da rainha Cristina da Suécia, por [[Sébastien Bourdon]]]]
 
Scarlatti nasceu na Sicília, em [[Trapani]] ou [[Palermo]]. Ainda muito jovem, no ano de 1672, foi enviado para viver com parentes em [[Roma]]. Nesta cidade, parece ter tido contado com [[Giacomo Carissimi]] (1605-1674) e há razões para crer que ele tenha tido conexões com a parte nordeste da Itália, uma vez que seus primeiros trabalhos revelam a influência de [[Alessandro Stradella|Stradella]] (1639-1682) e [[Giovanni Legrenzi|Legrenzi]] (1626-1690). O primeiro registro de seu trabalho como autor em [[Roma]] se refere a uma encomenda da [[Arquiconfraria]] do Santíssimo Crucifixo, que solicitou de Scarlatti um oratório em 1679.
 
O sucesso que sua ópera ''Gli Equivoci nell’amore'' (1679) alcançou em [[Roma]] contribuiu de forma decisiva para que Scarlatti ganhasse a proteção da Rainha [[Cristina da Suécia]] (1626-1689). Cristina vivia na cidade à época depois de ter abdicado e se convertido ao catolicismo e fez de Scarlatti seu ''maestro di cappella''. No mesmo ano, deu-se a estreia de seu primeiro oratório na Arquifraternidade do Santíssimo Crucifixo e nasceu seu filho mais velho, Pietro Filippo.
 
Graças ao posto que ocupava junto à rainha Cristina, a obra de Scarlatti pôde ser admirada por um cículo requintado de ouvintes em [[Roma]], fato que contribuiu diretamente para a rápida ascensão do autor, sobretudo no campo da música vocal.
 
=== Nápoles (1684-1702) ===
Em fevereiro de 1684, Scarlatti foi contratado pelo ex-embaixador espanhol no Vaticano, Gaspar de Haro y Guzmán (1629-1687), o qual havia sido nomeado Vice-Rei de Nápoles, tornando-se seu ''maestro di cappella''. Em parte, essa nomeação se deu graças à influência de uma irmã de Alessandro, uma cantora de ópera amante de um nobre napolitano influente. Um ano depois de assumir o novo posto, nasceu o sexto filho de Alessandro, [[Domenico Scarlatti|Domenico]], cujos méritos como tecladista o tornariam célebre.
 
Alessandro permaneceu nessa posição até 1702 e produziu cerca de 80 óperas, das quais sobreviveram cerca de 40. Compôs ainda nove oratórios, sete serenatas e 65 cantatas. dessa fase foram, por diversas vezes, representadas em [[Roma]], para onde se dirigia para acompanhar a produção, além de outros centros importantes como [[Florença]], [[Milão]], [[Londres]] e [[Brunswick]]. Foi nesse período que Scarlatti firmou alguns dos pilares da ópera de seu tempo que estiveram em vigor até a grande revolução mozartiana. Dentre esses elementos vale citar a abertura em estilo italiano (rápido-lento-rápido), os recitativos acompanhados e a ária ''da capo'' (no formato A-B-A, ver adiante).
 
Scarlatti deixou [[Nápoles]] em boa medida por conta dos reflexos da [[Guerra de Sucessão Espanhola]] (1701-1713) que se fizeram sentir na corte do Vice Rei. O músico tentou, em primeiro lugar, um posto na corte de [[Florença]], junto a [[Ferdinando (III) de' Medici|Ferdinando de Medici]], filho do Grão-Duque da [[Toscana]], mas sem sucesso.
 
