Guerra Franco-Prussiana: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Flag of France.svg|22px]] [[Terceira República Francesa]] (a partir de 4 de setembro de 1870)
|combatente2 =[[Ficheiro:Flag of the German Empire.svg|22px]] [[Confederação da Alemanha do Norte]] (Liderada pela [[Reino da Prússia|Prússia]])<br/>
[[Ficheiro:Flagge Großherzogtum Baden (1871-1891).svg|22px]] [[Grão-ducadoDucado de Baden|Baden]]<br/>
[[Ficheiro:Flag of Bavaria (striped).svg|22px]] [[Reino da Baviera|Baviera]]<br/>
[[Ficheiro:Flagge Königreich Württemberg.svg|22px]] [[Reino de Württemberg|Württemberg]]<br/>
[[Ficheiro:Flag of the German Empire.svg|22px]] [[Império Alemão]] (a partir de 18 de janeiro de 1871)
|comandante1 = [[Ficheiro:Flag of France.svg|22px]] [[Napoleão III de França|Napoleão III]]<br/>
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|comandante2 = [[Ficheiro:Flag of the German Empire.svg|22px]] [[Guilherme I da Alemanha|Guilherme I]]<br/>
[[Ficheiro:Flag of the German Empire.svg|22px]] [[Otto von Bismarck]]
|força1 = 492.585{{fmtn|492585}} ativos<br/>
417.366{{fmtn|417366}} Garde Mobile
|força2 = 300.000{{fmtn|300000}} regulares<br/>
900.000{{fmtn|900000}} reservas
|vítimas1 = 138.871{{fmtn|138871}} Mortos<br/>
143.000{{fmtn|143000}} Feridos<br/>
474.414{{fmtn|474414}} Capturados
|vítimas2 = 44.781{{fmtn|44781}} Mortos<br/>
89.732{{fmtn|89732}} Feridos
}}
A '''Guerra Franco-Prussiana''' ou '''Guerra Franco-Germânica''' ([[19 de julho]] de [[1870]] - [[10 de maio]] de [[1871]]) foi um conflito ocorrido entre [[Segundo Império Francês|Império Francês]] e o [[Reino da Prússia]] no final do [[século XIX]]. Durante o conflito, a Prússia recebeu apoio da [[Confederação da Alemanha do Norte]], da qual fazia parte, e dos estados do [[Grão-ducadoDucado de Baden|Baden]], do [[Reino de Württemberg|Württemberg]] e do [[Reino deda Baviera|Baviera]]. A vitória incontestável dos alemães marcou o último capítulo da unificação alemã sob o comando de [[Guilherme I da PrússiaAlemanha|Alemanha]].<ref name="Unificações"/>. Também marcou a queda de [[Napoleão III de França|Napoleão III]] e do [[monarquia|sistema monárquico]] na França, com o fim do [[Segundo Império Francês|Segundo Império]] e sua substituição pela [[Terceira República Francesa]]. Também como resultado da guerra, ocorreu a anexação da maior parte do território da [[Alsácia-Lorena]] pela Prússia, território que ficou em união com o [[Império Alemão]] até o fim da [[Primeira Guerra Mundial]].
 
== Motivos da guerra ==
 
As causas da Guerra Franco-Prussiana estão profundamente enraizadas nos eventos que cercam o [[equilíbrio de poder]] entre grandes potências após as [[Guerras Napoleônicas]]. França e Prússia eram inimigos durante essas guerras, com a [[França]] do lado derrotado e [[Napoleão IBonaparte]] exilado para [[Ilha de Elba|Elba]]. Após a ascensão de [[Napoleão III de França|Napoleão III]], que ocorreu como resultado de um golpe de Estado na França, e com o final da [[Guerra da Crimeia]], que carrega uma provisão no [[Tratado de Paris (1856)|Tratado de Paris]] onde o [[mar Negro]] russo deveria ser uma zona desmilitarizada, cria-se uma condição favorável para a [[unificaçãoUnificação Alemã|unificação alemã]] que, em pouco tempo, os trouxe para a guerra após a [[Guerra dos Ducados do Elba]] (1864), contra a Dinamarca e a [[Guerra Austro-Prussiana]] (1866).
 
