Ciclone tropical: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Página marcada que existem referências sem formatação, usando FastButtons |
m Desfeita a edição 49504877 de Agent010, ajustando datas, traduzindo nome/parâmetro, ajustes gerais nas citações, outros ajustes usando script (you are welcome) Etiqueta: Possível mudança indevida de nacionalidade |
||
Linha 1:
{{artigo destacado}}▼
{{nota:|Furacão e Tufão redirecionam aqui. Para outros significados destes termos, consulte [[Furacão (desambiguação)]]}}
[[Imagem:Hurricane_-Patricia_approaches_-Mexico._It's_massive._Be_careful!_-YearInSpace.jpg|thumb|280px|[[Furacão Patricia (2015)|Furacão Patricia]] (2015) como visto da [[órbita terrestre]] durante a [[Expedição 45]] da [[Estação Espacial Internacional]].]]▼
▲[[Imagem:Hurricane_-Patricia_approaches_-Mexico._It's_massive._Be_careful!_-YearInSpace.jpg|thumb|280px|[[Furacão Patricia (2015)|Furacão Patricia]] (2015) como visto da [[órbita terrestre]] durante a [[Expedição 45]] da [[Estação Espacial Internacional]].]]
[[Imagem:Cyclone Catarina from the ISS on March 26 2004.JPG|thumb|280px|O [[furacão Catarina]], um [[ciclone tropical do Atlântico Sul]] raro visto da [[Estação Espacial Internacional]] (EEI) em 26 de março de 2004]]
[[Imagem:Hurricane Isabel from ISS.jpg|280px|thumb|[[Furacão Isabel]] (2003) visto da [[órbita terrestre]] durante a [[Expedição 7]] da [[EEI]]. O [[Olho (ciclone)|olho]] e outras características próprias de ciclones tropicais são claramente visíveis na imagem.]]
Linha 9 ⟶ 7:
Um '''Ciclone tropical''' é uma grande perturbação na [[atmosfera terrestre]]. É um sistema formado por grandes [[tempestade]]s e é caracterizada por ser uma região onde a [[pressão atmosférica]] é significativamente menor e a [[temperatura]] é ligeiramente maior do que suas vizinhanças. É uma [[ciclone|área de baixa pressão]] atmosférica com uma circulação fechada de ventos e diferencia-se dos [[ciclone extratropical|ciclones extratropicais]] por ter um núcleo quente e um centro bastante definido em sistemas mais intensos, conhecido como [[olho (ciclone)|olho]]. A grande diferença de pressão atmosférica entre o centro do ciclone e suas vizinhanças, conhecida como [[força de gradiente de pressão]], gera intensos ventos que podem ultrapassar 300 km/h em grandes ciclones. Seu giro característico, no sentido anti-horário no hemisfério norte e horário no hemisfério sul, é inicialmente causado pela [[força de Coriolis]] e postergada pela energia liberada pela condensação da [[humidade|umidade]] atmosférica. [[Trovoada]]s e [[chuva]]s torrenciais estão frequentemente associados a ciclones tropicais. Formam-se costumeiramente nas [[trópico|regiões trópicas]], aos arredores da [[Linha do Equador]], onde constitui uma parte do sistema de circulação atmosférica ao mover [[calor]] da [[zona tropical|região equatorial]] para as [[latitude]]s mais altas. O ciclone tropical é movido pela [[energia térmica]] liberada quando ar úmido sobe para camadas mais altas da atmosfera e o [[vapor de água]] associado se [[condensação|condensa]].
Ciclone tropical é um termo geral para esse fenômeno [[meteorologia|meteorológico]], mas dependendo de sua localização geográfica e de sua intensidade, os ciclones tropicais podem ganhar várias outras denominações, tais como '''furacão''', '''tufão''', '''tempestade tropical''', '''tempestade ciclônica''', '''depressão tropical''' ou simplesmente '''ciclone'''.<ref>{{citar web|título=Qual a diferença entre furacão, ciclone, tornado e tufão? Como eles se formam?|url=https://noticias.terra.com.br/educacao/voce-sabia/qual-a-diferenca-entre-furacao-ciclone-tornado-e-tufao-como-eles-se-formam,f0eabad27a23e310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html|publicado=[[Terra Networks]]|acessodata=1 de outubro de 2016|data=abril de 2013}}</ref>
Produzem [[vento]]s e chuvas como qualquer outra região onde há significativas taxas de variação da pressão atmosférica. Entretanto, as taxas de variação da pressão atmosférica em ciclones tropicais são em geral muito acentuadas, e associadas à presença de calor e umidade em abundância sobre os oceanos quentes, as chuvas e ventos podem ser particularmente intensos. Os ciclones tropicais também são capazes de gerar ondas fortíssimas e a [[maré de tempestade]], uma elevação do nível do [[mar]] também causado pelos ventos intensos quando o sistema se aproxima de uma região costeira. Estes fatores secundários podem ser tão devastadores quanto os ventos e as chuvas fortes. Os ciclones tropicais formam-se a partir de perturbações atmosféricas sobre grandes massas de água quente, onde há alta concentração de calor e umidade que funcionam como seu combustível. No entanto, perdem sua intensidade assim que alcançam regiões costeiras e o continente, pois o calor e a umidade já não estão mais disponíveis. Esta é a razão de as regiões costeiras serem geralmente as áreas mais afetadas pela passagem de um ciclone tropical; regiões afastadas da costa são geralmente poupadas dos ventos mais fortes. Entretanto, as chuvas torrenciais podem causar [[enchente]]s severas e as marés de tempestade podem causar imensas inundações costeiras; em algumas ocasiões a água do mar pode chegar a mais de 40 [[quilômetro]]s da costa. Seus efeitos podem ser devastadores para a população humana, embora possam amenizar [[seca|estiagens]].
Linha 34 ⟶ 32:
|Mais de 8 graus de latitude (> 888 km)||Muito grande<ref name="JTWCsize">Joint Typhoon Warning Center. [https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/menu/JTFAQ.html#tcsize Q: What is the average size of a tropical cyclone?] Acessado em [[4 de Julho]] de [[2007]].</ref>
|}
Todos os ciclones tropicais são naturalmente áreas de [[convecção atmosférica]], onde o ar quente e úmido sobe para altas camadas da atmosfera, e o ar frio e seco desce novamente para superfície.<ref name="convecc"/> Esse processo causa a diminuição da [[pressão atmosférica]] na superfície. Por isso, ciclones tropicais são considerados [[ciclone|áreas de baixa pressão atmosférica]].<ref name="prss"/> As medições da pressão atmosférica nos centros dos ciclones tropicais estão entre as menores já registradas mundialmente ao [[nível médio do mar|nível do mar]].<ref name="ABC pressures">{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]] | autor = Symonds, Steve |titulo = Highs and Lows | obra = Wild Weather |
[[Imagem:Typhoonsizes.jpg|esquerda|thumb|270px|Os tamanhos relativos do [[tufão Tip]], do [[ciclone Tracy]] e dos Estados Unidos Continentais.]]
