Declínio contemporâneo da biodiversidade mundial: diferenças entre revisões

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== Biodiversidade ==
[[Imagem:Aerial view of the Amazon Rainforest.jpg|thumb|esquerda|A [[floresta amazônica]] é um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade.]]
 
Na definição da ''[[Convenção sobre a Biodiversidade]]'' (doravante nomeada CB - ver nota:<ref>Como informa o [[Ministério do Meio Ambiente]] do Brasil, a ''Convenção sobre a Biodiversidade'' é a maior autoridade mundial em biodiversidade: "É um tratado da Organização das Nações Unidas e um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente. A ''Convenção'' foi estabelecida durante a notória ''[[ECO-92]]'' – a ''Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento'' (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 – e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas ao tema. Mais de 160 países já assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993.... A ''Convenção'' abarca tudo o que se refere direta ou indiretamente à biodiversidade – e ela funciona, assim, como uma espécie de arcabouço legal e político para diversas outras convenções e acordos ambientais mais específicos, como o ''[[Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança]]''; o ''[[Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura]]''; as ''[[Convenção de Bonn|Diretrizes de Bonn]]''" etc. [http://www.mma.gov.br/biodiversidade/convencao-da-diversidade-biologica]</ref>), [[biodiversidade]] é "a variabilidade entre organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas".<ref>Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica. [http://www.cbd.int/gbo3/ ''Panorama da Biodiversidade Global 3''], 2010, p. 15</ref> O termo é também usado para se referir genericamente a todas as espécies e [[habitat]]s de uma determinada região ou de todo o planeta.<ref name="Chapter 1a">Secretariat of the Convention on Biological Diversity. [http://www.cbd.int/gbo1/chap-01.shtml "Chapter 1a: Status and Trends of Global Biodiversity"]. In: ''Global Biodiversity Outlook 1'', 2001.</ref> Apesar da amplitude do conceito, ainda segundo a CB, de costume ele é mais empregado em relação ao número de espécies.<ref name="Chapter 1b">Secretariat of the Convention on Biological Diversity. [http://www.cbd.int/gbo1/chap-01-02.shtml "Chapter 1b: Status and Trends of Global Biodiversity"]. In: ''Global Biodiversity Outlook 1'', 2001.</ref>
 
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[[Imagem:ROM-BirdGallery-PassengerPigeon.png|thumb|Exemplar empalhado da [[pomba-migratória]], [[Royal Ontario Museum]], Toronto. Em seu auge foi possivelmente a ave mais abundante do planeta, com uma população estimada em 3 a {{Tooltip num|5|Bilhão|bilhões|9|5000000000}} de indivíduos. Durante suas migrações, ao passarem pelas cidades, bandos de centenas de quilômetros de extensão escureciam os céus por dias inteiros. Em vista dessa vasta população, acreditava-se que jamais desapareceria, mas desapareceu em virtude da caça predatória e da rápida degradação do seu habitat pelo homem. O último bando, com cerca de 250 mil aves, foi exterminado em um único dia de caçada em 1896, deixando poucos sobreviventes, e o [[Martha (pombo-passageiro)|último exemplar conhecido]] morreu num zoológico em 1914, sem que sua reprodução fosse conseguida em cativeiro. A extinção da pomba-migratória se tornou uma das mais emblemáticas e dramáticas do processo de declínio da biodiversidade pela ação humana.<ref>[http://www.ulala.org/P_Pigeon/Audubon_Pigeon.html ''The Writings of Audubon'']. Ulala.org</ref><ref>Department of Vertebrate Zoology, National Museum of Natural History in cooperation with Public Inquiry Services. [http://www.si.edu/encyclopedia_Si/nmnh/passpig.htm "The Passenger Pigeon"]. In: ''Encyclopedia Smithsonian''. Smithsonian Institution, março de 2001</ref><ref>Sullivan, Jerry. "The Passenger Pigeon: Once There Were Billions". In: ''Hunting for Frogs on Elston, and Other Tales from Field & Street''. University of Chicago Press, 2004, pp. 210-213</ref><ref>Lee, Paul A. [http://ecotopia.org/in-memoriam-passenger-pigeon/ ''In Memoriam, The Passenger Pigeon'']. EcoTopia.org</ref>]]
 
