Gavial: diferenças entre revisões

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| binomial_autoridade = ([[Johann Friedrich Gmelin|Gmelin]], 1789)
| mapa =Gavialis gangeticus Distribution.png
| mapa_legenda =
| sinónimos =
* ''Lacerta gangetica'' <small>Gmelin, 1789</small>
* ''Crocodilus gavial'' <small>Bonnaterre, 1789</small>
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== Distribuição geográfica e habitat ==
[[Ficheiro:Gharial_in_Karnali.JPG|thumb|esquerda|200px|<center>Gaviais nas margens do rio Karnali, Nepal</center>]]
O gavial originalmente estava distribuído nos rios [[rio Indo|Indo]], [[rio Ganges|Ganges]], [[rio Bramaputra|Bramaputra]] e [[rio Mahanadi|Mahanadi]] no [[Paquistão]], [[Índia]], [[Nepal]], [[Bangladesh]] e [[Butão]]. Sua presença no [[rio Irrawaddy]], em [[Mianmar]], é confirmada por apenas dois registros científicos.<ref name="IUCN"/> O [[rio Kaladan]] na [[fronteira Índia-Mianmar]] também possui registro de ocorrência para a espécie.<ref>{{Citar periódico|autor=Bustard, H.R.; Choudhury, B.C.|ano=1982|título=The distribution of the Gharial|jornal=Journal of the Bombay Natural History Society|volume=79|numero=2|paginas=427-428}}</ref> A distribuição do gavial é [[especiação simpátrica|simpátrica]] com a do ''[[Crocodylus palustris]]''.<ref>{{Citar periódico|autor=Rao, R.J.; Choudhury, B.C.|ano=1990|título=Sympatric distribution of Gharial ''Gavialis gangeticus'' and Mugger ''Crocodylus palustris'' in India|jornal=Journal of the Bombay Natural History Society|volume=89|paginas=313-314}}</ref> As populações do Paquistão, Butão e Mianmar, e provavelmente do Bangladesh, foram extintas. Três populações viáveis ocorrem no Nepal (rio [[rio Narayani|Rapti/Narayani]]) e na Índia (rios [[rio Chambal|Chambal]] e [[rio Girwa|Girwa]]); e outras populações não viáveis são encontradas nos rios [[rio Karnali|Karnali]], [[rio Babai|Babai]] e [[rio Khosi|Koshi]], no Nepal, e Mahanadi, [[rio Son|Son]], [[rio Ken|Ken]] e [[rio Ramganga|Ramganga]], na Índia.<ref>{{Citar periódico|autor=Whitaker, R.|ano=2007|título=The Gharial: Going Extinct Again|jornal=Iguana|volume=14|numero=1|paginas=25-33}}</ref> Pequenas populações ainda podem ocorrer no Bramaputra, no nordeste da Índia, apesar dos últimos registros confirmados serem de 1993.<ref>{{Citar periódico|autor=Choudhury, A.|ano=1997|título=Status of Gharial in Arunachal Pradesh|jornal=CSG Newsletter|volume=16|paginas=1–8}}</ref> Habita principalmente rios caudalosos profundos e rápidos com poços naturais e bancos de areia nas margens.<ref>{{citar notícia|url=http://www.gharialconservation.org/PDF/GRAP.pdf|titulo=Gharial Recovery Action Plan|acessodata= |autor=The Gharial Multi-Task Force|data=2006|ano=2006|mes= |formato= |obra= |publicado= |paginas=1-18|lingua=Inglês}}</ref> Com a exceção de um possível registro histórico para uma lagoa salobra, os gaviais não são encontrados em água salgada.<ref>{{Citar livro|autor=Ross, J.P. (ed.)|título=Crocodiles—Status Survey and Conservation Action Plan|editora=IUCN Publications Services Unit|ano=1998|IDisbn= ISBN 2-8317-0441-3}}</ref>
 
== Características ==
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As fêmeas adultas, que atingem a maturidade e se tornem sexualmente receptivas em torno de dez anos de idade, são defendidas em áreas por indivíduo do sexo masculino. O ''Ghara'' é utilizado em momentos de namoro entre gaviais, comumente são vistas bolhas saindo de dentro dele.<ref name="Nascença" />
 
