F. W. Murnau: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m corr. LI, test, removed: ░, typos fixed: ultimo → último utilizando AWB
Linha 28:
==Primeiros anos==
===Infância e juventude===
Friedrich Wilhelm Plumpe nasceu em [[Bielefeld]], província de [[WestfáliaVestfália]], em [[28 de dezembro]] de [[1889]], e depois foi viver em Kassel a partir dos sete anos. Ele tinha dois irmãos, Bernhard e Robert, e duas irmãs, Ida e Anna. A Mãe, Otilie Volbracht, foi a segunda esposa de seu pai Heinrich Plumpe, proprietário de uma fábrica de roupas na parte noroeste da [[Alemanha]]. Sua casa muitas vezes se transformou em um palco para pequenas peças dirigidas por ele, que leu livros de [[Schopenhauer]], [[Nietzsche]], [[Shakespeare]] e peças de Ibsen quando tinha 12 anos. Ele tomou o nome de “Murnau” de Murnau am Staffelsee, cidade da [[Baviera]], a cerca de 70 &nbsp;km ao sul de [[Munique]]. Abertamente homossexual, Murnau nunca se casou, dedicando-se somente aos filmes. Estudou Filologia e, posteriormente, [[História da Arte]] e [[Literatura]] nas universidades de [[Heidelberg]] e [[Berlim]]. <ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
===1ª Guerra Mundial===
Por volta de [[1910]], o diretor [[Max Reinhardt]] viu no seu desempenho de estudante um talento promissor e decidiu convidá-lo para a sua escola de atores. Ele logo se tornou amigo de [[Franz Marc]] (pintor e uma das figuras mais importantes do movimento expressionista alemão), [[Else Lasker-Schüler]] (poetisa de origem judia afiliada ao movimento expressionista) e Hans Ehrenbaum-Degele (um [[banqueiro]] [[judeu]] e [[músico]], falecido no fronte russo durante a [[Primeira Guerra Mundial]]). Durante a Guerra, Murnau serviu como comandante de uma companhia na frente oriental e juntou-se à força aérea alemã no norte da [[França]] dois anos depois. Ele sobreviveu a oito acidentes sem ferimentos graves, permanecendo internado na [[Suíça]] até o fim da guerra, quando retornou à [[Alemanha]].<ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
==Carreira==
===Primeiros trabalhos===
De volta ao seu país de origem, Murnau logo estabeleceu seu próprio estúdio com o ator [[Conrad Veidt]], e seu primeiro filme foi “O garoto vestido de azul” ([[Der Knabe in Blau]]), um [[drama]] com cerca de uma hora de duração inspirado em uma pintura famosa de [[Thomas Gainsborough]], lançado em [[1919]]. O filme seguinte, “Satanás”, foi produzido por [[Robert Wiene]], baseado em roteiro de sua autoria, mas também está considerado como perdido – somente se conhece um fragmento do filme, de posse da Cinémathèque Française.
[[File:O garoto vestido de azul 2.jpg|thumb|left|Cena do filme ''[[Der Knabe in Blau]]'', de Murnau. ([[1919]])]]No mesmo ano, Murnau lançou seu terceiro filme, “Der Bucklige und die Tänzerin”, com roteiro de Carl Mayer, também considerado perdido, e “Der Janus-Kopf” (“The Head of Janus”), estrelado por [[Conrad Veidt]] e [[Bela Lugosi]], no qual Murnau explorou o tema da dupla personalidade, inspirando-se em “The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, de [[Robert Louis Stevenson]]. O filme era uma versão não-autorizada da obra de Stevenson, mas escapou aos olhos da mídia da época, no mesmo ano em que a [[Paramount Pictures]] filmou uma versão do [[romance]] chamada “[[Dr. Jekyll and Mr. Hyde]]”, estrelada por [[John Barrymore]]. Produzido por Erich Pommer, este é considerado mais um dos filmes perdidos de Murnau. O roteiro foi escrito por Hans Janowitz, que colaborou com Carl Meyer no roteiro de “[[O Gabinete do Dr. Caligari]]”, de [[1919]]. <ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
 
===''Nosferatu''===
Linha 40:
 