Linha 63 ⟶ 61:
{{Artigo principal|Olho (ciclone)}}
[[Imagem:Hurricane Wilma eye.jpg|thumb|230px|Olho do [[furacão Wilma]], em 2005. Nota-se um grande "efeito estádio": o diâmetro na base do ciclone é menor do que em altas altitudes]]
Um ciclone tropical age como um "aspirador" gigantesco: uma grande quantidade de ar é sugado da superfície e levado para camadas mais altas da atmosfera. Se o fluxo de ar nessa coluna for suficientemente intensa, surge no centro do ciclone uma região livre de [[nuvem|nuvens]] conhecida como [[olho (ciclone)|olho]]. Na superfície, as condições meteorológicas no olho são normalmente calmas, isto é, sem chuvas ou ventos fortes, e é possível ver parte do céu sem nuvens.<ref name="JetStream structure"/> É no olho que se situam os menores valores de [[pressão atmosférica]]: no olho do [[tufão Tip]], no auge de sua intensidade, a pressão atmosférica estava em 870 [[Bar (unidade)|milibares]], a menor pressão atmosférica a nível do mar já registrada na história.<ref name="jtwc"/> O olho é normalmente circular em sua forma e pode variar entre 3 a 370 [[quilômetro]]s de diâmetro.<ref name="WilmaTCR">{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|url=http://www.nhc.noaa.gov/pdf/TCR-AL252005_Wilma.pdf | formato=PDF | titulo= Tropical Cyclone Report: Hurricane Wilma: 15-25 October 2005 | obra=[[NHC]] |
[[Imagem:Hurricane Isabel eye from ISS (edit 1).jpg|thumb|230px|esquerda|Olho do [[furacão Isabel]], em 2003. O olho do furacão Isabel é dezenas de vezes maior do que o olho do furacão Wilma]]
As condições mais severas de um ciclone tropical são observados em torno do olho, em bandas de tempestade que imediatamente o rodeiam e por isso são conhecidas como a "parede do olho". Basicamente, a parede do olho é uma circunferência de tempestades violentas e é nesta região de um ciclone tropical que são encontrados os ventos mais fortes, onde as tempestades alcançam o pico de intensidade e também onde a [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] é a maior. Os maiores danos de um ciclone tropical são causados quando a parede do olho atinge a costa litorânea.<ref name="JetStream structure"/> Em sistemas particularmente intensos, a parede do olho pode exibir uma curvatura vertical característica, que lembra um estádio circular em imagens de satélite de boa resolução. Os meteorologistas referem-se a este fenômeno como ''[[olho (ciclone)#Efeito estádio|efeito estádio]].''<ref name="MWR 1996 AHS summary">{{citar web |lingua=[[língua inglesa|inglês]]| autor = Pasch, Richard J. and Lixion Avila | titulo = Atlantic Hurricane Season of 1996 | obra = Monthly Weather Review | url = http://ams.allenpress.com/archive/1520-0493/127/5/pdf/i1520-0493-127-5-581.pdf | formato = PDF | data = Maio de 1999 |acessodata = 14-12-2006}}</ref> A coluna de ar que ascende logo acima da superfície gira a uma grande [[velocidade angular]]. Basicamente, quem mantém o ar em rotação é a grande [[força de gradiente de pressão]] no interior de ciclones tropicais, que age como uma [[força centrípeta]]: a [[força de Coriolis]] apenas causa o impulso inicial para o sistema girar. Entretanto, a velocidade angular do ciclone diminui com altura, mas nenhum [[torque]] é exercido sobre a massa de ar em rotação em maiores altitudes, pois está livres dos torques de atrito na superfície. Portanto, o [[momento angular]] se conserva e consequentemente o [[Raio (geometria)|raio]] do olho deve ser maior conforme a altitude.<ref name="eeduc">{{Citar web|url=https://www.e-education.psu.edu/meteo241/node/2291|titulo=Dynamics of Tropical Cyclones|obra=Pennsilvanya State University|data=|arquivourl=http://www.webcitation.org/60QjP7xeJ|arquivodata=24/7/11|acessodata=24/7/11}}</ref> O olho de um ciclone tropical pode sobreviver durante todo o tempo em que o sistema está intenso. Porém, alguns ciclones tropicais podem sofrer [[olho (ciclone)#Ciclos de reposição da parede do olho|ciclos de substituição da parede do olho]]. Quando atingem seu pico de intensidade, normalmente apresentam uma parede do olho muito bem desenvolvida. Nestes ciclones, o olho é menor em diâmetro e consequentemente a parede do olho também terá um diâmetro menor. Como o [[raio de vento máximo|raio de ventos máximos]] está concentrado na parede do olho, pode ter um diâmetro que varia de 10 a 25 quilômetros em sistemas particularmente intensos. Entretanto, bandas de tempestade mais externas podem se organizar para formar outro anel de tempestades e trovoadas, uma nova parede do olho. Esta nova parede do olho começa a usar a energia disponível inicialmente para a primeira parede do olho: em um determinado instante, toda a energia disponível para o ciclone está sendo dividida para as duas paredes do olho, e em casos mais raros, para três paredes. Portanto, as paredes do olho não podem usufruir da energia total disponível individualmente e a intensidade do ciclone tropical diminui. Normalmente, a parede do olho que circunda imediatamente o olho esmaece e desaparece e a segunda parede do olho passa a usufruir de toda a energia total disponível. Assim, o ciclone pode voltar a ter a sua intensidade inicial ou em alguns casos, o ciclone poderá estar mais intenso após a substituição da parede do olho terminar, pois a energia disponível pode ser maior do que antes do ciclo de substituição.<ref name="eye"/><ref name = "AOML FAQ D8">{{citar web |lingua=[[língua inglesa|inglês]]| autor = Atlantic Oceanographic and Atmospheric Laboratory, Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What are "concentric eyewall cycles" (or "eyewall replacement cycles") and why do they cause a hurricane's maximum winds to weaken? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 14-12-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/D8.html}}</ref>
=== Bandas de tempestade ===
[[Imagem:Heta trmm2004005 lrg.jpg|thumb|As bandas de tempestade do ciclone Heta, em 2004, essão mostradas em azul (menor intensidade) a vermelho (maior intensidade) nessa imagem do satélite da Missão de Mensuramento de Chuvas Tropicais. Nessa imagem é possível identificar a parede do olho que rodeia completamente o centro do sistema e outras bandas mais externas de tempestade.]]