A [[nidificação]] ocorre durante a estação seca, quando as fêmeas se arrastam sobre a terra seca para escavar buracos nos quais cerca de 40 grandes ovos são enterrados.<ref name="Nascença">{{Referência acitar livro|autor=Singh, LAK & Bustard, HR|título=Studies on the Indian gharial, Gavialis gangeticus|subtítulo=Preliminary observations on maternal behavior|editora=Indian Forester|ano=1977|páginas=671-678}}</ref> Os ovos são incubados naturalmente no buraco do ninho, mas a fêmea permanece perto dele para protegê-lo de predadores, como [[porco]]s, [[chacal|chacais]] e [[lagarto]]s. Após cerca de 70 dias, quando os filhotes estão prontos para sair, eles chamam de dentro dos ovos, alertando a mãe para escavar os ovos para fora do buraco do ninho.<ref name="Whitaker"/>
 
Enquanto o gavial não apresenta o hábito de transportar filhotes em suas mandíbulas, o jovens permanecem com sua mãe por várias semanas a vários meses.<ref name="Nascença" /> O período de acasalamento ocorre durante dois meses, durante novembro, dezembro e em janeiro. A ida para os locais de areia ocorre em março, abril e maio (estação seca), onde os ninhos são escavados. Contudo, a protecção dos jovens ocorre em torno da área do assentamento por algum tempo após a eclosão.<ref name="Nascença" />
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[[Ficheiro:Indian Gharial Crocodile Digon3.JPG|thumb|300px|esquerda|A população total estimada de gaviais selvagens no mundo está em [[IUCN|estado crítico]].]]
 
Centenas de gaviais foram observados no [[rio Narayani]], do [[Nepal]], antes da construção da barragem Gandak. Em 1964 e no começo de 1950 cerca de 235 gaviais foram contados ao longo do Rio Narayani.<ref name="IUCN" /> Com uma estimativa de 11.000&nbsp;km de rio com um habitat em uma área geográfica de mais de 20 000&nbsp;km quadrados, o gavial tinha uma população inferida de cinco a dez mil nessa época. Em 1976 a população total estimada de gaviais selvagens no mundo havia diminuído para uma faixa de cinco a dez mil animais. Em 1984 houve a mais drástica queda da espécie: a população foi para apenas duzentos animais, uma queda de cerca de 96%.<ref name="IUCN" /> Em 2006<ref name="estudo" /> a população em idade madura de gaviais na Índia era de um valor semelhante, a menos de 200 e menos de 35 adultos para o Nepal.<ref name="IUCN" /><ref name="Hindu conservaçao" /> A espécie está praticamente extinta no [[Paquistão]], [[Bangladesh]] e [[Butão]]. Em [[Mianmar]] presume-se que esteja extinta desde 1940.<ref name="status butao">{{Referência acitar livro|autor=Bustard, H.R.|título=Status of the gharial in Bhutan|edição=|local=|editora=JBNHS |ano=1980|páginas=pp150}}</ref><ref name="">{{Referência acitar livro|autor=Choudhury, A.|título=Status of the Gharial in the Main Brahmaputra River|edição=|local=|editora=JBNHS|ano=1998|páginas=118-120}}</ref>
 
A diminuição drástica na população gavial ao longo dos últimos sessenta anos pode ser atribuída a uma variedade de causas, incluindo a caça excessiva para as peles e troféus, coleta de ovos para consumo, matança para a medicina indígena, e matança por pescadores. Enquanto a caça não é mais considerada uma ameaça significativa, a construção de represas, barragens, canais de irrigação, assoreamento, mudanças no curso do rio, aterros artificiais, areia, mineração, agricultura de várzea, animais domésticos e selvagens, se combinaram para provocar uma extrema limitação ao intervalo da espécie devido a esta perda excessiva e irreversível de habitat ribeirinhos. Por exemplo, em 2001 inaugurou-se 276 projetos de irrigação na bacia do [[rio Chambal]]. Estas ameaças não cessaram, de fato aumentaram e continuam a comprometer a sobrevivência da espécie. O declínio de gaviais tem andado de mãos dadas com o declínio dos habitats ribeirinhos e de outros animais que compartilham os mesmos rios que eles, outra vez supostamente abundantes e agora ameaçados, incluindo o [[golfinho-do-ganges]] (''Platanista gangetica'') e a espécie ''[[Crocodylus palustris]]'', bem como inúmeras aves aquáticas e espécies de peixes.<ref name="Hussain" />
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A população em idade madura é outra preocupação. Acredita-se que 14% de todos gaviais existentes hoje não estão em fase adulta, ou seja, não estão sexualmente maduros ainda, representando um provável prejuízo para a população. Esses animais que não são considerados maduros, são principalmente machos, que necessitam de cinco anos a mais que as fêmeas para se tornarem reprodutores.<ref name="Hussain" />
 