[[extinçãoExtinção em massa|Extinções massivas de espécies]] e grandes declínios populacionais não são uma característica exclusiva de nosso tempo. A partir dos registros [[fóssil|fósseis]], acredita-se que na longa história da vida na [[Terra]] a maior parte das extinções ocorreu em um ritmo mais ou menos constante, permitindo definir uma média aproximada do tempo de vida de uma espécie, que oscilaria entre um e dez milhões de anos,<ref name="Mace, Masundire & Baillie, p. 104"/> mas aparentemente cinco grandes eventos pontuais levaram a imensas e rápidas perdas em biodiversidade, como [[Extinção Permo-Triássica|o do período Permiano tardio]], quando julga-se que desapareceram em torno de 90% das espécies do planeta. O episódio mais recente, apelidado "[[extinção K-T]]", ocorreu há aproximadamente 65 milhões de anos, sendo o mais popularmente conhecido, pois nele desapareceram os [[dinossauros]]. Enquanto que esses eventos foram sempre causados por fenômenos naturais cataclísmicos, o atual declínio acentuado, todavia, se deve apenas às atividades humanas.<ref name="Lister">Lister, A. [http://www.plosbiology.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pbio.1001186 "Fifty Thousand Years of Extinction"] In: ''PLOS Biology'', 2011; 9(11):e1001186.</ref><ref name="Mace, Masundire & Baillie, p. 104"/>
 
Desde que o homem surgiu na Terra vem impactando negativamente o [[meio ambiente]], provocando o [[desmatamento]], degradando os solos, disseminando [[espécies invasoras]] por toda parte e destruindo ecossistemas, entre outros problemas ambientais antropogênicos (causados pelo homem).<ref>FAO [Martin, R. M. (coord.)]. [http://www.fao.org/docrep/016/i3010e/i3010e.pdf ''State of the World's Forests 2012''], p. 22</ref> À medida que se consolidavam e expandiam as civilizações sedentárias, os impactos passaram a ser mais acentuados, redefinindo-se ambientes inteiros graças às intervenções humanas.<ref name="Mogelgaard"/> Um dos resultados mais graves dessas intervenções é a extinção de grande número de espécies em praticamente todas as categorias [[taxonomia|taxonômicas]] principais, fenômeno conhecido como a "[[extinção em massa do Holoceno]]", ou a "sexta grande extinção", que iniciou após a última [[glaciação]], há cerca de 11 mil anos atrás, e que continua até os dias de hoje, com tendência à aceleração.<ref name="Lister"/><ref>Wake, David B. & Vredenburg, Vance T. [http://www.pnas.org/content/105/suppl.1/11466.long "Are we in the midst of the sixth mass extinction? A view from the world of amphibians"]. In: ''Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America'', ago/2008; 105 (1 suppl.):11466-11473</ref><ref>Barnosky, Anthony D. et al. "Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived?". In: ''Nature'', mar/2011; 471:51–57</ref>
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As mudanças climáticas, notadamente o [[aquecimento global]], são também um componente principal do presente declínio na biodiversidade. Os seres vivos precisam de condições climáticas relativamente estáveis para poderem sobreviver. Quando o clima muda, especialmente na velocidade em que isso está ocorrendo, muitas espécies não conseguem se adaptar a tempo para enfrentar a mudança, entram em declínio e se extinguem, uma ameaça que se torna mais aguda quando essas espécies são raras, vulneráveis ou vivem em ambientes isolados, como ilhas, que não possibilitam sua [[migração de animais|migração]] para áreas mais favoráveis. Outras são capazes de migrar, mas neste processo acabam invadindo territórios ocupados por outras espécies, que por sua vez passam a enfrentar grande [[competição]], podendo também ser extintas ou ter suas populações reduzidas.<ref name="Technical">Technical Expert Group on Biological Diversity and Climate Change. [http://unfccc.int/files/meetings/workshops/other_meetings/application/pdf/execsum.pdf ''Interlinkages between Biological Diversity and Climate Change: Advice on the integration of biodiversity considerations into the implementation of the United Nations Framework Convention on Climate Change and its Kyoto Protocol'']. Secretariat of the Convention on Biological Diversity, 2003, pp. 2-3</ref><ref name="Michigan"/> Como exemplo, nos últimos 30 anos a [[tundra]] do Hemisfério Norte já teve cerca de 9 milhões de km² invadidos por espécies arbóreas e arbustivas oriundas de [[regiões temperadas]] em função do aquecimento da [[ártico|região ártica]], fazendo recuar as espécies nativas para mais ao norte.<ref>Myneni, Ranga. "Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South". ''EurekAlert'', 10/03/2013</ref> No cenário atual, em que se espera uma progressão nas mudanças climáticas, este fator, dada sua universalidade e alta penetração, pode se tornar preponderante num futuro próximo, isoladamente ou em combinação com os outros, afetando virtualmente todos os seres vivos do planeta de maneiras impossíveis de prever com exatidão, com impacto generalizado.<ref name="Technical"/><ref name="Michigan"/> A IUCN considera que até 70% de todas as espécies conhecidas serão extintas se a temperatura média do mundo subir mais do que 3,5ºC, uma possibilidade real de acordo com alguns modelos teóricos,<ref name="Global Issues"/> e que de acordo com as tendências atuais, se torna a cada dia mais provável, senão mesmo inevitável, como já pensam vários cientistas acreditados,<ref>Motta, Claudia. "Gelo no Ártico pode diminuir 94% e o nível do mar subiria 82 cm até 2100". ''O Globo'', 27/09/2013.</ref><ref>UNEP. ''The Emissions Gap Report 2013: Executive Summary''.</ref> diante da insensibilidade geral da sociedade para com o problema, desencadeando ampla redistribuição geográfica das espécies sobreviventes e profundas repercussões na sociedade.<ref name="Secretariado 9-10"/>
 
