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[[FicheiroImagem:Roman Empire 125.svg|thumb|400px|O [[Império Romano]] de [[Adriano]] (117-138), mostrando a localização dos anglos, que então habitavam a península da [[Jutlândia]] (atual [[Dinamarca]]).]]
 
'''Anglos''' ({{langx|la|''Anglii''}}) é um termo moderno que se refere a um [[Germanos|povo germânico]] cujo nome deriva da antiga região de [[Ânglia]], que atualmente é um distrito localizado em [[Eslésvico-Holsácia]], [[Alemanha]]. Os anglos foram um dos maiores grupos que se fixaram na [[Britânia (província romana)|Britânia]] após a [[Queda do Império Romano|queda de Roma]], fundando vários dos reinos da [[Inglaterra anglo-saxã]] e instalando-se na [[Ânglia Oriental]], [[Reino da Mércia|Mércia]] e na [[Nortúmbria]] no {{séc|V}}. Seu nome deu origem ao nome "[[Inglaterra]]".
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Estrabão menciona a [[Batalha da Floresta de Teutoburgo]] no final do reinado de [[Augusto]], no {{séc|I}}. Estrabão declara que os [[cimbros]] ainda viviam na península de Jutlândia (onde sempre viveram, mesmo alguns sendo nômades). A população que habitava o litoral além do [[Rio Elba]] era desconhecida nas obras de Estrabão, mas ao sul deles vivem os [[suevos]] do Elba aos getas ([[godos]]). Estrabão trabalhou ao leste do [[Rio Reno|Reno]].
 
Plínio, por sua vez, trabalhou de leste a oeste. Sua descrição vai do [[Mar Negro]], atravessa as montanhas RipaeiRipei até a costa norte e segue a oeste até [[Cádis]]. Primeiramente, há a [[Cítia]], onde estão os [[samaritanos]], [[vênedos]] e [[esciros]], além do rio [[Rio Vístula|Vístula]]. Após isso, há os [[Ingaveones]] ("povo de [[Yngvi]]'), [[Bornholm]], que é um ilha oposta à Cítia. Cylipenus (provavelmente é a [[Baía de Kiel]]) é descrita em sua obra, e lá existe um golfo chamado LagnusLagno, que se situa na fronteira com os [[cimbros]]. Sua localização não é exata, porém, é provável que esteja na região de Ânglia.
 
Para Plínio, os Ingaveones eram formados pelos cimbros e pelos [[teutões]] (pelos [[caúcos]] também, mas eles não habitavam a região). Se LagnusLagno se situava na fronteira com os cimbros e depois de Kiel, os anglos deviam estar nos territórios teutões. Talvez eles não se chamassem "anglos" na época; contudo, as terras dos teutões incluíam a [[Pomerânia Ocidental]] ao sul de [[Rio Elba|Elba]] (sobretudo [[Holstein]]), representando o vasto contingente territorial dos anglos em fontes posteriores.
 
=== Tácito ===
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[[Imagem:Angeln.jpg|thumb|250px|O mapa mostra a península de Ânglia (ao leste de Flensburgo e Eslésvico) e a península de Schwansen (ao sul de Schlei).]]
 
Provavelmente, o primeiro exemplo de registro dos anglos na história é na obra "[[Germania]]" de [[Tácito]], na qual ele cita os Anglos em uma lista de tribos germânicas. Ele não dá indicação precisa de sua posição geográfica, mas declara que, com mais seis tribos, eles veneravam uma deusa chamada [[NerthusNerto]], cujo santuário se localiza em "uma ilha no Oceano". As outras tribos são: [[Reudígnos]], [[Aviones]], [[Varnos]], [[Eudúsios]], [[Suardones]] e [[Nuitones]],<ref>Tacitus, ''Germania'', 40, Medieval Source Book. Code and format by Northvegr.[http://www.northvegr.org/lore/tacitus/009.php]</ref> que juntos são descritos como povos defendidos por rios e bosques,<ref>Tacitus (1877), ''Germania'', 40; translation from ''The Agricola and Germania'', A. J. Church and W. J. Brodribb, trans., London: Macmillan, pp. 87-110(?), as recorded in the ''Medieval Sourcebook'' [http://www.fordham.edu/halsall/source/tacitus1.html]</ref> i.e., não sendo possível atacá-los. Como os eudúsios são os [[jutos]], esses nomes provavelmente se referem a localidades na Jutlândia ou na costa do [[Báltico]], cujos habitantes seriam os cimbros ou os teutões para Plínio. A região apresenta estuários, baías, rios, ilhas, pântanos e mangues suficientes para se tornar inacessível àqueles que não estão familiarizados com o terreno, como os romanos, que o consideraram um país desconhecido e inacessível.
 
