Baanes I Mamicônio: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 1:
{{ver desambig|outras pessoas de mesmo nome|Baanes}}
{{Info/Nobre
|nome =Baanes II Mamicônio
|imagem = Vahan Mamikonyan.jpg
|sucessão = Marzobam da Armênia
Linha 7:
|antecessor= [[Sapor de Rei]]
|sucessor = [[Bardas Mamicônio]]
|pai = [[Maiactes Mamicônio]]{{harvrefsfn|Jacobus|1993|p=116}}
|mãe =Dzoique
|nascimento=ca. 440-445
|morte = entre 503-510
}}
'''Baanes  II Mamicônio'''{{harvrefsfn|Yarshater|1983|p=524}} ({{langx|hy|Վահան Ա Մամիկոնյան||''Vahan Mamikonian''}}; n. ca. 440-445 - m. entre 503-510) foi um armênio dos {{séc|V}} e VI, que ativamente combateu o [[Império Sassânida]]. Membro da nobre [[família Mamicônio]], era filho de [[Maiactes Mamicônio|Maiactes]], nobre que rebelou-se com seu irmão {{lknb|Bardanes|II|Mamicônio}} contra o julgo sassânida. Com o fim da rebelião, Baanes foi levado à corte iraniana com seus irmãos e por lá ficou durante alguns anos.
 
Depois, quando retornou à [[Armênia persa|Armênia]], e na posse do título hereditário de [[asparapetes]], rebelou-se em 481 contra o [[xá sassânida|xá]] {{lknb|Perozes|I}} {{nwrap|r.|457|484}} em apoio à revolta iniciada pelo [[rei ibero]] {{lknb|Vactangue|I|da Ibéria}} {{nwrap|r.|447/449|502/522}}. Com o sucesso da rebelião, foi nomeado pelo xá [[Balas]] {{nwrap|r.|484|488}} ao posto de [[marzobam]] (governador) em 485 e foi chefe de uma "verdadeira monarquia sem título"{{harvrefsfn|name=Grous230|Grousset|1947|p=230}} até sua morte.
 
== Contexto ==
 
Depois de 387, o [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Reino da Armênia]] foi dividido em duas zonas de influência, a [[Armênia bizantina|bizantina]] e a [[Armênia persa|persa]]. Além disso, em 428, o [[Dinastia arsácida da Armênia|último rei arsácida]], {{lknb|Artaxias|IV}} {{nwrap|r.|423-428}}, foi deposto pelo [[xá sassânida]] {{lknb|Vararanes|V}} {{nwrap|r.|420|438}} a pedido dos [[naxarar]]es, inaugurando o [[MarzopanatoMarzobanato da Armênia]].{{harvrefsfn|Mutafian|2005|p=38}} Muito rapidamente, os armênios desiludiram: em 449, {{lknb|Izdegerdes|II}} {{nwrap|r.|438|457}} ordenou que eles [[apostasia|apostatassem]] e se convertessem ao [[zoroastrismo]].{{harvrefsfn|Dédéyan|2007|p=187}} Sob a liderança de {{lknb|Bardanes|II|Mamicônio}}, os armênios se revoltaram, mas foram derrotados em junho de 451 (ou 26 de maio) na [[Batalha de Avarair]]; a maioria dos naxarares que participaram da revolta foram deportados para [[Ctesifonte]].{{harvrefsfn|Dédéyan|2007|p=190}}
 
== Biografia ==
Linha 24:
=== Juventude ===
 
Baanes nasceu por volta de 440-445{{harvrefsfn|Settipani|2006|p=306-310}} e era filho de [[Maiactes Mamicônio]] e Dzoique, a filha de Vram ou [[Vasaces Arcruni]] e sobrinha de Bardanes  II, sendo ele o primeiro dos quatro filhos de Maiactes: os outros chamavam-se Vasaces, [[Bardas Mamicônio|Bardas]] e Artaxias.{{harvrefsfn|Toumanoff|1990|p=330}} Seu pai, no rescaldo de Avarair, uniu-se aos insurgentes remanescentes numa guerrilha em suas possessões em [[Taique]], mas acabou morto pelos persas.{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=207}} Quanto a Baanes, foi capturado pelo marzobam [[Vasaces de Siunique]], entregue aos persas e deportado para Ctesifonte com Vasaces e Artaxias;{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=214}} condenado a apostasia, segundo seu amigo de infância{{harvrefsfn|Dédéyan|2007|p=187}} e historiador contemporâneo [[Lázaro de Parpi]], "enfraqueceu em sua fé".{{harvrefsfn|name=Grous215|Grousset|1947|p=215}}
 
Os três irmãos, condenados à morte, foram libertados através de [[Archucha]], [[vitaxa]] de [[Gogarena]] e marido de Anuschuram, a irmã de Dzoique.<ref name=Grous215 />{{harvrefsfn|Toumanoff|1990|p=99}} Asparapetes da Armênia por direito consuetudinário, Baanes recuperou seus bens, mas foi logo acusado de desvio da renda das minas de [[ouro]] imperiais, acusação para a qual respondeu indo para Ctesifonte com grande soma.{{harvrefsfn|name=Dedey192|Dédéyan|2007|p=192}}
 
=== Rebelião ===
 
[[Imagem:Persian Armenia-pt.svg|thumb|[[Armênia persa]] (amarelo) na [[Antiguidade Tardia]]]]
[[Imagem:The return to the homeland.jpg|thumb|Baanes &nbsp;II Mamicônio e os armênios voltando para casa. Representação de Julian Zasso (1833-1889)]]
 
