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Assim que soube do assassinato, o papa ordenou a seus legados que pregassem uma cruzada contra os cátaros e escreveu uma carta a [[Filipe II de França]] apelando para sua intervenção ou para uma intervenção de seu filho [[Luís VIII de França]]. Este não foi o primeiro apelo mas alguns veem o assassinato como um ponto de mudança na política papal. Outros alegam que o assassinato foi um evento fortuito que permitiu que o papa excitasse a [[opinião pública]] e renovasse seus pedidos de intervenção na região. O [[Crónica (historiografia)|cronista]] da [[cruzada]] que se seguiu, [[Pedro de Vaux de Cernay]], retratou a sequência de eventos de modo que ficasse claro que o papa havia esgotado todos os meios pacíficos de resolver a questão e só então tinha apelado para a violência.
 
O rei francês se recusou a liderar a cruzada e também não deixou que seu filho o fizesse, pois, apesar da vitória sobre [[João de Inglaterra]], o seu reino ainda enfrentava tensões com o [[Condado da Flandres]] e o [[Sacro Império Romano-Germânico]] e a ameaça de uma revanche por parte da [[Dinastia Plantageneta|dinastia de Anjou]]. Permitiu, porém, que alguns de seus [[barão|barões]] mais belicosos e ambiciosos (alguns diriam mais perigosos) participassem da cruzada, como [[Simão IV de Monforte]] e [[Bouchard de Marly]]. Seguiram-se vinte anos de guerra contra os cátaros e seus aliados no [[Languedoc]]: a [[Cruzada Albigense]].
 
A cruzada confrontou os [[nobre]]s do norte da França contra os do sul da França. O entusiasmo popular generalizado pela cruzada no norte da França deveu-se em parte ao decreto papal permitindo o confisco de terras dos cátaros e de seus apoiadores. Isto não apenas revoltou os senhores feudais do sul mas também o rei francês, que era, ao menos nominalmente, o [[Suserania|suserano]] dos senhores agora sujeitos à pilhagem e conquista. Filipe escreveu ao papa Inocêncio com palavras fortes para assinalar esse fato, mas o papa não alterou sua política. Como o Languedoc estava, supostamente, fervilhando de cátaros e simpatizantes, isso fez, da região, um alvo para os nobres do norte da França que ambicionavam novos [[feudo]]s. Como resultado, os barões do norte se deslocaram para a guerra no sul.
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O primeiro alvo foi as terras da [[casa de Trencavel]], poderosa senhora da terras de [[Albi (França)|Albi]], [[Carcassonne]] e [[Razès (região)]], mas com poucos aliados no [[Midi (região)|Sul]]. Pouco foi feito então para formar uma [[coalizão]] regional e os cruzados conseguiram tomar [[Carcassonne]], a capital Trencavel, encarcerando [[Raymond Roger Trencavel]] na sua própria [[cidadela]], onde veio a morrer, supostamente por causas naturais. Defensores da causa [[Occitânia|occitana]] acreditam, no entanto, que ele foi assassinado. O papa concedeu as terras dos Trencavel para Simão de Monforte, o qual se colocou sob a proteção do rei da França, despertando então a inimizade de [[Pedro II de Aragão]], que se mantivera até então afastado do conflito, atuando até como [[mediação|mediador]] durante o sítio de Carcassonne. O restante da primeira das duas guerras cátaras focou-se então na tentativa de Simão de assegurar seus imensos ganhos durante os invernos que teve de enfrentar, com apenas uma pequena força de [[confederação|confederados]] operando a partir do principal campo de inverno em [[Fanjeaux]], com a deserção dos senhores feudais locais que haviam sido obrigados a lhe jurar lealdade. Simão também tentou aumentar ainda mais seus domínios durante o verão, quando suas forças se viram grandemente aumentadas com a chegada de reforços do norte da [[França]], [[Alemanha]] e outros locais.
 
Durante as campanhas de verão, ele retomou, algumas vezes com represálias brutais, o que havia perdido durante as temporadas de inverno, bem como aumentou sua esfera de ação, atuando em [[Saint-Antonin-Noble-Val]], no [[rio Aveyron]], e nos [[Banco (desambiguação)|bancos]] do [[rio Ródano]] em [[Beaucaire (Gard)]]. O maior triunfo de Simão foi a vitória sobre forças numericamente superiores na batalha de Muret, que viu não apenas a derrota de Raymond de Toulouse e seus aliados occitanos mas também a morte de Pedro de Aragão e o efetivo fim das ambições da casa de Aragão/Barcelona sobre o Languedoc. A médio e longo prazos, esta vitória significou mais para a casa real da França do que para o próprio Simão e, junto com a batalha de Bouvines, assegurou a posição de Filipe junto à Inglaterra e ao Sacro Império Romano-Germânico. A batalha de Muret foi um importante passo para a criação de um reino francês unificado e do país que conhecemos hoje (embora [[Eduardo, o Príncipe Negro]] e [[Henrique V de Inglaterra]] viessem a ameaçar posteriormente essa criação).
 
===Massacre===