Georg Friedrich Händel: diferenças entre revisões

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=== Música vocal ===
{{artigos principais|[[Ópera]], [[Ópera-séria]], [[Oratório (música)|Oratório]], [[Cantata]]}}
===== Óperas =====
[[Ficheiro:Interior de uma ópera barroca.jpg|300px|thumb|Interior de uma casa de ópera do século XVIII]]
 
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Mesmo trabalhando com essas limitações formais, as óperas de Händel são muito eficientes em termos dramáticos, especialmente no sentido de ser capaz de comover o público e excitar as suas várias emoções, e um dos motivos para isso é o seu perfeito entendimento das relações entre cantor, libretista e compositor para a obtenção do efeito desejado. Levava em conta aspectos tanto estéticos como práticos - o público-alvo, o talento dos cantores, e o financiamento disponível para a montagem.<ref>LaRue, C. Steven. [http://books.google.com/books?id=abkQ0fa4qkIC&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=41#v=onepage&q=&f=false ''Handel and his singers: the creation of the Royal Academy operas, 1720-1728'']. Oxford University Press, 1995. pp. 5-6</ref> Para La Rue, o virtuosismo do cantor, a amplitude de seu alcance vocal, suas capacidades como [[ator]] e seu ''status'' dentro da companhia tinham grande peso na escrita da parte a ele atribuída. Quando por qualquer motivo se substituía um cantor Händel frequentemente reescrevia todos os números em que ele aparecia, ou empregava material antigo cujas características musicais fossem mais adaptadas à sua voz, e chegava ao ponto de modificar o próprio libreto. De toda forma essas limitações eram apenas o ponto de partida para a estética de sua música, e não o objetivo final, que era obter um efeito de palco, de caracterização de personagem e de ação eficientes, e Händel teve a sorte de contar muitas vezes com os melhores cantores de seu tempo, e com ótimos libretistas. Também colaborou ativamente na elaboração dos libretos e no planejamento dos cenários e figurinos. Mas em vários casos fez adaptações que comprometeram a coesão do conjunto, o que atesta o fato de que a idéia de criação de um personagem ''para'' e ''por'' um cantor específico tinha uma acepção literal.<ref>[http://books.google.com/books?id=abkQ0fa4qkIC&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=41#v=onepage&q=&f=false LaRue, pp. 182-190]</ref><ref>Burrows, Donald. [http://books.google.com/books?id=nq4BiODehMoC&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=1#v=onepage&q=&f=false ''Handel, Messiah'']. Cambridge music handbooks. Cambridge University Press, 1991. pp. 10-11]</ref> Nessas ocasiões em que precisou reescrever suas obras, mais de uma vez alterou-as de forma tão descuidada e desrespeitosa que Lang imaginou que o produto foi antes do Händel empresário, interessado apenas em atender à demanda do momento ou em solucionar um problema imprevisto com a maior praticidade e rapidez possível, custasse o que custasse, do que do Händel compositor, cujo senso de forma era extremamente refinado.<ref>[http://books.google.com/books?id=-Z7VTQC7zt0C&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=&f=false Lang, pp 557-558]</ref>
 
===== Oratórios =====
[[Ficheiro:Handel's Messiah.jpg|thumbnail|300px|Página manuscrita do ''Messiah'']]
 
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Além de suas qualidades eminentemente musicais e expressivas, seus oratórios possuem conotações extra-musicais; muitos, através de alusões simbólicas que eram então de domínio público, refletem acontecimentos sociais de seu tempo, como as guerras, o progresso da cultura, a atuação da família real, viradas políticas e questões morais, como por exemplo a ligação de ''Deborah'' e ''Judas Maccabaeus'' respectivamente aos sucessos do [[Charles Spencer, 3.° Duque de Marlborough|Duque de Malborough]] e à [[revolta jacobita]]; a de ''Jephta'' ao patriotismo e à posição política do Príncipe de Gales; o ''Hercules'', inserido na discussão filosófica que corria acerca do prazer, da verdade e da virtude, e o ''David'', como uma lamentação sobre os atritos do Rei com o Príncipe de Gales. Também meditam sobre a idéia de religião de seu tempo, uma vez que em sua maioria são de tema sacro, considerando que a religião exercia grande influência na vida de todos e o [[púlpito]] em seu tempo era um dos locais privilegiados para o debate político, social e cultural. Tais reverberações de significado, que foram seguramente um dado essencial para seu crescente sucesso entre o público da época, dando-lhes uma pertinência única àquele cotidiano, somente há pouco tempo têm sido exploradas pela crítica.<ref>Gardner, Matthew. [http://books.google.com/books?id=G4QukJS6BhIC&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=174#v=onepage&q=&f=false ''Handel and Maurice Greene's circle at the Apollo Academy: the music and intellectual contexts of oratorios, odes and masques'']. Volume 15 de ''Abhandlungen zur Musikgeschichte''. Vandenhoeck & Ruprecht, 2008. pp. 3-4; 293-294</ref> De estrutura semelhante aos oratórios são suas [[ode]]s, [[antífona]]s, [[moteto]]s e [[salmos]], mas estes em sua maioria são obras juvenis, compostos na sua estada na Itália e se destinando ao culto religioso.<ref name="Ruth"/>
 
===== Cantatas =====
Suas cantatas para voz solo e baixo contínuo são a parte menos estudada e menos conhecida de sua produção vocal, mas merecem uma breve análise não só por conterem inúmeras belezas mas antes por terem sido o terreno onde iniciou sua carreira dramática. Começou a exercitar-se nesse gênero na Itália, onde ele era popular entre a elite, e em pouquíssimo tempo dominou a forma. Os textos usualmente abordam de episódios pastorais da [[mitologia]] greco-romana, tratados em um modo que ia do lírico ao épico, mas também trabalhou com temas sacros. Sua escrita é recheada de sutilezas contrapontísticas, inusitados efeitos harmônicos, um desenvolvimento virtuosístico da linha vocal e da parte do [[violoncelo]], e a rica complexidade retórica e simbólica de seu texto só podia ser compreendida pelos círculos de conhecedores que as apreciavam. Longe de se fixar em convenções, usou o gênero como um campo de experimentação, e cada composição tem um caráter muito individual e original. Em muitas delas introduziu instrumentos adicionais, formando uma pequena [[orquestra de câmara]], e nesses casos expandiu sua abordagem para se aproximar do verdadeiro operismo. Aproveitou muito desse material mais tarde em suas óperas.<ref>Strohm, Reinhard. [http://books.google.com/books?id=1qw8AAAAIAAJ&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=58#v=onepage&q=&f=false ''Handel's Italian journey as a European experience'']. IN ''Essays on Handel and Italian opera''. Cambridge University Press, 1985. pp. 6-8</ref>