Anre ibne Alas: diferenças entre revisões

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m Renato de carvalho ferreira moveu Amr ibn al-As para Amir ibne Alas
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|bgcolour =#30644d
|nome ={{Txtcor||white|ʿAmr ibn al-ʿĀṣ}}
|nascimento_data =antes de {{dni|||573|si|lang=br}}? {{Nota de rodapé|grupo=nt|nome=morte|O artigo traduzido refere 664 como o ano da morte de AmrAmir, não apresentando fontes, o que contradiz a Encyclopædia Britannica, que refere 663 (sem dia nem mês).<ref name=brit /> A estimativa do ano em que nasceu baseia-se no facto de haver fontes que afirmam que morreu com mais de 90 anos.
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}}
|nascimento_local =[[Meca]]
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|morte_local =[[Fustat]] ([[Cairo]])
|ocupação =[[General]] e ''[[sahaba]]'' (companheiro de Maomé)
|causa_morte =
|etnia =[[Árabes|Árabe]] ([[Coraixitas|coraixita]])
|nome_mãe =[[{{ilc|Laila binte Harmalá||Layla bint Harmalah]]}}
|nome_pai =Al-AasAlabas ibnibne WailUail
|principais_trabalhos =<nowiki />
*Comandante militar coraixita
*Comandante do exército que conquistou o Egito
*Fundador do [[Cairo]] e da primeira [[mesquita]] em [[África]]
|cônjuge =
|filhos =
|religião =[[Islão]]
|conhecido_por =
}}
{{Conversão|pt-BR=
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*em África: na África
}}
[[Imagem:Cairo Amr 1.jpg|thumb|288px|Pátio da [[Mesquita de Amr ibn al-AsAmir]], fundada por AmrAmir ibnibne al-AsAlas no Cairo em meados do {{séc|VII}}]]
 
'''AmrAmir ibnibne al-AsAlas''' ou '''AmrAmir binibne al-AasAlaas''' ({{Langx|ar|عمرو بن العاص‎||'''ʿAmr ibn al-ʿĀṣ'''}}; {{ca.|[[573]]}} – {{dtlink|6|1|663}})<ref name=morte group=nt /> foi um [[general]] [[Árabes|árabe]] [[Islão|muçulmano]], um dos ''[[sahaba]]'' (companheiros de [[Maomé]]) e um político influente. Embora tenha começado por ser um dos líderes [[coraixitas]] que combateram o Islão, depois da sua conversão ao Islão em 629 subiu rapidamente na hierarquia militar muçulmana. Distinguiu-se na conquista árabe do sudoeste da [[Palestina]], mas ficou famoso principalmente por ter liderado a [[Conquista muçulmana do Egito|conquista do Egito]], onde fundou [[Fustat]], antecessora do atual [[Cairo]] como capital provincial e em cujo centro construiu a [[Mesquita de Amr ibn al-AsAmir|mesquita que tem o seu nome]], a primeira [[mesquita]] de [[África]]. Além de militar brilhante, AmrAmir foi também um político astuto e influente e foi ele quem organizou o governo do Egito, nomeadamente o sistema de impostos e de justiça.<ref name=brit />
 
==Biografia==
===Primeiros anos===
AmrAmir nasceu em [[Meca]] e era membro da [[nobreza]] do clã [[Banu Sahm]], da tribo dos coraixitas (''Quraysh''). A sua mãe era [[{{ilc|Laila binte Harmalá||Layla bint Harmalah]]}}, também conhecida como Al-NabighahNabiga.<ref name=ali179 /> e o seu pai, Al-AasAlaas bibne WailUail, era o chefe dos Banu Sahm.<ref name=witp />
 
Antes de iniciar a sua carreira militar, AmrAmir era um mercador que acompanhava [[caravana]]s ao longo das rotas comerciais do [[Médio Oriente]], [[Ásia]] e Egito.<ref name=Beat /> Ao contrário do seu irmão Hixam, que foi um dos primeiros seguidores de Maomé, contra a vontade do pai, e à semelhança dos outros líderes coraixitas, AmrAmir começou por ser convictamente hostil em relação ao Islão. Foi ele quem chefiou a delegação enviada pelos coraixitas ao [[negus]] (rei) da [[Império de Axum|Abissínia]] (Etiópia) com o pedido para expulsar de volta os muçulmanos que lá se tinham refugiado para evitarem as perseguições em Meca ("{{ilc|Migração para a Abissínia||Pequena Hégira}}" ou "Pequena Hégira").{{
NotaNT|
1=Um dos exilados era o irmão de AmrAmir, Hixam.
}} O rei etíope (não há certeza se este era {{ilc|Axama ibne Abjar||Ashama ibn Abjar}} ou [[Armah]], que podem ter sido a mesma pessoa) recusou-se a satisfazer o pedido dos coraixitas e recusou os presentes que eles lhe enviavam. Depois da fuga de Maomé para [[Medina]] ([[Hégira]]), AmrAmir participou em todas as batalhas dos coraixitas contra os muçulmanos, tendo comandado um dos contingentes coraixitas na [[batalha de Uhud]].<ref name=witp />
 
