Harune Arraxide: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 17:
| morte = {{morte|24|3|809|17|3|763}} em [[Tus (Irã)|Tus]]
}}
'''HārūnHarune al-RashīdArraxide'''<ref>[[José Pedro Machado]], ''[[Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa]], verbete "Harune Arraxide".</ref> ({{lang-ar|هارون الرشيد}}; pronunciado '||''Hārūn ar/al-Rashīd'''}} - ''"Aarão, o Justo"'' ou ''"Aarão, o Bem-guiado"''), também referenciado como '''Harune Arraxide'''<ref>[[José Pedro Machado]], ''[[Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa]], verbete "Harune Arraxide".</ref>, foi o quinto [[califa abássida]], reinando entre 786 e 809, numa época marcada pela prosperidade científica, cultural e religiosa no [[Islã]]. Ele foi o fundador da lendária biblioteca chamada de "[[Casa da Sabedoria]]" (''Bay al-Hikma'')<ref>Audun Holme, Geometry: Our Cultural Heritage page 150</ref>.
 
Já entre o que se sabe ser fictício está o famoso livro "[[As Mil e uma Noites]]", que contém muitas histórias fantásticas sobre a corte de HarunHarune e sobre o próprio califa<ref>André Clot, Harun al-Rashid and the world of the thousand and one nights</ref>. A família dos [[barmecidas]], que até então tinha tido um papel fundamental no estabelecimento do [[Califado Abássida]] entrou em declínio a partir do reinado de Harune Arraxide.
 
A família dos [[barmecidas]], que até então tinha tido um papel fundamental no estabelecimento do [[Califado Abássida]] entrou em declínio a partir do reinado de Harun al-Rashid.
 
== Biografia ==
 
HarunHarune nasceu em {{ilc|Ragas|Reges|[[Rei (Irã)|Rey (Irã)}}Rei]], filho do terceiro califa [[al-Mahdi]] ({{nwrap|r. |775-|785)}} e [[al-Khayzuran]], uma escrava liberta do [[Iêmen]] de forte personalidade e que teria grande influência sobre os assuntos do estado no reinado do marido e dos filhos até sua morte, em 789.
 
=== Primeiros anos ===
 
HarumHarune se tornou califa por volta dos vinte anos. Antes disso, em 780 e 782, ele se já tinha liderado nominalmente campanhas contra o tradicional inimigo do califado, o [[Império Bizantino]]. A [[invasão abássida da Ásia Menor (782)|invasão abássida da Ásia Menor]], em 782, foi uma grande empreitada e chegou até os subúrbios da parte asiática de [[Constantinopla]]. Seu filho, [[al-Ma'mun]] nasceu no dia de sua ascensão e [[al-Amin]], logo em seguida. Este último era filho de [[Zubaida]], uma neta de [[Almançor]] (fundador de [[Bagdá]]) e, por isso, tinha precedência sobre o primeiro, cuja mãe era uma escrava persa. Ele começou seu reinado apontando ministros muito hábeis, que tomaram conta do governo de forma muito eficiente<ref>New Arabian nights' entertainments, Volume 3</ref>.
 
Foi sob HarunHarune al-RashidArraxide que Bagdá floresceu e se tornou uma das mais esplêndidas cidades do mundo. Muitos governantes pagavam tributo ao califa e estes fundos eram utilizados em obras arquitetônicas, nas artes e para sustentar a vida na corte.
 
Em 796, HarunHarune decidiu mudar a sua corte e o governo para [[Raca]], no médio [[Eufrates]], onde ficou por doze anos, retornando apenas uma vez para Bagdá para uma breve visita. Diversas razões o influenciaram a tomar essa decisão. Em primeiro lugar, Raca era mais próxima da fronteira bizantina e as linhas de comunicação, via Eufrates até Bagdá, via {{ilc|Balique|rio Balique|Rio Balikh}} até o norte do califado e via [[Palmira (Síria)|Palmira]] até [[Damasco]], eram excelentes. Depois, a agricultura foi fortemente estimulada na região para sustentar a nova capital imperial. Por fim, a partir de Ar RaqqahRaca, qualquer rebelião na Síria e no médio Eufrates poderia ser facilmente controlada. [[Abu al-Faraj al-Isfahani]] mostra em sua antologia de poemas a vida de luxo que se levava na corte do califa. Em Ar RaqqahRaca, os [[barmecidas]] controlavam o destino do império e foi ali que os dois herdeiros do trono do califa, al-Amin e al-Ma'mun cresceram.
 