A [[Espanha]] estava sem rei desde [[1868]], devido à abdicação de [[Isabel II de Espanha|Isabel II]], em virtude da [[Revolução de 1868]] e as [[Cortes Gerais (políticaEspanha) |Cortes]] - [[parlamento]] espanhol - ofereceram a coroa ao príncipe prussiano [[Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen]], primo do rei da [[Reino da Prússia|Prússia]], [[Guilherme I da Alemanha|Guilherme I]]. Um [[Casa de Hohenzollern|Hohenzollern]] no trono espanhol seria demais para a Europa antiprussiana.<ref name=autogenerated1>{{citar web|url=http://books.google.com/books?id=aIdxJLe3AMIC&pg=PA167&dq=%22Guerra+franco-prussiana%22&as_brr=0&hl=pt-BR&cd=1#v=onepage&q=&f=false | titulo=100 guerras que mudaram a história do mundo - Pág. 167: Guerra Franco-Prussiana (1870 - 1871) | Autor = Samuel Willard Crompton | data=2005 | publicado= Google Books, Ediouro Publicações | acessodata=01/03/2010}}</ref>. O imperador francês [[Napoleão III de França|Napoleão III]] pressionou a [[Reino da Prússia]] para impedir que o parente distante do rei prussiano assumisse o trono espanhol. O ministro do exército francês realizou, na câmara, um discurso indignado e belicoso contra a Prússia, o que gerou sentimentos antifranceses no sul da [[Alemanha]].<ref name="BRAESC">{{Citar web|url=http://guerras.brasilescola.com/seculo-xvi-xix/guerra-francoprussiana.htm|título=Guerra Franco-Prussiana|publicado=Brasil Escola|língua2=pt|acessodata=10 de maio de 2012}}</ref>.
 
=== Pretexto da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) ===
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[[Ficheiro:Edouard Detaille - La Salue aux Blessés.jpg|esquerda|thumb|upright=1.0||Oficiais alemães prestam homenagem aos prisioneiros franceses feridos, 1876<br><small>[[Édouard Detaille]]</small>]]
 
O chanceler prussiano [[Otto Vonvon Bismarck]] e seus generais estavam interessados em uma guerra contra a França, pois esse país punha empecilhos à integração dos [[Estado]]s do sul da [[Alemanha]] na formação de um novo país dominado pelo [[Reino da Prússia]] - o [[Império Alemão]]. Bismarck, o unificador da Alemanha, preparara um poderoso exército e conhecia a situação precária do exército francês. Sabia também que, se fosse atacado pelos franceses, teria o apoio dos estados alemães do Sul e, derrotando a França, já não haveria nenhum obstáculo a seu projeto de unificar a Alemanha. Por outro lado, os conselheiros de Napoleão III asseguraram-lhe que o exército francês era capaz de derrotar os prussianos, o que restauraria a declinante popularidade do imperador, perdida em consequência das muitas derrotas diplomáticas sofridas.
 
Ele também sabia da superioridade de seu poderio militar sobre o exército francês. Todavia, antes de o conflito começar, [[Napoleão III de França|Napoleão III]], temendo a expansão prussiana, protestou e exigiu do rei da Prússia a renúncia do príncipe Leopoldo, que desistiu de disputar o trono espanhol.
 
{{História da França}}
 
Napoleão III, ainda não satisfeito, e para agradar à [[opinião pública]] francesa, exigiu novas garantias de que jamais um membro de sua família ocuparia o trono espanhol. Apesar de [[Guilherme I da Alemanha|Guilherme I]] aceitar todas as condições impostas pelo imperador francês, este último insistia que o rei deveria dar estas garantias e negociar pessoalmente com o embaixador Benedetti da França. O rei prussiano, que anteriormente atendera a todas as reivindicações de Napoleão III, refutou ter que negociar e dar novas garantias ao embaixador francês. Em [[Paris]], a atitude do rei prussiano foi tida como uma ofensa ao orgulho nacional da França e ao povo francês.
 
Finalmente, França e Prússia entraram em guerra em [[1870]]. A guerra em si foi provocada por Bismarck, que habilmente insultou a França e alterou uma indiscutível mensagem de seu rei (o [[Despacho de Ems|telegrama de Ems]] - telegrama que Napoleão III enviou ao rei Guilherme I da Prússia),<ref name=autogenerated1 />, que buscava justamente dar fim à crise.
 
== Alianças e início das operações ==
 
A [[Reino da Prússia|Prússia]] desde logo contou com o apoio dos estados germânicos do Sul na sua luta contra a [[Segundo Império Francês|França]]. As forças alemãs estavam unificadas sob o comando supremo de [[Guilherme I da Alemanha|Guilherme I]] que contava com o grande estrategista [[Helmuth von Moltke]] como chefe do [[Estado-Maior]]. À frente das tropas francesas encontrava-se [[Patrice Mac-Mahon]].
 
