Platão: diferenças entre revisões
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{{Platonismo}}
===Origem===
A mãe de Platão era [[Perictíone]], cuja família gabava-se de um relacionamento com o famoso
Aristão<ref name="Burton2013">Neel Burton. ''[http://books.google.com/books?id=2BlVAgAAQBAJ&pg=PT38 O Mundo de Platão]''. Pensamento; 2013. ISBN 978-85-316-1250-3. p. 38.</ref> parece ter morrido na infância de Platão, embora a data exata de sua morte seja desconhecida<ref name="TN">D. Nails, "Ariston", 53 {{en}}<br>* A.E. Taylor, ''Plato'', xiv {{en}}</ref>. Perictíone então casou-se com Perilampes, irmão de sua mãe<ref name="NA229">Platãoo, ''Cármides'', [http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.01.0176&query=section%3D%23376&layout=&loc=Charm.%20157e 158a]<br>* D. Nails, "Perictione", 53 {{en}}</ref> que tinha servido muitas vezes como embaixador para a [[Império Aquemênida|corte persa]] e era um amigo de [[Péricles]], líder da facção democrática em Atenas.<ref name="P13">Plato, ''Cármides'', [http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.01.0176&query=section%3D%23376&layout=&loc=Charm.%20157e 158a]<br>* Plutarch, ''Pericles'', [[s:Lives/Pericles#13|IV]]</ref>
Em contraste com a sua reticência sobre si mesmo, Platão muitas vezes introduziu seus ilustres parentes em seus diálogos, ou a eles referenciou com alguma precisão: Cármides tem um diálogo com o seu nome; Crítias fala tanto em ''[[Cármides]]'' quanto em ''[[Protágoras (diálogo)|Protágoras]]'' ; e Adimanto e Glaucão têm trechos importantes em ''[[A República]].''<ref name="G11">W. K. C. Guthrie, ''A History of Greek Philosophy'', IV, 11 {{en}}</ref> Estas e outras referências sugerem uma quantidade considerável de orgulho da família e nos permitem reconstruir a [[árvore genealógica]] de Platão. De acordo com Burnet, "''a cena de abertura de'' Cármides'' é uma glorificação de toda [família] ligação... os diálogos de Platão não são apenas um memorial para Sócrates, mas também sobre os dias mais felizes de sua própria família.''"<ref name="Kahn186">C.H. Kahn, ''Plato and the Socratic Dialogue'', 186< {{en}}</ref>.
===Infância e juventude===
Platão nasceu em [[Atenas]]<ref name="diogenes.laertius.3.1">Diógenes Laércio, ''Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres'', Livro III, ''Vida de Platão'', 1</ref>, provavelmente em 427-428 a.C.<ref name="RussellAlves2004">{{cite book|author1=Bertrand Russell|author2=Laura Alves|title=História do Pensamento Ocident|url=http://books.google.com/books?id=ksAu7jtHoZgC&pg=PA85|year=2004|publisher=Ediouro Publicações|isbn=978-85-00-01355-3|pages=85–}}</ref> (no sétimo dia do mês ''Thargêliốn''<ref name="apolodoro.diogenes.laertius.3.2">Apolodoro, citado por Diógenes Laércio, ''Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres'', Livro III, ''Vida de Platão'', 2</ref>), cerca de um ano após a morte do [[estadista]] [[Péricles]]<ref name="RussellAlves2004"/>, e morreu em 348 a.C.<ref name="RussellAlves2004"/> (no primeiro ano da 108<sup>a</sup> [[Jogos Olímpicos da Antiguidade|Olimpíada]]<ref name="hermippus.diogenes.laertius.3.2">''Hermippus'', citado por Diógenes Laércio, ''Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres'', Livro III, ''Vida de Platão'', 2</ref>).
A data tradicional do nascimento de Platão (428/427) é baseada em uma interpretação dúbia de [[Diógenes Laércio]], que afirma: "Quando Sócrates foi embora, Platão se juntou a Crátilo e Hermógenes, que filosofou à maneira de Parmênides. Então, aos vinte e oito anos, segundo Hermodoro, Platão foi para Euclides, em Megara."<ref name="Nails2002">{{cite book|author=Debra Nails|title=The people of Plato: a prosopography of Plato and other Socratics|url=http://books.google.com/books?id=y3YRwNsnu54C|year=2002|publisher=Hackett Publishing|isbn=978-1-60384-403-1|page=247}} {{en}}</ref> Em sua ''Sétima Carta'', Platão observa que a sua idade coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um jovem com idade inferior a vinte seria motivo de chacota se tentasse entrar na arena política". Assim, a data de nascimento de Platão seria 424/423<ref name="Nails2002" />.
