Eduardo VI de Inglaterra: diferenças entre revisões

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== Reforma religiosa ==
{{Principal|Reforma Inglesa}}
Na questão religiosa, o governo de Dudley seguia a mesma política do de Seymour, apoiando um programa reformista cada vez mais intenso.<ref> {{harvnb|MacCulloch|2002|p=56}} </ref> Apesar da influência prática de Eduardo no governo ser limitada, sua forte protestantismo fez da reforma algo obrigatório; sua sucessão foi realizada pela facção reformista que continuou no poder durante seu reinado. [[Tomás Cranmer]], [[Arcebispo da Cantuária]], era o homem que o rei mais confiava, e ele apresentou uma série de reformas religiosas que revolucionavam a [[Igreja Anglicana]] de uma que – apesar de rejeitar a supremacia papal – permanecia essencialmente católica para uma institucionalmente protestante. Sob Eduardo, foi retomado o confisco de propriedades da igreja que havia começado com Henrique VIII – notavelmente com a dissolução de capelas – gerando grandes vantagens para a coroa e para os novos donos das propriedades.<ref> {{harvnb|Dickens|1967|pp=287–93}} </ref> Dessa maneira, a reforma foi uma ação religiosa e política no reinado de Eduardo VI.<ref> {{harvnb|Elton|1962|pp=204–205}}; {{harvnb|MacCulloch|2002|p=8}} </ref> Ao final de seu reinado, a igreja estava em ruinasruínas financeiras e com muitas das propriedades dos bispos transferidas para outras mãos.<ref> {{harvnb|Elton|1962|p=210}} </ref>
 
As convicções religiosas de Seymour e Dudley nunca foram claras para os historiadores, que se dividem sobre a sinceridade de seu protestantismo.<ref> {{harvnb|Elton|1962|p=210}}; {{harvnb|Guy|1988|p=219}}; {{harvnb|Haigh|1993|pp=169–171}}; {{harvnb|Loades|2004|p=135}}; {{harvnb|Skidmore|2007|pp=286–87}} </ref> Entretanto, há poucas dúvidas sobre o fervor religioso de Eduardo VI, que costumava ler doze capítulos das escrituras por dia e gostava de sermões; [[John Foxe|João Foxe]] o chamou de "pequeno devoto".<ref> {{harvnb|Brigden|2000|p=180}}; {{harvnb|Skidmore|2007|p=6}} </ref> O rei foi representado durante e após sua vida como um novo [[Josias]], o rei bíblico que destruiu os ídolos de [[Baal]].<ref> {{harvnb|MacCulloch|2002|p=14}} </ref> Ele conseguia ser pedante em seu anti-catolicismo e uma vez pediu para Catarina Parr convencer Maria "a deixar de participar de danças estrangeiras e diversões que não a tornam mais uma princesa cristã".<ref name=skidmore38 /> Jennifer Loach, biógrafa de Eduardo, adverte contra aceitar rapidamente a imagem piedosa do rei criada pelos reformistas, como o influente ''[[O Livro dos Mártires|Atos e Monumentos]]'' de Foxe, onde uma xilogravura retrata Eduardo ouvindo um sermão de Hugo Latimer.{{nota de rodapé|Loach salienta que o ''Chronicle'' de Eduardo não relata suas visões religiosas e não menciona sermões. MacCulloch argumenta que o caderno de sermões do rei, que já foi arquivado e documentado, foi perdido.<ref name=loach180181 > {{harvnb|Loach|1999|pp=180–181}}; {{harvnb|MacCulloch|2002|pp=21–29}} </ref> }}<ref name=loach180181 /> No início de sua vida, Eduardo se conformou às prevalecentes práticas católicas, incluindo comparecer a [[missa]]s. Porém, ele se convenceu, sob a influência de Cranmer e outros reformistas entre seus tutores e serventes, que a "verdadeira" religião deveria ser imposta na Inglaterra.<ref> {{harvnb|Brigden|2000|pp=180–181}} </ref>
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A [[Reforma Inglesa]] prosseguiu sob pressão de dois lados: dos tradicionalistas e dos [[Zelota|zelotos]], que lideravam incidentes de [[iconoclastia]] e reclamavam que a reforma não tinha ido longe o bastante. Doutrinas reformistas foram oficializadas, como a [[Sola fide|justificação da fé somente]] e a [[eucaristia]] do pão e vinho para [[leigo]]s e clero.<ref> {{harvnb|Brigden|2000|pp=188–89}} </ref> O Ordinal de 1550 substituía a ordenação divina de padres por um governo com um sistema de nomeação, autorizando [[Ministro (cristianismo)|ministros]] a pregar o evangelho e administrar o [[Sacramento (cristianismo)|sacramento]] ao invés de "oferecer sacrifício e celebrar a missa tanto pelos vivos quanto pelos mortos", como antes.<ref> {{harvnb|Elton|1977|p=360}}; {{harvnb|Haigh|1993|p=168}}; {{harvnb|Mackie|1952|p=517}} </ref> Cranmer pôs-se a tarefa de escrever uma [[liturgia]] unificada em inglês, detalhando todos os serviços diários e semanais e festivais religiosos, feitos obrigatórios no primeiro Ato de Uniformidade de 1549.<ref name=elton345 > {{harvnb|Elton|1977|p=345}} </ref> O ''[[Livro de Oração Comum]]'' de 1549 foi atacado por tradicionalistas por dispensar muitos rituais acarinhados pela liturgia, como a elevação do pão e vinho,{{nota de rodapé|Uma das queixas dos rebeldes do livro de oração de 1549 era que o novo serviço "parecia um jogo de Natal".<ref name=brigden190 > {{harvnb|Brigden|2000|p=190}}; {{harvnb|Dickens|1967|p=305}}; {{harvnb|Haigh|1993|p=174}} </ref> }}<ref name=brigden190 /> enquanto alguns reformistas reclamavam da retenção de muitos elementos "papistas", incluindo vestígios de rituais de sacrifício na eucaristia.<ref name=elton345 /> Muitos clérigos católicos se oposeram ao livro de oração, como [[Stephen Gardiner|Estêvão Gardiner]], Bispo de Westminster, e Edmundo Bonner, Bispo de Londres, que foram aprisionados na Torre e privados de sua sé.<ref name=brigden193 />
 