[[Imagem:EVOSWEB 013 oiled bird3.jpg|thumb|Aves mortas no derramamento de petróleo do navio-tanque ''Exxon Valdez'' no Ártico. A poluição é uma das grandes causas do declínio da biodiversidade.]]
 
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=== Filosofia, ética e direito ===
Após o fim da [[II Guerra Mundial]] começou a se tornar visível no horizonte uma profunda crise ambiental em rápida aproximação. Desde lá a comunidade científica, as academias e as elites políticas passaram a dedicar uma atenção mais concentrada ao assunto, que também ganhou as ruas e as mídias nas primeiras manifestações importantes do [[ambientalismo|movimento ecológico]] nascente.<ref name="Ferreira">Ferreira, Leila da Costa. "Apresentação". In: Tavolaro, Sergio Barreira de Faria. ''Movimento ambientalista e modernidade: sociabilidade, risco e moral''. Série Selo Universidade. Annablume/Fapesp, 2001, p. 13</ref><ref>Souza, Rosemeri Melo e. ''Redes de monitoramento socioambiental e tramas da sustentabilidade''. Annablume, 2007, pp. 81-83</ref><ref name="Cascino">Cascino, Fábio. ''Educação Ambiental''. Senac, 1999, pp. 26-30</ref><ref name="Cecília"/> Foram estabelecidos programas de preservação, foram criadas inúmeras áreas protegidas, surgiram partidos políticos verdes, o ativismo popular cresceu e absorveu uma considerável base científica, a legislação protecionista se multiplicou imenso, o tema até foi integrado ao currículo escolar básico em muitos países, e os governos do mundo estabeleceram diversas convenções internacionais com o objetivo de enfrentar o desafio.<ref>Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. ''O Programa Mab e as Reservas da Biosfera'', 2004</ref><ref name="Klemm"/><ref>Sordi, Jaqueline Orgler. ''O Ensino das Temáticas Ambientais nas Escolas''. TCC de Ciências Biológicas. UFRGS, 2010, pp. 28-34</ref><ref>Santos, Ailton Dias dos. ''Metodologias participativas: caminhos para o fortalecimento de espaços públicos socioambientais''. Editora Peirópolis, 2005, pp. 28-30</ref><ref>Brennan, Andrew & Lo, Yeuk-Sze. "Environmental Ethics". In: Edward N. Zalta (ed.). ''The Stanford Encyclopedia of Philosophy'', outono de 2011</ref><ref>Martell, Luke. ''Ecology and Society: An Introduction''. Polity Press, 1994, caps. I, II, IV</ref><ref>McCarthy, John. ''Ideology and Sustainability''. Formal Reasoning Group, Stanford University, 20/10/1995</ref><ref>Baylis, John & Smith, Steve. ''The Globalization of World Politics'', 3rd ed. Oxford University Press, 2005, pp. 454-455</ref><ref>Souza, pp. 99-100</ref>
 