De acordo com [[Diógenes Laércio]], o filósofo foi nomeado ''
A juventude de Platão transcorreu em meio a agitações políticas e a desordens devido à [[Guerra do Peloponeso]], à instabilidade política reinante na cidade de Atenas que foi tomada pela [[História de Atenas#A Guerra do Peloponeso e o declínio de Atenas|Oligarquia dos Quatrocentos]] e assim submeteu-se ao governo dos [[Tirania dos Trinta|Trinta Tiranos]].<ref name="PAVIANI">{{cite book|author=Jayme Paviani|title=As fontes do humanismo latino: da antigüidade à renascença|url=http://books.google.com/books?id=JFwaYiU7DFMC&pg=PA53|publisher=EDIPUCRS|isbn=978-85-7430-401-4|page=53}}</ref>
[[Apuleio]] nos informa que Espeusipo elogiou a rapidez mental e a modéstia de Platão como os "primeiros frutos de sua juventude infundidos com muito trabalho e amor ao estudo".<ref Name="Ap2">Apuleio,''de Dogmate Platonis'', 2</ref> Platão deve ter sido instruído em gramática, música e [[ginástica]] pelos professores mais ilustres do seu tempo.<ref name="DS">Diógenes Laércio , ''Vida de Platão'', IV<br>* W. Smith, ''Plato'', 393</ref> Dicearco foi mais longe a ponto de dizer que Platão lutou nos jogos de [[Jogos Ístmicos]].<ref name="LaV">Diógenes Laércio, ''Vida de Platão'', V</ref> Platão também tinha frequentado cursos de filosofia, antes de conhecer Sócrates, mas primeiro ele se familiarizou com [[Crátilo]] (um discípulo de [[Heráclito]], um proeminente filósofo grego [[Pré-socráticos|pré-socrático]]) e as doutrinas de Heráclito.<ref name="Ar987a">Aristóteles, ''Metaphysics'', 1.[http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.01.0052&query=section%3D%2315&layout=&loc=1.987b 987a]</ref>
===Afastamento da política e primeira viagem===
[[Image:Socrates and Plato.jpg|thumb| 250px | right| A execução de [[Sócrates]] em 399 abalou Platão profundamente, ele avaliou essa ação do Estado como uma depravação moral e evidência de um sistema político defeituoso.<br/>''Platão e [[Sócrates]]'', representação medieval]]
Após o término da guerra em Atenas, em cerca de 404 a.C, auxiliado pelo reinado espartano vitorioso, o terror da Tirania dos Trinta começou,
Depois de 399 a.C, Platão foi para Megara com alguns outros socráticos, como hóspedes de Euclides (provavelmente para evitar possíveis perseguições que lhe poderiam sobrevir pelo fato de ter feito parte do círculo socrático). Diógenes Laércio conta que ele "foi a Cirene, juntar-se a Teodoro, o matemático, depois à [[Itália]], com os pitagóricos [[Filolau de Crotona|Filolau]] e [[Eurito
=== Primeira viagem à Sicília ===
Por volta de 388 a.C, Platão empreendeu sua primeira viagem
Este relatos sobre a primeira estadia em [[Siracusa]] são, em grande parte, controversos
===Fundação da escola e ensino===
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Depois de sua primeira viagem à Sicília, por volta de 388 a.C, aos 40 anos, decepcionado com o luxo e os costumes da corte de Dionísio I de Siracusa e de lá é expulso, Platão compra um ginásio perto de Colona, a nordeste de Atenas, nas vizinhanças de um bosque de oliveiras em homenagem ao herói [[Academo]]. Ele amplia a propriedade e constrói alojamentos para os estudantes.<ref name="PAVIANI20083"/>