No rescaldo de Avarair, os armênios foram constantemente solicitados pelos persas para expedições militares distantes, e também obrigados a aceitar o crescente poder de alguns apóstatas. Neste contexto, receberam positivamente o apelo da revolta de {{lknb|Vactangue|I|da Ibéria}} {{nwrap|r.|447/449|502/522}}, que havia sublevado contra os persas.<ref name=Dedey192 /> Baanes hesitou, porém, em 481 decidiu juntar-se à rebelião,{{harvrefsfn|name=Grous217|Grousset|1947|p=217}} exigindo que os outros rebeldes fizessem juramento sobre a cruz do Evangelho de permanecerem fiéis à aliança; Baanes foi então proclamado asparapetes.<ref name=Dedey192 /> O juramento foi, contudo, reportado diretamente por Varaz-Sapor Amatuni ao [[marzobam]], [[Ader-VechnaspAdargusnaspes]], que abandonou [[Dúbio]], a capital armênia, e refugiou-se em [[Artaxata]] e, em seguida, na Pérsia; Baanes substituiu-o por [[{{lknb|Isaac |II Bagratuni]]}}, naquela altura um [[aspetes]] ("comandante da cavalaria").<ref name=Grous217 /> No entanto, Ader-VechnaspAdargusnaspes liderou uma força de {{formatnumfmtn|7000}} cavaleiros contra os insurgentes que foi derrotada por 400 cavaleiros liderados por Baanes Mamicônio na batalha de Acori (encosta norte do [[Monte Ararate|Ararate]]{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=218}}); o marzobam também foi morto.<ref name=Dedey192 /> Baanes permaneceu em Dúbio para defender a capital{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=219}} até o início de 483, quando encontrou-se com reforços persas de {{lknb|Zarmir,|o Azarapates}}, derrotando-os na batalha de Nerseapate, em Artaz (região de [[Maku (Azerbaijão Ocidental)|Maku]]).{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=220}}
 
Baanes, em seguida, recebeu uma chamada de Vactangue e foi com suas tropas para o [[rio Cura]] para encontrar um exército persa comandando por [[Sapor Miranes]].{{harvrefsfn|name=Dedey193|Dédéyan|2007|p=193}} Sem os reforços prometidos, os armênios foram derrotados em 483 na batalha de AkesgaAcesga{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=221}} que, dentre outras consequências, causou a morte de Vasaces Mamicônio e Isaac &nbsp;II Bagratuni.{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=222}} Baanes, em seguida, foi para Taique, enquanto Sapor retornou para Ctesifonte, permitindo que os armênios recuperassem o controle da [[Rio Arax|planície do Arax]] durante o inverno. Na primavera de 484, Sapor retornou como chefe de um novo exército e as forças de Baanes refugiam-se perto da [[Império Bizantino|fronteira bizantina]],<ref name=Dedey193 /> em Taique e [[Taraunita]].{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=223}}
 
=== Marzobam da Armênia ===
 
Porém, um acontecimento inesperado mudou o curso dos eventos: a morte em 484 do soberano persa {{lknb|Perozes|I}} {{nwrap|r.|457|484}} na guerra contra o [[Império Heftalita]] causou a retirada dos persas da Armênia<ref name=Dedey193 /> e a recuperação de Dúbio e [[Vagarsapate]]. Com dificuldades de suprimir a revolta de [[Zariadres]], o sucessor de Perozes, [[Balas]] {{nwrap|r.|484|488}}, precisou da ajuda dos armênios: em troca de apoio militar, concordou em firmar um [[Tratado de Nevarsaque|tratado]] em Nevarsaque (atual [[Choi]]{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=227}}); Baanes também foi reconhecido como asparapetes e a propriedade dos Mamicônio e seus aliados [[Camsaracan]] foram devolvidas.<ref name=Dedey193 />
 
Na mesma ótica, Baanes foi nomeado marzobam em 485 "apagando definitivamente as consequências da tragédia de 451", e nomeou seu irmão Bardas como asparapetes. Presidiu uma verdadeira recuperação nacional e, de acordo com os [[Católico de todos os armênios|católicos]] [[{{lknb|João |I Mandacuni]]}} e [[Babgeno]],<ref name=Grous230 /> reorganizou o país no plano religioso.{{harvrefsfn|name=Dedey194|Dédéyan|2007|p=194}} As igrejas foram restauradas: reconstruiu e ampliou a Igreja de São Gregório de Dúbio,{{harvrefsfn|Donabédian|1987|p=514}} e reparou a Catedral de Vagarsapate {{nwrap||484|485}}.{{harvrefsfn|Donabédian|1987|p=516}} O país gozou de relativa paz,<ref name=Dedey194 /> apesar da tentativa frustrada do sucessor de Balas, {{lknb|Cavades|I}} (r. 488-496; 499-531), de se impor sobre as proposições de Nevarsaque.{{harvrefsfn|Grousset|1947|p=231}} Em 489, Baanes se aproximou de Vatchagã&nbsp;III, rei da [[Albânia caucásica|Albânia]],<ref name=Dedey194 /> e repeliu uma incursão heftalita no início do {{séc|VI}} na [[Transcaucásia]]. Morreu entre 503 e 510 e foi sucedido por seu irmão [[Bardas Mamicônio]].{{harvrefsfn|Dédéyan|2007|p=195}} Segundo Cyril Toumanoff, Baanes &nbsp;II Mamicônio teria sido hipoteticamente o pai de Astabasdo (IV), o pai de Samuel &nbsp;I, asparapetes em 555.{{harvrefsfn|Toumanoff|1990|p=333}}
 
== Ver também ==