Junta Governativa de Caxias do Sul: diferenças entre revisões

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Caxias foi fundada em 1875 como uma colônia, povoada principalmente por [[Imigração italiana no Rio Grande do Sul|imigrantes italianos]]. Em 1884 já havia se desenvolvido consideravelmente, sendo transformada em distrito de [[São Sebastião do Caí]]. Porém, a mudança não agradou os colonos, pois a sede administrativa agora ficava a mais de 60 km de distância. Logo iniciaram um movimento para buscar a emancipação, mas ela só ocorreu em 20 de junho de 1890, através do Ato Estadual nº 257, passando a se denominar Vila de Santa Teresa de Caxias.<ref name="Memória"> Centro de Memória da Câmara Municipal de Caxias do Sul [Onzi, Geni Salete (org.)]. ''Palavra e Poder: 120 anos do Poder Legislativo em Caxias do Sul''. Ed. São Miguel, 2012, pp. 26-35</ref><ref>Giron, Loraine Slomp. "Caxias Centenária". In: Giron, Loraine Slomp & Nascimento, Roberto E. do (orgs.). ''Caxias Centenária''. EDUCS, 2010, pp. 313-343</ref> Além de já possuir nesta altura cerca de 16 mil habitantes e uma economia dinâmica, tendo condições de autogoverno, a administração estadual estava enfrentando sérios conflitos com os funcionários da Comissão de Terras e Colonização, que até então se responsabilizavam pelo assentamento dos colonos, cobrança de impostos e outros assuntos administrativos.<ref name="Machado"/>
 
APara notíciaorganizar dao elevaçãonovo município, no dia 28 o Governo do distritoEstado nomeou a vilaJunta foi recebidaGovernativa, com entusiasmoatribuições executivas e legislativas, composta de [[Ernesto Marsiaj]], presidente, [[Angelo Chittolina]] e [[Salvador Sartori]], todos eles imigrantes italianos que já haviam se destacado como lideranças no comércio e na política, sendo empossados em 2 de julho de 1890.<ref name="Memória"/> As primeiras reuniões foram realizadas em sala improvisada na escola pública, tendo como secretário [[José Domingues de Almeida]], depois transferidas para uma sede própria construída por [[Antônio Moro]].<ref>Adami, João Spadari. ''História de Caxias do Sul 1864-1970''. Edições Paulinas, 1971, pp. 269; 274</ref> A elevação do distrito à condição de vila foi comemorada em uma festa que durou três dias, organizada pela Junta entre 23 e 25 de agosto, quando foram batizados os sinos da [[Catedral de Caxias do Sul|Matriz]] e inaugurada uma exposição agroindustrial, que contou com a presença do presidente do estado, o general [[Cândido José da Costa]], evidenciando a importância que o governo atribuía à região e sua produção agrícola, depositando nela grandes esperanças de superar a crise econômica pela qual o estado passava.<ref name="Machado"/> Em 3 de setembro o Governo do Estado nomeou mais dois membros, [[Germano Parolini]] e [[Pedro Oldra]], e até sua extinção em 15 de dezembro de 1891 a Junta sofreria outras modificações em sua composição, passando a dela fazer parte também, por períodos variáveis, [[Romano Lunardi]], [[Rodolfo Félix Laner]], Antônio Moro e [[Luiz Michielin]]. Chittolina foi o único a permanecer ao longo de todo o período de vigência da Junta.<ref name="Memória"/><ref name="Machado">Machado, Maria Abel. [http://cdn.fee.tche.br/jornadas/1/s6a3.pdf "Empresários na busca do poder político: acordos e conflitos. Caxias do Sul, 1894-1935"]. In: ''Primeiras Jornadas de História Regional Comparada''. Porto Alegre, 23-25/08/2000</ref>
 