Por causa dos contos das "[[Mil e uma Noites]]", HarunHarune al-RashidArraxide se tornou uma figura lendária e teve a sua personalidade histórica obscurecida. Na realidade, seu reinado iniciou a desintegração política do Califado Abássida. Na Síria viviam tribos que ainda alimentavam simpatias pelos [[omíadas]] e eram inimigas dos abássidas enquanto que no Egito surgiram rebeliões por causa da má administração e da imposição exagerada de impostos. Os omíadas se firmaram em [[al-Andalus]] (a [[Espanha islâmica]]) em 755 (vide [[Emirado de Córdoba]]), os [[idríssidas]], em [[Marrocos]] em 788, e os [[aglábidas]], em [[Ifríquia]] ([[Tunísia]]) em 800. Além disso, havia conflitos no Iêmen, no [[Grande Coração]] e revoltas dos [[carijitas]] em [[Dailam]], [[Carmânia]], [[Fars (província)|Fars]] e [[Sistão]]. A isso tudo se somam as constantes campanhas de Harun contra os bizantinos.
 
=== Queda dos barmecidas ===
Para administrar seu grande império, Harun contava com a ajuda de seu mentor e amigo de longa data, [[Yahya, o Barmecida|YahyaIáia binibne KhalidCalide binibne BarmakBarmaque]]. Ele o apontou como [[vizir]] com amplos poderes executivos e, por dezessete anos, YahyaIáia, seus filhos (especialmente [[Ja'farJafar ibnibne YahyaIáia]]) e outros membros da família dos [[barmecidas]] serviram o califa fielmente<ref>Masʻūdī, Paul Lunde, Caroline Stone, The meadows of gold: the Abbasids page 62</ref>.
[[Imagem:Harun-Charlemagne.jpg|thumb|esquerda|400px|Harun al-Rashid recebe a embaixada de [[Carlos Magno]].<small>1864. Por [[Julius Köckert]], atualmente na [[Fundação Maximiliano]], em [[Munique]].</small>]]
Os [[barmecidas]] eram uma família [[persas|persa]]-[[tajiques|tajique]] que remontava a [[Khalid ibn Barmak|Barmak]], um [[mago]] [[zoroastrismo|zoroastra]], que, uma vez convertido ao islã, havia se tornado muito poderoso durante o reinado de al-Mahdi. Yahya, havia ajudado Harun a consolidar-se como califa e ele e seus filhos foram muito estimados até 798, quando o califa os mandou prender e confiscou suas posses. [[Muhammad ibn Jarir al-Tabari|al-Tabari]] nos dá a data de 803 e lista vários motivos para o ato: Yahya teria se apresentado frente ao califa sem permissão, a oposição de Yahya a Muhammad ibn al-Layth, que ganhara as graças do califa, a libertação por Ja'far de Yahya ibn Abdallah ibn Hasan, que o califa havia mandado prender, a opulenta e ostensiva riqueza dos barmecidas e até um romance entre o filho de Yahya e a irmã de Harun, [[Abasa Abassa]].
 
