Budismo: diferenças entre revisões

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{{Budismo|collapsed=1}}
'''Budismo''' ([[páli]]/[[sânscrito]]: बौद्ध धर्म ''Buddha Dharma'') é uma [[filosofia]]<ref name="multipla" /><ref>{{citar web |url=http://hsingyun.dharmanet.com.br/buddhismo.htm |titulo=O que é Budismo? |trabalho=Grande Mestre Hsing Yün |data= |acessodata=7 de Fevereiro de 2010}}</ref> ou [[religião]]<ref name="multipla">{{citar web|url=http://www.mundointerpessoal.com/2016/03/perguntas-respostas-sobre-budismo.html|título=Perguntas e Respostas sobre o Budismo|acessodata=27 de Março de 2016|obra=Perguntas e Respostas sobre o Budismo|publicado=Mundo Interpessoal|língua=Português}}</ref> [[não teísmo|não teísta]]<ref name="multipla" /> que abrange diversas tradições, crenças e práticas geralmente baseadas nos ensinamentos de [[Sidarta Gautama|Buda]]. Engloba escolas como o [[Teravada]], [[Zen]], [[Terra Pura]] e o [[budismo tibetano]], se espalhou mais pelo [[Tibete]], [[China]] e [[Japão]]. Várias fontes colocam o número de budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, sendo assim a [[Principais grupos religiosos|quinta maior religião do mundo]].<ref>{{citar web |url=http://www.adherents.com/Religions_By_Adherents.html#Buddhism |titulo=Major Religions Ranked by Size |trabalho=Garfinkel Perry, do Departamento Internacional de Liberdade Religiosa do Governo Estadunidense |data=Originalmente em 20 de Setembro de 2008 |acessodata=7 de Fevereiro de 2010}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/religiao/as-cinco-maiores-religioes.htm |titulo=As Cinco Maiores Religiões - Brasil Escola |trabalho=Gabriela Cabral, para o BrasilEscola.com |data= |acessodata=7 de Fevereiro de 2010}}</ref>
 
As escolas budistas variam sobre a natureza exata do [[Nirvana|caminho da libertação]], a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas.<ref>Robinson et al., ''Religião Budista'' (Buddhist Religions), pág. xx; ''Filosofia Oriental e Ocidental'', vol. 54, ps 269f; Williams, ''Budismo Maaiana'', Routledge, 1st ed., 1989, pp. 275f (2nd ed., 2008, p. 266)</ref><ref>{{citar web |url=http://uniaobudistaporto.org/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=37&Itemid=60 |titulo=Budismo e escolas budistas |trabalho=uniaobudistaporto.org |data= |acessodata=7 de Fevereiro de 2010}}</ref>. Entretanto, as bases das tradições e práticas são as [[Três Joias]]: O Buda (como seu mestre), o ''[[Dharma]]'' (ensinamentos baseados nas leis do universo) e a ''[[Sangha (Budismo)|Sangha]]'' (a comunidade budista).<ref>{{citar web |url=http://www.shurendo.org/budismoshin/kikyoshiki/astresjoiasdobudismo.htm |titulo=As Três Joias do Budismo |trabalho=Grupo de Estudos Budista Shurendo |data= |acessodata=7 de Fevereiro de 2010}}</ref>. Encontrar refúgio espiritual nas Três Joias ou Três Tesouros é, em geral, o que distingue um budista de um não budista.<ref>{{citar web|url=http://www.dharmanet.com.br/intro/sangha.php|título=Perguntas e Respostas sobre os Buddhistas|acessodata=12 de Dezembro de 2010|obra=Perguntas e Respostas sobre os Buddhistas|publicado=Dharmanet|língua=Português}}</ref> Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um monge ([[sânscrito]]; [[páli]]: ''[[bhikkhu]]'') ou monja (sânscrito; páli: ''bhikkhuni'').
 
== A vida de Buda ==
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[[Imagem:Kamakura-buddha-2.jpg|thumb|A grande estátua do [[Amitaba|Buda Amitaba]] em [[Kamakura (Kanagawa)|Kamakura]], no [[Japão]].]]
 