O primeiro filme importante de Murnau foi ''[[Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens|Nosferatu]]'' ([[1922]]), que incorpora inovações técnicas e efeitos especiais, como a imagem em [[negativo]] de árvores brancas sobre o céu negro e rompe com os modelos cenográficos da época no estilo “[[O Gabinete do Dr. Caligari]]”, outra obra marcante do [[expressionismo]]. Murnau prefere filmar toda ação em cenários naturais, nesta adaptação não oficial do “[[Dracula]]” de [[Bram Stoker]], com a viúva do autor chegando inclusive a processar Murnau e a justiça exigindo a destruição dos negativos. Murnau conseguiu salvar algumas cópias, e por isso o filme sobreviveu até os dias de hoje. A origem do título consta do romance de Stoker, onde é usada pelos romenos para se referirem ao Conde Drácula e, presumivelmente, aos não-mortos.
[[Ficheiro:Max Schreck 1922.jpg|thumb|Retrato do ator [[Max Schreck]] que interpretou o Conde Orlock no longa ''[[Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens|Nosferatu]]''.]]“Nosferatu” é um filme que ainda hoje permanece admirável, talvez o mais belo do expressionismo alemão, com seu castelo assombrado, o porto onde desembarca o navio infestado de ratos, a cidadezinha de Wisborg e o próprio Conde Orlock, interpretado por [[Max Schreck]] com seu crânio careca e seus dentes salientes.<ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
 
===''Der Letzte Mann'' e antecipação do Kammerspielfilm===
Tão importante quanto “Nosferatu” na filmografia de Murnau, e com roteiro de Carl Meyer, é “A Última Gargalhada” (''[[Der letzte Mann]]'', de [[1924]]), que firmou a reputação de Murnau como um grande cineasta. Os movimentos da câmera, que acompanha a ação e contribui para transmitir o estado psicológico dos personagens, tiveram grande impacto no mundo do cinema. Murnau surpreende ao filmar a história a partir de uma vista subjetiva e antecipou o movimento conhecido como Kammerspielfilm – um tipo de filmagem que oferecia uma visão intimista na vida dos personagens, geralmente representantes das classes trabalhadoras, com poucos diálogos, movimentos de câmera mais complexos, iluminação sofisticada e cenários mais realistas. O termo se origina de um [[teatro]], o Kammerspiele, inaugurado em [[1906]] por [[Max Reinhardt]].<ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
 
===Ida a Hollywood e a criação da sua obra-prima: ''Aurora''===
[[File:Matisse Murnau Tahiti 1930.jpg|thumb|Murnau e [[Henri Matisse]] no [[Taiti]] em [[1930]].]]
Convidado por [[William Fox]] para trabalhar em [[Hollywood]], Murnau partiu para os [[Estados Unidos]] em [[1926]]. No ano seguinte, realizou para os estúdios Fox aquela que é considerada por muitos a sua obra-prima: ''[[Sunrise: A Song of Two Humans|Aurora]]'' (Sunrise, [[1927]]), novamente com roteiro de Carl Mayer, baseado na novela “Die Reise Nach Tilsit” do romancista Herman Sudermann, e cenários de Rochus Gliese. Embora o filme não tenha sido um sucesso de bilheteria, recebeu três prêmios na primeira cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências de [[Hollywood]], em [[1927]]: melhor atriz ([[Janet Gaynor]]), melhor fotografia (Charles Rosher e Karl Struss) e melhor qualidade artística. Além da bela fotografia que faz um excelente jogo de luzes e sombras, e recursos revolucionários (travellings, fusões, contrastes e enquadramentos criativos) a força do filme se mantém no drama vigoroso e atual.<ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
 
Numa pesquisa feita entre [[Crítico de cinema|críticos]] para este mesmo instituto, ''Aurora'' foi considerado o sétimo maior filme da [[história do cinema]], ao lado de [[Bronenosets Potyomkin|O encouraçado Potemkin]], do cineasta [[soviético]] [[Sergei Eisenstein]].<ref>{{citar web |url=http://www.bfi.org.uk/sightandsound/topten/poll/critics.html/ |publicado=Bfi.org.uk |autor= |obra= |título=Resultado da votação dos críticos de cinema no saite ''Sight and Sound'' |data= |acessodata= |língua=inglês}}</ref>
 