[[Imagem:Harun-Charlemagne.jpg|thumb|esquerda|400px|HarunHarune al-RashidArraxide recebe a embaixada de [[Carlos Magno]].<small>1864. Por [[Julius Köckert]], atualmente na [[Fundação Maximiliano]], em [[Munique]].</small>]]
Esta última alegação aparece num conto. Harun adorava ter a companhia de Ja'far e de Abbasa durante os seus períodos de recreação. Como a etiqueta islâmica proíbe a presença conjunta de ambos simultaneamente, Harun teria feito Ja'far se casar com sua irmã com o acordo de que o casamento seria puramente nominal. Eles, contudo, consumaram a relação. Algumas versões contam que ela teria entrado no quarto de Ja'far escondida pelas sombras e fingindo ser uma escrava. Uma criança, nascida em segredo, foi enviada para [[Meca]], mas uma serva, após discutir com Abbasa, tornou público o escândalo. Harun, que fazia sua [[hajj|peregrinação a Meca]], ouviu a história e entendeu que ela era provavelmente verdadeira. Ao retornar, logo depois, ele mandou executar Ja'far, mandou seu corpo para [[Bagdá]] e, lá, mandou dividi-lo em duas partes que foram empaladas e penduradas nas duas entradas da ponte da cidade. Elas ficaram ali por três anos até que Harun, de passagem por Bagdá em direção ao oriente, mandou que fossem retiradas e queimadas. Com a morte de Ja'far, seu pai e seus irmãos foram presos. Esta história romântica foi considerada duvidosa por [[Ibn Khaldun]] e pela maioria dos acadêmicos modernos<ref>Veja a nota do tradutor na página 215 do volume 30 de al-Tabari.</ref>. A queda dos barmecidas é muito provável que a queda dos barmecidas tenha se dado por causa de alguma ação que Harun tenha achado desrespeitosa ou por terem tomado decisões de estado sem consultar primeiro com ele.
 
Os [[barmecidas]] eram uma família [[persas|persa]]-[[tajiques|tajique]] que remontava a [[Khalid ibn Barmak|Barmak]], um [[mago]] [[zoroastrismo|zoroastrazoroastrista]], que, uma vez convertido ao islã, havia se tornado muito poderoso durante o reinado de al-Mahdi. YahyaIáia, havia ajudado HarunHarune a consolidar-se como califa e ele e seus filhos foram muito estimados até 798, quando o califa os mandou prender e confiscou suas posses. [[Muhammad ibn Jarir al-Tabari|al-Tabari]] nos dá a data de 803 e lista vários motivos para o ato: YahyaIáia teria se apresentado frente ao califa sem permissão, a oposição de YahyaIáia a Muhammad[[Maomé ibnibne al-LaythLaite]], que ganhara as graças do califa, a libertação por Ja'farJafar de YahyaIáia ibnibne AbdallahAbdalá ibnibne HasanHaçane, que o califa havia mandado prender, a opulenta e ostensiva riqueza dos barmecidas e até um romance entre o filho de YahyaIáia e a irmã de HarunHarune, [[{{ilc|Abassa Abassa|Abasa Abassa]]}}.
 
Esta última alegação aparece num conto. HarunHarune adorava ter a companhia de Ja'farJafar e de AbbasaAbassa durante os seus períodos de recreação. Como a etiqueta islâmica proíbe a presença conjunta de ambos simultaneamente, HarunHarune teria feito Ja'farJafar se casar com sua irmã com o acordo de que o casamento seria puramente nominal. Eles, contudo, consumaram a relação. Algumas versões contam que ela teria entrado no quarto de Ja'farJafar escondida pelas sombras e fingindo ser uma escrava. Uma criança, nascida em segredo, foi enviada para [[Meca]], mas uma serva, após discutir com AbbasaAbassa, tornou público o escândalo. HarunHarune, que fazia sua [[hajjhaje|peregrinação a Meca]], ouviu a história e entendeu que ela era provavelmente verdadeira. Ao retornar, logo depois, ele mandou executar Ja'farJafar, mandou seu corpo para [[Bagdá]] e, lá, mandou dividi-lo em duas partes que foram empaladas e penduradas nas duas entradas da ponte da cidade. Elas ficaram ali por três anos até que HarunHarune, de passagem por Bagdá em direção ao oriente, mandou que fossem retiradas e queimadas. Com a morte de Ja'farJafar, seu pai e seus irmãos foram presos. Esta história romântica foi considerada duvidosa por [[Ibn Khaldun]] e pela maioria dos acadêmicos modernos<ref>Veja a nota do tradutor na página 215 do volume 30 de al-Tabari.</ref>. A queda dos barmecidas é muito provável que a queda dos barmecidas tenha se dado por causa de alguma ação que HarunHarune tenha achado desrespeitosa ou por terem tomado decisões de estado sem consultar primeiro com ele.
 