De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em [[Lumbini]] (hoje, [[Património Mundial|patrimônio mundial]] da [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]]) por volta do ano 566 a. C. e cresceu em [[Kapilvastu (distrito)|Capilvasto]]<ref>''Darmapada: a doutrina budista em versos''. Tradução do páli, introdução e notas de Fernando Cacciatore de Garcia. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2010. p. 16.</ref>: ambos, atuais localidades [[nepal]]esas.<ref>{{citar web |url=http://whc.unesco.org/en/list/666 |titulo=Lumbini, the Birthplace of the Lord Buddha - UNESCO World Heritage Centre |trabalho=Gethin, para o ''Fundations'', pág. 19. |data= |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref><ref>TEZUKA, Osamu. ''Buda - Vol. 1 - No Reino de Kapilavastu''. Conrad Editora. ISBN 85-7616-079-X.</ref>. Logo após o nascimento de Sidarta, um [[astrólogo]] visitou o pai do jovem príncipe, [[Suddhodana]], e profetizou que Sidarta iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio.
 
O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo, assim, que ele saísse do palácio. Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Sidarta se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"<ref>|titulo=Buddhism |trabalho=Barbara O'Brien |data= |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref>), ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um [[Ascese|asceta]] ''[[sadhu]]'', representando a busca espiritual. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida material e ir em busca de uma vida espiritual.
 
Sidarta Gautama estudou sob diferentes mestres e desencantou-se com o resultado alcançado pelo que ensinavam. Chegou a praticar [[ascese]] rígida, como jejum prolongado, restrição da respiração, e outras formas de exposição a dor, muito comum naquele tempo na Índia, e quase morreu ao longo do processo. Mas houve um episódio no qual uma jovem lhe ofereceu comida e ele aceitou, isso marcou sua renúncia a tais praticas. Concluiu que as práticas ascéticas extremas não traziam os resultados que buscava. Deduziu, então, que as práticas eram prejudiciais aos praticantes.<ref>{{citar web |url=http://www.wildmind.org/mantras/figures/shakyamuni/5 |titulo=Shakyamuni mantra : Wildmind Buddhist Meditation |trabalho= |data= |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref> Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na [[meditação]] ''anapanasati'', através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de "caminho do meio": um caminho que não passa pela [[luxúria]] e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de [[mortificação]] do corpo.<ref name="asreligioes" />. Em outras palavras, o caminho do meio não seria o caminho do apego a qualquer coisa, nem também o caminho da negação ou aversão a qualquer coisa e sim uma terceira via.
 
[[Imagem:Ascetic Bodhisatta Gotama with the Group of Five.jpg|thumb|esquerda|Gautama com seus cinco companheiros, que, mais tarde, compuseram a primeira ''[[Sangha (Budismo)|Sangha]]'' (comunidade monástica budista). Pintura da parede de um templo no [[Laos]].]]
 
Quando tinha 35 anos de idade, Sidarta sentou-se embaixo de uma figueira-dos-pagodes (''[[Ficus religiosa]]'')<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.776</ref><ref>[http://books.google.com.br/books?id=KizUvneBVMoC&pg=PA114&lpg=PA114&dq=%C3%A1rvore+ficus+religiosa+buda&source=bl&ots=Jn6oHssGM8&sig=whSl3gAOyc7eD4kDKKrQT1wOFto&hl=pt-BR&sa=X&ei=zHwYT4K7FYTo2gXWxp2qBA&sqi=2&ved=0CGEQ6AEwCA#v=onepage&q=%C3%A1rvore%20ficus%20religiosa%20buda&f=false]</ref> hoje conhecida como [[árvore de Bodhi]],<ref name="asreligioes">{{citar web |url=http://asreligioes.com.br/religiao_pt/scripts/persoDescricao.asp?idPersonagem=60&idReligiao=36 |titulo=As Religiões |trabalho= |data= |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref> localizada em [[Bodh Gaya]], na [[Índia]] e prometeu não sair dali até conseguir atingir a [[Bodhi|iluminação]] espiritual.<ref>{{citar web |url=http://www.orion.med.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=948:arvore-mito-e-corpo-no-yoga&catid=35:tadeu&Itemid=14 |titulo=Árvore, mito e corpo no Yoga |trabalho=João Tadeu de Andrade |data=8 de Janeiro de 2009 |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.buddhabihar.com/portuguese/mahabbodhitree.html |titulo=Buddha, Bihar, Lord Buddha, Mahabodhitree, árvore do mahabodhi no bodhgaya, gaya do bodh, www.buddhabihar.com |trabalho=AUPS MULTIMEDIA. Mumbai, New Delhi, Patna |data= |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.centroraja.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=66&Itemid=62 |titulo=A magia das árvores |trabalho=Carlos Cardoso Aveline, jornalista, escritor e articulista da revista Planeta |data=066 de Março de 2009 |acessodata=8 de Fevereiro de 2010}}</ref>.
 
