Demografia de Angola: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Angola Ethnic map 1970-pt.svg|thumb|direita|Mapa étnico de Angola em 1970]]
A população angolana acusa uma composição bastante complexa. Cerca de 95% dos angolanos são africanos [[Bantos|bantu]], pertencentes a uma diversidade de etnias. Entre estas, a mais importante é a dos [[Ovimbundu]] que representam mais de um terço da população, seguidos dos [[Ambundos|Ambundu]] com cerca de um quarto, e os [[bakongo|Bakongo]] com mais de 10%. Menor peso demográfico têm os [[Lunda]] - [[Côkwe]], os [[Ovambo]], os [[Nhaneca-Humbe|Nyaneka-Nkhumbi]], os [[Ganguela]] e os [[Xindonga]]. Existem ainda pequenos grupos residuais de [[Khoisan]] (ocasionalmente designados como [[boximane|bosquímanos]] ou [[hotentote]]s), habitantes originais do território da [[Angola]] de hoje (e portanto pré-[[bantu]]). O ''habitat'' destas etnias, tal como existia no fim da era colonial, continua no essencial inalterado. No entanto, durante a segunda metade do século XX houve um fluxo permanente de habitantes das áreas rurais para as cidades. A seguir à independência, a [[Guerra Civil Angolana]] provocou um verdadeiro êxodo rural, de modo que neste momento (2015) um pouco mais de metade da população total de [[Angola]] vive em áreas urbanas. Neste contexto, muitos [[Bakongo]] e [[Ovimbundu]] (e contingentes bem mais limitados de outros grupos) fixaram-se em cidades fora do ''habitat'' tradicional da sua respectiva etnia. Em consequência deste movimento, existe hoje uma diversidade étnica muito acentuada em [[Luanda]] (inclusive região adjacente), mas também no [[Lubango]], enquanto ela é relativamente mais limitada p.ex. em [[Benguela]] e no [[Huambo]].
 
Ao longo do período colonial constituiu-se em Angola uma população portuguesa que em 1975 contava com 320.000 a 350.00 pessoas. <ref> Entre as várias fontes sobre este número, a que mais crédito merece é Gerald Bender & Stanley Yoder, ''Whites in Angola on the Eve of Independence: The politics of numbers'', ''Africa Today'', 21 (4), 1976, pp. 23-37. Ver também José Manuel Zenha Rela, ''Angola entre o presente e o futuro'', Lisboa: Escher, 1992</ref> Entre estes, uma parte estava radicada no país a título permanente, muitas vezes na segunda ou mesmo terceira geração; a outra parte tinha vindo na fase do "colonialismo tardio" dos anos 1960/70, geralmente a título temporário. Na sua grande maioria saíram de Angola na altura da independência, mas entretanto alguns deste grupo, mas sobretudo outros portugueses, afluíram ao país nas duas últimas décadas, em busca de empregos ou de possibilidades empresariais. O número de portugueses que vivem actualmente em Angola foi estimada em aproximadamente pelo menos de 200.000 pessoas (registos consulares) em 2012,<ref>http://www.tagesanzeiger.ch/ausland/europa/Das-Glueck-liegt-in-Angola/story/30777283, actualizado em 8 de fevereiro 2013</ref>, mas é provavelmente superior. Como ao mesmo tempo houve uma forte imigração de [[latino-americano]]s, especialmente [[brasileiro]]s e [[cubano]]s, a população "caucasiana" voltou a constituir um grupo seguramente não inferior a 300,000 pessoas.
 
A longa presença de portugueses em Angola esteve na origem de um número considerável de ''mestiços'' ,<ref> Este é o termo utilizado em Angola, equivalente ao termo brasileiro "pardo"</ref>, ou seja, de pessoas de ascendência africana e europeia. Tanto em termos administrativos como em termos sociais, estes foram no tempo colonial considerados como uma "raça" distinta das "raças" branca e negra. Em ambos os termos, esta distinção continua a vigorar até ao presente. A proporção dos mestiços na população total é estimada em cerca de 2%. <ref>{{citar web|url=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ao.html#People|titulo=The World Factbook - Angola|autor=|data=|publicado=C.I.A|acessodata={{DataExt|19|11| de novembro de 2010}}}} Convém sublinhar que, em relação aos aspectos aqui examinados, esta fonte não é necessariamente fiável. O mesmo aplica-se a [http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/6619.htm US Department of State]</ref>
 
Por fim, formou-se a partir dos anos 1990, mas sobretudo a partir do fim da Guerra Civil em 2002, um novo grupo populacional - o dos [[chinês|chineses]], directa ou indirectamente associados à forte presença económica da China em Angola. Há poucas fontes confiáveis sobre o seu número, mas as estimativas apontam para uma ordem de grandeza de 259000, em 2012.<ref>http://www.angonoticias.com/Artigos/item/33949/cerca-de-259000-chineses-vivem-atualmente-no-pais</ref>
 
Sobre a população global, os dados disponíveis são provisórios, aguardando-se o censo populacional anunciado para 2013. No entanto, um estudo apresentado por um conceituado demógrafo angolano
<ref> Ver Luís Colaço, ''De 1975 a 2009: quantos éramos e quantos somos'', [http://www.opais.net/pt/opais/?det=7192 O País]</ref> apresenta para 2009 a estimativa de 18,5 milhões (contra 6,3 milhões em 1975),<ref> Ver também {{citar web|url=http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2008/wpp2008_text_tables.pdf|titulo=Tabelas (ver tabela A.1)|autor=|data=|publicado=Nações Unidas|acessodata={{DataExt|19|11| de novembro de 2010}}}}</ref>, o que reflecte uma verdadeira explosão populacional, explicada por um aumento da [[Natalidade|natalidade]], uma diminuição da [[Mortalidade infantil|mortalidade infantil]] e uma maior [[Esperança de vida|esperança de vida à nascença]], ocorridas no essencial nas crescentes áreas urbanas. <ref> Ver também Victor Agadjanian & Ndola Prata, ''War, peace and fertility in Angola'', na revista ''Demography'', 39 (3) 2002, pp. 215-231. </ref> Uma consequência importante é o considerável rejuvenescimento da população: as crianças com menos de 14 anos constituem 46%.
 
A [[densidade demográfica]] é globalmente baixa, com cerca de 15 habitantes por quilómetro quadrado, mas extremamente desigual: às áreas urbanas, em constante expansão, contrapõem-se grandes extensões pouco habitadas, particularmente nas províncias situadas a Leste e ao Sul do país.