[[Aguaceiro|Bandas de tempestade]] são bandas de nuvens que produzem tempestades e trovoadas que acompanham o giro do ciclone, orbitando seu centro, resultado na grande quantidade de ar úmido que adentra a circulação ciclônica. Os ventos fortes e trovoadas ocorrem nessas bandas de tempestade, especialmente se essas estão bem desenvolvidas e circundam completamente o olho. Muitas vezes a circulação fechada dos ventos pode não ser totalmente preenchida por bandas de tempestade, havendo regiões sem chuvas, embora o vento entre as bandas de tempestade não cesse completamente. [[Tornado]]s freqüentemente ocorrem nas bandas de tempestade de um ciclone tropical.<ref name="JetStream structure">{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]] | url = http://www.srh.noaa.gov/jetstream/tropics/tc_structure.htm | autor = National Weather Service | obra = [[National Oceanic & Atmospheric Administration]] | titulo = Tropical Cyclone Structure | acessodata = 2006-12-14
=== Anticiclone na alta troposfera ===
Um ciclone tropical age como um grande "aspirador" na superfície: a partir de seu centro o ar é lançado para camadas mais altas da atmosfera, formando assim a sua coluna de vento vertical ascendente.<ref name="eeduc"/> Em sistemas particularmente intensos, o fluxo de ar impede que nuvens sejam formadas, formando assim o [[olho (ciclone)|olho]]. Como o ciclone tropical "suga" o ar na superfície, a pressão atmosférica é significativamente menor no seu centro do que nas vizinhanças. Entretanto, em seu topo o ciclone "expulsa" o ar, formando assim na alta troposfera um [[anticiclone]], ou seja, uma área onde a pressão atmosférica é maior do que nas vizinhanças. A força de Coriolis também causa o seu movimento anticiclônico, embora essa força seja, contraditoriamente, o causador do movimento ciclônico do sistema em baixas altitudes.<ref name="eeduc"/> Na alta troposfera, o ar seco e frio tende a sair do centro do sistema, causado pelo estabelecimento de uma força de gradiente de pressão com sentido radial inverso ao observado na superfície e sensivelmente mais fraca. Consequentemente, o anticiclone acima do ciclone é geralmente menor e tem um [[movimento circular]] retrógrado em relação a este.<ref name="eeduc"/> Como característica dos anticiclones, não há a presença de quantidades significativas de umidade,<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.weatherquestions.com/What_is_an_anticyclone.htm|titulo=What Is An Anticyclone|publicado=Weather Questions|obra=|data=|acessodata=27/7/11|autor=}}</ref> que fora previamente "usado" pelo ciclone. Dependendo da altitude, os [[vento]]s associados a um sistema tropical na superfície podem ser extremamente intensos, mas enfraquecem-se conforme a altitude. Em uma determinada altura, a circulação é interrompida e passa, a partir de então, a girar retrogradamente, já livre de umidade. Porém, para que o sistema tropical se mantenha ativo, é necessário que a coluna de ar ascendente se mantenha intacta e diferenças de [[velocidade]] entre as camadas atmosféricas, [[cisalhamento do vento]], simplesmente podem quebrá-la, danificando toda a estrutura do ciclone tropical.<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|obra=University of Illinois|url=http://ww2010.atmos.uiuc.edu/(Gh)/guides/mtr/hurr/grow/home.rxml |titulo=Hurricanes|acessodata= 2006-10-21}}</ref><ref>{{citar livro|
[[Imagem:Hurricane Isabel 10 sept 2003 1640Z.jpg|thumb|230px|esquerda|As nuvens pronunciadas e assimétricas a oeste (direita) do furacão Isabel indicam a existência de um intenso jato de fluxo de saída de ar em altas altitudes]]
O movimento circular retrógrado do anticiclone acima do sistema tropical que gira ciclonicamente também pode ser analisado através de seu [[momento angular]]. O ar úmido e quente de superfície que ingressa a circulação ciclônica de ventos adquire um momento angular que basicamente é mantido durante todo o seu trajeto em direção ao centro do sistema. Esse é o principal motivo dos grandes valores de velocidade angular dos ventos em torno do olho em sistemas desenvolvidos, pois, para que o momento angular seja conservado enquanto o raio diminui, a velocidade angular deverá aumentar. Porém, a massa de ar em rotação de fato perde momento angular para [[torque]]s de atrito com a superfície oceânica. Assim que essa massa de ar começa a ascender para regiões mais altas da troposfera, os torques de atrito perdem importância e a partir de então, o momento angular verdadeiramente é conservado. Quando essa massa de ar perde calor e umidade em altas altitudes, tende-se a afastar do centro do sistema, aumentando assim seu raio. Em um determinado instante, o raio é muito grande para que a velocidade angular seja positiva (em relação à circulação de ventos de superfície). Como esse raio crítico é ainda menor do que o raio original da massa de ar que ingressou à circulação de ventos de superfície, para que alcance o seu raio original, a massa de ar deve adquirir velocidade angular retrógrada, criando assim uma circulação anticiclônica de ventos na alta troposfera.<ref name="eeduc"/>
Embora os ventos no anticiclone de alta troposfera sejam significativamente mais fracos do que na superfície (podem não passar de 5 m/s), em ciclones em desenvolvimento podem haver regiões com ventos de até 50 m/s. Pesquisas ao longo das últimas décadas reveleram que essas regiões, conhecidas como jatos de fluxo de saída de ar, são essenciais para o desenvolvimento de ciclones tropicais, pois aceleram e facilitam o ciclo de ascendência e descendância do ar em regiões de convecção.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://atmosdyn.yonsei.ac.kr/nrl/papers/100723/ksy100723_1.pdf|titulo=External Influences on Hurricane Intensity: Part I: Outflow Layer Eddy Angular Momentum Fluxes|publicado=Sociedade Meteorológica Americana|obra=|data=15
== Movimento e trajetória ==
Linha 86 ⟶ 84:
{{Artigo principal|Alísio{{!}}Alíseos}}
[[Imagem:Tropical waves es.jpg|thumb|250px|Anticiclone dos Açores, um gigantesco [[anticiclone]] formado pelo ar que regressa à superfície entre as [[célula de Ferrel|células de Ferrel]] e de [[célula de Hadley|Hadley]], parte da grande [[circulação atmosférica]] terrestre. Um anticiclone no hemisfério norte gira no sentido horário. Na borda sul do anticiclone dos Açores o vento move-se de leste para oeste, formando os alíseos. Embebidos nos alíseos encontram-se as [[onda tropical|ondas tropicais]]]]
Os ciclones tropicais, localizados geralmente entre a [[linha do Equador]] e o paralelo 30° norte ou sul, são levados primariamente para oeste ou noroeste (hemisfério norte) ou sudoeste (hemisfério sul) por ventos [[alísio|alíseo]]s. Tais ventos alíseos fazem parte da circulação de ventos de gigantescas [[alta subtropical|altas subtropicais]], persistentes e gigantescos anticiclones sobre oceanos ou continentes que praticamente não se locomovem.<ref name = "AOML FAQ G6"/>Em determinadas regiões do planeta, ciclones tropicais formam-se a partir de [[onda tropical|ondas tropicais]], [[cavado]]s de baixa pressão onde há intensa atividade convectiva.<ref name="MWR Avila 1995"/> No Atlântico norte tropical e no Pacífico nordeste, os [[alísio|ventos alíseos]] levam as ondas tropicais para oeste ou noroeste, da costa da [[África]] até o [[Mar do Caribe]], passam pela [[América Central]] e o [[México]] e por último alcançam o Pacífico centro-norte antes de perderem sua umidade.<ref name=autogenerated3>{{citar web |lingua = [[língua inglesa|inglês]]| autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is an easterly wave? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A4.html}}</ref> Nos Oceanos Índico e Pacífico (tanto ao norte como ao sul destes oceanos), a [[ciclogênese tropical]], processo pelo qual um ciclone tropical forma-se e desenvolve-se, é fortemente influenciada pelo movimento sazonal da [[zona de convergência intertropical]], um cinturão de baixa pressão atmosférica que rodeia todo o planeta aos arredores da linha do Equador, e por [[cavado de monção|cavados de monção]], regiões onde há intensa atividade de [[monção]]. Tais fenômenos meteorológicos nessas regiões também são geralmente embebidos pelos alíseos e desempenham um papel mais importante do que as ondas tropicais.<ref name=autogenerated4>{{citar web |lingua = [[língua inglesa|inglês]]| autor = DeCaria, Alex | obra = Millersville University of Pennsylvania | url = http://snowball.millersville.edu/~adecaria/ESCI344/esci344_lesson05_TC_climatology.html | titulo = Lesson 7 – Tropical Cyclones: Climatology