Os membros da Academia não eram estudantes no sentido moderno da palavra, pois aos jovens, juntavam-se também anciãos; provavelmente todos deviam contribuir para o financiamento das despesas; ademais, o objetivo último da Academia era o saber pelo seu valor ético-político.<ref name="Reale20082">{{cite book|author=Giovanni Reale|title=História da filosofia antiga III - Os sistemas da era helenística|url=http://books.google.com/books?id=pYKGEmHPDXAC&pg=PA75|year=2008|publisher=Loyola|isbn=978-85-15-00848-3|page=75}}</ref>
Durante duas décadas, Platão assumiu suas funções na Academia e escreveu, nesse período, os diálogos chamados "da maturidade": ''[[Fédon]], [[Fedro]], [[Banquete]], [[Menexêno]], [[Eutidemo]], [[Crátilo]]''; começou também a redação de ''[[A República]]''.<ref name="PAVIANI4">{{cite book|author=JAYME PAVIANI|title=As fontes do humanismo latino: da antigüidade à renascença|url=http://books.google.com/books?id=JFwaYiU7DFMC&pg=PA54|publisher=EDIPUCRS|isbn=978-85-7430-401-4|page=54}}</ref>
===Segunda viagem à Sicília===
Em 366/367 a.C, com a morte de [[Dionísio I de Siracusa|Dionísio]] e encorajado por Dion, Platão transmite a direção da Academia a Eudóxio e retorna à Sicília.<ref name="PAVIANI4" /> O velho Dionísio morrera em 367, logo após ter sabido que sua peça ''O
<div style="clear:both"></div>
No início a influência de Platão sobre [[Dionísio II de Siracusa|Dionísio II]] teve algum progresso, mas pouco durou, pois o jovem era um pouco rude e não possuía o vigor mental para aguentar um prolongado tratamento educacional, além de ser, pessoalmente desagradável. Invejoso da influência de Dion e de sua amizade com Platão, o obrigou a se exiliar
===Terceira viagem à Sicília===
Em 361 a.C, Platão viaja novamente para Siracusa com seus alunos [[Espeusipo]] e [[Xenócrates]] em um navio enviado por [[Dionísio II de Siracusa|Dionísio II]],<ref>Zu diesen Vorgängen siehe Helmut Berve: ''Dion'', Wiesbaden 1957, S. 45–47. {{de}}</ref> numa tentativa final de pôr ordem as coisas. Passou quase um ano tentando elaborar algumas medidas práticas para unir os gregos da Sicília em face do perigo [[Cartago|cartaginês]]. No final, a má vontade da facção conservadora provou ser um obstáculo insuperável.<ref name="Mokhtar2010">O fato é que não havia união entre os gregos, dividiso em numerosas cidades ciosas de sua independência. {{cite book|author=Editor Gamal Mokhtar|title=História Geral da África – Vol. II – África antiga|url=http://books.google.com/books?id=7i9ckWxBK-MC&pg=PA490|year=2010|publisher=UNESCO|isbn=978-85-7652-124-2|page=490}}</ref> Platão conseguiu partir para Atenas em 360 a.C, não sem antes correr algum perigo de morte. Em seguida, Dion recuperou sua posição à força, mas apesar de advertências de Platão, mostrou-se um governante imprudente e acabou assassinado. Ainda assim, Platão incitou os seguidores de Dion a prosseguirem com a antiga política, mas os seus conselhos não foram ouvidos. O destino final da [[Sicília]] foi ser conquistada pelos estrangeiros, como Platão previra.<ref name="RussellAlves2004" />
Platão escreveu sobre a morte de seu amigo comparando-o a um navegante que antecipa corretamente uma tempestade mas subestima sua força de destruição: "que eram perversos os homens que o puseram por terra, ele sabia, mas não
===Velhice e morte===
Ao regressar em 360 a.C, Platão voltou a ensinar e escrever na Academia permanecendo como um autor ativo até
==Obra==
[[Ficheiro:POxy3679 Parts Plato Republic.jpg|thumb|Parte de [[P.Oxy]]. LII 3679, com trecho da ''República'', de Platão.]]