O rio Chambal<ref name="chambal status">{{Referência acitar livro|autor=Rao, R.J|título=Nesting Ecology of Gharial in National Chambal Sanctuary|edição=|local=|editora=Dehra Dun|ano=1988}}</ref> detém, de longe, a maior subpopulação de gaviais, com 48% estimado da população total. O número total de ninhos encontrados no [[Santuário Chambal]] em [[2006]] foi de 68.<ref name="estudo" /> Outra grande população de gaviais está na Índia no ''[[Katerniaghat Wildlife Sanctuary]]'',<ref name="Chambal river conservat" /> onde vinte ninhos foram encontrados em 2006.<ref name="estudo" /><ref name="Hindu conservaçao" /> A maioria dos gaviais encontrados são fêmeas, mas nem todas estão na fase de procriamento, mas mesmo assim existem mais fêmeas reprodutoras que outras jovens. Supondo relatos, é possível inferir que haveria um total de treze gaviais adultos na Índia.<ref name="Hindu conservaçao" /> Considerando a escassez de machos maduros sobre o Chambal nas investigações de 2005 e 2006,<ref name="estudo" /> é provável que existam poucos machos maduros nesse rio.<ref name="Hussain" /> Junto com um total de vinte fêmeas, seis gaviais maduros do sexo masculino foram contados por observadores em um local do rio Chambal em 2006.<ref name="India gavial" /><ref name="estudo">[http://www.gharialconservation.org/PDF/GRAP.pdf Estudo dos gaviais na Índia em 2006]</ref> O número total estimado de gaviais maduros nas três subpopulações restantes da Índia, com base nos ninhos contados, aproxima-se de somente 107 indivíduos adultos.<ref name="IUCN" /><ref name="Hussain" />
 
Relata-se que alguns gaviais fazem cada vez menos ninhos a cada ano. Estimativas de freqüência reprodutiva do sexo feminino retêm-se a uma média de 63%. Apesar de que gaviais fazem ninhos anualmente, algumas fêmeas podem ter migrado pelo rio abaixo, onde os machos são muito escassos.<ref name="Hussain">{{Referência acitar livro|autor=Hussain, S.A.|título=Reproductive success, hatchling survival and rate of increase of gharial in National Chambal Sanctuary, India.|edição=|local=|editora=Biological Conservation|ano=1999|páginas=261- 268.}}</ref> Tendo todas essas médias, as análises da população, e a porcentagem reprodutiva, estudos assinalaram que se todos cruzamentos fossem feitos entre a espécie e eles obtivessem sucesso, a população alcançaria um número de 220 indivíduos somente.<ref name="IUCN" />
 
Há outras duas pequenas populações não-reprodutoras de gaviais na Índia ([[rio Ken]] em [[Madhya Pradesh]] e [[rio Mahanadi]] em [[Orissa]]<ref name="orissa">{{Referência acitar livro|autor=Singh, L.A.K|título=Status of Gharial and Mugger in Orissa|edição=|local=|editora=Ibid|ano=1999|páginas=}}</ref>) e três no Nepal (Rios Kosi, Karnali e Babai), que foram criadas pela reintrodução de gaviais criados em cativeiro.<ref name="Hindu conservaçao" /><ref name="Kosi river">{{Referência acitar livro|autor=Biswas,S.|título=Preliminary Survey of Gharial in the Kosi River (Bihar).|edição=|local=|editora=Indian Forester|ano=1970|páginas=705-710}}</ref>
 
No Nepal seis ninhos foram contados em 2006 e o total de gaviais maduros em todas as subpopulações nesse país é estimada em 35 animais.<ref name="India gavial" /><ref name="estudo" /> Com base nestas estimativas o número de gaviais selvagens, maduros, em todos territórios que a espécie existe (atualmente só na Índia e no Nepal) é de 182 em cerca de oito habitats fragmentados (mas novas pesquisas indicam que são 14% de gaviais maduros, diminuindo o número para 157 indivíduos totais).<ref name="India gavial" /><ref name="Hindu conservaçao" /> [[1997]] foi o ano de pico, com o maior número de gaviais maduros e ninhos registrados nos últimos trinta anos, 226 animais adultos e 81 ninhos foram registrados no rio Chambal. Não há dados de nidificação no Nepal existentes para este período, mas foi estimado 36 adultos presentes nesse ano. Com base nos dados disponíveis, o número de gaviais maduros foi realmente surpreendente em 1997: ''436 adultos''.<ref name="DADOS">1999 Maskey, Sharma e Basu 2004</ref> Após esse ano houve uma queda drástica, restando somente 188 em 2006, mais de 50% de declínio populacional.<ref name="estudo" />
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Programas de conservação do gavial têm sido realizados na [[Índia]] e no [[Nepal]], com base no estabelecimento de áreas protegidas e repovoamento com animais nascidos em cativeiro.
 
