Águeda de Catânia: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Catania I cannalori.jpg|thumb|esquerda|[[Festival de Santa Ágata]] em Catânia (1915)]]
 
Ágata é celebrada como santa pela Igreja Católica e Ortodoxa e sua festa litúrgica ocorre dia 5 de fevereiro. Há evidências que seu culto surgiu desde a Antiguidade. Ela está listada numa cópia do ''[[Martirológio de Jerônimo]]'' do {{séc|VI}} em associação com [[Jerônimo]] e no Calendário de [[Cartago]] ([[Sinaxário]]) de ca. 530.{{harvref|Frere|1930|p=94f}} Também aparece num hino de autor anônimo preservado na obra do {{lknb|papa|Dâmaso I}} {{nwrap|r.|366|384}},<ref name=Ki204 /> em um dos carmes de [[Venâncio Fortunato]] do {{séc|VI}},{{harvref|Venâncio Fortunato|século VI|loc=VIII.4}}{{harvref|Cheney|1996|p=3}} bem como é descrita numa procissão de santas na [[Basílica de Santo Apolinário Novo]] em [[Ravena]], na [[Itália]].<ref name=Thu256 /> Existe [[panegírico]]s dedicados a ela da autoria de [[Isidoro de Sevilha]] ({{séc|VI}}), [[São Adelmo]] ({{séc|VII}}) e do [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] do {{séc|IX}} {{lknb|Metódio|I|de Constantinopla}} {{nwrap|r.|843|847}}.{{harvref|CIN|2010}}
 
Duas igrejas do fim da [[Antiguidade Tardia]] em [[Roma]] lhe foram dedicadas, uma edificada pelo {{lknb|papa|Símaco}} {{nwrap|r.|498|514}} na [[Via Ápia]] ca. 500 e que atualmente encontra-se em ruínas,{{harvref|name=Bu53|Butler|1995|p=53}} e outra, chamada [[Santa Ágata dos Godos]], que foi adornada e entregue aos [[godos]] [[Arianismo|arianos]] ca. 460/470 pelo oficial romano [[Ricímero]].{{harvref|Arnold|2016|p=517}} {{lknb|Papa|Gelásio I}} {{nwrap|r.|492|496}} numa carta endereçada a certo bispo Vitor faz menção a uma "Basílica de Santa Ágata"<ref name=Ki204 /> e durante o pontificado do {{lknb|papa|Gregório I}} {{nwrap|r.|590|604}} vários santuários foram edificados para abrigar algumas das relíquias de Ágata, que ali permaneceram até serem [[Translação (relíquia)|transladadas]] para o Mosteiro de São Estêvão em [[Capri]].<ref name=Bu53 /> Ainda há outro igreja, [[Santa Ágata em Trastevere]] que, segundo o ''[[Livro dos Pontífices]]'', teria sido fundada na casa do {{lknb|papa|Gregório II}} {{nwrap|r.|715|731}}.{{harvref|Schuster|1927|p=42}}
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Na [[Sicília]], associa-lhe o poder de interromper as erupções do [[monte Etna]], terremotos e incêndios. Ela é padroeira de fundidores de sinos,<ref name=Thu256 /> pacientes de [[câncer de mama]], enfermeiras,<ref name=Cruz207 /> bombeiros, vítimas de tortura{{harvref|name=Sao2014a|São Paulo|2014a}} e estupro, joalheiros, mártires, padeiros, amas de leite e leigas solteiras.{{harvref|name=Cat2016|CatholicSants|2016}}{{harvref|Guiley|2001|p=4}} Crê-se que em 1551 [[Malta]] foi salva duma [[Cerco de Malta|invasão]] [[Império Otomano|otomana]] após Santa Ágata interceder através duma aparição a uma freira [[Ordem de São Bento|beneditina]], motivo pelo qual é aclamada padroeira.<ref name=Sao2014a /> Na ilha há igualmente uma edificação militar, chamada [[Torre de Santa Ágata]], que foi construída no {{séc|XVII}} pelos [[Cavaleiros Hospitalários]].{{harvref|Spiteri|2013}}
 
Além de Malta, inúmeras localidades na [[França]], Itália, Espanha, Alemanha, [[Países Baixos]], [[Portugal]], [[Bélgica]], [[Canadá]] e [[São Marinho]] consideram-a como patrona.<ref name=Cat2016 /> Na [[Eubeia]], na [[Grécia]], em Viaiavala, na [[Índia]], e em [[Florença]], Roma, [[Nápoles]] e na [[Lombardia]], todas na Itália, verifica-se intenso culto à santa e em [[Barcelona]], na Espanha,<ref name=Sao2014a /> e em [[Kanfanar]], na [[Croácia]], há santuários relevantes dedicados a ela.{{harvref|Trifunović|1988|p=361}} Em {{ilc|Cristberga||Kristberg}}, ao norte de [[Silbertal]], na Áustria, existe uma igreja que, segundo relatado, foi edificada e dedicada a Ágata em 1507 como forma de salvar alguns mineiros que haviam sido soterrados numa mina de [[prata]].<ref name=Scha2015 />
 
== Relíquias ==
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Segundo uma lenda póstuma, Ágata e alguns de seus amigos teriam fugido para Malta em 249, na tentativa de escaparem da perseguição aos cristãos, e ali permaneceram algum tempo na cripta de [[Rabat (Malta)|Rabat]] orando e ensinamento a fé cristã às crianças antes de decidirem retornar à Sicília. Os malteses dedicaram-lhe a mesma cripta que utilizou em suas orações e nomearam em sua honra as catacumbas e a igreja posteriormente construída sobre a cripta. A cripta é uma basílica subterrânea que desde a Antiguidade era venerada pelos malteses. Durante o {{séc|IV}} ou V, se sabe que foi alargada e embelezada.{{harvref|name=Sao2014b|São Paulo|2014b}}
 