Houve um período na [[Idade Média]] em que quase todas as suas obras eram desconhecidas
===Tradição e autenticidade===
Todas as obras de Platão que eram conhecidas na antiguidade foram preservadas, com exceção da palestra sobre o bem, a partir do qual houve um pós-escrito de [[Aristóteles]], que se encontra
O ''Corpus platonicum'' é constituído de diálogos (incluindo ''[[Crítias]],'' de final inacabado), a ''[[Apologia de Sócrates]]'', uma coleção de 13 cartas<ref name="Williams2000"/> e uma coleção de definições, o ''Horoi''. Fora do ''corpus,'' há uma coleção de ''dieresis'', mais duas cartas, 32 epigramas e um fragmento de poema (7 hexâmetros) que, com exceção de uma parte desses poemas, não são obras de Platão.<ref>Der Neue Pauly Bd. 9, Stuttgart 2000, Sp. 1097–1100. {{de}}</ref>
É importante notar que na Antiguidade, vários diálogos considerados como falsamente atribuídos a Platão eram considerados genuínos, e alguns desses fazem parte do ''Canon'' de [[Trasilo|Trásilo]], um filósofo e astrólogo alexandrino que serviu na corte de Tibério. Trásilo organizou os Diálogos de modo sistemático em nove grupos, chamados de Tetralogias,<ref>Diógenes Laércio, "A vida dos filósofos", 3,56,7</ref>, cujos escritos foram
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===Forma literária===
Com a exceção
Platão foi certamente o representante máximo desse gênero literário
Nem todos os trabalhos no ''Corpus'' de Platão são diálogos. A ''Apologia'' parece ser o
===Cronologia===
A questão da cronologia ainda continua a gerar opiniões conflitantes. Análises estilométricas<ref name="HOSLE2">"Não menos se aproximou de um esclarecimento a questão da cronologia relativa dos diálogos graças às investigações com base no estilo(...)" {{cite book|author=VITTORIO HOSLE|title=Interpretar Platão|url=http://books.google.com/books?id=BxSPCdPxu7oC&pg=PA23|publisher=LOYOLA|isbn=978-85-15-03529-8|page=23}}</ref> dos diálogos demonstram que eles podem ser agrupados em três categorias definidas como obras do período Inicial, Médio e Tardio, embora exista este consenso comum, não há nenhum consenso sobre a ordem em que as obras devem figurar em seus respectivos grupos. Outro método usado para determinar a ordem cronológica dos diálogos se baseia na conexão entre os vários trabalhos. Os estudiosos têm usado a evidência de pontos de vista filosóficos similares nos diálogos para sugerir uma ordem cronológica interna. As referências textuais dentro dos diálogos também ajudam a construir uma cronologia, ainda
== Filosofia ==
Para [[Giovanni
'''Política'''
Platão, em sua obra
Dessa forma, entende-se que a critica de Platão estava ligada ao governo que
Nesse sentido, Platão afirma que " Efetivamente, arriscar-nos-íamos, se houvesse um Estado de homens de bem, a que houvesse competições para não governar, como agora as há para alcançar o poder, e tornar-se-ia, então evidente do verdadeiro chefe não nasceu para velar pela sua conveniência, mas pela dos seus subordinados. (Platão, A República, p. 34)".<ref>{{citar livro|titulo=A Republica|ultimo=Platão|primeiro=Platão|editora=|ano=|local=|paginas=34|acessodata=}}</ref>
Conclui-se que, deve se buscar uma harmonia entre o governante e o seus subordinados, em outras palavras, o ideal de Estado deveria corresponder ao ideal de homem.
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===Teoria das Ideias===
{{Artigo principal| prefixo=Ver |Teoria das ideias|Alegoria da caverna}}
A ''[[Teoria das ideias|Teoria das Ideias]]'' ou ''[[Teoria das ideias|Teoria das Formas]]'' afirma que formas (ou ideias) abstratas não-materiais (mas substanciais e imutáveis) é que possuem o tipo mais alto e mais fundamental da realidade e não o mundo material mutável conhecido por nós através
===Epistemologia ===
{{Principal|Epistemologia platônica}}
Muitos têm interpretado que Platão afirma — e mesmo foi o primeiro a escrever — que [[conhecimento]] é [[crença verdadeira justificada]], uma visão influente que informou o desenvolvimentos futuro da [[epistemologia]].<ref>Fine, G., "Introduction" in ''Plato on Knowledge and Forms: Selected Essays'' (Oxford University Press, 2003), p. 5.</ref> Esta interpretação é parcialmente baseada na uma leitura do ''
===Dialética ===
