Mestre dos soldados: diferenças entre revisões

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A partir do {{séc|IV}}, os mestres dos soldados eram frequentemente nomeados de entre os bárbaros cujas [[Federados (Roma Antiga)|tropas federadas]] tornaram-se cada vez mais essenciais para a sobrevivência do império{{harvref|Morrisson|2004|p=13; 15}} e seu número chegou a se multiplicar. [[Teodósio I]] {{nwrap|r.|379|395}}, que teve problemas com o [[Francos|franco]] [[Arbogasto]], tentou limitar esse número, enquanto seu filho [[Arcádio]] {{nwrap|r.|395|408}}, tentou, sem sucesso, abolir a função. Posteriormente, no entanto, no Ocidente, muitos deles como [[Estilicão]], primeiro mestre da cavalaria, depois "mestre das duas forças na presença" (''magister utriusque militiae in praesenti''), ou [[Ricimero]], mestre dos soldados da Itália (''magister militum per Italiam''), converteram-se no poder atrás do trono, já que a qualidade deles como "bárbaros" impediu-os de aspirá-lo.<ref name=Kazh1267 />{{harvref|Jones|1964|p=342}} Teodósio I confiou a guarda de seus filhos à Estilicão depois de dar-lhe sua sobrinha [[Serena (esposa de Estilicão)|Serena]] em casamento.<ref name=Morri166 />{{harvref|Jones|1964|p=174-175}} [[Odoacro]], que pôs fim ao [[Império Romano do Ocidente]], recebeu o título de mestre dos soldados da Itália quando enviou as insígnias imperiais para [[Constantinopla]] e pode governar o país como um agente imperial.{{harvref|Ostrogorsky|1983|p=92}}
 
No Oriente, porém, o poder permaneceu nas mãos de funcionários públicos, prefeitos pretorianos como [[Rufino (cônsul)|Rufino]] ou servos da câmara sagrada como [[Eutrópio (cônsul)|Eutrópio]], que tentaram limitar o poder dos comandantes militares transferindo algumas funções para o [[questor]] ou [[mestre dos ofícios]]. Apenas [[Gainas]] sob Arcádio pode exercer uma influência sob o governo igual a um prefeito pretoriano.{{harvref|Jones|1964|p=178-179}} Contudo, o problema causado pelo afluxo de [[godos]] na [[Europa]] e [[vândalos]] na [[África]] e o risco representado pelos [[hunos]] de [[Átila]] {{nwrap|r.|434|453}}, logo devolveu aos exércitos e seus líderes seu poder e prestígio. E foi assim que [[AsparÁspar]], mestre dos soldados do Oriente (''magister militum per Orientem''), pode impor {{lknb|Leão|I, o Trácio}} {{nwrap|r.|453|474}} após a morte do [[imperador bizantino|imperador]] [[Marciano]] {{nwrap|r.|450|457}}.{{harvref|Morrisson|2004|p=21}}
 
O ''[[Notitia Dignitatum]]'', que descreve o exército romano do final do {{séc|IV}}, diz que, no auge de seu poder, os mestres dos soldados dispunham de uma equipe impressionante dirigida por um chefe de gabinete (''princeps'') e incluía um oficial de disciplina (comentariense; ''commentariensis''), dois contadores chefe (numerários; ''numerarii''), dois oficiais da burocracia (escriniários; ''scrinarii'') e dois secretários ([[excetor]]es). Todo esse pessoal militar pode chegar a 300 pessoas para cada exército.{{harvref|Treadgold|1995|p=91}}{{notaNT|Para uma discussão sobre a situação no Oriente e Ocidente, no momento da ''Notitita'', ver Jones (1964), p. 609-610.}}