Transtorno mental: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m vulnerabilidade
m traduzindo nome/parâmetro, ajustes gerais nas citações, outros ajustes usando script, +correções semiautomáticas (v0.53/3.1.39/0.4)
Linha 1:
{{ver desambig||Problema}}
[[Imagem:Angelo Bronzino 003.jpg|upright=1.1|thumb|''A loucura'', de [[Angelo Bronzino]].]]
Os termos '''transtorno''', '''distúrbio''' e '''doença''' combinam-se aos termos '''mental''', '''psíquico''' e '''psiquiátrico''' para descrever qualquer anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental. Os transtornos mentais são um campo de investigação interdisciplinar que envolvem áreas como a [[psicologia]], a [[psiquiatria]] e a [[neurologia]]. As classificações diagnósticas mais utilizadas como referências no serviço de saúde e na pesquisa hoje em dia são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais - [[DSM IV]], e a Classificação Internacional de Doenças - [[CID-10]].
 
Em psiquiatria e em psicologia prefere-se falar em '''transtornos,''' '''perturbações,''' '''disfunções''' ou '''distúrbios''' (ing. ''disturbs'', alem. ''Störungen'') psíquicos e não em [[doença]]; isso porque apenas poucos quadros clínicos mentais apresentam todas as características de uma doença no sentido tradicional do termo - isto é, o conhecimento exato dos mecanismos envolvidos e suas causas explícitas. O conceito de transtorno, ao contrário, implica um comportamento diferente, desviante, "anormal".<ref name="Perrez">Perrez, Meinrad & Baumann, Urs (2005) (Hrgs.). ''Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie''. 3. Aufl. Bern: Huber.</ref>. No Brasil, a Câmara Federal aprovou em 17 de março de 2009, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 6013/01, do deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), que conceitua '''transtorno mental''', padroniza a denominação de enfermidade psíquica em geral e assegura aos portadores desta patologia o direito a um diagnóstico conclusivo, conforme classificação internacional. O projeto determina que '''transtorno mental''' é o termo adequado para designar o gênero enfermidade mental, e substitui termos como "alienação mental" e outros equivalentes.<ref>{{Citar web|URL = http://www.portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8446&catid=3:portal|título = Câmara aprova direitos para pessoas com transtorno mental|acessadoem = 21/4/2014|publicado = Conselho Federal de Medicina|data = 17/3/2009}}</ref>
 
== Definição do conceito de "anormalidade" ==
Linha 103 ⟶ 104:
=== Fatores psicológicos ===
==== Fatores vulnerabilizantes e fatores protetivos ====
'''Fatores vulnerabilizantes''' são aqueles que provocam a vulnerabilidade da pessoa, ou seja, uma maior probabilidade de ela apresentar um transtorno mental.<ref name="NeuroticismMA">{{cite journalcitar periódico|author1autor1 =Jeronimus B.F.|author2autor2 =Kotov, R.|author3autor3 =Riese, H.|author4autor4 =Ormel, J.| year ano= 2016 | title título= Neuroticism's prospective association with mental disorders halves after adjustment for baseline symptoms and psychiatric history, but the adjusted association hardly decays with time: a meta-analysis on 59 longitudinal/prospective studies with 443 313 participants | journal periódico= Psychological Medicine | url = http://dx.doi.org/10.1017/S0033291716001653 | doi=10.1017/S0033291716001653 | pmid=27523506}}</ref> A vulnerabilidade pode ser pessoal, com uma maior influência dos fatores biológicos, ou ambiental, com maior influência de fatores sócio-econômicos e do meio ambiente. As diferentes vulnerabilidades podem ter um valor mais ou menos relativo conforme sejam mais ou menos estáveis - geneticamente determinadas ou ligadas a determinadas condições externas; relacionadas a determinadas fases da vida (ver abaixo, ex. puberdade) ou à situação geral da pessoa (ex. pobreza), etc.<ref name="Ahnert">Perrez & Ahnert (2005), cap. 10 em Meinrad Perrez & Urs Baumann (Hrgs.), ''Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie''. 3. Aufl. Bern: Huber.</ref>
 
Paralelamente aos fatores vulnerabilizantes há os chamados '''fatores protetivos''', ou seja, aqueles que agem contra as condições estressantes, "fortalecendo" o indivíduo contra os transtornos mentais. Há dois tipos de tais fatores: os '''fatores de resiliência''', que são as características pessoais e as competências que dão a uma pessoa a capacidade de se adaptar adequadamente a situações ruins ou mesmo ameaçadoras para o seu bem estar; e os '''fatores de apoio social''', que se referem sobretudo ao meio ambiente e à rede social da pessoa. A capacidade de construir uma rede social está intimamente ligada às experiências com relacionamento feitas na infância (ver abaixo).<ref name="Ahnert" />
Linha 118 ⟶ 119:
 