=== Ventos de médias latitudes ===
Linha 104 ⟶ 102:
== Dissipação ==
[[Imagem:TropicalStormFranklin05.jpg|thumb|direita|180px|A [[tempestade tropical Franklin (2005)|tempestade tropical Franklin]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 2005|2005]], um exemplo de ciclone tropical sendo afetado por intenso [[cisalhamento do vento]]. Sua circulação ciclônica de ventos está exposta, livre de bandas de tempestade, que foram "cisalhadas" para fora do sistema]]
Um ciclone tropical pode enfraquecer-se por diferentes maneiras. Quando o ciclone tropical cruza a linha da costa e move-se sobre terra, não há mais ar úmido suficiente para mantê-lo.<ref>{{citar web|língua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=[[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]]|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/C2.html|titulo= Subject : C2) Doesn't the friction over land kill tropical cyclones?|acessodata=25-02-2008}}</ref> A maioria das tempestades fortes perdem sua força rapidamente após a ocorrência do ''landfall'' e tornam-se áreas de baixa pressão desorganizadas em um dia ou dois, ou tornam-se [[ciclone extratropical|ciclones extratropicais]] se as condições meteorológicas forem favoráveis. Entretanto, se o ciclone voltar a seguir sobre o mar quente, terá novamente ar úmido suficiente para voltar a se organizar e se intensificar. Por outro, sua permanência sobre áreas montanhosas, mesmo por pouco tempo, irá danificá-lo e o ciclone pode se enfraquecer rapidamente.<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=[[Bureau of Meteorology]]|url=http://www.bom.gov.au/weather/wa/cyclone/about/inland_pilbara/index.shtml|titulo= Tropical Cyclones Affecting Inland Pilbara towns|acessodata=25-02-2008}}</ref> Muitas fatalidades causadas por ciclones tropicais ocorrem em relevos montanhosos, quando a tempestade em dissipação e agonizante despeja toda a sua umidade associada na forma de chuvas torrenciais,<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=Yuh-Lang Lin, S. Chiao, J. A. Thurman, D. B. Ensley, and J. J. Charney|url=http://ams.confex.com/ams/10Mountain/techprogram/paper_40695.htm|titulo= Some Common Ingredients for heavy Orographic Rainfall and their Potential Application for Prediction|acessodata=26-02-2008}}</ref> causando [[enchente]]s e [[deslizamento de terra|deslizamentos de terras]] que podem causar verdadeiras catástrofes naturais, assim como aconteceu durante a passagem do [[furacão Mitch]] sobre a [[América Central]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 1998|1998]], causando mais de 11 000 fatalidades.<ref name="nhc">{{citar web|autor=[[Centro Nacional de Furacões]]|ano=1998|titulo=Hurricane Mitch Tropical Cyclone report|acessodata=20-04-2006|url=http://www.nhc.noaa.gov/1998mitch.html
[[Imagem:GulfMexTemps 2005Hurricanes-pt.png|thumb|esquerda|220px|Gráfico mostrando a queda da [[temperatura da superfície do mar]] no [[Golfo do México]] após a passagem dos furacões [[Furacão Katrina|Katrina]] e [[Furacão Rita|Rita]] em 2005]]
Um ciclone tropical também pode enfraquecer ou dissipar quando segue sobre águas com temperaturas significativamente inferiores a 26,5 °C. Quanto menor a temperatura da superfície do mar, menor será a quantidade de ar úmido disponível para a manutenção do sistema. Em alguns casos, toda a umidade será consumida pelo ciclone até a sua dissipação. Entretanto, em outros casos, as condições meteorológicas estão favoráveis para a transformação do sistema em um [[ciclone extratropical]]: o ciclone perde suas características tropicais. A parede do olho deixa de existir, extinguindo as tempestades e trovoadas em torno do olho, que também deixa de existir. Seu núcleo, anteriormente quente, passa a ser mais frio do que suas vizinhanças. No Atlântico Norte e no Pacífico Noroeste, quase todos os ciclones tropicais que são embarcados nos ventos de oeste, ou seja, passam a seguir do oeste para leste, se não atingirem a costa, tornam-se sistemas extratropicais. A interação com [[frente (meteorologia)|zonas frontais]] pode facilitar a evolução dos sistemas para ciclones extratropicais. Normalmente, esta transição pode levar de um a três dias.<ref name = "JWTC intensity">{{citar web |lingua = [[língua inglesa|inglês]] | url = http://www.nrlmry.navy.mil/~chu/chap6/se300.htm | autor = Laboratório de Pesquisas Navais dos Estados Unidos | obra = Tropical Cyclone Forecasters' Reference Guide| titulo = Tropical Cyclone Intensity Terminology | acessodata = 30-11-2006 |
== Bacias principais de formação e centros de avisos ==
Linha 135 ⟶ 133:
|}
Por meio da [[Organização Meteorológica Mundial]] (OMM), existem seis [[Centro Meteorológico Regional Especializado|Centros Meteorológicos Regionais Especializados]] (CMREs) espalhados pelo mundo. Estas organizações são designadas pela OMM e são responsáveis por monitorar ciclones tropicais e emitir avisos e boletins sobre ciclones tropicais em suas áreas de responsabilidade previamente designadas. Há também outros seis [[Centro de Aviso de Ciclone Tropical|Centros de Avisos de Ciclone Tropical]] (CACTs) que também fornecem informações sobre ciclones tropicais em suas áreas de responsabilidade, em geral menores do que áreas sob a responsabilidade de CMREs.<ref name="WMO RSMC list">{{citar web |lingua=[[língua inglesa|inglês]]| autor = [[Organização Meteorológica Mundial]] | titulo = RSMCs |
== Climatologia ==
=== Períodos ===
{{Artigo principal|[[
{|class="wikitable" style="float: right; style=font-size: 92%;"
Linha 158 ⟶ 156:
| Índico norte || Abril || Dezembro || 5,4 || 2,2 || 0,4
|}
Mundialmente, a atividade de ciclones tropicais atinge o seu pico no final do verão, quando a diferença entre a temperatura ambiente e a temperatura da superfície do mar é a maior. No entanto, cada bacia em particular tem seus próprios padrões sazonais. Numa escala mundial, maio é o mês menos ativo enquanto setembro é o mês mais ativo.<ref name = "AOML FAQ G1">{{citar web |lingua = [[língua inglesa|inglês]]| autor = Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory, Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: When is hurricane season?|obra= [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/G1.html}}</ref> No [[Oceano Atlântico]] norte, uma temporada de furacões é delimitada, segundo o [[Centro Nacional de Furacões]] dos Estados Unidos e a Organização Meteorológica Mundial, entre 1º de junho e 30 de novembro. O pico de atividade ocorre no final de agosto e por todo o mês de Setembro.<ref name = "AOML FAQ G1"/>O pico estatístico de uma [[
No [[hemisfério sul]], a atividade de ciclones tropicais inicia-se no final de outubro e termina em maio. O pico de atividade de ciclones tropicais nesta metade do planeta ocorre em meados de fevereiro e no início de março.<ref name = "AOML FAQ G1"/>
Linha 164 ⟶ 162:
=== Locais ===
[[Imagem:Global tropical cyclone tracks-edit2.jpg|thumb|direita|372px|Mapa mundial das trajetórias de todos os ciclones tropicais entre 1985 a 2005. A maior parte da formação de ciclones tropicais ocorre na região noroeste do [[Oceano Pacífico]], mais do que qualquer outra bacia. Por outro lado, no [[Atlântico Sul]] praticamente não há atividade tropical. Outras regiões de intensa atividade tropical incluem o Pacífico nordeste, ao largo da costa do [[México]], o centro do [[Oceano Índico]] e o Atlântico norte]]