A dialética de Platão não é um método simples e linear, mas um conjunto de procedimentos, conhecimentos e comportamentos desenvolvidos sempre em relação a determinados problemas ou "conteúdos" filosóficos.<ref name="Paviani20013">{{cite book|author=Jayme Paviani|title=Filosofia e método em Platão|url=http://books.google.com/books?id=EcVtlGf9p5cC&pg=PA13|year=2001|publisher=EDIPUCRS|isbn=978-85-7430-234-8|page=13}}</ref>
O papel
===Ética e justiça===
Na ''[[República]]'', Platão define a justiça como a vontade de um cidadão de exercer sua profissão e atingir seu nível pré-determinado e não interferir em outros assuntos,<ref>Platão, ''República'' 433–434.</ref> Para que a justiça tenha alguma validade, ela terá que ser uma [[virtude]] e, portando, contribuidora de modo constitutivo para a boa vida de quem é justo.<ref name="Lopes2005">Paula Fernandes Lopes. ''[http://books.google.com/books?id=R-AU_dHCGQgC&pg=PA52 A ética platônica: modelo de ética da boa vida]''. Ed. Loyola; 2005. ISBN 978-85-15-03154-2. p. 52.</ref>
Na filosofia de Platão, é possível visualizar duas modalidades de justiça: uma, absoluta, e outra, relativa. A justiça relativa é a justiça humana que espelha-se nos princípios da alma e tenta dela se aproximar.<ref>Platão, ''República'' 144–145 e 276.</ref> Platão situa a justiça humana como uma virtude indispensável à vida em comunidade, é ela que propicia a convivência harmônica e cooperativa entre os seres humanos em coletividade.<ref name="Junkes2005">Sérgio Luiz Junkes. ''[http://books.google.com/books?id=cMXjUqylYCwC&pg=PA23 Defensoria Pública e o Princípio da Justiça Social - Atualizado de acordo com a Emenda Constitucional 45, de 31/12/2004]''. Jurua Editora; 2005. ISBN 978-85-362-0916-6. p. 23.</ref>
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==Legado==
Apesar de sua popularidade ter flutuado ao longo dos anos, as obras de Platão nunca ficaram sem leitores, desde o tempo em que foram escritas.<ref>John M. Cooper, "Introduction" in ''Plato: Complete Works'' (Hackett, 1997), p. vii.</ref> O pensamento de Platão é muitas vezes comparado com a de seu aluno mais famoso, [[Aristóteles]], cuja reputação, durante a Idade Média ocidental, eclipsou tão completamente a reputação de Platão que os filósofos escolásticos referiam-se a Aristóteles como "o Filósofo". No entanto, no [[Império Bizantino]], o estudo de Platão continuou.
Os filósofos escolásticos medievais não tinham acesso à maioria das obras de Platão, nem o conhecimento de [[língua grega|grego]] necessário para lê-los. Os escritos originais de Platão estavam essencialmente perdidos para a civilização ocidental, até que foram trazidos de [[Constantinopla]] no século de sua queda, por [[Gemisto Pletão]]. Acredita-se que
Durante a [[Idade de ouro islâmica|Era de Ouro Islâmica]], estudiosos [[Irã|persas]] e árabes traduziram muito de Platão para o árabe e
Filósofos ocidentais notáveis continuaram a recorrer a obra de Platão desde aquela época. A influência de Platão tem sido especialmente forte em matemática e ciências. Ele ajudou a fazer a distinção entre a [[matemática pura]] e a [[matemática aplicada]], ampliando o fosso entre a "aritmética", agora chamada de [[teoria dos números]] e "logística", agora chamada de [[aritmética]]. Ele considerou a logística como
Segundo Stephen Körner, o platonismo é "tendência natural do matemático", o que pode ser confirmado por nomes destacados de matemáticos que
[[Kurt Gödel|Gödel]], responsável por alguns dos mais importantes resultados da [[lógica matemática]] do século XX, por exemplo, foi um platonista da velha escola que, como Platão,
[[Leo Strauss]] é considerado por alguns como o
[[Hobbes]] considerou Platão como o melhor filósofo da Antiguidade clássica, pela razão de sua filosofia ter como como ponto de partida ideias, enquanto que Aristóteles partia de palavras. Para [[Hobbes]], Platão estaria apto a elaborar uma filosofia política por evitar conclusões falaciosas acerca do "o que é", "o que foi", "o que deveria ser".<ref>Strauss, 1936, p. 139-141</ref><ref name="FERREIRAJorge2008">Lier Pires Ferreira; Vladimyr Lombardo Jorge; Ricardo Guanabara. ''[http://books.google.com/books?id=Sk_Xe_8NUfcC&pg=PA69 Curso de Ciencia Politica - Grandes Autores]''. CAMPUS; 2008. ISBN 978-85-352-3161-8. p. 69.</ref>
No século XX, os metafísicos [[René Guénon]] e [[Frithjof Schuon]]
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