Tecelagem: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
+ Ver desambig
m Corr. erro ortográfico - Península Ibérica *sempre* com maiúsculas, typos fixed: Tipico → Típico utilizando AWB
Linha 46:
O que determina os tipos de entrelaçamento do fio é chamado de {{PEPB2|'''debuxo'''|'''[[padronagem]]'''}}, e é realizada pela seleção dos fios de urdume que sobem ou que descem para a formação da cala.
Há três padrões (Desenhos) básicos de tecidos: a [[tela]] (também conhecida por ([[tafetá]]), a [[Ligamento sarja|sarja]] e o [[cetim]]. Existe ainda um quarto padrão chamado de [[jacquard]], onde o [[urdume]] é controlado fio a fio, facto que propicia a elaboração de desenhos extremamente complexos, de que o [[Brocado]] é um exemplo.
 
 
Tecidos do tipo [[jacquard]], onde o [[urdume]] é controlado fio a fio, propiciam a elaboração de desenhos mais complexos.
 
A tecelagem pode ser artesanal ([[tecelagem manual]]), utilizando-se de teares manuais, ou industrial, com teares automáticos.
 
==História ==
Linha 62 ⟶ 61:
[[Ficheiro:Women weaving in Beni Hassan tomb (Вертикальный ткацкий станок Египет).jpg|thumb|right|Tecelãs no Egipto Antigo|200 px]]
 
Um fragmento sobrevivente do [[Neolítico]] foi encontrado em [[Fayum]] num local datado do ano 5000 AC<ref>{{citar web |url= http://www.ucl.ac.uk/museums-static/digitalegypt/textil/wovenlinen.htm |ligação inativa= |título= Woven linen | acessodata= 28 de Julho 2015 |acessomesdia= |acessoano= |autor= University College London |ultimo= |primeiro= |autorlink= |coautores= |data= |ano= 2003|mes= |formato= html|obra= |publicado= |páginas= |língua= Inglês|língua2= |língua3= |lang= |arquivourl= |arquivodata= |citação= |notas= }}</ref>. Este fragmento possui cerca de 12 x 9 fios por cm num ponto tafetá. Nesta altura (3600 AC), no Antigo Egipto, o linho era a fibra dominante e continuo a ser popular mesmo quando a [Lã]]outras fibras dominaram outras civilizações a parir de [[2000 AC]].
 
===China e Extremo Oriente ===
Linha 69 ⟶ 68:
A [[sericultura]] e a tecelagem da seda expandiu-se para a [[Coreia]] cerca do ano 2000 AC e para o [[Japão]] cerca do ano 300 da nossa era.
 
A invenção do tear de pedais, de acordo com especialistas pode ter sido feita na China ou na Índia.<ref>{{Citar livro|url= https://books.google.com/books?id=shN5_-W1RzcC |nome= Eric |sobrenome= Broudy |autorlink= |coautor= |título= The Book of Looms: |subtítulo= A History of the Handloom from Ancient Times to the Present |idioma= Inglês|edição= 1ª|local= |editora= University Press of New England |editor= |ano= 1979|páginas= |volumes= |página= 11 e 112 |capítulo= |volume= |isbn= 978-0874516494|id=|ISSN= |notas= |acessodata= |ref=}}</ref> Os Pedais foram adicionados para operar teares de [[ Liço]]s simples e duplos. Na [[Idade-Média]] estes equipamentos apareceram na [[Pérsia]], [[Sudão]], [[Egipto]] e possivelmente na [[Península Arábica]], onde o tecelão sentava-se com os pés num fosso por debaixo de um tear rebaixado. No ano 700 os teares horizontais e verticais podiam ser encontrados em muitos locais da Asia, África e Europa. No século XII, o tear de pedais chegou à Europa quer através do [[Império Bizantino]], quer através dos invasores árabes na [[Península Ibérica| Al-Andalus]], onde o mecanismo foi elevado acima do solo e montado numa estrutura mais robusta. <ref>{{Citar livro|url= https://books.google.com/books?id=ZljldSpV28UC |nome= |sobrenome= |autorlink= |coautor= |título= = The Cambridge History of Western Textiles |subtítulo= |idioma= Inglês|edição=1ª |local= Cambridge|editora= Cambridge University Press |editor= Jenkins, D.T. |ano= 2003|páginas= 1191 |volumes= |página= 194|capítulo= |volume= 1|isbn= 978-0521341073 |id=|ISSN= |notas= |acessodata= |ref=}}</ref>
 