Exércitos prussianos avançaram para dentro da França. A eficácia da ofensiva alemã contrastou com a ineficiência da mobilização francesa. As forças francesas foram expulsas da [[Alsácia]], enquanto a divisão de exército francês, comandado pelo general [[François Achille Bazaine]], foi obrigada a se retirar de [[Metz]].
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{{Ver artigo principal|[[Batalha de Sedan]]}}
 
Um exército chefiado pelo próprio [[Napoleão III de França|Napoleão III]] e pelo marechal [[Patrice Mac-Mahon]] tentou libertar o general [[François Achille Bazaine]], em [[Metz]], mas acabou cercado por [[Helmuth von Moltke]] em [[31 de agosto]], na [[batalha de Sedan]], que decidiu o conflito.
 
Em [[1 de setembro]], os franceses tentaram inutilmente romper o cerco e, em [[2 de setembro]], Napoleão, Mac-Mahon e 83&nbsp;000{{fmtn|83000}} soldados renderam-se aos alemães. Napoleão III foi capturado e, desacreditado aos olhos dos franceses, deixou de ser imperador.
 
A resistência francesa prosseguiu sob um novo governo de defesa nacional, que assumiu o poder em [[Paris]] em [[4 de setembro]], depois de dissolver a [[Assembleia LegislativaNacional Francesa|Assembleia Nacional]], proclamar a deposição do imperador e estabelecer a [[república]]. Bismarck recusou-se a assinar a paz e, em [[19 de setembro]], começou o cerco a [[Paris]]. No dia [[19 de setembro|19]], os alemães começaram a sitiar Paris<ref name="BRAESC"/>. O novo governo dispôs-se a negociar com Bismarck, mas suspendeu as conversações quando soube que os alemães exigiam a [[Alsácia]] e a [[Lorena (França)|Lorena]]. O principal líder do novo governo, [[Léon Gambetta]], fugiu de Paris num [[balão]], estabelecendo um governo provisório na cidade de [[Tours]] para reorganizar o exército no interior. A partir daí seriam organizadas 36 divisões militares, todas destinadas ao fracasso.
 
A vitória em Sedan estimulou o nacionalismo no sul da Alemanha e os [[estado]]s germânicos ao sul do [[rio Meno]] ([[Grão-Ducado de Hesse]], [[Grão-Ducado de Baden]], [[Reino da Baviera]] e [[Reino de Württemberg]]) entraram na [[Confederação Germânica|Confederação]]. A esses estados, porém, foram garantidas certas autonomias, como, por exemplo, exército próprio em tempo de paz. Com a integração desses estados ao novo [[Reich]] (II"Segundo Reich"; pois o I"Primeiro Reich" ou [[Sacro Império Romano-Germânico]], foi fundado por [[Carlos Magno]], rei [[francos|franco]], sucedido mais adiante por [[Otão I do Sacro Império Romano-Germânico|Otão I]]), completou-se a última etapa para a [[Unificação Alemã|unificação alemã]].
 
=== A Comuna de Paris ===
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| image1 = BismarckundNapoleonIII.jpg
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| caption1 = [[Napoleão III de França|Napoleão III]] e [[Otto von Bismarck|Bismarck]] após a batalha de Sedan
| image2 = Friedrich III and Field Marshal Helmut von Moltke.jpg
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| caption2 =O futuro imperador [[Frederico III da Alemanha|Frederico III]] e [[Helmuth von Moltke]]. Pintura de<br><small>Por [[Anton von Werner]] </small>
| image3 = Disderi 3.jpg
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| caption3 =Barricadas erguidas pelos ''[[communardscommunard]]s'' em frente a La Madelaine
| image4 = Wernerprokla.jpg|thumb
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| caption4 =[[Otto von Bismarck|Bismarck]] (figura central, de branco) proclama o [[Império Alemão]] no [[Palácio de Versalhes]], óleo<br><small>Óleo de [[Anton von Werner]]</small>
}}
 
Esperanças de um contra-ataque francês dispersaram-se quando o marechal [[François Achille Bazaine]], com um exército de 173&nbsp;000{{fmtn|173000}} homens, apresentou sua rendição, em [[Metz]], no dia [[27 de outubro]] .<ref name="Unificações">{{Citar web |url=http://www.culturabrasil.org/unificacao.htm |titulo=Unificações Nacionais – Itália, Alemanha e EUA<!-- Titulo gerado automaticamente -->|acessodata= [[2 de abril]] de [[2010]] }}</ref>.