A lenda diz que Sidarta conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um [[demônio]] chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências, a tentação, comparado ao papel da Satanás no cristianismo, muitas vezes representado por uma cobra [[naja]]. Mara teria oferecido todos os tipos de prazeres e tentações a Sidarta, que implacavelmente repeliu Mara. Vencido Mara, Sidarta acordou para a Verdade, a Verdade da origem, da cessação e do caminho que levava ao fim do sofrimento, e se iluminou. Assim, por volta dos quarenta anos, Sidarta se transformou no Buda, o Iluminado.
 
Logo atraiu um grupo de seguidores e instituiu uma [[Sangha (Budismo)|ordem monástica]]. A partir de então, passou seus dias ensinando o [[darma]], viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacidade de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos oitenta anos de idade, em 483 a. C., em [[Kushinagar]], na [[Índia]].
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Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esboço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.<ref>CARRITHERS, Michael. The Buda. Estados Unidos: Oxford University Press, 1984, pág. 10. ISBN 0-19-287589-2.</ref>
 
Ao escrever uma biografia sobre Buda, [[Karen Armstrong]] disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerada 'histórica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhartta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos".<ref>ARMSTRONG, Karen (28 de Setembro de 2004). Buddha. Penguin Press. p. XII. ISBN 0-14-303436-7.</ref>.
 
== Conceitos budistas ==
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[[Imagem:Bhavachakra.jpg|thumb|direita|Tradicional ''[[thangka]]'' do [[budismo tibetano]] alusivo à "Roda da Vida", com seus seis reinos.]]
 
No budismo, o [[Carma]] (do [[sânscrito]] कर्म, [[Transliteração|transl.]] ''karmam'', e em [[pali]], ''kamma'', "ação") é a força de [[samsara]] sobre alguém. Boas ações ([[páli]]: ''kusala''), e/ou ações ruins (páli: ''akisala'') geram "[[vipaka|sementes]]" na mente,<ref>{{citar web |url=http://opicodamontanha.blogspot.com/2009/05/acoes-e-frutos-karma-e-vipaka.html |titulo=O Pico da Montanha (é onde estão os meus pés): Ações e frutos, karma e vipaka |trabalho=Monge Genshô |data=28 de Maio de 2009 |acessodata=9 de Fevereiro de 2010}}</ref>, que virão a aflorar nesta vida ou em um [[Renascimento (budismo)|renascimento subsequente]].<ref>{{citar web |url=http://www.buddhistethics.org/13/zse1-kasulis.pdf |titulo=Zen as a Social Ethics of Responsiveness |trabalho=T. P. Kasulis |data=28 de Maio de 2009 |acessodata=9 de Fevereiro de 2010 ISSN 1076-9005 }}</ref>. Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o ''[[Shila (budismo)|sila]]'' é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".
 
O carma, na filosofia budista, refere-se especificamente a essas ações (do corpo, da fala e da mente) que brotam da intenção mental (páli: ''cetana'')<ref name="harvey">HARVEY, Peter. ''An Introduction to Buddhism: Teachings, History and Practices (Introduction to Religion)''. Cambridge University Press, 1990. ISBN 0-521-31333-3. / .2: Página 56; .3: Página 57; .4: Página 58; .5: Página 59; .6: Página 60;</ref> e que geram consequências (''[[Phala|frutos]]'') e/ou resultados (''vipaka''). Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e determinará os efeitos dela decorrentes.
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[[File:Buddhist Monuments in the Horyu-ji Area-122502.jpg|thumb|Monumento budista na área de [[Horyu-ji]], [[Japão]].]]
 