===Europa Medieval===
[[Ficheiro:Mendel I 004 v.jpg|thumb|190px|Tecelão, [[Nuremberga]], c. 1425 (ver: ''[[Artes mecânicas]]'').]]
Na Europa medieval a fibra predominante era a [[lã]] seguida pelo [[Linho]] e [[Juta]] ou [[estopa]] para as classes mais baixas. O [[Algodão]] foi introduzido na Europa através da [[Sicília]] e [[Espanha]] cerca do ano 800 d.C. Quando os Normandos ocuparam a Sicília, levaram a tecnologia com eles para a Itália e o restante da Europa. A tecelagem de seda foi introduzida também nesta altura e as suas técnicas sofisticadas foram aplicadas a outras fibras<ref name=Backer> {{Citar livro|url= url=http://www.engr.sjsu.edu/pabacker/history/middle.htm#Weaving%20and%20the%20Textile%20Industry|nome= Patricia|sobrenome= Backer|autorlink= |coautor= |título= Technology in the Middle Ages |subtítulo= |idioma= Inglês|edição= 1ª|local= San Jose, California|editora= San Jose State University|editor= |ano= 2005|páginas= |volumes= |página= |capítulo= |volume= |isbn= |id=|ISSN= |notas= |acessodata= 29 de Julho 2015|ref=Backer}}</ref>
 
O tecelão trabalhava em casa e vendia os seus tecidos na [[feira]] .<ref name=Backer/> Os teares verticais de pesos eram muito comuns nos séculos X e XI, antes da introdução dos Teares horizontais. A tecelagem tornou-se um ofício urbano e para regulamentar o seu comércio, os artesão associaram-se em Grémios ou Mesteirais que controlavam a qualidade e a formação necessária para que um artesão pudesse ser considerado como tecelão. <ref name=Backer/>
 
No século XII, ocorreu uma mudança organizacional com a introdução da [[subcontratação]]. O mercador de tecidos comprava a fibra e fornecia-a ao tecelão o qual, por sua vez vendia o tecido ao mercador. O Mercador controlava os preços e dominava economicamente a indústria da tecelagem. <ref name=Backer/>
 
Em Inglaterra , a prosperidade dos mercadores é bem patente nas cidades lanifícias do leste da Inglaterra, [[Norwich]], [[Lavenham]].<Refref name=BHO> {{citar web |url= http://www.british-history.ac.uk/report.aspx?compid=33013 |ligação inativa= |título= The estate of merchants, 1336-1365: IV - 1355-65|acessodata= 30 de Julho 2015|acessomesdia= |acessoano= |autor= |ultimo= Unwin|primeiro= George|autorlink= |coautores= Institute of Historical Research |data= |ano= 1918|mes= |formato= html|obra= |publicado= |páginas=222 e 223 |língua= Inglês|língua2= |língua3= |lang= |arquivourl= |arquivodata= |citação= |notas= }}</ref>
 
O fornecimento de fio limitou sempre a produção de um tecelão até ao momento em que o fuso manual foi substituído pela roda de fiar. O tear permaneceu sempre igual, mas o aumento na produção do fio permitiu que ele operasse durante mais tempo. <ref name="Backer"/>
 