=== Embaixadas ===
Tanto [[Eginhardo]] quanto [[Notker, o Gago]] fazem referência a enviados viajando entre as cortes de HarunHarune e [[Carlos Magno]], tratando principalmente do acesso dos cristãos à [[Terra Santa]] e trocando presentes. Notker menciona que Carlos Magno teria enviado a HarunHarune cavalos espanhóis, belas roupas coloridas da [[Frísia]] e grandes cachorros de caça. Em 802, HarunHarune enviou [[seda]], candelabros de [[latão]], perfumes, [[bálsamo de Meca]], peças de xadrez em [[marfim]], uma tenda colossal com muitas cortinas coloridas, um elefante chamado [[{{ilc|Abul Abas||Abul-Abbas]]}} e um [[relógio de água]] que marcava as horas derrubando bolas de bronze numa bacia conforme cavaleiros mecânicos - um pra cada hora - emergiam de portinholas que se fechavam atrás de si. Os presentes eram sem precedentes na Europa Ocidental e influenciaram a [[arte carolíngia]].
 
[[Imagem:Wilayah Abbasiyyah semasa khalifah Harun al-Rashid.jpg|thumb|300px|direita|[[Califado Abássida]] no tempo de Harun al-Rashid.]]
Harun também enviou embaixadas aos chineses da [[Dinastia Tang]] e estabeleceu boas relações com eles<ref>{{cite book|url=http://books.google.com/?id=QivwtVwq8ykC&pg=PA214&dq=arab+mercenaries+china&q=arab%20mercenaries%20china|title=The Chinese Machiavelli: 3000 years of Chinese statecraft|author=Dennis Bloodworth, Ching Ping Bloodworth|year=2004|publisher=Transaction Publishers|location=|page=214|isbn=0-7658-0568-5|pages=346|accessdate=2010-06-28}}</ref><ref>{{cite book |url=http://books.google.com/books?id=drPQaUGOJQIC&pg=PA138&dq=abu+giafar+chinese&hl=en&ei=LPTmToPPEsHj0QHPm4nWCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=6&ved=0CE4Q6AEwBQ#v=onepage&q=harun%20raschid%20less%20obtrusive&f=false|title=Confucianism and its rivals|author=Herbert Allen Giles|accessdate=2011-12-14 |edition=|series= |volume= |date= |year=1926 |month= |publisher=Forgotten Books |location= |language= |isbn=1-60680-248-8|page=139 |pages=}}</ref> He was called "A-lun" in the Chinese T'ang Annals.<ref>{{cite book |url=http://books.google.com/books?id=ObcNAAAAIAAJ&pg=PA25&dq=Several+embassies+from+the+Abbaside+Caliphs+to+the+Chinese+Court+are+recorded+in+the+T'ang+Annals,+the+most+important+of+these+being+those+of+(A-bo-lo-ba)+Abul+Abbas,+the+founder+of+the+new+dynasty,+that+of+(Ap'u-cKa-fo)+Abu+Giafar&hl=en&ei=TvXmTtW1I8Lo0QGz4rHvCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDQQ6AEwAA#v=onepage&q=Several%20embassies%20from%20the%20Abbaside%20Caliphs%20to%20the%20Chinese%20Court%20are%20recorded%20in%20the%20T'ang%20Annals%2C%20the%20most%20important%20of%20these%20being%20those%20of%20(A-bo-lo-ba)%20Abul%20Abbas%2C%20the%20founder%20of%20the%20new%20dynasty%2C%20that%20of%20(Ap'u-cKa-fo)%20Abu%20Giafar&f=false|title=Islam in China: a neglected problem|author=Marshall Broomhall|accessdate=2011-12-14 |edition=|series= |volume= |date= |year=1910 |month= |publisher=Morgan & Scott, ltd. |location=LONDON 12 PATERNOSTER BUILDINGS, E.C. |language= |isbn=|page=25 |pages=25, 26}}</ref>.
 
=== Campanhas militares e morte ===
Quando a [[imperatriz bizantina]] [[Irene de Atenas|Irene]] foi deposta, {{Lknb|Nicéforo|I, o Logóteta}} se tornou imperador e se recusou a pagar o tributo a Harun, afirmando que Irene é que deveria estar recebendo um tributo durante o seu reinado. As novidades enfureceram Harun, que escreveu uma mensagem no verso da carta do imperador dizendo ''"Em nome de [[Alá]], o misericordioso, do [[Amir al-Mu'minin]] Harun al-Rashid, comandante dos fiéis, a Nicéforo, cão dos romanos. Tu não ouvirás a minha resposta, irás vê-la."'' Após campanhas na [[Ásia Menor]], Nicéforo foi forçado a firmar um novo tratado em termos humilhantes<ref>Tarikh ath-Thabari 4/668-669</ref><ref>Ibn Kathir, Al-Bidaya wa'l-Nihaya v 13 .p 650</ref>.
 