[[Imagem:Jacob Savery the Elder - Garden of Eden - 1601.jpg|thumb|''[[Jardim do Éden]]'', pintura de [[Jacob Savery, o Velho]]. No mito cristão da [[criação de Adão|Criação do Homem]] a natureza é mostrada como obra divina, perfeita, rica e harmoniosa, mas cujo domínio foi entregue ao homem. Corrompido pela ambição, vaidade e rebeldia, ele caiu em pecado e foi condenado a deixar para trás aquele paraíso, passando a viver uma vida cheia de dificuldades.]]
 
A ciência tem constatado que muitos animais superiores sofrem, apresentam elevada [[inteligência]] e algum nível de [[autoconsciência]], e podem ter alguma [[emoções|vida emocional]]. Inúmeros outros seres possivelmente são dotados de alguma forma de sensibilidade ao sofrimento e maus tratos, além de possuírem capacidades sensoriais ainda mal conhecidas e sem paralelos entre as dos humanos.<ref name="Felipe"/><ref name="consciência"/><ref>Harrison, Peter. "Do Animals Feel Pain?". In: ''Philosophy'', jan/1991; 66 (255):25-40</ref><ref>Braithwaite, Victoria. ''Do Fish Feel Pain?'' Oxford University Press, 2010</ref><ref>Duncan, Ian J. H. [http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168159106001110 "The changing concept of animal sentience"]. In: ''Applied Animal Behaviour Science'', out/2006; 100 (1–2):11-19</ref><ref>Bekoff, Mark. "Animal Emotions and Animal Sentience and Why They Matter: blending 'science sense' with common sense, compassion and heart". In: Turner, Jacky & D'Silva, Joyce. ''Animals, Ethics and Trade: The Challenge of Animal Sentience''. Routledge, 2006, pp. 27-40</ref> Alguma sensibilidade semelhante, outros supõem, as plantas também podem ter. Estudos e mesmo a evidência empírica indicam que as plantas, embora desprovidas de um [[sistema nervoso]], possuem uma capacidade de "mapear" o seu ambiente através de receptores sensíveis a substâncias químicas, à luz, ao calor, à umidade e a estímulos táteis, capacidades que as fazem reagir e se adaptar ao meio.<ref name="Marder">Marder, Michael. "Plant intentionality and the phenomenological framework of plant intelligence". In: ''Plant Signaling & Behavior'', nov/2012; 7 (11):1365-1372</ref><ref>Cvrčková, Fatima; Lipavská, Helena & Žárský, Viktor. "Plant intelligence". In: ''Plant Signaling & Behavior'', mai/2009; 4 (5):394-399</ref><ref>Fein, Alan. ''Nociceptors and the Perception of Pain''. University of Connecticut: Health Center, 2012.</ref><ref>Bendig, Ben. [https://sbs.arizona.edu/project/consciousness/report_poster_detail.php?abs=1533 "Plant Sensitivity to Spontaneous Human Emotion"]. In: ''Psychology'', University of California, Los Angeles, Los Angeles, CA) P2</ref><ref>Nagel, A. H. M. "Are plants conscious?" In: ''Journal of Consciousness Studies'', 1997; 4 (3):215-230(16)</ref> Esses dados, que se acumulam em anos recentes, também atualizaram uma questão [[ética]] que já vinha sendo debatida há muito tempo por filósofos, religiosos e legisladores, que fora expressa já em 1972 na ''[[Declaração de Estocolmo]]'', adotada pela ONU, e que ficou perfeitamente clara a partir da elaboração da CB: "Temos o ''direito'' de destruir a biodiversidade?" Embora durante longos séculos a natureza tenha sido entendida predominantemente como um bem a ser explorado ao arbítrio do homem, existindo apenas para servi-lo, e embora a [[soberania nacional]] e a [[propriedade privada]] sejam princípios reconhecidos universalmente — e, por conseguinte, ainda que nenhuma entidade jurídica "possua" a biodiversidade, os organismos que vivem sob sua jurisdição em regra continuam, para todos os efeitos, sua posse exclusiva, assim como o são os objetos inanimados —, para muitos, a resposta àquela pergunta é: "Não".