===Revolução Industrial===
[[Ficheiro:Weaving shed-Marsden.png|thumb|Em 1892, a maioria da tecelagem de tecidos de [[Algodão]] era realiza em fábricas como esta, movida por máquinas a vapor|350 px]]
[[Ficheiro:QSMM 3200.JPG|thumb|TipicoTípico pavilhão de tecelagem movido a vapor da revolução industrial|350 px]]
Antes da [[revolução industrial]] a tecelagem era um ofício manual e a principal fibra era a lã. Nas principais zonas lanifícias uma forma primitiva de sistema fabril tinha sido já introduzida. Mas nas zonas montanhosas os tecelões continuavam a trabalhar em casa num sistema de subcontratação. Os teares podiam ser largos ou estreitos. Os teares largos eram, nessa altura, aqueles largos demais para que o tecelão passasse a [[lançadeira]] através da cala, necessitando de um ajudante, geralmente, um aprendiz de tecelão. Este ajudante deixou de ser necessário quando [[John Kay (inventor)|John Kay]] inventou a Lançadeira voadora em 1733. Esta lançadeira, impulsionada pela acção de dois martelos de madeira em ambas as extremidades e accionados pelo tecelão aumentou a velocidade de produção de tecido.<ref name=Guest>{{Citar livro|url= http://www.ebooksread.com/authors-eng/richard-guest/a-compendious-history-of-the-cotton-manufacture--with-a-disproval-of-the-claim--seu/1-a-compendious-history-of-the-cotton-manufacture--with-a-disproval-of-the-claim--seu.shtml|nome= Richard|sobrenome=Guest |autorlink= |coautor= |título= A compendious history of the cotton-manufacture |subtítulo= with a disproval of the claim of Sir Richard Arkwright to the invention of its ingenious machinery online|idioma= Inglês|edição= |local= Manchester|editora= |editor= Autor , impresso por Joseph Pratt, Chapel Walks |ano= 1823|páginas= |volumes= |página= 8|capítulo= |volume= |isbn= |id=|ISSN= |notas= |acessodata= |ref=Guest}}</ref> Por este motivo ocorreu uma falha no fornecimento de fio de lã e uma capacidade instalada de tecelagem em excesso. A abertura do [[Canal de Bridgewater]] em Junho de 1761, permitiu ao algodão desembarcado em [[Liverpool]] ser transportado para [[Manchester]], onde a existência de muitos rio com caudalosos e rápidos permitiam a utilização de maquinaria impulsionada pela força hidráulica. A [[fiação]] foi a primeira a ser mecanizada ([[Máquina de fiar hidráulica|Máquina de fiar]],[[Máquina de fiar de Carrinho]]) e isso permitiu um fornecimento infinito de fio ao tecelão.
 
[[Edmund Cartwright]] foi a primeira pessoa que tentou mecanizar o tear a partir de 1785. Ele construiu uma fábrica em [[Doncaster]] e obteve uma série de patentes entre 1785 e 1792. Em 1788, o seu irmão, o Major [[John Cartwright]] construiu uma fábrica em [[Retford]]. Em 1791, ele licenciou o seu tear aos irmãos Grimshaw de [[Manchester]], mas a sua fábrica ardeu completamente, provavelmente por fogo posto. O Parlamento britânico atribuiu a Edmund Cartwrght um prémio de £10 000 em 1809 para premiar os seus esforços na mecanização do tear. No entanto o sucesso do tear mecânico ficou também a dever-se a melhorias no desenho de Cartwright feitas por terceiros.
 
O tear mecânico apenas passou a dominar a produção de tecido a partir de 1805. Nessa altura havia cerca de 250 000 tecelões manuais no Reino Unido. <Refref name=Timmins>{{Citar livro|url= https://books.google.com/books?id=XhoNAQAAIAAJ&pg=PA264&lpg=PA264&dq=Timmins+Last+Shift&source=bl&ots=S9dk3Tvi3k&sig=M8ApZus4X_SJApW9cWicRtkm860&hl=en&ei=SejITqO_M4vc8QOezY1c&sa=X&oi=book_result&ct=result&redir_esc=y#v=onepage&q=Timmins%20Last%20Shift&f=false|nome= Geoffrey|sobrenome= Timmins|autorlink= |coautor= |título= The last shift: |subtítulo= the decline of handloom weaving in nineteenth-century Lancashire |idioma= |edição= |local= Inglês|editora= Manchester University Press ND |editor= |ano= 1993|páginas= 253|volumes= 1|página= 8|capítulo= |volume= |isbn= 0-7190-3725-5|id=|ISSN= |notas= |acessodata= 3 de Agosto 2015|ref=Timmins}}</ref>
 
A Indústria têxtil era um dos sectores de ponta na [[Revolução Industrial]] Britânica, mas a tecelagem foi uma área onde a mecanização se deu relativamente tarde. Apenas em 1842 e como resultado de várias melhorias que foram feitas à máquina de Akwright, o Tear tornou-se semiautomático, e apenas tinha de parar para o tecelão mudar a canela de fio da lançadeira. Apenas em 1890 é que com o sistema automático de enchimento e mudança de canela, o tear mecânico tornou-se 100% automático.
Linha 96 ⟶ 95:
Estas inovações transformaram a tecelagem de uma actividade caseira, com mão-de-obra intensiva e manual, num processo fabril movido a vapor. Paralelamente o tear deixou de ser fabricado em madeira e passou a sê-lo em ferro fundido, o que levou ao aparecimento de uma grande indústria metalúrgica dedicada à produção de teares mecânicos e outros equipamentos têxteis.
 