Os administradores tomaram uma série de providências práticas. Dividiram o município em dois distritos, o primeiro tendo como centro a sede urbana, e o segundo, o povoamento de Nova Trento; solicitaram ao Governo do Estado a remessa de cópia da legislação vigente e do sistema de pesos e medidas oficiais, implementaram provisoriamente o Código de Posturas que vigorava em São Sebastião do Caí, organizaram as receitas e despesas municipais e novos loteamentos, providenciaram reparos na escola pública, na [[Praça Dante Alighieri]], em ruas e estradas, regularizaram os limites geográficos do município, definiram locais para futuros logradouros públicos, criaram um matadouro público, nomearam uma série de funcionários para ocuparem postos de segundo escalão na administração, colaboraram nas obras da Igreja Matriz, e organizaram as eleições para o primeiro Conselho Municipal, entre outros atos.<ref>Adami, pp. 83; 278-301</ref>
Para organizar o novo município, no dia 28 o Governo do Estado nomeou a Junta Governativa, com atribuições executivas e legislativas, composta de [[Ernesto Marsiaj]], presidente, [[Angelo Chittolina]] e [[Salvador Sartori]], todos eles imigrantes italianos que já haviam se destacado como lideranças no comércio e na política, sendo empossados em 2 de julho de 1890. Em 3 de setembro o Governo do Estado nomeou mais dois membros, [[Germano Parolini]] e [[Pedro Oldra]], e até sua extinção em 15 de dezembro de 1891 a Junta sofreria outras modificações em sua composição, passando a dela fazer parte também, por períodos variáveis, [[Romano Lunardi]], [[Rodolfo Félix Laner]], [[Antônio Moro]] e [[Luiz Michielin]]. Chittolina foi o único a permanecer ao longo de todo o período de vigência da Junta.<ref name="Memória"/><ref name="Machado">Machado, Maria Abel. [http://cdn.fee.tche.br/jornadas/1/s6a3.pdf "Empresários na busca do poder político: acordos e conflitos. Caxias do Sul, 1894-1935"]. In: ''Primeiras Jornadas de História Regional Comparada''. Porto Alegre, 23-25/08/2000</ref>
 
A Junta enfrentou muitos problemas em sua atuação. O cenário era agitado por uma série de fatores. Os colonos tinham origens diferenciadas, e traziam da Itália antigas rivalidades; [[católicos]] e [[maçons]] não cessavam de promover enfrentamentos; as condições de vida na região ainda era difíceis, faltando muitos serviços e meios de subsistência essenciais; no momento da emancipação a vila se viu desprovida de fundos, precisando recorrer à cobrança de impostos atrasados com multas e juros, gerando descontentamento popular, e a disputa de poder entre grupos divergentes na vila era acirrada pelo turbulento ambiente estadual, dividido entre correntes de republicanos, seguidores de [[Júlio de Castilhos]], e federalistas, liderados por [[Joaquim Francisco de Assis Brasil|Assis Brasil]], cujos ecos se faziam sentir também em Caxias.<ref name="Memória"/><ref name="Machado"/> A tensão cresceu, e explodiu em [[Revolta dos Colonos (Caxias do Sul)|uma revolta]], iniciada em 26 de novembro de 1891, que derrubou a Junta e tomou posse das instalações de governo. Os revoltosos reivindicavam a melhoria nas estradas, ainda precaríssimas, e protestavam contra os impostos, além de divergirem da orientação política da administração. Com a intervenção do Governo do Estado, a revolta foi pacificada em 14 de dezembro, quando a Junta reassumiu suas funções. No dia seguinte ela deu posse ao primeiro Conselho Municipal, eleito em 20 de outubro, e encerrou suas atividades. Os conselheiros herdaram as funções dos antigos magistrados até a nomeação do primeiro intendente, [[Antônio Xavier da Luz]], em 5 de julho de 1892, quando os Poderes foram separados.<ref name="Memória"/>
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|bgcolor=#cccccc|'''Nº'''
|bgcolor=#cccccc|'''Nome'''
|bgcolor=#cccccc|'''Início do mandato'''<ref name="Adami">Adami, João Spadari. ''História de Caxias do Sul 1864-1970''p. Edições274</ref>
Paulinas, 1971, p. 274</ref>
|bgcolor=#cccccc|'''Fim do mandato'''<ref name="Adami"/>
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