A reforma avançou ainda mais depois de 1551 com a aprovação e encorajamento de Eduardo, que passou a exercer uma influência pessoal maior em sua capacidade de [[Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra|Chefe Supremo da Igreja]].<ref> {{harvnb|Brigden|2000|p=195}} </ref> As novas reformas também foram uma resposta às críticas de reformistas como João Hooper, Bispo de Gloucester, e o escocês [[John Knox|João Knox]], que foi empregado como ministro em Nescastle sob Dudley e cujas pregações na corte fizeram o rei a ir contra o ajoelhamento na eucaristia.<ref> {{harvnb|Elton|1977|pp=361, 365}} </ref> Cranmer também influenciou os pontos de vista do reformista continental [[Martin Bucer]], que morreu na Inglaterra em 1551, de [[Pietro Martire Vermigli]], que estava lecionando em Oxford, e outros teólogos estrangeiros.<ref> {{harvnb|Dickens|1967|pp=318–325, 40–42}}; {{harvnb|Elton|1977|pp=361–362}}; {{harvnb|Haigh|1993|pp=179–180}} </ref> O processo da reforma foi acelerado pela consagração de mais bispos reformistas.<ref> {{harvnb|Haigh|1993|p=178}} </ref> No final de 1551 e início de 1552, Cranmer reescreveu o ''Livro de Oração Comum'' em termos reformistas menos ambíguos, revisou o [[direito canónico]] e preparou uma declaração doutrinal, os [[Trinta e Nove Artigos de Religião|Quarenta e Dois Artigos]], para clarificar a prática da religião reformada, particularmente a delicada questão do serviço da eucaristiaEucaristia.<ref> {{harvnb|Dickens|1967|pp=340–49}} </ref> A formulação de Cranmer da religião reformada, finalmente livrando a eucaristia de qualquer noção da verdadeira presença de Deus no pão e vinho, efetivamente aboliu as missas.<ref> {{harvnb|Brigden|2000|pp=196–197}}; {{harvnb|Elton|1962|p=212}} </ref> De acordo com Geoffrey Elton, a publicação do livro revisado de Cranmer em 1552, junto com o segundo Ato de Uniformidade, "marcou o ressurgimento da Igreja Anglicana no protestantismo".<ref> {{harvnb|Elton|1962|p=212}} </ref> O livro de oração de 1552 permanece até hoje como a fundação dos serviços religiosos da Igreja Anglicana.<ref> {{harvnb|Elton|1977|p=365}} </ref> Porém, ele não conseguiu implementar todas as mudanças assim que ficou claro que Eduardo, quem toda a reforma dependia, estava morrendo no início de 1553.{{nota de rodapé|Eduardo aprovou os Quarenta e Dois Artigos em junho de 1553, tarde de mais para serem implementados – eles posteriormente se tornaram em 1563 a base dos [[Trinta e Nove Artigos de Religião|Trinta e Nove Artigos]] de Isabel I. A revisão de Cranmer do direito canónico, ''Reformatio Legum Ecclesiasticarum'', nunca foi autorizada pelo rei ou parlamento.<ref name=elton366 > {{harvnb|Elton|1977|p=366}} </ref> }}<ref name=elton366 />
 