===Durante a vida de Maomé===
 
Na companhia de [[Calide ibne Ualide]], cavalgou de Meca para Medina onde ambos se converteram ao Islão.<ref name=witp /> Segundo algumas fontes (contraditas por outras), AmrAmir seria casado com [[{{ilc|Um Cultum binte Ucba||Umm Kulthum bint Uqba]]}}, filha do líder coraixita [[{{ilc|Ucba ibne Abu Muaiate||Uqba ibn Abu Mu'ayt]]}} e irmã de {{ilc|Ualide ibne Ucba||Walid ibn Uqba}}, companheiro do profeta,<ref name=eslam /> mas divorciou-se após se ter convertido.
 
AmrAmir tornou-se rapidamente um destacado comandante do exército de Maomé,<ref name=witp /> tendo comandado [[Abu Baquir]], [[Omar]] e [[Abu Ubaidá ibne Aljarrá]] na campanha de {{ilc|Dhat as-Salasil||Daat al-Salaasil|Salasil}} (também chamada "{{ilc|Expedição de Abu Ubaida ibne Aljarrá|Expedição de Abu Ubaidá|Expedição das Folhas|lk=Abu Ubaidá ibne Aljarrá}}", "Expedição das Folhas" ou "do Peixe"). Além de comandante militar, AmrAmir era também o líder religioso dos seus homens, dirigindo os serviços religiosos à frente dos seus oficiais.<ref name=ali40 />
 
AmrAmir foi enviado a [[Omã]] e ali teve um papel determinante na conversão dos líderes daquele país, Jayfar e `Abbad ibn Al-Juland. Foi governador daquela região até pouco tempo depois da morte de Maomé em 632.<ref name=witp />
 
===Durante os reinados de Abu Baquir e Omar===
{{Artigo principal|vt=s|Conquista muçulmana da Síria|Conquista muçulmana do Egito}}
 
Durante o reinado de [[Abu Baquir]] como [[califa]], a seguir à morte de Maomé, AmrAmir foi enviado com os exércitos árabes que invadiram a [[Palestina]]. Acredita-se que o seu papel na conquista da região foi muito importante e sabe-se que esteve no [[Cerco de Damasco (634)|cerco de Damasco de 634]] e nas batalhas de [[Batalha de Ajnadayn|Ajnadayn]] (634) e de [[Batalha de Jarmuque|Jarmuque]] (636).<ref name=brit />
 
[[Imagem:Cairo - Coptic area - Roman Tower.JPG|thumb|left|Ruínas da [[Fortaleza de Babilónia (Cairo)|Fortaleza romano-bizantina de Babilónia]]]]
 
Após o êxito das campanhas contra os bizantinos na Síria, AmrAmir sugeriu a [[Omar]] marchar sobre o Egito e Omar concordou. A verdadeira invasão começou no final de 640, quando AmrAmir atravessou a península do [[Sinai]] com {{fmtn|3500}} a {{fmtn|4000}} homens. Os relatos dizem que ele passou o feriado da peregrinação em [[Alarixe]] de 12 de dezembro de 640.{{
NotaNT|name=n640|
1=O artigo traduzido contradiz-se nesta data, já que refere que os reforços muçulmanos vindos da Síria juntaram-se a AmrAmir a 6 de junho de 640 e a [[batalha de Heliópolis]] ocorreu a 6 de julho de 640. Possivelmente a invasão começou no final de 639 e não em 640.
}} Depois de tomar a pequena cidade fortificada de [[Pelúsio]] (al-Farama) e repelir um ataque de surpresa dos bizantinos perto de [[Bilbeis]] (outra cidade fortificada), AmrAmir dirigiu-se à [[Fortaleza de Babilónia (Cairo)|Fortaleza de Babilónia]]{{Carece de fontes|bioh|hist-mo|data=novembro de 2011}} (no que é atualmente a zona chamada de [[Cairo Copta]]).
 