=== Segunda estada em Roma (1703-1708) ===
[[Imagem:Pietro Ottoboni by Francesco Trevisani.jpg|leftesquerda|thumb|''Retrato do Cardeal Pietro Ottoboni'' por [[Francesco Trevisani]] ([[Museu Bowes]], [[Durham]], [[Inglaterra]])]]
 
Sem conseguir o posto em [[Florença]], Scarlatti se dirigiu novamente a [[Roma]] onde, em 1703, tornou-se vice ''maestro di cappella'' na igreja de [[Santa Maria Maggiore]] graças à influência do cardeal [[Pietro Ottoboni (cardeal)|Pietro Ottoboni]] (1667-1740) que já o havia contratado no ano anterior. Durante essa nova estada em [[Roma]], Scarlatti se tornou um requisitado compositor de cantatas, tendo recebido encomendas dos [[Medici]] e da rainha Maria da Polônia. Em 1706, Scarlatti é admitido na ''Academia de la Arcadia'', cujo acesso estava restrito a nobres e eruditos. Durante essa estada em [[Roma]], travou contato próximo com outro expoente da música barroca, o compositor e violinista [[Arcangelo Corelli]] (1653-1713).
 
Entre os anos de 1707 e 1708, Scarlatti não compôs óperas, mas recebeu encomendas importantes como um ciclo de responsórios para a Semana Santa para a corte dos [[Medici]] e a célebre ''Cantata per la Notte di Natale'', interpretada na corte papal. Também em 1707, visita [[Veneza]] e [[Urbino]]. Em 1708, Scarlatti compõe dois oratórios com textos do cardeal [[Pietro Ottoboni|Ottoboni]]: ''Il Martirio di Santa Cecilia'' e o ''Oratorio per la Passione di nostro Signor Gesu Cristo''. Essas obras fizeram parte do ciclo de oito oratórios que o cardeal havia organizado para o período da Quaresma. O segundo desses oratórios, com o subtítulo de ''La Colpa, Il Pentimento, la Grazia'' é considerado uma de suas maiores obras no gênero e foi representado no [[Palácio da Chancelaria]], da [[Santa Sé]]. É possível que Scarlatti tenha composto essa obra-prima no contexto de sua rivalidade com o jovem [[Händel]] (1685-1759) que se encontrava na [[Itália]] na mesma época e cujo oratório ''La Resurrezione'' foi apresentado no Domingo de Páscoa seguinte no palácio Ruspoli, em Roma.
 
Ainda em 1708, Scarlatti escreve uma carta a [[Ferdinando (III) de' Medici|Ferdinando de Medici]] queixando-se da falta de um posto fixo e de seus rendimentos insuficientes. Tais condições supostamente explicam que tenha se retirado de [[Roma]] naquele mesmo ano, voltando a [[Nápoles]].
 
=== Volta a Nápoles (1708-1725) ===
Scarlatti retomou seu posto de ''maestro di capella'' da corte [[Nápoles]] em 1708, quando os austríacos substituíram os espanhóis no comando do país. Foi decisiva para esse retorno a influência do novo vice-rei, o cardeal Vincenzo Grimani (1652-1710), admirador de Scarlatti e autor do libreto da ópera ''[[Agrippina (òpera)|Agrippina]]'', de [[Händel]] (1709). Grimani havia conhecido os dois compositores quando ocupava o posto de embaixador do Império Austríaco junto à corte papal em [[Roma]]. O contado Scalatti com [[Roma]] permaneceu vivo mesmo após o retorno a [[Nápoles]] e o papa lhe concedeu privilégios de nobreza em 1716. Em [[Nápoles]], porém, seguiram-se diversos fracassos no campo operístico. A cidade parecia ter se cansado de sua música. Sua ópera cômica ''Il trionfo dell'onore'' (1718) não foi bem recebida pelo público da cidade. Melhor acolhida tiveram suas obras cômicas em dialeto napolitano que começavam a entrar em moda nessa época.
 