A maioria dos ciclones tropicais forma-se de uma área de [[convecção atmosférica]] com intensa atividade de tempestades e trovoadas. Essas áreas podem receber várias denominações diferentes, dependendo de sua natureza: frente intertropical (ITF),<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=Marine Knowledge Centre|url=http://www.knmi.nl/~koek/glossary.html#I|titulo= Marine Meteorological Glossary: I.|acessodata=24-02-2008}}</ref> a [[zona de convergência intertropical]] (ZCIT)<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=[[Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas]]|url=http://www.pagasa.dost.gov.ph/genmet/tropicalcyclone/formation_of_cyclone.html|titulo= Formation of Tropical Cyclones|acessodata=24-02-2008}}</ref> ou [[cavado de monção]].<ref name="MILLER7">{{citar web |
A maior parte dos ciclones tropicais formados no Atlântico norte estão associados às ondas tropicais, que em geral estão embarcados nos ventos alíseos. Estes ventos são predominantes entre a linha do Equador e aos arredores da latitude 20°N. O [[golfo do México]] também é o local da formação de muitos ciclones tropicais. No Pacífico nordeste, apenas as águas oceânicas ao largo da costa mexicana e da América Central são suficientemente quentes para suportar a formação e o desenvolvimento de ciclones tropicais. Entretanto, é esta a região do planeta de maior densidade de formação de sistemas tropicais, pois a região oceânica propícia para [[ciclogênese tropical]] está na rota das ondas tropicais. Boa parte dos ciclones tropicais no Pacífico noroeste formam-se a leste das [[Filipinas]], onde as águas oceânicas são propícias, e seguem para oeste e noroeste, atingindo a [[República Popular da China|China]], [[República da China|Taiwan]], o arquipélago filipino e o [[Sudeste Asiático]]. Vários ciclones tropicais também se formam sobre o [[Mar da China Meridional]]. A região central do [[Oceano Índico]] também apresenta águas quentes e condições meteorológicas favoráveis para a formação de ciclones tropicais. Estes ciclones seguem para oeste e sudoeste, atingindo finalmente a ilha de [[Madagáscar|Madagascar]]. O Índico norte e o Pacífico sul, apesar de terem condições de suportar uma ciclogênese tropical, registra com menos frequência a formação de ciclones tropicais.<ref name = "AOML FAQ F1"/>
Linha 171 ⟶ 169:
{{veja|Projeto Stormfury}}
[[Imagem:Eye of hurricane debbie (1969).jpg|thumb|200px|Olho do furacão Debbie em [[temporada de furacões no Atlântico de 1969|1969]]. Debbie foi semeado pelo Projeto Stormfury como uma tentativa de enfraquecê-lo]]
Nas décadas de 1960 e 1970, o [[Governo Federal dos Estados Unidos|governo dos Estados Unidos]] tentou enfraquecer os furacões por meio do [[Projeto Stormfury]] através da [[semeadura de nuvens]] em determinadas tempestades, usando [[iodeto de prata]]. Pensava-se inicialmente que a semeadura de nuvens externas, em torno da tempestade, causasse a formação de uma segunda parede do olho, dividindo assim a energia disponível em duas paredes do olho, enfraquecendo-o desta maneira.<ref>{{citar web|lingua=[[língua inglesa|inglês]]|autor=Hurricane Research Division|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/hrd_sub/sfury.html|titulo= Project STORMFURY|acessodata=25-02-2008}}</ref> Os ventos do [[furacão Debbie (1969)|furacão Debbie]] – um furacão semeado pelo Projeto Stomfury – caíram mais de 30%, mas Debbie recuperou sua força após as duas semaduras, fortalecendo-se mais após cada ataque. Num episódio anterior, em 1947, um desastre aconteceu quando um furacão a leste de [[Jacksonville]], [[Flórida]], mudou sua trajetória rapidamente após ter sido semeado e atingiu [[Savannah (Geórgia)|Savannah]], [[Geórgia (Estados Unidos)|Geórgia]]<ref name="Whipple 151">{{citar livro |
== Efeitos ==
Linha 178 ⟶ 176:
Ciclones tropicais em mar aberto causam intensas ondas, chuvas e ventos, prejudicando a navegação internacional e, às vezes, provocando naufrágios.<ref name="18cva">{{citar web|autor=David Roth and Hugh Cobb|ano=2001|titulo=Eighteenth Century Virginia Hurricanes|obra=[[NOAA]]|acessodata=24-02-2007|url=http://www.hpc.ncep.noaa.gov/research/roth/va18hur.htm}}</ref> Ciclones tropicais causam a agitação do mar, deixando um rastro de água fria em sua trajetória,<ref name="NASA Cooling"/> que deixam a região menos favorável para o desenvolvimento e manutenção de ciclones tropicais posteriores. Em terra, [[vento]]s fortes podem danificar ou destruir veículos, edifícios, pontes e outros objetos, transformando detritos soltos em projéteis voadores possivelmente mortais. A [[maré de tempestade]], ou o aumento no nível do mar devido à presença do ciclone, é tipicalmente o pior efeito de ciclones tropicais que cruzam a costa, resultando historicamente em 90% das mortes provocadas por ciclones tropicais.<ref name="oxfo">{{citar web|autor=James M. Shultz, Jill Russell and Zelde Espinel|ano=2005|titulo=Epidemiology of Tropical Cyclones: The Dynamics of Disaster, Disease, and Development|obra=Oxford Journal|acessodata=24-02-2007|url=http://epirev.oxfordjournals.org/cgi/content/full/27/1/21}}</ref> A grande turbulência de um ciclone tropical e a presença de outros ventos não relacionados em sua periferia geram [[tornado]]s, que podem ser gerados também como um resultado dos [[olho (ciclone)#Mesovórtices da parede do olho|mesovórtices da parede do olho]], que persistem até o momento do ciclone cruzar a costa.<ref name = "AOML FAQ L6">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: Are TC tornadoes weaker than midlatitude tornadoes?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/L6.html}}</ref>
Nos dois últimos séculos, os ciclones tropicais foram responsáveis por cerca de 1,9 milhão de mortes em todo o mundo. Grandes áreas de água parada causadas por enchentes causados pelos sistemas tropicais podem levar a infecções e [[zoonose]]s. A lotação em [[wikt:pt:abrigo|abrigo]]s de emergência aumentam o risco da propagação de doenças.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005"/> Ciclones tropicais causam danos significativos a infraestruturas, levando a interrupção do fornecimento de eletricidade e água potável, destruição de pontes e corredores de acesso, que dificultam os esforços de reconstrução.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005"/><ref name="Power failures">{{citar web|autor=Staff Writer|data=30-08-2005|titulo=Hurricane Katrina Situation Report #11|obra=Office of Electricity Delivery and Energy Reliability (OE) Departamento de Energia dos Estados Unidos|acessodata=24-02-2007|url=http://www.oe.netl.doe.gov/docs/katrina/katrina_083005_1600.pdf | formato = PDF}}</ref> Embora ciclones tropicais causem muitas mortes e danos a bens pessoais, podem ser fatores importantes no regime de [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] de localidades que afetam, pois podem trazer a chuva muito esperada para regiões secas.<ref name="2005 EPac outlook">{{citar web| lingua = [[língua inglesa|inglês]] | obra = [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | url = http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/Epac_hurr/Epac_hurricane.html
== Observação e previsão ==
Linha 191 ⟶ 189:
=== Previsão ===
{{Artigo principal|[[Previsão de ciclones tropicais]], [[Modelo de previsão de ciclones tropicais]], [[Previsão de chuvas de ciclones tropicais]]}}