Depois de algumas escaramuças a sul dessa área, AmrAmir marchou sobre [[Heliópolis (Egito)|Heliópolis]] com reforços de {{fmtn|12000}} homens que tinham chegado a 6 de junho de 640 vindos da Síria. Aí defrontou-se com as forças bizantinas no Egito, comandadas por [[Teodoro Tritírio]].{{
NotaNT|
1=A crer no artigo {{Iwlink|en|Theodore Trithyrius|oldid=452997591}}, [[Teodoro Tritírio]] morreu na [[batalha de Jarmuque]] em agosto de 636, pelo que não poderia ter enfrentado o exército muçulmano em 641.
}} A [[batalha de Heliópolis]], travada a 6 de julho de 640, foi resolvida forma relativamente rápida, saldando-se por mais uma vitória dos muçulmanos que abriu caminho à queda de grande parte do Egito nas mãos dos muçulmanos. No entanto, a fortaleza só se rendeu após vários meses de cerco. [[Alexandria]], a capital da [[Egito (província romana)|província]] [[Antiga Roma|romano]]-bizantina há mais de mil anos, rendeu-se alguns meses mais tarde. No final de 641 foi assinado um tratado de paz nas ruínas de um palácio de [[Mênfis]].<ref name=Beat /> Apesar do bizantinos terem recuperado brevemente parte dos territórios perdidos em 645, foram novamente derrotados na [[batalha de Nikiou]], travada em maio de 646, após o que o país permaneceu firmemente sob o controlo dos árabes.{{Carece de fontes|bioh|hist-mo|data=novembro de 2011}}
 
Tendo sido nomeado governador da província recém-conquistada por Omar,<ref name=witp /> AmrAmir precisava de uma nova capital, Sugeriu que se instalasse um governo na grande e bem equipada cidade de Alexandria, na orla ocidental do [[Delta do Nilo]]. No entanto, Omar recusou, dizendo que não queria a capital separada dele por um curso de água. Assim, em 641, AmrAmir fundou uma nova cidade — [[Fustat]] — na margem oriental (direita) do Nilo, centrada na sua própria tenda, que estava montada junto à Fortaleza da Babilónia. AmrAmir mandou também erigir uma mesquita no centro da sua nova cidade. Essa mesquita foi a primeira do continente africano. A [[Mesquita de Amr ibn al-AsAmir]] ainda existe atualmente na parte antiga do Cairo ("Mácer al-Adima" - ''Masr el -Adima''), apesar de ter sido reconstruída extensivamente ao longo dos séculos e nada reste da sua estrutura original.{{Carece de fontes|bioh|hist-mo|data=novembro de 2011}}
 
Embora alguns egípcios não tenham apoiado as tropas bizantinas durante a conquista árabe, algumas aldeias começaram a organizar-se contra os novos invasores. Depois da batalha de Nikiou, em 646, as tropas árabes destruíram muitas aldeias egípcias na sua marcha para Alexandria durante uma revolta que estalou contra os invasores no Delta. A resistência dos egípcios parece ter ocorrido aladeiaaldeia a aldeia,{{esclarecer}} sem um comando unificado central, o que deve ter contribuído para o seu falhanço.{{Carece de fontes|bioh|hist-mo|data=novembro de 2011}}
 
Maomé tinha dito uma vez a AmrAmir — ''«quando conquistares o Egito, sê bondoso para o seu povo, pois eles são os teus amigos e parentes protegidos»'' (a mulher ou escrava favorita de Maomé, {{ilc|Maria|Maria, a Copta|Maria al-Qibtiyya|Maria Qupthiya}}, a [[Coptas|Copta]], era egípcia).{{Carece de fontes|bioh|hist-mo|data=novembro de 2011}}
 
====Destruição da Biblioteca de Alexandria====
{{Artigo principal|Destruição da Biblioteca de Alexandria}}
 
É usual apontar-se AmrAmir ibnibne al-AsAlas como o protagonista da destruição da [[Biblioteca de Alexandria]], embora desde o {{séc|XVIII}} isso seja tema de controvérsia entre os historiadores, nomeadamente devido às contradições das poucas fontes históricas conhecidas, todas datadas de pelo menos 500 anos depois do {{séc|VII}}. Aconselhado por Omar, a quem teria pedido instruções, AmrAmir teria distribuído os livros da biblioteca pelos banhos de Alexandria para servirem de combustível de aquecimento. A queima dos livros ter-se-ia prolongado por seis meses. É famosa a resposta supostamente enviada a AmrAmir por Omar em relação à biblioteca: ''«se esses livros estiverem de acordo com o Alcorão, então não precisamos deles para nada; e se eles se opõem ao Alcorão, destrói-os.»''<ref name=PoulainM /><ref name=rogerP /><ref name=Pococke />
 