Os romanos, entretanto, o apreciaram ainda mais e foi no [[Teatro Capranica]], em Roma, que ele produziu algumas de suas melhores óperas dessa fase como ''Telemaco''(1718) e ''Marco Attilio Regolò'' (1719). Sua última ópera, ''[[La Griselda]]'' (1721), foi apresentada também no [[Teatro Capranica]], sob o patrocínio do príncipe Francesco Ruspoli (1672-1731). Data do mesmo ano uma [[Missa (música)|missa]] para coro e orquestra, composta em honra a [[Santa Cecília]] sob encomenda do cardeal Troiano Acquaviva (1696-1747). Desde então, a obra de Scarlatti começou a cair no esquecimento e seu estilo passou a ser eclipsado pela nova geração de compositores líricos que emergia, incluindo nomes como [[Leonardo Leo]] (1694-1744), Leonardo Vinci (1690?-1730), Johann Adolf Hasse (1699-1783) e Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736).
 
Durante seus últimos anos de vida em Nápoles, Scarlatti recebeu e ensinou diversos dos nomes daquela nova geração, incluindo o compositor lírico [[Hasse]] e flautista [[Johann Joachim Quantz]] (1797-1773). Datam desse período suas sete sonatas para flauta e cordas. Scarlatti morreu em [[Nápoles]] em [[24 de outubro]] de [[1725]]).
 
== A música de Alessandro Scarlatti ==
A música de Alessandro Scarlatti é um elo importante entre os estilos vocais do início do [[Música do barroco|barroco]] italiano do século XVII, cujo centro foram as cidades de Florença, Veneza e Roma, e a escola clásica cujo apogeu se dá nas obras mais tardias de [[Mozart]] (1756-1791). Suas primeiras óperas mantêm as antigas cadências nos recitativos e uma variedade considerável de formas construídas de maneira cristalina em suas charmosas pequenas árias, algumas vezes acompanhadas pelo quarteto de cordas e tratadas com cuidadosa elaboração e, outras vezes vezes, acompanhadas apenas pelo cravo.
 
Datam desse período, que se estende até por volta de 1685, obras como ''Gli Equivoci nel Sembiante'' (1679), ''L’Honestà negli Amori'' (1680), que contém a famosa ária "Già il sole dal Gange", ''Pompeo'' (1683), que contém as bem conhecidas árias "O cessate di piagarmi" e "Toglietemi la vita ancor".
 
Por volta de 1686 Scarlatti criou definitivamente a forma ''abertura italiana'' (segunda versão de ''Dal Male il Bene''), e abandonou o [[ostinato]] e a ária na forma binária (com estrutura do tipo A-B) em favor da chamada ''ária da capo'' (com sua estrutura A-B-A). Suas melhores óperas desse período são ''La Rosaura'' (1690) e ''Pirro e Demetrio'' (1694), que possui as árias ''Rugiadose, odorose'', e ''Ben ti sta, traditor''.
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As poucas missas restantes e outras músicas sacras de sua autoria são comparativamente pouco importantes, com exceção da grande ''Missa de Santa Cecília'' que foi uma das primeiras tentativas no estilo que atingiu seu ponto máximo nas Missas de [[Johan Sebastian Bach|J. S. Bach]] e [[Beethoven]]. Sua música instrumental, embora não sem interesse, é curiosamente antiquada quando comparada à sua obra vocal.
 
== Gravações ==
* Ensemble Europa Galante. (2004). ''Oratorio per la Santissima Trinità''. Virgin Classics: 5 45666 2
* Academia Bizantina. (2004). ''Il Giardino di Rose''. [[Decca Records|Decca]]: 470 650-2 DSA.
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{{Referências}}
 
== Ligações externas ==
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*[[http://www.domenicoscarlatti.it Istituto Internazionale per lo studio del '700 musicale napoletano]
*[[http://www.oliver.psc.br/compositores/compositores_barrocos.htm#Alessan Biografia de Alessandro Scarllati em Compositores barrocos]
 
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*[ [http://www.domenicoscarlatti.it Istituto Internazionale per lo studio del '700 musicale napoletano]
*[ [http://www.oliver.psc.br/compositores/compositores_barrocos.htm#Alessan Biografia de Alessandro Scarllati em Compositores barrocos]
 
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