No fim da cripta há um altar principal que até 1647 foi utilizado para os cultos. Em 1666, um novo altar altar de pedra foi construído sobre o precedendo de modo a poder acomodar uma estátua de [[alabastro]] representando Ágata passando pelo martírio que foi doada pelo [[bispo de Malta]] [[Lucas Buenos]] {{nwrap|r.|1664|1668}}. A estátua foi esculpida em [[Trapani]], na Sicília, e representa Ágata presa a um trono de árvore e um pequeno ''[[putto]]'' segurando uma coroa de rosas sobre sua cabeça. Ela está acomodada sobre um pedestal [[arte barroca|barroco]] dentro do qual existe uma pequena estátua da santa ardendo em chamas. Esta estátua foi substituída por uma estátua de fibra de vidro do escultor maltês Anton Agius e atualmente está no Museu de Santa Ágata, que localiza-se nas imediações.<ref name=Sao2014b />
 
Segundo os atos da visita pastoral de Pietro Duzina em 1575, havia muitos altares no interior da cripta, porém atualmente existem somente dois, o principal e um lateral dedicado a Virgem Maria. A cripta é adornada com inúmeros [[afresco]]s, alguns deles do {{séc|XII}} e em [[arte bizantina|estilo bizantino]]. Há também outros em estilo grego que remontam ao {{séc|XV}} e geralmente são associados ao pintor siciliano Salvatore D'Antonio (ca. 1480). São 30 ao todo. Neles estão 13 imagens de Ágata, enquanto o restante representa bispos santos, virgens e mártires. Fora estes ainda há algumas pinturas visíveis teto à direita da entrada. Estes afrescos foram restaurados por George Farrugia entre 1984-1989 mediante patrocínio da Lions Club, Sliema de Malta.<ref name=Sao2014b />
 
=== Catacumbas de Malta ===
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[[Imagem:Malta Rabat BW 2011-10-05 10-45-43.JPG|thumb|esquerda|Um dos túmulos da catacumba]]
 
Santa Ágata emprestou seu nome a um complexo de catacumbas subterrâneas esculpidas no [[calcário]] globigerina que se situa nas imediações de sua cripta. Se estende por 4100 m<sup>2</sup> e é formado por corredores estreitos de cada lado e [[abóbada]]s. As catacumbas, 500 ao todo, são datáveis dos séculos II e III. Serviram para o enterro de [[paganismo romano|pagãos]], [[judaísmo|judeus]] e [[cristianismo|cristãos]] e majoritariamente foram ocupadas por crianças. Em quase todos os túmulos os corpos tem suas cabeças recostadas numa espécie de travesseiro de pedra, enquanto em todos os túmulos existe uma cavidade semicircular utilizada para colocar a cabeça do corpo em sua posição; é possível indicar quantos indivíduos estão no interior através delas.{{harvref|name=Sao2014c|São Paulo|2014c}}
 
Algumas tumbas foram utilizadas para sepultar duas pessoas e há casos onde uma tumba dupla com uma parede divisória fina é perceptível. Há também casos onde, quando colocadas lado a lado, estas tumbas serviram para abrigar três, quatro ou cinco pessoas. Os túmulos são de tipos diferentes e são classificados segundo sua estrutura. O tipo mais comum é o "túmulo de mesa com selim de [[dossel]]" que compreende uma estrutura com uma cobertura similar ao selim dum cavalo que foi cortada da mesma pedra ou foi colocada quando o enterro ocorreu. O dossel é apoiado por quatro pilares pequenos que terminam em arcos dos quatro lados e nas costas de cada lado, no lado interior da tumba, há cornos decorativos que imitam pilares.<ref name=Sao2014c />
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Ao todo três das tumbas de Santa Ágata são decoradas com pinturas murais. Na primeira, além dos desenhos, há uma inscrição em [[língua grega|grego]] na qual, segundo a decifração de A. Ferrua SJ., se afirma: "Antes das [[Calendas]] de setembro, Leônias foi sepultado aqui". A segunda tumba, que consiste num túmulo de mesa, a decoração esteve escondida sobre uma camada de seis centímetros de argamassa até ser descoberta e limpa por V. Camilleri em 1978; é possível que ainda exista mais elementos decorativos escondidos pela argamassa. Nela há um friso colorido que gira em torno dos cantos e um pelicano em ocre vermelho que está visível de cada lado. Nos lados internos, há guirlandas florais formadas por rosas cor de rosas e folhas verdes. Aproximadamente 10 anos atrás, duas inscrições, uma em grego e outra bilíngue (grego e [[latim]]), foram descobertas e datadas dos séculos IV e V.<ref name=Sao2014c />
 
A terceira tumba tem um raio de 275 centímetros e é decorada com um pilar de cada lado. Nota-se um [[capitel]] no topo dos pilares que são unidos por um friso que gira em torno da câmara. Num de seus lados há um arco que é o altar dessa capela primitiva. Ela é decorada com uma afresco do {{séc|III}} representando uma vieira colorida (vermelho, ocre, verde escuro, amarelo e amarelo pálido). O [[lintel]] frontal é pintado em vermelho e marrom escuro e no meio existe uma cruz com a letra grega [[Ρ|rô]] (R) com uma linha horizontal cortando-a no meio, uma variação artística da letra grega [[Χ|chiqui]] (Χ). Ao final da linha horizontal estão as letras [[alfa]] e [[Ω|ômega]] (A e Ω). Em ambos os lados do afresco também há flores e uma pomba que carrega flores ou folhas em suas garras. Esse afresco foi restaurado em 2000.<ref name=Sao2014c />
 
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