No [[Teravada|budismo Teravada]], não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do [[Universo]]. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes. Por exemplo, os textos dos [[Sutras de Maaiana|sutras]] (como o ''[[Sutra do Lótus]]'', ''[[Sutra de Angulimala]]'' e ''[[Sutra de Mahaparinirvana|Sutra do Nirvana]])'' afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, ''[[Vajrayana]]'' por exemplo, incentivam a prática dos [[mantras]] como meio de cortar um carma negativo.<ref>PAYNE, Richard. ''Tantric Buddhism in East Asia''. Wisdom Publications, 2005. ISBN 0-86171-487-3.</ref>.
 
==== Renascimento ====
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{{Artigo principal|[[Samsara]]}}
 
''Samsara'' é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustração engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam.<ref>{{citar web |url=http://www.historiadomundo.com.br/religioes/budismo.htm |titulo=Budismo - História do Budismo - História do Mundo |trabalho= |data= |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>. O ''samsara'' compreende os três mundos superiores (deva, espiritual e seres humanos) e os três inferiores (seres ignorantes, inferiores e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento.<ref>{{citar web |url=http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&ct=html&cd=12&ved=undefined&url=http%3A%2F%2F74.125.47.132%2Fsearch%3Fq%3Dcache%3A_MdpuTyk8mEJ%3Awww.cipedya.com%2Fweb%2FFileDownload.aspx%253FIDFile%253D175722%2BO%2Bciclo%2Bdo%2Bsamsara%2Bbudismo%26cd%3D12%26hl%3Dpt-BR%26ct%3Dclnk%26gl%3Dbr%26client%3Dfirefox-a&ei=RPdzS_b1MpG0tgejjOWvCg&usg=AFQjCNG0A0XNp31M9bvPcEt5vwlTy6N7uA&sig2=9fz28z1dfT3FMIMSQxQyYg |titulo=Glossário De Budismo Tibetano |trabalho= |data= |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>.
 
Os budistas acreditam, em sua maioria, no ''samsara''. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico. Assim como os [[Hinduísmo|hindus]], os budistas interpretam o ''samsara'' não esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do ''samsara'' se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o [[nirvana]] ou a salvação.<ref>{{citar web |url=http://pessoas.hsw.uol.com.br/reencarnacao2.htm |titulo=HowStuffWorks - Reencarnação no Budismo |trabalho=Sarah Dowdey |data= |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>.
 
=== Sofrimento: causas e soluções ===
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{{Artigo principal|[[Quatro Nobres Verdades]]}}
 
De acordo com o [[Cânone Páli]], As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana.<ref>{{citar web |url=http://www.accesstoinsight.org/tipitaka/sn/sn56/sn56.011.piya.html |titulo=Dhammacakkappavattana Sutta: Setting in Motion the Wheel of Truth (SN 56.11) |trabalho=Do ''The Book of Protection'', traduzido por Piyadassi Thera |data=1999 |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>. Algumas vezes, são consideradas como a essência dos ensinamentos do Buda e são apresentadas na forma de um diagnóstico médico<ref>{{citar web |url=http://www.desenredo.com.br/Textos/Budismo.htm |titulo=Desenredo - site cultural |trabalho= |data= |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>:
 
# a vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar (''[[dukkha]]''), de uma forma ou outra;
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# esse estado é conquistado através dos [[Nobre Caminho Óctuplo|caminhos]] ensinados pelo Buda.
 
Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o 14º [[Dalai Lama]],<ref>{{citar web |url=http://curtavida.com/budismo-quatro-nobre-verdades-caminho-octuplo |titulo=As Quatro Nobre Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo do Budismo: uma visão mais apropriada : Curta Vida |trabalho= |data=1 de Janeiro de 2009 |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>, Tenzin Gyatso.
 
De acordo com outras interpretações de mestres budistas e eruditos, e recentemente reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não-budistas, as "verdades" não representam meras declarações e/ou indicações, entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos:<ref>GETHIN, Rupert. ''The Foundations of Buddhism (OPUS)''. Oxford University Press, 1998. ISBN 0-19-289223-1.</ref>
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# "A Verdade Nobre Que Produz o Caminho para o Fim do Sofrimento".
 
A compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatro Nobres Verdades é que estas são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos".<ref>Hinnels, John R.. ''The New Penguin Handbook of Living Religions''. Londres: Penguin Books. ISBN 0-14-051480-5.</ref>. A posição Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não estão prontas para ensinar.<ref name="harvey" /> No [[Extremo Oriente]], os ensinamentos são pouco conhecidos.<ref name="ELIOT">ELIOT. ''[http://books.google.com.br/books?id=N3oRI23AdkkC&lpg=PP1&dq=Eliot%2C%20Japanese%20Buddhism&pg=PR9#v=onepage&q=&f=false Japanese Buddhism (Kegan Paul Japan Library)]''. Routledge, 2005. ISBN 0-7103-0967-8.</ref>
 
==== O Nobre Caminho Óctuplo ====
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# <li value="3">{{unicode|vāc}} ''vāc (vāca)'': falando de uma maneira verdadeira e não ofensiva;
# ''karman (kammanta)'': agir de uma maneira não prejudicial;
# ''ājīvana (ājīva)'': o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente.<ref>{{citar web |url=http://samoockah.blogspot.com/2007/07/questes-sobre-o-budismo-colegiado.html |titulo=Textos: O Que É o Budismo (Colegiado Buddhista Brasileiro) - Parte 1 |trabalho=23 de Julho de 2007 |data=1 de Janeiro de 2009 |acessodata=11 de Fevereiro de 2010}}</ref>.
* ''[[samadhi]]'': é a disciplina mental necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através de práticas. Engloba:
# <li value="6">{{unicode|vyāyāma}} ''vyāyāma (vāyāma)'': fazer um esforço para melhorar;
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# ''samādhi (samādhi)'': meditar ou concentrar-se de maneira correta.
 
A prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento simultâneo dos oito itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro ''[[nikāya]]s'' principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinados para leigos e são pouco conhecidos no Extremo Oriente.<ref name="ELIOT" />.
 
Os oito itens do caminho normalmente são apresentados em três divisões (ou treinamentos elevados), como mostrado abaixo:
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Segundo a doutrina da impermanência, a vida humana incorpora esse fluxo no processo de envelhecimento, no ciclo de renascimento e em qualquer existência de perda. A doutrina afirma ainda que, pelo fato de as coisas serem impermanentes, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento (''dukkha'').
 
''[[Dukkha]]'' ou sofrimento (pāli दुक्ख; ''sanskrit'' दुःख ''duḥkha'') é um dos conceitos centrais do budismo. A palavra pode ser traduzida de diversas maneiras, incluindo [[sofrimento]], [[dor]], insatisfação, tristeza, angústia, ansiedade, desconforto, estresse, infelicidade e frustração, por exemplo. Apesar disso, ''dukkha'' é traduzido, muitas vezes, como "sofrimento", o seu significado filosófico é mais semelhante a "inquietação", como na condição de ser perturbado.<ref>{{citar web |url=http://curitiba.nalanda.org.br/?p=82 |titulo=O que é dukkha? : Nalanda Curitiba |trabalho=Rewata Dhamma Sayadaw |data=4 de Janeiro de 2007 |acessodata=14 de Fevereiro de 2010}}</ref>. Devido a isso, algumas literaturas preferem não traduzir o verbete, como é o caso do [[Língua inglesa|inglês]], com o objetivo de englobar em uma palavra todos os significados.<ref name="rahula">{{cite bookcitar livro| lastúltimo = Rahula | firstprimeiro = Walpola | authorlinkautorlink = Walpola Rahula | title título= What the Buddha Taught | publisher publicado= [[Grove Press]] | year ano= 1959 | isbn = 0-8021-3031-3 | chaptercapítulo= Chapter 2}}</ref><ref name = "prebish">{{cite bookcitar livro| lastúltimo = Prebish | firstprimeiro = Charles | title título= Historical Dictionary of Buddhism | publisher publicado= The Scarecrow Press | year ano= 1993 | isbn = 0-8108-2698-4}}</ref><ref name="keown">{{cite bookcitar livro| lastúltimo = Keown | firstprimeiro = Damien | title título= Dictionary of Buddhism | publisher publicado= [[Oxford University Press]] | year ano= 2003 | isbn = 0-19-860560-9}}</ref>.
 