Por causa das forças que afetam a trajetória de ciclones tropicais, previsões precisas dependem na determinação da posição e da força de gradiente de pressão associadas a áreas de alta e baixa pressão, além de prever como essas áreas irão se comportar durante o período de existência de um sistema tropical. O fluxo de ventos em toda a extensão vertical [[troposfera]] é considerado a melhor ferramenta para determinar a direção da trajetória e a velocidade do sistema. Se as tempestades estão sendo afetadas por cisalhamento do vento, o uso das medições da velocidade do vento em baixas altitudes, inferiores à isóbara de 700 [[Pascal (unidade)|hPa]] (3.000 metros acima do nível do mar), produzirá previsões mais precisas. Meteorologistas de tempo tropical também consideram a trajetória da tempestade a curto prazo para determinar a trajetória a longo prazo de forma mais precisa.<ref>{{citar web | autor = [[Marinha dos Estados Unidos da América]] | url = http://www.nrlmry.navy.mil/~chu/chap4/se100.htm | titulo = Influences on Tropical Cyclone Motion | acessodata = 10-04-2007| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> [[Supercomputador|Computadores de alta velocidade]] e softwares de simulação sofisticados permitem aos meteorologistas produzir [[modelo de previsão de ciclones tropicais|modelos computacionais]] que preveem a trajetória de ciclones tropicais baseados na posição futura e na força de gradiente de pressão associado aos sistemas de alta e baixa pressão. Combinando-se os modelos de previsão com um aumento no entendimento das forças que agem em ciclones tropicais, bem como na abundância de dados de [[satélite meteorológico|satélites meteorológicos]] e de outros sensores remotos, os meteorologistas têm aumentado a precisão das previsões de trajetórias nas décadas recentes.<ref name="NHC forecast verifications models">{{citar web | autor = [[Centro Nacional de Furacões]] | url = http://www.nhc.noaa.gov/verification/verify6.shtml?#FIG1 | obra = National Hurricane Center Forecast Verification | titulo = Annual average model track errors for Atlantic basin tropical cyclones for the period 1994-2005, for a homogeneous selection of "early" models | acessodata = 30-11-2006 |
== Classificações, terminologia e nomes ==
Linha 199 ⟶ 197:
Os ciclones tropicais são classificados em três grupos principais, baseados na intensidade: depressões tropicais, tempestades tropicais e um terceiro grupo de tempestades mais intensas, cujo nome depende da região. Por exemplo, se uma tempestade tropical no Pacífico noroeste alcança força de furacão na [[escala de Beaufort]], o sistema é referido como um ''tufão''; se uma tempestade tropical atingir a mesma força mencionada anteriormente na [[ciclone tropical do Pacífico|bacia do Pacífico nordeste]] ou no [[ciclone tropical atlântico|Atlântico]], então o sistema é chamado de ''furacão''.<ref name="NHC glossary"/> Nem "furacão" ou "tufão" são usados no Pacífico sul. Além disso, como indicado na tabela abaixo, cada bacia usa um [[escala de ciclones tropicais|sistema de terminologia]] próprio, fazendo a comparação entre diferentes bacias dificultosa. No Oceano Pacífico, furacões do Pacífico centro-norte às vezes cruzam a [[Linha Internacional de Data]], adentrando a bacia do Pacífico noroeste e tornando-se tufões (tal como o [[Furacão Ioke|furacão/tufão Ioke]] em 2006); em ocasiões raras, o inverso também ocorre.<ref name="CPHC John TCR">{{citar web | autor=[[Centro de Furacões do Pacífico Central]] | titulo=Hurricane John Preliminary Report | obra=[[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | url=http://www.prh.noaa.gov/cphc/summaries/1994.php#John | ano= 2004 | acessodata=23-03-2007| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> Os tufões com [[vento máximo sustentado|ventos sustentados]] maiores do que 130 [[nó (unidade)|nós]] (240 [[quilômetro por hora|km/h]] ou 67 [[metro por segundo|m/s]]) são chamados de ''super tufões'' pelo [[Joint Typhoon Warning Center]].<ref name="SUPERDUPER">{{citar web | autor = Bouchard, R. H. | url = http://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/pubref/References/where_have_all_the_super_typhoons_gone.ppt | titulo = A Climatology of Very Intense Typhoons: Or Where Have All the Super Typhoons Gone? | formato = [[Microsoft PowerPoint|PPT]] | acessodata = 05-12-2006 | data = Abril de 1990| lingua =[[língua inglesa|inglês]]}}</ref>
Uma depressão tropical é a fase menos intensa de um ciclone tropical. É um sistema organizado de nuvens e trovoadas com uma circulação ciclônica de ventos definida e fechada, com [[vento máximo sustentado|ventos máximos sustentados]] menores que 17 [[metro por segundo|m/s]] (33 [[nó (unidade)|nós]]). Uma depressão tropical não tem [[olho (ciclone)|olho]] e normalmente não tem a organização ou a forma de tempestades mais intensas. No entanto, o sistema já é um sistema de baixa pressão bastante desenvolvido, adquirindo, portanto, a designação "depressão".<ref name = "NOAA preparedness"/>As [[Filipinas]] normalmente atribuem nomes às depressões tropicais quando estas estão dentro da área de responsabilidade do país.<ref name="AOML FAQ B2"/> Uma tempestade tropical é um sistema organizado de intensas trovoadas com uma circulação ciclônica de ventos de superfície definida e com ventos máximos sustentados entre 17 e 32 m/s (34-63 nós ou 62–117 km/h). Neste momento, as bandas de tempestade começam a ganhar a forma ciclônica caacterística, embora um olho normalmente não esteja presente. Os serviços governamentais de meteorologia, com a exceção das Filipinas, atribuem nomes aos sistemas que atingem esta intensidade. As Filipinas também atribuem nomes às depressões tropiais.<ref name = "NOAA preparedness">{{citar web |lingua=[[língua inglesa|inglês]]| autor = National Weather Service | data = Setembro de 2006 | titulo = Hurricanes… Unleashing Nature's Fury: A Preparedness Guide |
Um furacão ou tufão (às vezes referido simplesmente como um ciclone tropical em algumas regiões, para diferenciar o sistema de uma tempestade ou depressão tropical) é um sistema com ventos máximos sustentados superiores a 33 m/s (64 nós ou 118 km/h).<ref name = "NOAA preparedness"/>Um ciclone nesta intensidade tende a desenvolver um olho, uma área de calmaria relativa (e a região cuja medida da pressão atmosférica é a mais baixa) no centro da circulação. O olho é frequentemente visível em imagens de satélite como uma mancha circular distinta das bandas de tempestade, pequena e livre de nuvens. Cercando o olho encontra-se a [[olho (ciclone)|parede do olho]], uma grande banda de tempestade que rodeia o olho e tem um diâmetro que varia entre 16 e 80 [[quilômetro|km]], no qual as [[trovoada]]s e os ventos mais intensos circulam em torno do centro da tempestade. Os ventos máximos sustentados nos ciclones mais intensos têm sido estimados em cerca de 85 m/s (305 km/h ou 165 nós).
Linha 303 ⟶ 301:
=== Origem dos termos usados em ciclones tropicais ===
A palavra ''tufão'', usada hoje no Pacífico noroeste, pode ser derivada da [[língua urdu]], [[língua persa|persa]] e [[língua árabe|árabe]] ''ţūfān'' (طوفان), que por sua vez origina-se do [[língua grega|grego]] ''[[tifão|tuphōn]]'' (Τυφών), um monstro na [[mitologia grega]] responsável por ventos quentes.<ref name="Greek typhoon">{{citar enciclopédia |
=== Nomes ===
{{Artigo principal|[[Nomenclatura de ciclones tropicais]], [[
As tempestades que alcançam a intensidade de tempestade tropical recebem nomes com o intuito de eliminar confusões quando há vários sistemas emuma mesma bacia e ajuda a população nos avisos e preparativos para chegada da tempestade.<ref>{{citar web | lingua = [[língua inglesa|inglês]] | autor = [[Centro Nacional de Furacões]] |url = http://www.nhc.noaa.gov/aboutnames.shtml| titulo = Worldwide Tropical Cyclone Names|acessodata = 28-12-2006}}</ref> Na maioria dos casos, um ciclone tropical mantém seu nome durante seu período de existência. Entretanto, sob [[Nomenclatura de ciclones tropicais|circunstâncias especiais]], os ciclones tropicais podem mudar de nome enquanto estão ainda ativos. Estes nomes vêem de listas que varia de região para região e são definidos alguns anos antes de serem usados. As listas de nomes são confirmadas posteriormente, dependendo das regiões, pelos comitês da [[Organização Meteorológica Mundial]] (OMM) ou agências meteorológicas nacionais envolvidas na previsão das tempestades. A cada ano, os nomes de tempestades particularmente destrutivas (se ocorrer algum) são "retirados" e novos nomes são escolhidos em substituição àqueles. Por exemplo, o nome "Katrina" não será mais utilizado para dar nome a outro furacão no Atlântico, pois os danos e prejuízos causados pelo [[furacão Katrina]] em 2005 fazem agora parte da história dos Estados Unidos.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/B3.html|titulo=What storm names have been retired?|publicado=Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory|obra=Hurricane Research Division|autor=Padgett, Garry et al.|data=19/5/11|acessodata=30/7/11}}</ref><ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.usatoday.com/weather/hurricane/tropical-cyclone-names.htm|titulo=How and why storms are named|publicado=USA Today|autor=|data=10/3/05|acessodata=30/7/11}}</ref>