===Conflitos e abandono da Fox Films===
Tido como genioso e de temperamento difícil, ele também logo entraria em conflito com os chefes do estúdio. Apesar dos problemas internos e de relacionamento, Murnau ainda fez mais dois filmes para a Fox. O primeiro, “[[4 Devils|Os Quatro Demônios]]” (“Four Devils”, de [[1928]]), é baseado no livro “De Fire Djævle”, do escritor dinamarquês Herman Bang, estrelado por [[Janet Gaynor]] e considerado outro de seus filmes perdidos – embora biógrafos de Murnau afirmem que uma cópia dos negativos ainda se encontra nos arquivos da Fox Film Corporation. O final do filme teve quatro diferentes versões, uma delas escolhida à revelia de Murnau, que já tinha abandonado a Fox logo após a desastrosa pré-estreia do filme, relançado no ano seguinte em versão semissonora. O ultimoúltimo filme de Murnau para a Fox, “City Girl”, de [[1930]], baseado na peça “The Mud Turtle”, de Elliott Lester, deveria chamar-se “Our Daily Bread”, conforme a vontade do cineasta, mas o estúdio recusou. Murnau ficou ainda mais irritado quando o estúdio decidiu refazer partes do filme acrescentando som e diálogos. Afirmando que não queria nada com “talkies”, Murnau abandonou o filme, obrigando o estúdio a contratar um assistente de direção para terminá-lo. Por [[ironia]], a versão sonora acabou se perdendo.<ref name="fecha">>{{cite web|url=https://assimerahollywood.wordpress.com/2013/01/21/grandes-diretores-f-w-murnau/|titulo= Grandes Diretores: F.W. Murnau | Assim Era Hollywood|data=18 de janeiro de 2016|acessodata=18 de janeiro de 2016}}</ref>
===''Tabu''===
Insatisfeito com [[Hollywood]], Murnau traçou planos de ir para a [[Oceania]], a fim de produzir um filme independente sobre as ilhas dos mares do sul. Ficou sabendo que Flaherty também havia se decepcionado com os grandes estúdios de cinema dos [[Estados Unidos]] e o convidou para participar do projeto. Murnau, um perfeccionista técnico e dotado de recursos financeiros para produzir o filme, precisava de alguém familiarizado com os costumes locais como Flaherty, que já havia morado em [[Samoa]] para as filmagens de Moana.
Linha 58:
Fundaram então a ''Flaherty-Murnau Production''. Inicialmente, Flaherty escreveu um roteiro intitulado Turia, uma docuficção sobre o romance entre uma nativa e um coletador de pérolas. Os escritos iniciais tiveram de ser alterados para evitar processos decorrentes da rescisão de contrato com a Colorat, empresa que iria patrocinar o filme. As alterações foram feitas por Murnau, que mudou o nome do roteiro para [[Tabu]] e nele introduziu, de maneira bem trabalhada, valores ocidentais na tragédia da cultura polinésia, resultando num drama universal em um lugar exótico e distante. Flaherty iniciou as filmagens com as sequências de pescaria e quedas d’água, quando sua câmera Akeley apresentou problemas. Floyd Crosby, cinematografista que já havia trabalhado com Flaherty no [[Novo México]], acabou sendo chamado. Crosby assumiu daí por diante as filmagens e a direção de fotografia enquanto Murnau se tornou o único responsável pela direção, restando a Flaherty fazer os arranjos com os nativos e supervisionar a revelação dos filmes.
 
A première de Tabu ocorreu no Central Park Theatre, [[Nova Iorque]], no dia [[18 de março]] de [[1931]], uma semana após o falecimento de F. W. Murnau. O filme foi selecionado, em [[1994]], para preservação na Biblioteca do Congresso dos [[Estados Unidos]] com a classificação de significância cultural, histórica e estética. <ref>{{cite web|url= http://redetvdigital.com/tabu-1931-completo-e-legendado-f-w-murnau-a-story-of-the-south-seas-ptbr/
|titulo= Tabu 1931 (Completo e Legendado) F. W. Murnau - A Story of the ...|data=19 de janeiro de 2016|acessodata= 19 de janeiro de 2016}}</ref>
==Morte==
[[File:Suedwestkirchhof08.jpg|thumb|left|Túmulo e busto de Murnau no Cemitério de Stahnsdorf.]]
Murnau morreu em 1931 num acidente automobilístico em [[Santa Barbara]], [[Califórnia]] (EUA). O carro estava sendo dirigido por um jovem filipino de 14 anos, amante de Murnau. Quando os restos mortais de Murnau chegaram ao cemitério de Stanhsdorf, apenas um pequeno grupo de pessoas presenciou a cerimônia, entre eles [[Fritz Lang]], o diretor de [[Metrópolis]], [[Robert Flaherty|Robert J. Flaherty]], [[Emil Jannings]] e [[Greta Garbo]]. <ref>{{cite web|url= http://brasil.elpais.com/m/brasil/2015/07/15/cultura/1436950966_283494.html
|titulo= Friedrich Wilhelm Murnau: Ritual oculto pode ter motivado roubo de ..|data= 19 de janeiro de 2016|acessodata= 19 de janeiro de 2016}}</ref>
 
Linha 103:
{{Portal3|Biografias|Cinema|Alemanha}}
{{Controle de autoridade}}
 
[[Categoria:Cineastas da Alemanha|Murnau, Friedrich Wilhelm]]
[[Categoria:Personalidades LGBT da Alemanha]]