[[Imagem:Wilayah Abbasiyyah semasa khalifah Harun al-Rashid.jpg|thumb|300px|direita|[[Califado Abássida]] no tempo de HarunHarune al-Rashid.Arraxide]]
Al-Rashid apontou também [[Ali bin Isa bin Mahan]] como governador do [[Coração (região histórica)|Coração]]. O novo governador tentou subjugar os príncipes e líderes militares da região para reimpor a autoridade do governo central na região. Esta nova política foi recebida com grande resistência e provocou diversas revoltas na região. Uma delas, liderada por [[Rafi ibn al-Layth]], iniciou-se em [[Samarcanda]], em [[Transoxiana]], e obrigou al-Rashid a se dirigir para a região. Ele primeiro depôs e mandou prender Ali, o que não arrefeceu a revolta. O califa morreu logo depois de chegar na vila de Sanabad, em [[Tus]], e foi enterrado no palácio de verão de Humaid bin Qahtabah, o antigo governador abássida do Coração, localizado nas proximidades. O local posteriormente ficou conhecido como [[Mashhad]] ("O local do Martírio") por causa do [[mártir|martírio]] do [[Imame|imam]] [[Ali ar-Ridha]]. Outra tradição defende que a tumba de Harun foi arrasada na [[Invasão mongol da Ásia Central|invasão mongol]] em 1220.
 
Quando a [[imperatriz bizantina]] [[Irene de Atenas|Irene]] foi deposta, {{Lknb|Nicéforo|I, o Logóteta}} se tornou imperador e se recusou a pagar o tributo a HarunHarune, afirmando que Irene é que deveria estar recebendo um tributo durante o seu reinado. As novidades enfureceram HarunHarune, que escreveu uma mensagem no verso da carta do imperador dizendo ''"Em nome de [[Alá]], o misericordioso, do [[Amir al-Mu'minin]] HarunHarune al-RashidArraxide, comandante dos fiéis, a Nicéforo, cão dos romanos. Tu não ouvirás a minha resposta, irás vê-la."'' Após campanhas na [[Ásia Menor]], Nicéforo foi forçado a firmar um novo tratado em termos humilhantes<ref>Tarikh ath-Thabari 4/668-669</ref><ref>Ibn Kathir, Al-Bidaya wa'l-Nihaya v 13 .p 650</ref>.
 
Al-RashidArraxide apontounomeou também [[Ali bin Isa bin Mahan]] como governador do [[Coração (região histórica)|Coração]]. O novo governador tentou subjugar os príncipes e líderes militares da região para reimpor a autoridade do governo central na região. Esta nova política foi recebida com grande resistência e provocou diversas revoltas na região. Uma delas, liderada por [[Rafi ibn al-LaythLaite]], iniciou-se em [[Samarcanda]], em [[Transoxiana]], e obrigou al-RashidArraxide a se dirigir para a região. Ele primeiro depôs e mandou prender Ali, o que não arrefeceu a revolta. O califa morreu logo depois de chegar na vila de SanabadSanabade, em [[Tus]], e foi enterrado no palácio de verão de HumaidHumaide binibne Qahtabah, o antigo governador abássida do Coração, localizado nas proximidades. O local posteriormente ficou conhecido como [[Mashhad]] ("O local do Martírio") por causa do [[mártir|martírio]] do [[Imame|imam]] [[Ali ar-Ridha]]. Outra tradição defende que a tumba de HarunHarune foi arrasada na [[Invasão mongol da Ásia Central|invasão mongol]] em 1220.
 
Após a sua morte, [[Quarta Fitna|uma guerra civil]] se iniciou entre as facções que apoiavam seus dois filhos, [[al-Amin]] e [[al-Ma'mun]]. Após um longo período de combates e descontrole sobre o califado, a guerra terminou com o triunfo de [[al-Ma'mum]] após o [[Cerco de Bagdá (812-813)|Cerco de Bagdá]].