==== A perspectiva da teoria do vínculo afetivo ====
{{APArtigo principal|Afetividade}}
A ''teoria do vínculo'' ou ''da ligação afetiva'' (''attachment'') parte da observação do chamado "comportamento de apego", que pode ser observado em crianças desde seu nascimento: são formas de comunicação rudimentares (ex. choro, sorriso, primeiros sons orais, mais tarde a linguagem) que têm por fim gerar e manter a proximidade entre a criança e sua mãe. Através desse tipo de comportamento surge uma forma especial de relacionamento - o ''relacionamento de vínculo afetivo'' - que é uma forma especial de relacionamento social caracterizada por segurança emocional e confiança. A qualidade dos primeiros relacionamentos de vínculo é de grande importância para o desenvolvimento da pessoa, influenciando a [[autoestima]], o otimismo em relação à vida, etc. O relacionamento mãe-filho é o modelo de tal relacionamento, que no entanto pode se desenvolver com outras pessoas (pai, mãe adotiva, babá, etc.). Problemas no desenvolvimento de um relacionamento de vínculo saudável podem surgir por meio de diferentes formas de [[Privação|privação social]]: interações sociais dicontínuas, interações sociais nocivas e interações sociais insuficientes. Esse tipo de privação aumenta a susceptibilidade a diferentes tipos de transtorno mental, desde transtornos do funcionamento social na infância (CID F94) até outros transtornos na idade adulta.<ref name="Ahnert" />
 
Linha 175 ⟶ 176:
{{dividir em colunas fim}}
 
{{referênciasReferências|col=2}}
 
== Bibliografia ==
* {{Citar livro|autor=Andrade, L. Caraveo-Anduaga, J.J. et al. (2000). "Cross-sectional comparisons of the prvalence and correlates of mental disorders |título=Bulletin of the World Health Organization, 78 |subtítulo= |idioma=|edição= |local= |editora=413-428. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* {{Citar livro|autor=Bastine, Reiner (1998) |título=Klinische Psychologie, Band 1 |subtítulo= |idioma=|edição= |local=3. Aufl. Stuttgart |editora=Kohlhammer. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* {{Citar livro|autor=Dalgalarrondo, Paulo (2000) |título=Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais |subtítulo= |idioma=|edição= |local=Porto Alegre |editora=Artes médicas. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* {{Citar livro|autor=Freud, Sigmund (1917) |título=Vorlesung zur Einführung in die Psychoanalyse. 3. Teil. Allgemeine Neurosenlehre. |subtítulo= |idioma=|edição= |local=Leipzig |editora=Heller. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* Havighurst, Robert J. (1982). ''Developmental taskas and education''. New York: Longman. (1. Ed. 1948)
* {{Citar livro|autor=Ihle, W. & Esser, G. (2002). "Epidemiologie psychischer Störungen im Kindes- und Jugendalter: Prävalenz, Verlauf, Komorbidität und Geschlechtsunterschied" |título=Psychologischer Rundschau, 53 |subtítulo= |idioma=|edição= |local= |editora=159-169. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* Jaspers, Karl (1973). ''Allgemeine Psychopathologie: ein Leitfaden für Studierende, Ärzte und Psychologen'', 9. Aufl. Berlin: Springer. (1. Ed. 1913)
* Myers, David G. (2008). ''Psychologie''. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original: Myers, 2007). ''Psychology'', 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
* {{Citar livro|autor=Perrez, Meinrad & Baumann, Urs (2005) (Hrgs.) |título=Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie |subtítulo= |idioma=|edição= |local=3. Aufl. Bern |editora=Huber. ISBN 3-456-84241-4 |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* {{Citar livro|autor=Robins, L.N. & Regier, D.A. (eds.) (1991) |título=Psychiatric disorders in America: The Epidemiologic Catchment Area Study |subtítulo= |idioma=|edição= |local=New York |editora=Free Press. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* {{Citar livro|autor=Tseg, W.-S. (2001) |título=Handbook of cultural psychiatry |subtítulo= |idioma=|edição= |local=San Diego |editora=Academic press. |ano= |páginas=|volumes=|volume= |idisbn=ISBN }}
* Wittchen, H.-U. & Perkonnig, A. (1996). "Epidemiologie psychischer Störungen. Grundlagen, Häufigkeit, Risikofatoren und Konsequenzen. In A. Ehlers & K. Hahlweg (Hrgs.), ''Enzyklopädie der Psychologie, Themenbereich D Praxisgebiet Band 1, Grundlagen der klinischen Psychologie ''(p.&nbsp;69-144). Göttingen: Hogrefe.