Grande parte dos estudiosos acreditam que os anglos viviam na costa do Báltico, provavelmente ao sul da península de Jutlândia. Essa visão é baseada em partes nas antigas tradições inglesas e dinamarquesas em se tratando das pessoas e eventos do século {{séc|IV}}, e a outra parte no fato de que as notáveis afinidades ao culto de NerthusNerto, descritas por Tácito, encontram-se na religião da [[Escandinávia]] pré-cristã, principalmente na Suécia e Dinamarca.
 
Investigações nesse assunto levaram à provável conclusão de que a ilha de NerthusNerto é a Sjælland ([[Zelândia (Dinamarca)|Zelândia]]), na [[Dinamarca]]. Os reis de Wessex traçaram sua ancestralidade até um certo [[Scyld]], que pode ser claramente identificado como [[Skiöldr]], o mitológico criador da Família Real Dinamarquesa ([[Skiöldungar]]). Na cultura inglesa, eles são relacionados com "''Scedeland"'' (pl.), i.e. [[Escandinávia]], enquanto na cultura escandinava ele é associado à antiga residência real em [[Lejre]] em Sjælland.
 
Os relatos de ''Germânia'' são incoerentes com os de Plínio e Estrabão em grande parte. Tácito chamava o Báltico de "Mar Suevo" e via as sete tribos que incluíam os anglos como [[suevos]]. Para Plínio,os suevos estavam entre as tribos dos [[hermiones]] no centro da Alemanha. Para Estrabão, os suevos estavam ao sul da costa. O idioma dos suevos se tornou o [[alto-alemão antigo]], enquanto os anglos e jutos estavam entre os falantes do [[saxão antigo]].
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[[Beda]] diz que os anglos, antes de chegarem à [[Grã Bretanha]], viviam numa terra chamada Angulo, "que desde então até hoje permanece um deserto — entre as províncias dos jutos e dos saxões ". Evidência similar é encontrada em ''[[Historia Brittonum]]''. O rei [[Alfredo, o Grande]] e o historiador [[Etelvardo (historiador)|Etelvardo]] identificaram esse local com o atual distrito de [[Angeln]], na província de [[Eslésvico]] (embora possa ter sido de extensão maior), e essa identificação vai ao encontro das declarações de Beda.
 
No conto norueguês do aventureiro [[vikingviquingue]] [[Ottar de Hålogaland]] de uma viagem de dois dias do fiorde Oslo a Eslésvico, ele relatou as terras em seu navio, e Alfredo adicionou a nota "nestas ilhas habitaram os ''Engle'' antes deles virem para cá".<ref>''Orósio do Rei Alfredo'', ed. H. Sweet (Early English Text Society) 1883:19, noted in H.R. Loyn, ''Anglo-Saxon England and the Norman Conquest'', 2nd ed. 1991:24.</ref>
Isto é confirmado pelas tradições inglesas e dinamarquesas relacionando a dois reis chamados [[Vermundo]] e [[Offa de Angel]], de quem a família real de [[Reino de Mércia|Mércia]] alega ser descendente e cujos feitos estão conectados a Angeln, Eslésvico, e [[Rendsburg]]. A tradição dinamarquesa preservou o registro de dois governantes de Eslésvico, pai e filho, a serviço deles, [[Frovino]] (Freawine) e [[Ket e Wig|WigoVigão]] (Wig), de quem a descendência é alegada pela família real de [[Wessex]]. Durante o {{séc|V}}, os anglos invadiram a Grã Bretanha e, após a invasão, seu nome não foi mais registrado no continente, exceto no título de ''Suevi Angili''.
 
Os anglos são tema de uma lenda sobre o [[papa Gregório I]], que viu, por acaso, um grupo de crianças anglas de [[Deira]] à venda como escravos no mercado de Roma. Como a história viria a ser contada posteriormente pelo monge e historiado anglo-saxão Beda, Gregório se impressionou com a aparência diferente dos escravos e perguntou sobre suas origens. Quando lhe foi dito que eles eram conhecidos por anglos, ele respondeu com um trocadilho em latim: “''Bene, nam et angelicam habent faciem, et tales angelorum in caelis decet esse coheredes''” ("É bom para eles que tenham um rosto angelical, tal povo deve ser co-herdeiro dos [[anjos]] no céu").Supostamente, esse encontro inspirou o papa a lançar uma missão de catequizar seus conterrâneos.<ref>[http://www.thelatinlibrary.com/bede/bede2.shtml ''História Eclesiástica do Povo Inglês'', livro 2] por Beda</ref>
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== Reinos anglos na Inglaterra==
{{Seealsover também|Inglaterra anglo-saxã}}
[[Imagem:Britain peoples circa 600-pt.svg|thumb|Anglos e saxões na Inglaterra.]]