===Reinados de Otomão, Ali e Moáuia ===
[[Imagem:Fostat-329.jpg|thumb|upright|Postal do início do {{séc|XX}} da área onde foi fundada Fustat, no Cairo Antigo]]
 
Em 644 [[Otomão]] tornou-se califa depois do assassinato de Omar. AmrAmir continuou como governador do Egito durante os primeiros tempos do reinado de Otomão mas este acabaria por destituí-lo, nomeando no seu lugar o seu irmão adotivo [[Abdulá ibne Saade]]. AmrAmir ficou muito ofendido com a sua destituição e foi encontrar-se com Otomão a Medina, uma reunião que azedou ainda mais as relações entre eles. AmrAmir passou então a criticar duramente o governo de Otomão e teve um paper destacado na instigação do descontentamento contra Otomão. Na revolta que estalou contra este, os egípcios estiveram na linha da frente e uma das razões para isso era a demissão de AmrAmir. Este não escondia a sua oposição ao califa e desafiava-o abertamente, dizendo que levantaria todo o império muçulmano contra ele. Quando a revolta [[Cerco de Otomão|ganhou força em Medina]], AmrAmir retirou-se para a Palestina e era aí que se encontrava quando Otomão foi assassinado.<ref name=witp />
 
Após o assassínio de Otomão, [[Ali]] foi eleito califa. AmrAmir manteve-se neutro na Palestina, provavelmente na expetativa de lhe ser novamente entregue o governo do Egito. No entanto, Ali entregou o cargo a {{ilc|Cais ibne Saade||Qais bin Sa'ad}}, que se revelaria um bom governador, que manteve o Egito seguro e fiel a Ali. Entretanto [[Moáuia I|Moáuia ibne Abi Sufiane]] conseguiu criar desconfiança entre Ali e Cais e este acabou por ser deposto. Mais uma vez, AmrAmir aspirou ao cargo, mas Ali nomeou {{ilc|Maomé ibne Abi Baquir||Muhammad ibn Abi Bakr|Muhammad ibn Abu Bakr|Muhammad bin Abu Bakr}}, o que levou AmrAmir, despeitado a aproximar-se de Moáuia.<ref name=witp />
 
Moáuia estava ciente de que para os seus planos de derrubar Ali fossem bem sucedidos, teria que garantir que o Egito não apoiaria Ali contra ele. Por isso tecido a trama de intrigas que levou à destituição de Cais. Maomé Abu Baquir tinha um carácter impulsivo e tempestuoso e adequava-se aos planos de Moáuia provocar distúrbios no Egito. Para isso precisava de alguém com influência na província e concluiu que AmrAmir era a pessoa mais bem colocada para retirar o controlo do Egito a Ali. Por isso, convidou-o para [[Damasco]], onde o recebeu quase como um rei. Os dois aliaram-se, tendo Moáuia dado o comando do seu exército a AmrAmir e prometido que o faria governador do Egito caso ele conseguisse conquistar aquela província. Esta aliança entre AmrAmir e Moáuia provou ser um grande revés para Ali naquilo que ficou conhecido como [[Primeira Guerra Civil Islâmica|Primeira Fitna]] (ou "Primeira Guerra Civil Islâmica"), entre Ali e Moáuia.<ref name=witp /><!--
 
**** NOTA: em http://www.witness-pioneer.org/vil/Articles/companion/58_ali_bin_talib.htm há muito mais material que não foi aqui incluído.
 
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Foi AmrAmir quem, em nome de Moáuia, chefiou as negociações com Ali, representado por {{ilc|Abu Muça al-Axari||Musa Ashaari|Abu Musa al-Ashari|Abu Musa al-Achari}}. AmrAmir esteve também na [[batalha de Siffin]], travada em julho de 657 entre as tropas de Ali e de Moáuia<ref name=brit />
 
AmrAmir ibnibne al-AsAlas encontrava-se em Fustat como governador do Egito em nome de Moáuia quando morreu em {{Dtext|6|1|664}}.<ref name=morte group=nt />
 
==Notas==