<ref name="legal">United Nations. [http://www.cbd.int/doc/legal/cbd-en.pdf ''Convention on Biological Diversity''], 1992.</ref><ref name="Boff">Boff, Leonardo. [http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/CadernodeDebates10.pdf ''Ética e Sustentabilidade'']. Caderno de Debates nº 10. Ministério do Meio Ambiente - Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável - Coordenação da Agenda 21.</ref><ref name="Maurício"/><ref name="Felipe">Felipe. Sônia T. [http://www.svb.org.br/curitiba/artigos/inerente.pdf "Valor Inerente e Vulnerabilidade: critérios éticos não-especistas na perspectiva de Tom Regan"]. In: Ética, jul/2006; 5 (3):125-146</ref><ref name="Maria do Céu">Neves, Maria do Céu Patrão. [http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/capacitacao_comites_etica_pesquisa_v1.pdf "A Bioética e sua Evolução"]. In: Ministério da Saúde do Brasil [Serruya, Suzanne Jacob & Motta, Márcia Luz da (orgs.)]. ''Capacitação para Comitês de Ética em Pesquisa''. Volume 1, 2006, pp. 29-31</ref><ref>[http://data.iucn.org/dbtw-wpd/edocs/EPLP-029.pdf "Editorial Preface"]. In: Klemm, Cyrille de (in collaboration with Clare Shine). ''Biological Diversity Conservation and the Law: Legal Mechanisms for Conserving Species and Ecosystems''. Environmental Policy and Law Paper No. 29. IUCN - The World Conservation Union, 1993, pp. xvii-xviii</ref><ref name="Klemm">Klemm, Cyrille de (in collaboration with Clare Shine). ''Biological Diversity Conservation and the Law: Legal Mechanisms for Conserving Species and Ecosystems''. Environmental Policy and Law Paper No. 29. IUCN - The World Conservation Union, 1993, pp. 1-7</ref> E esta negativa foi ratificada tanto na CB, que reconheceu o [[valor de existência|valor intrínseco]] da natureza e de sua variedade, como em outras convenções e compromissos internacionais, como a ''[[Declaração do Rio]]'', a ''[[Agenda 21]]'' e a ''[[Carta da Terra]]''.<ref name="legal"/><ref name="Klemm"/><ref name="Boff"/> A ''Declaração de Estocolmo'', por exemplo, afirma que o homem tem "a responsabilidade especial de salvaguardar e manejar sabiamente o patrimônio da vida selvagem e seus habitats, que estão atualmente em grave perigo",<ref>United Nations. [http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf ''Declaration of the United Nations Conference on the Human Environment'']. Conference on the Human Environment, Stockholm, 05-16/06/1972</ref> e a ''Carta da Terra'', elaborada durante a conferência [[Rio 92]] e adotada pela [[UNESCO]] em 2002 como um código de ética global, recebendo a adesão de mais de 4.500 organizações governamentais e internacionais,<ref>Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. [http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/carta_da_terra/index.php?p=249 "Carta da Terra"]. Prefeitura de São Paulo.</ref> chega a dizer explicitamente que "a proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado".<ref>Earth Charter Initiative. [http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html ''Carta da Terra''].</ref> É interessante assinalar, conforme a análise de Cyrille de Klemm, que o [[Direito Internacional]], ainda que não atribua individualidade jurídica a outros seres além da pessoa humana e não lhes ofereça os correspondentes instrumentos protetores, se encaminha para conceder em alguma medida um estatuto jurídico para cada espécie em separado.<ref name="Klemm"/>
 
[[Imagem:Poachers in Luangwa.JPG|thumb|Pescadores clandestinos detidos no [[Parque Nacional de Luangwa Sul]], Zâmbia, 2010.]]
 
