Mosteiro da Serra do Pilar: diferenças entre revisões

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Começado em 1537 e só muito tardiamente terminado, o claustro terá sido deslocado por duas vezes, tendo a última ficado assinalada na platibanda pela inscrição "ANNO/DOMINI/NOTRI/1692". Este claustro configura um caso singular em claustros nacionais, materializando um tipo de pátio circular criado pelo arquiteto e teórico [[Francesco di Giorgio]] (1439–1501) para a arquitetura civil; [[George Kubler]] assinala, pelo seu lado, as características predominantemente quinhentistas do claustro e as suas afinidades com o grande pátio do [[Palácio de Carlos V]] em [[Granada (Espanha)|Granada]]. Desconhece-se o autor do projeto inicial, que pode ter sido Diogo de Castilho ou João de Ruão (ou ambos em colaboração), presumindo-se que frei Brás de Barros terá tido um papel importante na definição do simbolismo do claustro, assente na interpretação de certos números e formas geométricas. Quatro pequenas capelas circulares abrem-se para a galeria envolvente, abobadada, que é sustentada por 36 colunas com capitéis [[Ordem jónica|jónicos]] dispostas em grupos de 9, encimadas por platibanda superior [[século XVII|seiscentista]] decorada com [[:es:rollwerk|rollwerk]] [[Flandres|flamengo]] sobre um parapeito apainelado com remates em obelisco; no espaço entre os quatro grupos de colunas abrem-se os acessos ao pátio, descoberto, pontuado ao centro por um [[fontanário]] de taça derivado de modelos de chafarizes [[Século XVI|quinhentistas]]. A denominação de Claustro do Silêncio prende-se com o facto de ser o lugar de enterramento dos cónegos, contando-se no pavimento da galeria 72 sepulturas.<ref name="Abreu" /><ref name="Correia">Correia, José Eduardo Horta – "A arquitetura – maneirismo e «estilo chão»". In: Serrão, Vítor – ''História da arte em Portugal: o maneirismo''. Lisboa: Publicações Alfa, 1986.</ref><ref>Kubler, George – ''A arquitetura portuguesa chã: entre as especiarias e os diamantes, 1521-1706''. Lisboa: Vega, 1988</ref>
 
A igreja foi fundada por D. Acúrcio de Santo Agostinho mas desconhece-se o autor da traça arquitetónica. Podem distinguir-se três fases de construção: as fundações e as paredes da nave foram erguidas entre 1597 e 1668; entre 1660 e 1672 foi construída a cúpula e a respetiva lanterna; o retro coro foi construído mais tarde, em 1690-93. A Igreja da Serra do Pilar tem forma circular com diâmetro idêntico ao do claustro; os alçados exteriores e interiores são ritmados por pilastras e é coberta por uma abóbada semiesférica. A parede envolvente têm maior espessura abaixo do primeiro entablamento e menor acima deste, produzindo um efeito semelhante às mangas de um telescópio extensível. Na parte inferior da parede abrem-se oito grandes nichos a formar capelas e, acima destas, grandes janelas com forte enxalço para iluminação interior. Esta igreja "compõe uma erudita rotunda em que altas pilastras duplas de capitéis idênticos aos de [[Igreja de São Vicente de Fora|São Vicente de Fora]] suportam uma cornija robusta e se prolongam na decoração da abóbada esférica dividindo-a em panos, que uma decoração maneirista talhada no granito ajuda a monumentalizar".<ref name="Correia" />.<ref name="Abreu" />

[[File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Claustro IMG 7360.jpg|thumb|300px|Claustro]]
O diálogo entre diferentes tendências estéticas está presente em toda a edificaçãoigreja, encontrando-se a sobriedade compositiva, mais consonante com as convenções do renascimento, articulada com as "ambiguidades próprias do maneirismo de influência ornamental nórdica que predominou no Porto de [[século XVII|Seiscentos]]". Isto é particularmente claro no [[Portal (arquitetura)|portal]], de colunas jónicas, que "ainda se harmoniza com a sobriedade dos pórticos clássicos; já a edícula com aletas rollwerk que o remata é bem maneirista, dando sinais de um proto-[[Estilo barroco|barroquismo]] eminente". A igreja integra [[retábulo|retábulos]] de talha maneirista nas capelas laterais e [[retábulo-mor]] neoclássico.<ref name="Abreu" /><ref name="SIPA" />
 
Embora só entre 1548 e 1552 se tenha concluído a torre sineira, o início da construção deverá ser bastante anterior. A portaria que lhe está adjacente é de data incerta, admitindo-se que os alicerces remontem à primeira fase de construção do mosteiro, sendo o restante de data posterior. Ainda na ala norte assinale-se o longo corpo que acolhe o dormitório. Pertencentes ao eixo central do conjunto, a [[Sala do Capítulo]], o retro-coro e o ante-coro foram edificados no espaço deixado livre pela deslocação do claustro de 1690. A Sala do Capítulo acolhe uma estátua de [[D. Afonso Henriques]] da autoria de [[Soares dos Reis]].<ref name="Abreu" />
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File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Cúpula da igreja IMG 7402.jpg|Cúpula da igreja
File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Claustro IMG 7352.jpg|Claustro
File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Claustro IMG 7360.jpg|Claustro
File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Sala do Capítulo IMG 7367.jpg|Sala do Capítulo
File:1 Mosteiro da Serra do Pilar Antecoro IMG 7364.jpg|Antecoro