== Crise da sucessão ==
=== Elaboração para a sucessão ===
[[Ficheiro:Edward VI's 'devise for the succession'.png|thumb|220px|Na "elaboração para a sucessão", Eduardo preteriu as irmãs em favor de Joana Grey. Na quarta linha, alterou "herdeiros homens de L Joana" para "L Joana e seus herdeiros homens".]]
Em fevereiro de 1553, Eduardo VI ficou doente e em junho, após várias melhoras e recaídas, ele estava em uma condição sem esperanças.<ref> {{harvnb|Loach|1999|pp=159–162}} </ref> A morte do rei e a sucessão de sua meia-irmã católica Maria colocaria em perigo a reforma inglesa; seu conselho e oficiais tinham várias razões para temer isso.<ref> {{harvnb|Starkey|2001|pp=111–112}} </ref> O próprio Eduardo era contra a sucessão de Maria, não apenas por questões religiosas mas também nas de legitimidade e herança masculina, algo que também se aplicava a Isabel.<ref> {{harvnb|Loades|1996|p=232}}; {{harvnb|Starkey|2001|pp=112–113}} </ref> Ele escreveu um rascunho de documento, "Minha elaboração para a sucessão", em que empreendeu alterar a sucessão, muito provavelmente inspirado pelo precedente de seu pai.<ref> {{harvnb|Ives|2009|pp=142–144}} </ref> Ele preteriu as reivindicações de suas meia-irmãs e colocou a coroa em sua prima de segundo grau [[Joana Grey]], então com dezesseis anos, que se casou em 25 de maio de 1553 com [[Lord Guilford Dudley|lorde Guildford Dudley]], um dos filhos de João Dudley.<ref> {{harvnb|Ives|2009|p=321}}; {{harvnb|Loades|1996|pp=238–239}} </ref>
 
Em seu documento Eduardo forneceu, em caso de "falta de descendência de meu corpo", a sucessão apenas para herdeiros homens da mãe de Joana Grey, de Joana ou de suas irmãs.{{nota de rodapé|Em caso de não existir nenhum herdeiro homem na época de sua morte, a Inglaterra não deveria possuir um rei, porém a mãe de Joana, [[Frances Brandon|Francisca Brandon, Duquesa de Suffolk]], deveria atuar como regente até o nascimento de um herdeiro homem. Eduardo fez disposições detalhadas para um governo de minoridade, estipulando a idade que o herdeiro tomaria o poder e deixou em aberto a possibilidade dele ter filhos.<ref> {{harvnb|Alford|2002|pp=172–173}}; {{harvnb|Ives|2009|pp=137–139}}; {{harvnb|Loades|1996|p=231}} </ref> }}<ref> {{harvnb|Ives|2009|pp=137, 139–140}} </ref> Enquanto sua morte se aproximava e possivelmente sob a influência de Dudley,<ref> {{harvnb|Loades|1996|p=240}} </ref> ele alterou as palavras para que Joana e suas irmãs pudessem suceder. Porém, Eduardo concedia o direito a Joana apenas na falta de existência de um herdeiro homem, exigida pela realidade, um exemplo que não deveria ser seguido se Joana e suas irmãs tivessem apenas filhas.{{nota de rodapé|Pela lógica da elaboração, a Duquesa de Suffolk deveria ser nomeada herdeira de Eduardo, porém, ela, que já havia sido preteria por seus filhos no testamento de Henrique VIII, pareceu desistir de sua reivindicação após visitar Eduardo.<ref> {{harvnb|Ives|2009|pp=135, 157}} </ref> }}<ref> {{harvnb|Ives|2009|pp=147, 150}} </ref> No documento final, tanto Maria quanto Isabel foram excluídas por ilegitimidade<ref> {{harvnb|Ives|2009|p=167}} </ref> já que haviam sido declaradas bastardas no reinado de Henrique VIII e nunca foram legitimizadas novamente.<ref> {{harvnb|Elton|1977|p=373}}; {{harvnb|Jordan|1970|p=515}} </ref> As disposições para alterar a sucessão iam diretamente de encontro com o Terceiro Ato de Sucessão de Henrique e já foram descritas como bizarras e ilógicas.<ref> {{harvnb|Jordan|1970|p=515}}; {{harvnb|Loach|1999|p=163}} </ref>
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Eduardo fez sua última aparição pública em 1 de julho quando apareceu na janela do [[Palácio de Placentia]], horrorizando as pessoas com sua condição "magra e definhada". Nos dias seguintes, grandes multidões chegaram na esperança ne vê-lo novamente, porém no dia 3 foi informado que o clima estava muito frio para o rei aparecer. Eduardo VI morreu no Palácio de Placentia aos 15 anos de idade em {{dtlink|6|7|1553}}. De acordo com o relato de João Foxe sobre sua morte, suas últimas palavras foram: "Eu estou fraco; que o Senhor tenha piedade de mim, e leve meu espírito".<ref> {{harvnb|Loach|1999|p=167}}; {{harvnb|Skidmore|2007|p=258}} </ref> Ele foi enterrado no dia 8 de agosto na [[Henry VII Lady Chapel|Capela de Henrique VII]] na [[Abadia de Westminster]], com rituais sendo realizados por Cranmer. A procissão passou por toda Londres e os habitantes a assistiram "chorando e lamentando"; a carruagem funerária, envolta de ouro, foi coberta por uma efígie de Eduardo com coroa, cetro e jarreteira.<ref> {{harvnb|Loach|1999|pp=167–169}} </ref>
 