A grande maioria da indústria de tecelagem algodoeira localizava-se em barracões em pequenas povoações à volta de Manchester e afastados das fábricas de fiação. A tecelagem de lã, penteada ou cardada localizou-se no Oeste de [[West Yorkshire|Yorkshire]], em particular na cidade de [[Bradford]]. Aqui, estavam localizadas enormes fábricas como a Lister’s e Drummond’s onde tinham lugar todas as operações (Desde a recepção das fibras ao envio de tecidos acabados).<ref name=Bellerby> {{Citar livro|url= |nome= Rachel|sobrenome= Bellerby |autorlink= |coautor= |título= Chasing the Sixpence: |subtítulo= The lives of Bradford Mill Folk |idioma= Inglês |edição= |local= Ayr|editora= Fort Publishing Ltd |editor= |ano= 2005|páginas= |volumes= |página= 17 |capítulo= |volume= |isbn= 0-9547431-8-0|id=|ISSN= |notas= |acessodata= 3 de Julho 2015|ref=Bellerby}}</ref>
 
O tecido em cru era enviado para os acabadores onde era branqueado, tingido e/ou estampado, primeiro com corantes naturais e depois com corantes sintéticos, a partir da segunda metade do século XIX. A necessidade destes químicos foi um factor importante para o desenvolvimento da química moderna, nomeadamente da Química orgânica.
Linha 108 ⟶ 107:
===O Tear no Século XX===
[[Ficheiro:WLANL - The Snowman 2009 - Easy Leno grijperweefmachine, Dornier Lindau am Bodensee, ca 2007, (13028).jpg|thumb|200 px|Tear de Pinças Dornier com alimentação de 12 cores à trama]]
Durante a primeira metade do século XX, o tear mecânico manteve-se idêntico ao do final do século passado. Apenas durante esse tempo inventaram-se a máquina automática de atar teias e a de in1erção de teia nos liços. <ref name= Adanur >{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=SshI5QYlgKMC&pg=PA4&lpg=PA4&dq=loom+development+in+XX+century&source=bl&ots=MtfsPC2vmT&sig=wGm_mgZstUIfMH1g5T6m0eCN3Ho&hl=pt-PT&sa=X&ved=0CEAQ6AEwBWoVChMIybqhjPCPxwIVRwmSCh2gkwzL#v=onepage&q=loom%20development%20in%20XX%20century&f=falsenome= Sabit |sobrenome= Adanur |autorlink= |coautor= |título= Handbook of Weaving |subtítulo= |idioma= Inglês |edição= |local= |editora= CRC Press |editor= |ano= 2000|páginas= 448|volumes= |página= 4|capítulo= |volume= |isbn= 9781420031966 0|id=|ISSN= 1-58716-013-7|notas= |acessodata= 3 de Agosto 2015|ref=Adanur}}</ref>
A seguir à [[Segunda Guerra Mundial]], em 1953 começaram a ser comercializados teares com inserção de trama por projéctil. Em 1972 por lanças rígidas ou flexíveis e 1975 por Jacto de ar. <ref name= Adanur > {{Adanur|2000|p=4}}</ref>
 
Estas inovações fizeram que a taxa de inserção de trama passasse de alguns metros por minuto para cerca de 2000 m/min, fazendo com que a produtividade por tear subisse de 8.5 jardas quadradas por hora em 1975 para 29.5 em 1995. <ref name= Adanur > {{Adanur|2000|p=5}}</ref>
 
==Tipo de teares automáticos ==
 
Todos os teares seguem a mesma ideia básica da tecelagem, como foi descrito: (1) Abertura da Cala, (2) Inserção da Trama e (3) Batida do pente.
 
A principal diferença de um tear para o outro é a técnica da inserção do fio de trama. Os modelos mais antigos tinham inserção por [[lançadeira]]s. Atualmente os tipos de inserção de trama mais comuns são por projéteis, pinças, jato-de-ar ou jato-de-água. Na tecelagem industrial, o sistema de abertura da cala pode ser por excêntricos, maquineta ou maquineta de [[jacquard]]. Embora o sistema de lançadeira pareça arcaico, ele é o único que consegue produzir tecidos de até oito metros de largura.
Linha 127 ⟶ 126:
* [[Atadora de Urdume]]
* [[Remeteção]]
 
 
 
 
{{commons1|Category:Weaving}}