Francisco Franco (escultor): diferenças entre revisões

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Em 1927 realiza um trabalho que irá marcar a estatuária portuguesa entre as décadas de 1930 e 1960: o monumento a Gonçalves Zarco, Funchal. Inspirada nos painéis de Nuno Gonçalves, esta obra fixa o cânone da «idade de ouro da escultura portuguesa» – assim denominada por [[António Ferro]] em 1949. Caracterizado por um «classicismo austero», esse modelo seria longamente explorado (pelo próprio e por autores mais jovens), garantindo a Franco uma carreira de escultor oficial do Estado Novo durante mais de um quarto de século. O abandono do lirismo expressivo inicial estender-se-ia à série de estátuas públicas que vai do seu [[Infante D. Henrique]] (1931) ao Cristo-Rei monumental, "''que esboçou antes de morrer e seria infelizmente erguido numa colina de Almada em [[1959|59]]''". Esse «naturalismo clássico» ficaria claramente expresso na sua ''D. Leonor'' (1935; [[Caldas da Rainha]]), ''[[Dinis de Portugal|D. Dinis]]'' (1943, [[Universidade de Coimbra]]), ''Bispo D. Miguel'' (1950; [[Lamego]]), ''Oliveira Salazar'' (1937), ou na notável estátua equestre de [[João IV de Portugal|D. João IV]] (1940; Vila Viçosa). Realizada em 1940 no âmbito das comemorações dos centenários, uma cópia em gesso da estátua de D. João IV foi apresentada na [[Exposição do Mundo Português]]; nas palavras de José-Augusto França, trata-se de uma obra "''de grande dignidade na sua cuidada elaboração, síntese de bons exemplos bem unificados, [[Diego Velázquez|velasquenha]] por necessidade e funcionando como se pretendia, e com escala suficiente, no vasto terreiro do Paço Ducal''".<ref name="França" />
 
Incompleta talvez para as exigências do próprio autor, a obra plástica de Franco será, segundo Diogo de Macedo, um reflexo dos constrangimentos do tempo em que viveu. A imposição dos temas históricos na sua vasta produção não lhe permitiu realizar plenamente o que sonhara na mocidade. Para Francisco Franco, "''não houve tempo nem oportunidade para esculpir para sua satisfação a obra-prima de total intimidade de que era capaz. Escravizado às circunstâncias que o destino ordena'' […]'', só nas pequenas obras de criação afetiva pôde fazer declarações desse desejo''", como acontece, por exemplo, no ''Busto de Manuel Jardim'' ou na ''Rapariga polaca'' (1921), obras parisienses que são excelentes exemplos de uma arte de penetração psicológica e de um superior domínio formal.<ref>Macedo, Diogo de – "Subsídios para uma análise à obra de Francisco Franco". ''Belas Artes'', nº 6, 2ª série, Lisboa 1953. In: A.A.V.V. – '''Exposição retrospetiva da obra do escultor Francisco Franco'''. Lisboa: [[Secretariado Nacional de Informação|S.N.I.]], 1966</ref>[[Ficheiro:Francisco Franco Torso de mulher 1922.jpg|thumb|''Torso de mulher'', 1922, bronze, 115 x 56 x 43 cm]]
==Algumas obras (escultura)==
[[Ficheiro:Francisco Franco Torso de mulher 1922.jpg|thumb|200px|''Torso de mulher'', 1922, bronze, 115 x 56 x 43 cm]]
* ''Cabeça de Velho'', 1909, Col. [[Fundação Calouste Gulbenkian]], Lisboa.
* ''Rapariga Viloa'', 1914.