Império de Axum: diferenças entre revisões

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|nome_completo = Império de Axum / Aksum
|nome_comum = Axum / Aksum
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|<!--Campos utilizados para auto-categorização)-->
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|continente = África
|região = Corno da África
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|império = [[Reis de Axum|Imperador]]
|forma_de_governo = Monarquia
|<!--Campos utilizados para corte de tempo do estado)-->
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|ano_início = c. 100
|ano_fim = c. 940
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|ano_fim_exílio =
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|<!--Campos utilizados para eventos do estado)-->
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|(até 4 eventos)
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|data_evento_posterior =
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|<!--- Navegação de bandeiras: Estados anteriors (p) e Estados antecessores (s) desse estado --->
|p1 = Reino de Cuche
|bandeira_p1 =
|s1 = Dinastia Zagwe
|bandeira_s1 =
|s2 = Macúria
|bandeira s2 =
|s3 = Alódia
|bandeira s3 =
|s4 = Califado Ortodoxo
|bandeira s4 = Flag of Afghanistan pre-1901.svg
|mapa = LocationAksumiteEmpire-pt.pngsvg
|(Até 5 e visto no topo, depois disso e visto no fim da predefinição (até 15) )
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|símbolo_tipo =
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|legenda_mapa = Localização do Império de Axum
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|legenda_mapa2 =
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|capital = [[Axum]]
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|hino_nacional =
|idioma = [[Ge'ez]]
|língua_não_oficial =
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|moeda = [[Moeda axumita|AU, AR, AE unidades]]
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|título_líder = [[Reis de Axum|Imperador]]
|líder1 = [[Zoskales]] (primeiro)
|ano_líder1 = c. 100
|líder2 = [[Dil Na'od]] (último)
|ano_líder2 = c. 940
|(até 14 Lideres)
|
|título_governante = [[Reis de Axum|Imperador]]
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|ano_governante1 =
|(até 4 Governantes)
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|título_vice =
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|(até 4 Vices)
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|<!--- Legislatura --->
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|legislatura1 =
|tipo_legislatura1 =
|legislatura2 =
|tipo_legislatura2 =
|
|<!--- Area and population of a given year --->
|dados_ano1 = 350<ref>Turchin, Peter and Jonathan M. Adams and Thomas D. Hall: "East-West Orientation of Historical Empires and Modern States", page 222. Journal of World-Systems Research, Vol. XII, No. II, 2006</ref>
|dados_área1 = 1250000
|dados_população1 =
|(até 5 dados de pop. e area)
|
|notas =
}}{{Contém texto Etíope}}
 
O '''Império de Axum''' ou '''Aksum''' (também chamado de '''Reino de Axum'''/'''Aksum''') foi um [[Monarquia|reino]] [[áfricaÁfrica|africano]] que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o [[Mediterrâneo]], por volta do [[século {{séc|I]]}}. Tinha a sua capital na cidade de [[Axum]], na atual [[Etiópia]], embora as cidades mais prósperas fossem os portos do [[mar Vermelho]] de Adúlis e Matara, na actual [[Eritreia]]. Tal como, mais tarde, os reis da [[Etiópia]] acreditavam ser descendentes do rei [[Salomão]] e da [[rainha de Sabá]], os monarcas axumitas tinham a mesma crença.
 
==História==
A cidade de Axum foi aparentemente fundada por volta de {{DC|100|x}}, mas a região circundante é habitada há milênios. A terra de [[Punt]], mencionada pelos antigos egípcios como fonte de [[mirra]], localizava-se possivelmente na zona de Axum. Por volta de {{AC|500|x}} surgiu na área uma cultura pré-Axumita, chamada Da'amat, com ligações culturais com o sul da vizinha [[península Arábica]].<ref name="CITIES">Michael Dumper, Bruce E. Stanley. ''Cities of the Middle East and North Africa: a historical encyclopedia''. ABC-CLIO, 2007. ISBN 1576079198 [http://books.google.com/books?id=3SapTk5iGDkC&pg=PA21&dq=aksum+pilgrimages&hl=en&ei=lQWBTtrCBsTn0QHVu_3hDw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDwQ6AEwAQ#v=onepage&q&f=false]</ref> A terra de Punt, mencionada pelos antigos egípcios como fonte de [[mirra]], localizava-se possivelmente na zona de Axum.<ref name="CITIES" /> Por volta de 500 aC surgiu na área uma cultura pré-Axumita, chamada Da'amat, com ligações culturais com o sul da vizinha [[península Arábica]].<ref name="CITIES" /> De fato, desde o {{AC|segundo milênio a.C.|x}} até o século {{+séc|IV d.C.}}, a região de Axum foi colonizada por imigrantes [[sabeus]] vindos da península Arábica. A influência da cultura dos sabeus é vista na arquitetura e na língua do império, o [[ge'ez]].<ref name="UNESCO">''Akxum'' no sítio da UNESCO [http://whc.unesco.org/pg.cfm?cid=31&id_site=15]</ref>
 
[[FicheiroImagem:Axum northern stelea park.jpg|thumb|left|250px|Parque das Estelas, em Axum.]]
 