''[[Anatta]]'', ou ''anatman'', refere-se à noção da inexistência de um "eu". Após uma análise cuidadosa, verifica-se que nenhum fenômeno é realmente "eu" ou "meu", estes conceitos são, na realidade, construídos pela mente. Nos ''[[nikayas]]'', o ''anatta'' não é entendido como uma afirmação metafísica, mas como uma aproximação para ganhar a libertação do sofrimento. O Buda rejeitou ambos os conceitos, afirmando que eles nos ligam ao sofrimento.
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# ''Avidyā'': ignorância (especificamente espiritual)<ref name="harvey" /><ref name="originofbuddha">{{citar web |url=http://originofbuddha.blogspot.com/2009/05/impermanence-suffering-and-non-self.html |titulo=The Origin of Buddha: “Impermanence, suffering and non-self” |trabalho= |data=17 de maio de 2009 |acessodata=17 de fevereiro de 2010}}</ref>
# ''Saṃskāras'': formações;<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Vijñāna'': consciência;<ref name="harvey" /><ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Nāmarūpa'': nome e forma (refere-se à mente e ao corpo);<ref name="harvey" /><ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Ṣaḍāyatana'': suas bases dos sentidos (olhos, nariz, ouvidos, língua, corpo e mente);<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Sparśa'': contato (traduzido, também, como "impressão" ou "estimulo" por um objeto);<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Vedanā'': sensação, traduzida como algo "desagradável", "agradável" ou neutro;<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Tṛṣṇā'': sede, mas, no budismo, refere-se ao desejo;<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Upādāna'': apego ou apreensão;<ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Bhava'': ser (existência) ou se tornar (no Teravada possui dois significados: o carma, que produz uma nova existência, e a existência em si);<ref name="harvey" /><ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Jāti'': nascimento (entendido como ponto de partida);<ref name="harvey" /><ref name="originofbuddha" /> ;
# ''Jarāmaraṇa'': velhice e morte, também traduzida, através do ''śokaparidevaduḥkhadaurmanasyopāyāsa'', como tristeza, lamentação, dor e miséria.<ref name="originofbuddha" />.
 
==== ''Sunyata'' ====
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O budismo Maaiana foi fundado baseado nas teorias de [[Nagarjuna]], provavelmente o estudioso mais influente dentro das tradições da escola budista. A principal contribuição do [[Filosofia Budista|filósofo budista]] foi a exposição sistemática do conceito de ''sunyata'', ou "vazio", comprovada amplamente nos sutras, como ''[[Prajnaparamita]]'', importantíssimos na época.
 
O conceito de "vazio" reúne as outras principais doutrinas budistas, particularmente a ''anatta'' e a ''pratītyasamutpāda'' (orientação dependente), para refutar a metafísica da [[Sarvastivada]] e [[Sautrāntika]] (não extintas da escola Maaiana). Para Nagarjuna, não são apenas os seres sencientes que estão vazios de ''[[atman]]''; todos os fenômenos (''[[Dharma|dharmasdharma]]s'') são, sem qualquer ''[[svabhava]]'' (literalmente "própria natureza" ou "autonatureza") e, portanto, sem qualquer essência fundamental, pois eles são vazios de ser independentes, assim, as teorias heterodoxas de Svabhava, circuladas na época, foram desmentidas com base nas demais doutrinas budistas.
 
Os pensamentos de Nagarjuna são conhecidos como ''[[Madhyamaka]]''. Alguns dos escritos atribuídos a Nagarjuna fazem referências explícitas aos textos de Maaiana, mas sua filosofia foi argumentada dentro dos "parênteses" estabelecidos pela [[ágama]]. Ele pode ter chegado à sua posição a partir de um desejo de alcançar uma [[exegese]] coerente da doutrina do Buda, tal como o Canon. Aos olhos de Nagarjuna, o Buda não era apenas um precursor, mas o próprio fundador do sistema Madhyamaka.<ref>LINDTNER, ChristiaN. ''Master of Wisdom: Writings of the Buddhist Master Nagarjuna (Tibetan Translation Series)''. Dharma Publishing, 1987. ISBN 0-89800-139-0.</ref>.
 
