João de Ruão: diferenças entre revisões

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==Biografia / Obra==
[[File:João de Ruão Deposição de Cristo no túmulo 1535-1540 1 IMG 0343.JPG|thumb|260px|''Deposição de Cristo no túmulo'', 1535-1540, [[Museu Nacional de Machado de Castro]]]]
Era filho de um escultor e empreiteiro com o mesmo nome (Jean); aprendeu o ofício com o pai, modernizando-se depois em contacto com o italiano António Giusto no [[Castelo de Gaillon]] (Château de Gaillon). A data precisa e as razões da sua vinda para Portugal são desconhecidas, mas a sua presença está documentada a partir de 1528, quando realizava o arco triunfal da [[Igreja Matriz de Atalaia]], perto de [[Tomar]].<ref name="Dias" />
No início da década de 1530 (até 1580) estabeleceu a sua oficina junto à Casa de Sub-Ripas, em Coimbra, por onde haveriam de passar inúmeros auxiliares (entre os quais António Fernandes, António Cordeiro, António Gomes ou Tomé Velho). Entrou pouco depois para uma das mais importantes "famílias artísticas" portuguesas do século de Século XVI ao casar com Isabel Pires (filha de Pêro Anes, mestre de carpintaria das obras reais, irmã de Marcos Pires, mestre de obras do [[Mosteiro de Santa Cruz]], e cunhada de [[Cristóvão de Figueiredo]]). Entre os seus filhos, assinalem-se Simão de Ruão (mestre de fortificações, autor do [[Forte de São João Baptista da Foz]], Porto) e [[ Jerónimo de Ruão]] (a quem coube terminar o [[Mosteiro dos Jerónimos]]).<ref name="Dias" /><ref name="Instituto">{{citar web|URL=http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68152|título=João de Ruão|autor=|data=|publicado=Instituto dos Museus e da Conservação|acessodata=12-12-2014}}</ref>
 
[[Nicolau Chanterene]] foi o primeiro a abrir vias para a adoção, em Portugal, do espírito do [[renascimento]] [[Itália|italiano]] e das suas fórmulas, mas foi à fixação de João de Ruão em Coimbra e ao magistério exercido na sua oficina que se ficou a dever-se a escola renascentista coimbrã. A sua obra é habitualmente dividida em duas fases distintas: na primeira predomina a expressão clássica, requintada, de grande perfeição e harmonia, em que as figuras dos santos patenteiam uma grácil humanidade (decénios de 1530 e parte do de 1540); a segunda caracteriza-se por uma maior austeridade, prolongando-se por cerca de quatro décadas (até ao encerramento da oficina), e corresponde a uma produção mais heterogénea em que realizações de grande qualidade têm a mesma data de obras menores – o ritmo acelerado de produção da oficina nesse período indica que a execução de muitas peças não deverá ser imputável à intervenção direta de João de Ruão. A sua obra culminou, em 1566, na Capela do Santíssimo Sacramento, [[Sé Velha de Coimbra]], sendo os historiadores quase unânimes em considerar que, embora mantendo a oficina, se retirou a partir dessa data (<small>segundo Pedro Dias poderá, no entanto, ter projetado ainda a Capela dos Reis Magos para o [[Mosteiro de São Marcos de Coimbra]] e modelado o essencial da escultura que incorpora</small>).<ref name="Dias" /><ref name="Instituto" />
 
"''João de Ruão foi o mais operoso dos escultores conimbricenses e, seguramente, o que maior e mais impressiva marca deixou na disciplina que praticou, durante quase cinquenta anos''". Criou uma oficina e um estilo, mas soube também evoluir, acompanhando o que se fazia em grandes centros artísticos europeus. A rede de contactos a que teve acesso permitiram-lhe acompanhar os avanços da cultura humanista e da estética do seu tempo.<ref name="Dias" />