A causa da morte de Eduardo VI não é certa. Como muitas mortes reais no século XVI, existiramsurgiram vários rumores sobre envenenamento, porém nunca se encontrou evidências disso.<ref> {{harvnb|Jordan|1970|p=520}}; {{harvnb|Loach|1999|p=160}} </ref> Dudley, cuja impopularidade ficou aparente após a morte do rei, era o centro dos rumores sobre o suposto envenenamento.<ref> {{harvnb|Dickens|1967|p=352}} </ref> Outra teoria dizia que Eduardo havia sido envenenado por católicos que queriam ver Maria no trono.<ref> {{harvnb|Skidmore|2007|pp=258–259}} </ref> O cirurgião que abriu o peito do rei depois de sua morte descobriu que "a doença da qual sua majestade morreu foi a doença dos pulmões".<ref name=skidmore260 > {{harvnb|Skidmore|2007|p=260}} </ref> O embaixador veneziano relatou que Eduardo morreu de consumo – em outras palavras, [[tuberculose]] – um diagnóstico aceito pela maioria dos historiadores.<ref> {{harvnb|Loach|1999|p=161}} </ref> Skidmore acredita que o rei contraiu tuberculose após um ataque de [[sarampo]] e [[varíola]] em 1552, algo que suprimiu sua imunidade natural.<ref name=skidmore260 /> Loach sugere que seus sintomas eram de uma [[broncopneumonia]], levando a uma "infecção pulmonar supurante" ou [[abscesso pulmonar]], [[sepse]] e [[insuficiência renal]].<ref> {{harvnb|Loach|1999|pp=159–162}} </ref>
 
=== Joana e Maria ===
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Dudley logo percebeu que havia calculado mal suas ações, não menos ao falhar em assegurar-se da pessoa de Maria antes da morte de Eduardo.<ref> {{harvnb|Elton|1977|p=375}}; {{harvnb|Dickens|1967|p=353}} </ref> Apesar de muitos que se juntaram por Maria eram conservadores esperando derrotar o protestantismo, seus apoiadores também incluíam muitos que consideram que sua reivindicação ao trono estava acima de quaisquer considerações religiosas.<ref> {{harvnb|Elton|1977|p=375}}; {{harvnb|Jordan|1970|p=524}} </ref> Dudley foi obrigado a deixar o controle do conselho em Londres e lançar uma perseguição não planejada por Maria em Anglia do Leste, onde chegavam notícias de seu crescente apoio, que incluíam vários nobres, cavalheiros e "incontáveis companhias de pessoas comuns".<ref> {{harvnb|Erickson|1978|p=291}} </ref> Em 14 de julho, Dudley marchou para fora de Londres com três mil homens, chegando em [[Cambridge]] no dia seguinte; enquanto isso, Maria juntou suas forças no Castelo de Framlingham em Suffolk no dia 19 de julho, alcançando quase vinte mil homens.<ref> {{harvnb|Erickson|1978|pp=292–293}}; {{harvnb|Tittler|1991|p=10}} </ref>
 
Agora o Conselho Privado percebeu que havia cometido um grande erro. Em 19 de julho, liderado pelo Conde de Arundel e o Conde de Pembroke, o conselho proclamou publicamente Maria como sua rainha; o reinado de nove dias de Joana terminou. A proclamação iniciou grande euforia por toda Londres.<ref> {{harvnb|Jordan|1970|pp=529–530}} </ref> Preso em Cambridge, Dudley também proclamou Maria – como havia sido comandado pelo conselho através de uma carta.<ref> {{harvnb|Loades|2004|p=134}} </ref> Guilherme Paget e o Conde de Arundel foram para Framlingham afima fim de pedir o perdão de Maria; Arundel prendeu Dudley em 24 de julho. Dudley foi decapitado no dia 22 de agosto, pouco depois de renunciar ao protestantismo.<ref> {{harvnb|Loades|2004|pp=134–135}} </ref> Sua retratação consternou Joana, sua nora, que também foi executada no dia {{dtlink|12|2|1554}}.<ref> {{harvnb|Erickson|1978|pp=357–358}}; {{harvnb|Tittler|1991|p=11}} </ref>
 
== Legado protestante ==