A capitulação oficial de [[Paris]] ocorreu em [[28 de janeiro]] de [[1871]]. [[Louis Adolphe Thiers]], velho político francês, foi eleito pela assembleia como chefe do [[Poder Executivo|executivo]] e solicitou um [[armistício]] aos prussianos, o qual foi concedido por Bismarck. O armistício incluía a eleição de uma assembleia nacional francesa que teria a autoridade de firmar uma paz definitiva. A [[Assembleia Nacional Francesa]] reuniu-se em [[Bordéus]], em [[13 de fevereiro]], nomeando Louis Adolphe Thiers o primeiro presidente da [[Terceira República Francesa]]. O acordo, negociado por Thiers, foi assinado em [[26 de fevereiro]] e ratificado em [[1º de março]]. A população de Paris, entretanto, recusou-se a depor as armas e, em março de [[1871]], revoltou-se, estabelecendo um breve governo revolucionário, a [[Comuna de Paris]].
 
=== O fim da guerra: O Tratado de Frankfurt ===
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{{Ver artigo principal|[[Tratado de Frankfurt]]}}
 
O governo francês assinou, em [[10 de maio]] de [[1871]], o [[Tratado de Frankfurt]], pondo fim à guerra entre a [[França]] e a [[Reino da Prússia|Prússia]]. Neste documento ficava estabelecido que, por direito de guerra e pela população da a [[Alsácia-Lorena]] ser de maioria germânica, a província francesa da [[Alsácia]] e parte da [[Lorena (França)|Lorena]] (até mesmo [[Metz]]) passariam para o domínio do [[Império Alemão]]. Devido aos grandes danos causados à Prússia, a França foi obrigada a pagar uma [[indenização]] de guerra de cinco bilhões de francos de ouro e a financiar os custos da ocupação das províncias do norte pelas tropas alemãs, até o pagamento da indenização. Em troca, foram libertados 100 mil [[Prisioneiro de guerra|prisioneiros de guerra]] franceses, os quais foram admitidos nas linhas prussianas para reprimir a [[Comuna de Paris]]. Depois de dois meses de luta sangrenta, a Comunacomuna foi esmagada pelas tropas de [[Louis Adolphe Thiers]].
 
O maior triunfo de [[Otto von Bismarck]] ocorreu em [[18 de janeiro]] de [[1871]], quando [[Guilherme I da Alemanha|Guilherme I da Prússia]] foi proclamado [[Império Alemão|imperador da Alemanha]] em [[Palácio de Versalhes|Versalhes]], o antigo palácio dos reis da França. Para a Prússia, a proclamação do [[Segundo Reich|Segundo Império alemãoAlemão]] foi o clímax das ambições de Bismarck de [[Unificação da AlemanhaAlemã|unificar a Alemanha]]<ref name="BRAESC"/>.
 
A onerosa obrigação francesa só foi cumprida em setembro de [[1873]]. Naquele mesmo mês, as tropas alemãs abandonaram a França, depois de quase três anos de ocupação.
 
== Motivos da derrota francesa na guerra ==
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A derrota da [[França]], comandada pelo general francês [[Patrice Mac-Mahon]], deu-se por ser o exército prussiano maior e estar mais bem organizado para a guerra. Enquanto os [[canhão|canhões]] franceses eram carregados pela boca, os [[Reino da Prússia|prussianos]] tinham os famosos [[Krupp AG|Krupp]], de aço, carregados pela [[culatra]], o que possibilitava tiro mais rápido. Paris resistiu o quanto pôde aos prussianos, mas capitulou após quatro meses, por causa da fome.
 
Logo a Prússia mostrou-se preparada o suficiente para encurralar a França em seu próprio território. Os franceses perderam em todas as frentes, o que sucedeu na esmagadora vitória na [[batalhaBatalha de Sedan]] ([[1 de setembro]] de [[1870]]), na qual o próprio imperador francês foi feito prisioneiro. No dia [[2 de setembro]] de [[1870]], concluiu-se a batalha de Sedan, onde a cavalaria francesa resistiu bastante, a ponto do rei [[Guilherme I da PrússiaAlemanha|Guilherme I]] admirar a bravura com que estes lutaram. Porém, Napoleão III viu que era inútil sacrificar tantos soldados seus, e mandou hastear a bandeira branca, e entregou sua espada, ficado prisioneiro do rei prussiano. Dois dias depois, a república seria proclamada em Paris. No dia [[20 de setembro]], os prussianos cercavam Paris. Perante esta situação, o governo de Defesa Nacional (republicano, em funções desde [[4 de setembro]], alturaquando emNapoleão queIII depuserafoi Napoleão IIIdeposto) assinou a rendição. Na [[Tratado de Frankfurt|paz de Frankfurt]], ([[10 de maio]] de [[1871]]), a França, para além de pagar uma pesada indenização de 5 bilhões de francos para a Prússia, entregava o rico território da [[Alsácia-Lorena]], de maioria germânica e rico em carvão e hematita (minério de ferro), para o novo [[Império Alemão]].
 
{{Referências|col=2}}