== Ciclones tropicais notáveis ==
{{Artigo principal|[[
[[Imagem:Cyclone Catarina 2004.jpg|thumb|O [[furacão Catarina]] foi o primeiro ciclone tropical oficialmente registrado no Atlântico sul, em 2004]]
Os ciclones tropicais que causam destruição extrema são raros. Mas quando ocorrem, podem causar muitos danos e milhares de mortes. O [[ciclone de Bhola de 1970]] foi o ciclone tropical mais mortífero na história, matando mais de 300.000 pessoas<ref name="faqe9">{{citar web|autor=Chris Landsea| ano=1993|titulo =Which tropical cyclones have caused the most deaths and most damage?|obra=Hurricane Research Division|acessodata=23-02-2007|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/E9.html| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> e possivelmente mais de um milhão<ref name="1970death">{{citar web|autor=Lawson|ano=1999|titulo=South Asia: A history of destruction|obra=[[BBC|British Broadcasting Corporation]]|acessodata=23-02-2007|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/south_asia/503139.stm| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> após atingir a região altamente povoada do [[Delta do Ganges]] em [[Bangladesh]], em 13 de novembro de 1970. A sua intensa [[maré de tempestade]] foi responsável pela maior parte das mortes.<ref name="faqe9"/> A [[bacia de formação de ciclones tropicais|bacia do Oceano Índico norte]] tem sido historicamente a bacia onde ocorreu mais mortes provocadas por ciclones tropicais, sendo que vários ciclones desde 1900 mataram mais de um milhão de pessoas.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005">{{citar periódico |autor = Shultz, James M., Jill Russell and Zelde Espinel |titulo = Epidemiology of Tropical Cyclones: The Dynamics of Disaster, Disease, and Development |jornal = Epidemiologic Reviews | volume = 27 |número = 1 |páginas = 21–25 | url = http://epirev.oxfordjournals.org/cgi/content/full/27/1/21 |
[[Imagem:Hurricane Katrina August 28 2005 NASA.jpg|thumb|esquerda|O [[furacão Katrina]] em 2005. Katrina foi o cilone tropical que provocou os maiores danos e prejuízos econômicos da história]]
Estima-se que o [[furacão Katrina]] seja o ciclone tropical que provocou mais prejuízos de todo o mundo,<ref name="epi">{{citar web|autor=Earth Policy Institute|ano=2006|titulo=Hurricane Damages Sour to New Levels|obra=United States Department of Commerce|acessodata=2007-02-23|url=http://www.earth-policy.org/Updates/2006/Update58_data.htm| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> causando $81,2 bilhões de [[dólar dos Estados Unidos|dólares]] em danos em propriedades (valores de 2005),<ref name="KatrinaTCR">{{citar web|autor = Knabb, Richard D., Jamie R. Rhome and Daniel P. Brown | url=http://www.nhc.noaa.gov/pdf/TCR-AL122005_Katrina.pdf | formato=PDF | titulo=Tropical Cyclone Report: Hurricane Katrina: 23-30 August 2005 | obra=[[Centro Nacional de Furacões]] |
[[Imagem:Typhoon tip peak.jpg|thumb|O [[tufão Tip]] em 1979. O maior e mais intenso ciclone tropical já registrado]]
O ciclone tropical mais intenso na história é o [[Tufão Tip]], ativo no Pacífico nordeste em [[Temporada de tufões no Pacífico de 1979|1979]]. Tip alcançou uma pressão atmosférica mínima de 870 [[Bar (unidade)|mbar]] (652,5 [[Milímetro de mercúrio|mmHg]]) e ventos máximos sustentados de 165 nós (85 m/s ou 310 km/h).<ref name="jtwc">{{citar web | autor=George M. Dunnavan & John W. Dierks | ano=1980 | titulo=An Analysis of Super Typhoon Tip (October 1979) | obra=[[Joint Typhoon Warning Center]] |
O [[furacão John (1994)|furacão John]] foi o ciclone tropical de maior duração na história, permanecendo ativo por 31 dias na [[temporada de furacões no Pacífico de 1994|temporada de 1994]]. Antes do advento das imagens de satélite em 1961, no entanto, muitos ciclones tropicais foram subestimados em suas durações.<ref name="john94">{{citar web|autor=Neal Dorst|ano=2006|titulo=Which tropical cyclone lasted the longest?|obra=Hurricane Research Division|acessodata=23-02-2007|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/E6.html| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> O furacão John também tem a maior trajetória de um ciclone tropical na história; John percorreu 12 500 km.<ref>[http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/E7.html Subject: E7) What is the farthest a tropical cyclone has traveled ?]</ref> Entretanto, não há dados confiáveis para a intensidade de ventos, pressão atmosférica ou trajetória de ciclones tropicais do hemisfério sul após 1998.<ref name="faqe7">{{citar web|autor=Neal Dorst|ano=2006|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/E7.html|acessodata=23-02-2007|titulo=What is the farthest a tropical cyclone has traveled ?|obra=Hurricane Research Division| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref>
Linha 326 ⟶ 324:
[[Imagem:NOAA ACE index 1950-2004 RGB.svg|thumb|direita|320px|Gráfico mostrando as variações na [[energia ciclônica acumulada]] (ECA), entre 1950 e 2004]]
Embora o número de ciclones tropicais no Atlântico tenha aumentado desde [[temporada de furacões no Atlântico de 1995|1995]], não há uma tendência global definida; o número anual de ciclones tropicais mundialmente continua, em média, em 87 ± 10. No entanto, a habilidade dos meteorologistas em realizar os análises de dados a longo prazo em certas bacias está limitada pela falta de dados históricos confiáveis, principalmente no hemisfério sul.<ref name="Landsea Trends">{{citar periódico |autor = Landsea, Chris, et al. |titulo = Can We Detect Trends in Extreme Tropical Cyclones? | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/Landsea/landseaetal-science06.pdf |jornal = [[Science]] |
Os ciclones tropicais no Atlântico estão se tornando mais destrutivos economicamente; cinco dos dez ciclones tropicais que provocaram mais prejuízos na história dos [[Estados Unidos]] ocorreram após 1990. Isto pode ser atribuído ao aumento na intensidade e na duração dos furacões que atingem a [[América do Norte]].<ref name="EmanuelHomepage"/> Além disso, o número de pessoas vivendo em áreas costeiras suscetíveis a ciclones tropicais aumentou, seguindo um aumento no desenvolvimento econômico na região desde o último período de alta atividade dos furacões do Atlântico na década de 1960. Freqüentemente, em parte por causa da ameaça dos furacões, muitas regiões costeiras tinham pouca densidade populacional entre os maiores portos americanos até o advento do turismo com automóveis. Consequencialmente, as regiões mais atingidas por furacões podem não ter sido mensuradas em alguns casos. Os efeitos combinados de destruição de navios em locais remotos limitam severamente o número de intensos furacões nos registros oficiais antes da era dos aviões de reconhecimento de furacões e dos satélites meteorológicos. Embora os registros mostrem um aumento distinto na quantidade e na intensidade dos grandes furacões, especialistas, portanto, consideram o início dos registros dos dados meteorológicos como suspeitos e incompletos.<ref name="BOM TC Guide 1.3">{{citar web | obra = [[Bureau of Meteorology]] | url = http://www.bom.gov.au/bmrc/pubs/tcguide/ch1/ch1_3.htm | titulo = 1.3: A Global Climatology | autor = Neumann, Charles J. | acessodata = 30-11-2006| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref>
Linha 337 ⟶ 335:
== Aquecimento global ==
{{veja|Aquecimento global}}
O [[Laboratório Geofísico de Dinâmica dos Fluidos]] da ''[[National Oceanic and Atmospheric Administration]]'', Estados Unidos, realizou uma simulação para determinar se há uma
A intensidade dos efeitos relacionados a ciclones tropicais é surpreendente nos estudos de modelagem meteorológica,<ref>{{citar periódico|autor = Knutson, Thomas R. and Robert E. Tuleya|titulo= Impact of CO2-Induced Warming on Simulated Hurricane Intensity and Precipitation:Sensitivity to the Choice of Climate Model and Convective Parameterization|jornal=Journal of Climate|volume=17|número=18|ano=2004|páginas=3477–3494|