De uma perspectiva se poderia argumentar que mais de 5.000 gaviais jovens foram liberados em habitats amplamente [[Anecúmeno|inóspitos]] na Índia e Nepal e deixados à sua sorte. No [[Parque Nacional de Chitawan]],<ref name="">{{Referência acitar livro|autor=Whitaker, R, V. Rajamani and D. Basu|título=Gharial Survey Report, mimeographed report of the Madras Snake Park/Reptile Research Centre|edição=|local=|editora=|ano=1974|páginas=16}}</ref> no Nepal, onde cerca de trezentos gaviais foram lançados, havia dezesseis ninhos em 1977 e em 2006 havia somente seis.<ref name="estudo" /> Assim, a reintrodução não funcionou tão bem naquele local.<ref group="nota"> De modo geral, se não houvesse essas reintroduções, talvez os gaviais estivessem extintos no Nepal atualmente,</ref> em grande parte graças a uma crescente e descontrolada pressão [[antrópico|antrópica]], incluindo o esgotamento dos recursos ambientais. Gaviais geralmente são criados por dois a três anos em média no cativeiro. Neste tempo, atingem cerca de um metro de comprimento, e já estão prontos para serem liberados no ambiente.<ref group="nota"> Os acompanhamentos que são exigidos na hora da libertação geralmente não são feitos, e por isso foi realizada pouca pesquisa sobre a adaptação, [[migração]] e outros aspectos importantes.</ref>{{Carece de fontes|data=abril de 2010}}
 
No rio Girwa, onde 909 gaviais foram liberados - incluindo 112 em 2006 - havia quatro ninhos registrados em [[1977]] e vinte em 2006, para 16 fêmeas em estado de nidação. Isto não é aparentemente uma grande conquista para o dinheiro e o esforço despendidos, e vários pesquisadores têm sugerido que talvez a capacidade de carga de gaviais foi atingida naquele local. No terceiro, e mais importante habitat de reprodução de gaviais, o rio Chambal, onde foram libertados 3.552 Gharial<ref name="Chambal river conservat">{{Referência acitar livro|autor=Hussain, S.A. and Ruchi Badola|título=Integrated Conservation Planning for the Chambal River Basin. A paper for the National Workshop on Regional Planning for Wildlife Protected Areas|edição=|local=New Delhi|editora=|ano=2001|páginas=20}}</ref><ref>Whitaker e Andrews, 2003</ref> - mais 224 em 2006 - havia 12 ninhos registrados em 1978 e 68 em 2006. Enquanto o assentamento aumentou mais de 500%, as fêmeas reproduzem apenas cerca de 2% do total liberado. Um pequeno problema é o que tem sido apontado por certos pesquisadores: muitas vezes os jovens recém-nascidos são particularmente propensos a ser liberados a [[jusante]], fora das áreas protegidas, aumentando a [[taxa de mortalidade]] dos animais introduzidos no habitat.<ref name="Hussain" />
Chambal River Basin. A paper for the National Workshop on Regional Planning for
Wildlife Protected Areas|edição=|local=New Delhi|editora=|ano=2001|páginas=20}}</ref><ref>Whitaker e Andrews, 2003</ref> - mais 224 em 2006 - havia 12 ninhos registrados em 1978 e 68 em 2006. Enquanto o assentamento aumentou mais de 500%, as fêmeas reproduzem apenas cerca de 2% do total liberado. Um pequeno problema é o que tem sido apontado por certos pesquisadores: muitas vezes os jovens recém-nascidos são particularmente propensos a ser liberados a [[jusante]], fora das áreas protegidas, aumentando a [[taxa de mortalidade]] dos animais introduzidos no habitat.<ref name="Hussain" />
 
Os escassos fundos de conservação e de recursos humanos precisam ser focados em outras ações, como a avaliação rigorosa do habitat, a pesca, educar as pessoas sobre os esforços de conservação do rio, a fim de melhorar as chances de sobrevivência dos gaviais.<ref name="Futuro dos gaviais">{{Referência acitar livro|autor=Bustard, H.R|título=A Future for the Gharial|edição=|local=|editora=Cheetal |ano=1975|páginas=3-8}}</ref>
 
== Aspectos culturais ==
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{{Referências|col=2}}
 
== {{Ligações externas}} ==
* {{Link|1=en|2=http://www.arkive.org/gharial/gavialis-gangeticus/ |3= ArKive: Gharial}}
* {{Link|1=en|2=http://reptilis.net/crocodylia/gavies/gavialidae.html |3=The Reptipage: Gavialidae}}