A partir deste contexto, Axum foi sede de um dos estados mais poderosos da região entre o [[Império Romano do Oriente]] e a [[Pérsia]], cujo poder estendeu-se do século [[século I{{séc|I]]}} ao [[século XIII|XIII]] d.C.<ref name="UNESCO" /> O auge da cidade e do Império de Axum ocorreu no século {{séc|IV d.C.}}, quando o território controlado abrangia a atual Etiópia, o sul do [[EgiptoEgito]] e parte da Arábia, no sul do atual [[Iêmem]].<ref name="UNESCO" /> O comércio marítimo, com rotas que chegavam até o [[Ceilão]], era realizado através do porto de [[Adúlis]] (na atual [[Eritreia]]).<ref name="UNESCO" /> Segundo o autor grego anônimo do "''Périplo pelo mar da Eritreia''", datado do século {{séc|I d.C.}}, Adúlis exportava [[escravos]], [[marfim]] e [[corno]]s de [[rinoceronte]].<ref name="CITIES" /> Relações comerciais foram mantidas com a então [[província romana]] do [[Egito (província romana)|EgiptoEgito]] desde o século {{séc|I}} e com a [[Subcontinente Indiano|Índia]] a partir do século {{séc|III}}; o comércio continuou com o EgiptoEgito, [[Síria (província romana)|Síria]] e o [[Império Bizantino]] até o século {{séc|VII}}.<ref name="CITIES" /> A área da cidade chegou a cobrir 250 acres e estima-se que a população alcançou 20.000{{formatnum|20000}} pessoas no seu auge.<ref name="CITIES" /> A desaparição do império de [[Meroé]], por volta de {{DC|320|x}}, pode estar relacionado ao crescimento de Axum, que com isso pôde redirecionar o comércio de marfim do [[rio Nilo]] ao porto de Adúlis.<ref name="CITIES" /> Sinal da importância econômica da cidade foi a [[cunhagem]] de moedas, que começou no século {{séc|III}} e continuou até o século {{séc|VII}}.<ref name="CITIES" />
[[Ficheiro:Axum northern stelea park.jpg|thumb|left|250px|Parque das Estelas, em Axum.]]
A partir deste contexto, Axum foi sede de um dos estados mais poderosos da região entre o [[Império Romano do Oriente]] e a [[Pérsia]], cujo poder estendeu-se do século [[século I|I]] ao [[século XIII|XIII]] d.C.<ref name="UNESCO" /> O auge da cidade e do Império de Axum ocorreu no século IV d.C., quando o território controlado abrangia a atual Etiópia, o sul do [[Egipto]] e parte da Arábia, no sul do atual [[Iêmem]].<ref name="UNESCO" /> O comércio marítimo, com rotas que chegavam até o [[Ceilão]], era realizado através do porto de [[Adúlis]] (na atual [[Eritreia]]).<ref name="UNESCO" /> Segundo o autor grego anônimo do "''Périplo pelo mar da Eritreia''", datado do século I d.C., Adúlis exportava [[escravos]], [[marfim]] e [[corno]]s de [[rinoceronte]].<ref name="CITIES" /> Relações comerciais foram mantidas com a então [[província romana]] do [[Egito (província romana)|Egipto]] desde o século I e com a [[Índia]] a partir do século III; o comércio continuou com o Egipto, [[Síria (província romana)|Síria]] e o [[Império Bizantino]] até o século VII.<ref name="CITIES" /> A área da cidade chegou a cobrir 250 acres e estima-se que a população alcançou 20.000 pessoas no seu auge.<ref name="CITIES" /> A desaparição do império de [[Meroé]], por volta de {{DC|320|x}}, pode estar relacionado ao crescimento de Axum, que com isso pôde redirecionar o comércio de marfim do [[rio Nilo]] ao porto de Adúlis.<ref name="CITIES" /> Sinal da importância econômica da cidade foi a [[cunhagem]] de moedas, que começou no século III e continuou até o século VII.<ref name="CITIES" />
 