Os ensinamentos ''sarvastivada'', que foram criticados por Nagarjuna, foram reescritos por estudiosos como [[Vasubandhu]] e [[Asanga]] e foram, posteriormente, adaptados para a prática do [[Yoga]] (sânscrito: ''[[Yogacara]]''). Enquanto a escola Madhyamaka declarou que afirmar a existência ou a inexistência de qualquer coisa, em última análise, era inadequado, contudo, alguns expoentes da ''Yogacara'' afirmaram que a mente, e só a mente, é real (doutrina conhecida como [[Cittamatra|consciência]]). Entretanto, nem todos dentro do ''Yogacara'' consideram essa afirmação; Vasubandhu e Asanga, em particular, são um exemplo.<ref>{{citar web |url=http://www.acmuller.net/yogacara/articles/intro-uni.htm |titulo=What is and isn't Yogacara |trabalho=Dan Lusthaus |data= |acessodata=18 de Fevereiro de 2010}}</ref>.
 
Além do vazio, a escola Maaiana, muitas vezes, dá ênfase nas noções de discernimento espiritual pleno (''[[prajnaparamita]]'') e na natureza búdica (''[[tathagatagarbha]]'', que significa "embrião budista"). De acordo com o sutras de ''tathagatagarbha'', o Buda revelou a realidade da imortal natureza budista, que se diz ser inerente a todos os [[Seres Sencientes|seres vivos]] e permite que todos eles, eventualmente, atinjam a iluminação completa, ou seja, tornando-se [[Buda]]s.
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{{Teravada}}
{{Artigo principal|[[Budismo inicial]]}}
A ''[[sangha]]'' original, após a realização de um concílio no {{AC|{{séc|IV}}|x}}, dividiu-se em duas escolas de pensamento: ''Mahasanghika'' e ''Sthaviravada''. Desses dois troncos, a única escola remanescente é a [[Theravada]].<ref>{{citar web|url=http://web.archive.org/web/20030803042142/www.dharmanet.com.br/sangha.htm|título=As primeiras escolas|acessodata=12 de Dezembro de 2010|obra=Sangha|publicado=Dharmanet|língua=Português}}</ref> Os três veículos principais são: Escolas Antigas, Escolas [[Mahayana]] e Escolas [[Vajrayana]].<ref name="nome">{{citar web|url=http://web.archive.org/web/20030803043852/www.dharmanet.com.br/sangha5.htm|título=Escolas e países buddhistas|acessodata=12 de Dezembro de 2010|obra=Sangha|publicado=Dharmanet|língua=Português}}</ref>
* Escolas Antigas: ''[[Satyasiddhi|Ch'eng-shih]], [[Chu-she]], Jôjitsu, [[Kusha]], [[Ritsu|Lü-tsung]], [[Mahasanghika]], [[Pudgalavada]], Ritsu, [[Sarvastivada]], [[Sautrantika]], [[Sthaviravada]], [[Theravada]] e [[Vaibhashika]]'';<ref name="nome" />
* [[Mahayana|Escolas Mahayana]]: ''[[Ch'an]], [[Terra Pura|Ching-t'u]], [[Chittamatra]], [[Fa-hsiang]], [[Hossô]], [[:en:Kegon|Hua-yen]], [[Ji-shû]], [[Jnanavada]], Jôdo, [[Jôdo Shin]], Kegon, [[Madhyamaka]], [[Madhyamika]], [[Budismo de Nitiren|Nichiren]], [[Nieh-p'an]], [[San-lun]], [[Sanron]], [[Tathagatagarbha]], [[Ti-lun]], [[Buddhismo Circular|Won]], [[Yogachara]], [[Yün-chi]] e [[Zen]]'';<ref name="nome" />
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* [[Abhisamayalamkara]]
* [[Estudos budistas]]
* [[Anexo:Lista de religiões do Extremo Oriente|Síntese das religiões orientais]]
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