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=== Iniciativas frustradas e controvérsias ===
A despeito desta importância magna em tantos níveis e de todos os esforços, os resultados práticos, no balanço final, foram paupérrimos, haja vista o agravamento generalizado do declínio. Houve muitas resistências em vários setores da sociedade que não acreditavam na extensão das perdas ou mesmo em sua realidade apesar das amplas evidências científicas, o enfrentamento entre os opostos chegou ao nível da violência, os governos frequentemente não tiveram condições ou mesmo vontade política de implementar mudanças e educar seu povo, interesses econômicos prevaleceram e a situação na verdade piorou muito, como já foi demonstrado.<ref name="Begley">Begley, Sharon. "The Truth About Denial". ''Newsweek Magazine'', 13/08/2007</ref><ref name="Francoh"/><ref name="Wilson">Wilson, John K. "The Influence of Lobby Groups on Public Opinion: The Case of Environmental Policy". In: European Association of Environmental and Resource Economists. ''14th Annual Conference'', Bremen, Alemanha, 23-26/06/2005, pp. 1-6</ref><ref>Sandell, Clayton. "Report: Big Money Confusing Public on Global Warming". ''ABC News'', 03/01/2007</ref><ref name="autogenerated2006">Adam, David. "Royal Society tells Exxon: stop funding climate change denial". ''The Guardian'', 20/09/2006</ref><ref>Layrargues, Philippe Pomier. ''A cortina de fumaça: o discurso empresarial verde e a ideologia da racionalidade econômica''. Annablume, 1998, pp. 66-70; 220</ref><ref name="Borges">Borges, Leonardo Estrela. "Direito Ambiental Internacional e Terrorismo: os impactos no meio ambiente". In: ''Boletim Científico da Escola Superior do Ministério Público da União'', Brasília, a. II – n. 9, pp. 75-94 – out./dez. 2003</ref><ref name="Union">Union of Concerned Scientists. "UCS Examines ''The Skeptical Environmentalist''", 2012.</ref><ref>Lomborg, Bjørn. "The Skeptical Environmentalist Replies". In: ''Scientific American'', 01/05/2002</ref>
 
[[Imagem:WildlifeTrade2.JPG|thumb|esquerda|180px|Borboletas e outros animais mortos para fins decorativos, um exemplo dos aspectos culturais ligados ao declínio da biodiversidade.]]
[[Imagem:Font-de-Gaume.jpg|thumb|esquerda|180px|Reconstrução de uma cena pré-histórica, em que homens primitivos pintam animais em uma caverna. A íntima associação simbólica entre o homem e a natureza é tão antiga quanto a humanidade, atestada por muitos registros arqueológicos.]]
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Também deve ser lembrado que o conhecimento científico sobre a natureza ainda continua incompleto e ainda não tem condições de prever ou avaliar adequadamente todas as possíveis consequências da interação entre todos os elementos constituintes do declínio da biodiversidade mundial, mesmo que mecanismos gerais sejam bem conhecidos. Por fim, a [[tecnologia]] disponível hoje também ainda é incapaz de lidar com parte dos efeitos já produzidos. Neste contexto, se torna particularmente importante a ''prevenção'' dos possíveis danos à biodiversidade.<ref name="Secretariado 9-10">Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica, pp. 9-10</ref><ref name="Technical"/>
 
[[Imagem:04 19.07.2012 Paren de Fumigar - Fuera Monsanto.jpg|thumb|Protesto contra a engenharia genética.]]
 
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Se muito é preciso fazer, se os riscos da inação são tão altos e preocupantes, e se as consequências negativas devem se patentear tão brevemente, como já estão fazendo a olhos vistos com gravidade progressiva, é preciso alavancar as mudanças já e sem hesitação.<ref>Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica, pp. 10-13</ref> O Secretariado da CB foi enfático ao analisar as perspectivas de futuro:
 
[[Imagem:Reintroduction.jpg|thumb|Soltura de filhotes de tartaruga em um programa de reintrodução de exemplares na vida silvestre.]]
 
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== Ver também ==
{{div col}}
* [[Ecologia]]
* [[Ambientalismo]]
Linha 165 ⟶ 173:
* [[Detrito marinho]]
* [[Millennium Seed Bank Project]]
{{div col fim}}
 
{{Referências|col=2}}
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* {{Link|es|2=http://www.cbd.int/2010/welcome/ |3=Año Internacional de la Diversidad Biológica |4=- Página oficial .}}
 
{{Portal3|Ecologia|Ambiente|Biologia|Eventos atuais}}
{{Ciência ambiental}}
{{Mudança do clima}}
{{Portal3|Ecologia|Ambiente|Biologia|Eventos atuais}}
 
[[Categoria:Biodiversidade]]