Durante os primeiros séculos do primeiro milênio d.C. foram levantados, no campo de Mai Hedja, grandes [[estelas]] de pedra que recordavam grandes reis. Essa prática, que durou até cerca de {{DC|330|x}}, terminou na época do [[rei Ezana]], que converteu-se ao [[cristianismo]]. Em total há 126 [[obelisco]]s em Axum, incluído o de maior tamanho conhecido, quase todos atualmente caídos e partidos em pedaços.<ref name="CITIES" /><ref name="COURIER">''Ehtiopia: three millenia of legend and history''. The UNESCO Courier. 2008, n. 8 [http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001840/184034e.pdf]</ref>
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Segundo a história contada por [[Teodoreto]]<ref>[[Teodoreto]], ''História Eclesiástica'', Capítulo XXII, ''A Conversão dos Indianos'', [http://www.sacred-texts.com/chr/ecf/203/2030043.htm <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>, que se refere aos eventos como passando na [[Índia]], um homem de [[Tiro]], interessado em comerciar com a Índia, partiu em viagem com seus dois sobrinhos. O barco, porém, foi atacado por bárbaros, que mataram quase todos a bordo. Seus sobrinhos, Edésio (''Ædesius'') e [[Frumêncio]] (''Frumentius''), foram levados como escravos ao rei do país, que, percebendo sua inteligência, os promoveu a superintendentes do reino. Eles eram cristãos, e continuaram servindo ao reino após a morte do rei e a ascensão ao trono do seu filho. Após algum tempo, eles pediram para voltar para seu país, e voltaram a território romano. Edésio foi para Tiro, mas Frumêncio para [[Alexandria]], onde informou que os indianos estavam ansiosos para ganhar a luz espiritual. [[Atanásio de Alexandria|Atanásio]], o bispo, disse que não havia ninguém melhor que o próprio Frumêncio para a missão, nomeou-o bispo, e enviou-o de volta.
 
Com base na história de Teodoreto e outras evidências, considera-se que o cristianismo foi adotado como religião estatal de Axum em 330, o que criou laços religiosos com o Egito (então cristão) e [[Constantinopla]]. O [[rei Ezana]] foi convertido ao cristianismo por [[Frumêncio]], um monge [[Síria romana|sírio]] que foi mais tarde feito bispo pela [[Igreja Copta]] egípcia.<ref name="CITIES" /> A partir dessa época, os reis cristãos de Axum construíram palácios e igrejas, entre estas a primeira Igreja de Santa Maria, levantada em finais do século {{séc|IV}}, segundo uma lenda, na área de um lago que secou milagrosamente.<ref name="CITIES" /> Achados arqueológicos e antigos textos mostram que a cidade contou com palácios e casas nobres de pedra com vários andares, mas a maioria das moradas em Axum eram de barro e cobertas de palha.<ref name="CITIES" />
 
Segundo a tradição religiosa da [[Igreja Ortodoxa Etíope]], recolhida na obra ''[[Kebra Nagast]]'' (século {{séc|XIII}}), foi de Axum que partiu Makeda, a [[rainha de Sabá]], para visitar o [[rei Salomão]] em [[Jerusalém]].<ref name="MIRABILIA">Lincoln Etchebéhère Júnior e Thiago Pereira de Sousa Lepinski. ''Cristandade Oriental: a Igreja Etíope na Idade Média''. Revista Mirabilia. N. 9, 2009[http://www.revistamirabilia.com/Numeros/Num9/artigos/05.pdf]</ref> Ainda segundo a tradição, da união entre ambos nasceu [[Menelik]], que após visitar o pai trouxe à Etiópia a [[Arca da Aliança]], que até hoje estaria numa capela do complexo da [[Igreja de Santa Maria de Sião]].<ref name="MIRABILIA" /><ref name="CITIES" />
 
===Decadência===
A partir do século {{séc|VII}} se inicia a decadência de Axum, primeiro devido à instabilidade comercial causada pelas [[Guerras romano-persas|disputas entre bizantinos e os persas]] do [[Império Sassânida]] e, após 632, pela expansão dos domínios dos [[árabes]] [[muçulmanos]].<ref name="CITIES" /> Apesar de que as relações com os muçulmanos foram inicialmente amistosas, a partir do século {{séc|VII}} a ascensão da [[Califado Omíada|dinastia omíada]] causou seu declínio final. Os árabes dominaram o comércio do [[mar Vermelho]], conquistando Adúlis e cortando as rotas comerciais do Império de Axum.<ref name="CITIES" /> A produção agrícola caiu, provavelmente por problemas ambientais e de excessiva exploração da área circundante da cidade, que nos finais do século {{séc|VIII}} foi reduzida a um vilarejo.<ref name="CITIES" /> As elites abandonaram a cidade, assim como os reis, que transferiram a capital ao sul. Apesar haver mantido sua importância simbólica, especialmente religiosa, os líderes da igreja etíope deixaram a cidade na metade do século {{séc|X}}.<ref name="CITIES" />
 
Após um longo período de obscuridade, Axum começa a reviver a partir do século {{séc|XV}}. A [[Igreja de Santa Maria de Sião]] foi reconstruída em 1404, e novos bairros de moradia foram criados no século {{séc|XVI}}.<ref name="CITIES" /> Porém, em 1535, a cidade foi invadida e destruída pelo chefe militar [[Somália|somali]] [[Ahmad ibn Ibrihim al-Ghazi]]. Nos séculos seguintes, Axum foi vítima de pragas de [[gafanhoto]]s, [[cólera]] e fome que dizimaram a população.<ref name="CITIES" /> A importância simbólica para a religião e realeza etíope, porém, nunca foi esquecida.<ref name="CITIES" />
 
==Ver também==