Ambos os estudos consideram que a [[temperatura da superfície do mar]] suficientemente quente seja vital para o desenvolvimento de ciclones. Embora nenhum estudo tenha ligado diretamente os ciclones tropicais e o aquecimento global, acredita-se que o aumento da temperatura da superfície do mar seja causado por este fenômeno e pela variabilidade natural na temperatura da superfície do mar, como, por exemplo, a [[Oscilação multidecadal do Atlântico]], embora não tenha sido definida uma atribuição exata.<ref name=realclimate/> No entanto, observações recentes indicam o aquecimento da temperatura da superfície do mar em muitas bacias oceânicas.<ref name="Nature Emanuel 2005"/> Em fevereiro de 2007 o [[Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]] das [[Organização das Nações Unidas|Nações Unidas]] publicou o seu [[Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|quarto relatório de avaliação]] sobre [[mudança do clima|mudanças climáticas]]. O relatório mencionou as muitas mudanças observadas no clima, incluindo a composição atmosférica, a temperatura média global, as condições oceânicas, entre outros. O relatório concluiu que o aumento observado na intensidade dos ciclones tropicais é maior do que as previsões dos modelos climáticos. Além do mais, o relatório considerou que é provável que a intensidade das tempestades continue a aumentar durante o século XXI e declarou que não é mais provável que tenha havido alguma contribuição antropogênica no aumento da intensidade dos ciclones tropicais.<ref name="ipcc">{{citar web|autor=Richard Alley, et. al|ano=2007|titulo=Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|obra=[[Nações Unidas]]|acessodata=23-02-2007|url=http://www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-syr.htm|lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> No entanto, não há um acordo universal sobre a magnitude dos efeitos antropogênicos do aquecimento global têm sobre a formação, trajetória e a intensidade dos ciclones tropicais. Por exemplo, críticos tais como [[Christopher Landsea]] afirmam que os efeitos feitos pelo homem seriam "muito pequenos comparados com a grande variabilidade natural dos furacões".<ref name = "AOML FAQ G3">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What may happen with tropical cyclone activity due to global warming? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 02-06-2007 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/G3.html
== Outros ciclones relacionados ==
[[Imagem:Gustav 09 sep 2002 1805Z.jpg|thumb|230px|direita|A [[Furacão Gustav (2002)|tempestade subtropical Gustav]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 2002|2002]]]]
{{Artigo principal|[[Ciclone]], [[Ciclone extratropical]] e [[Ciclone subtropical]]}}
Além dos ciclones tropicais, há outros tipos de ciclones de grande escala. Estes ciclones, conhecidos como [[ciclone extratropical|ciclones extratropicais]] e [[ciclone subtropical|ciclones subtropicais]], podem ser sistemas isolados e com ciclos próprios de vida ou simples estágios que um ciclone tropical passa durante sua [[ciclogênese tropical|formação]] ou dissipação.<ref>{{citar web| autor = Mark A. Lander, N. Davidson, H. Rosendal, J. Knaff, e R. Edson, J. Evans, R. Hart. |url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/iwtc/Lander4-1.html|titulo = Fifth International Workshop on Tropical Cyclones | acessodata = 14-12-2006| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> Um [[ciclone extratropical]] é uma tempestade que obtém sua energia das variações horizontais de [[temperatura]] ([[baroclinia]]). Tais condições meteorológicas normalmente estão localizadas em médias e altas latitudes e ciclones extratropicais são típicos destas regiões. Um ciclone tropical pode se tornar um ciclone extratropical ao seguir para para latitudes mais altas: o ciclone deixar de consumir a energia associada à condensação de ar úmido, que se torna escasso em latitudes mais altas, e passa a obter energia das variações na temperatura entre as diferentes [[massa de ar|massas de ar]]. Nestas condições, o sistema deixa de ser barotrópico e passa a ser baroclínico. Sua estrutura muda radicalmente: seu olho e parede do olho deixam de existir e sua convecção não mais atinge grandes altitudes. Seus ventos mais fortes deixam de estar situados no centro do sistema e migram para outras regiões da circulação ciclônica de ventos.<ref name=autogenerated5>{{citar web |lingua = [[língua inglesa|inglês]]| autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is an extra-tropical cyclone?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A7.html}}</ref> Além disso, embora seja raro, um ciclone extratropical pode se transformar em um [[ciclone subtropical]] e deste se transformar em um ciclone tropical novamente. Do espaço, ciclones extratropicais apresentam um padrão de [[nuvem|nuvens]] com o formato típico de uma [[vírgula]].<ref>{{citar web | lingua = [[língua inglesa|inglês]] | autor = [[University of Wisconsin-Madison|Universidade de Wisconsin-Madison]] | url = http://profhorn.meteor.wisc.edu/wxwise/satmet/lesson14/Satextracyclone.html
Um [[ciclone subtropical]] é um sistema meteorológico que tem, ao mesmo tempo, características de um ciclone tropical e de um ciclone extratropical. Formam-se em uma ampla faixa de [[latitude]]s, entre a [[linha do Equador]] e a latitude 50° (sul ou norte). Embora os ciclones subtropicais raramente apresentam ventos com intensidade de furacão, podem tornar-se um ciclone tropical verdadeiro quando núcleos ficam mais organizados e quentes.<ref name = "AOML FAQ A6">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is a sub-tropical cyclone?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A6.html|lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> De um ponto de vista operacional, não é classificado normalmente como um sistema subtropical o ciclone tropical que está em fase de transição para um ciclone extratropical.<ref name=PadgetDecember2000>{{citar web | autor = Padgett, Gary | url = http://australiasevereweather.com/cyclones/2001/summ0012.htm | titulo = Monthly Global Tropical Cyclone Summary for December 2000 | ano = 2001 | acessodata = 31-03-2006|lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref>
Linha 352 ⟶ 350:
== Ciclones tropicais na cultura popular ==
{{Artigo principal|[[Ciclones tropicais na cultura popular]]}}
Na [[cultura popular]], os ciclones tropicais têm feito aparições em diferentes tipos de mídia, tais como [[cinema|filmes]], [[livro]]s, [[televisão]], [[música]]s e [[Videogame|jogos eletrônicos]]. A mídia pode apresentar ciclones tropicais que são inteiramente [[ficção|ficcionais]] ou basear-se em eventos reais.<ref name = "AOML FAQ J4">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What fictional books, plays, and movies have been written involving tropical cyclones? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/J4.html| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> Por exemplo, supõe-se que o livro ''[[Storm (livro)|Storm]]'', de [[George R. Stewart]], um [[bestseller|best-seller]] publicado em 1941, inspirou os meteorologistas a dar nomes femininos a ciclones tropicais do Pacífico.<ref>{{citar web | autor = Heidorn, Keith C. | url = http://www.islandnet.com/~see/weather/arts/storm.htm | titulo = George Stewart's Storm: Remembering A Classic. | acessodata = 10-12-2006 | obra = The Weather Doctor| lingua = [[língua inglesa|inglês]]}}</ref> Outro exemplo é o furacão em ''[[The Perfect Storm (filme)|A Tempestade Perfeita]]'' (''Mar em Fúria'' no Brasil), que descreve o naufrágio do ''[[Andrea Gail]]'' durante a [[tempestade nor'easter do halloween em 1991]].<ref name="1991 Perfect Storm">{{citar web | autor = McCown, Sean | titulo = Unnamed Hurricane 1991 | url = http://www.ncdc.noaa.gov/oa/satellite/satelliteseye/hurricanes/unnamed91/unnamed91.html | obra = Centro Nacional de Dados Climáticos |
== Ver também ==
Linha 400 ⟶ 398:
[[Categoria:Ciclones tropicais| ]]
[[Categoria:Ciclones]]
▲{{artigo destacado}}
|