Miguel Alexandrovich da Rússia: diferenças entre revisões

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== Herdeiro ao trono ==
Em 1899, quando Miguel tinha 20 anos, o seu irmão mais velho, [[Jorge Alexandrovich Romanovda Rússia|Jorge Alexandrovich]], morreu de [[tuberculose]]. Como Nicolau e Alexandra ainda não tinham um filho, Misha recebeu o título de czarevich até a agosto de 1904, quando o seu sobrinho [[Alexei Nikolaevich, Czarevich da RomanovRússia|Alexis Nikolaevich]] nasceu. Quando Alexandra estava grávida de [[Anastásia Nikolaevna da Rússia|Anastásia]], [[Nicolau II da Rússia]] esteve muito próximo da morte quando sofreu de [[febre tifoide]]. Foi só durante essa altura que Alexandra soube das leis paulistas que impediam as suas filhas de subir ao trono. Muitos dizem que foi então que começou a sua obsessão em ter um filho. Felizmente para todos, Nicolau sobreviveu e Miguel pôde regressar à sua rotina normal.
 
O papel de um jovem adulto herdeiro ao trono na família Romanov era muito semelhante ao que hoje faz um vice-presidente nos Estados Unidos: participava em muitos casamentos e funerais. Miguel representou Nicolau tanto no funeral da rainha [[Vitória do Reino Unido]] em 1901 como no do rei [[Eduardo VII do Reino Unido]] em 1909. A relutância do czar em abandonar a sua jovem família fazia com que as viagens de Miguel aumentassem, tanto no seu país como no estrangeiro.
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Nicolau não pediu a ajuda de Miguel imediatamente após o rebentar do conflito em agosto de 1914. Foi o melhor amigo de Miguel, o general Ivan Ivanovich, que se colocou entre os dois irmãos e intercedeu por Miguel, sugerindo que ele deveria ser nomeado comandante da "Divisão Selvagem."
 
A "Divisão Selvagem" era uma unidade de soldados voluntários, composta por seis regimentos de [[muçulmanosmuçulmano]]s provenientes da região do [[Cáucaso]]. Miguel era uma escolha popular entre os combatentes desta unidade onde quase todos guardavam uma fotografia do grão-duque no uniforme.
 
Natália fundou vários hospitais por toda a cidade de [[Petrogrado]] (como era chamada [[São Petersburgo]] na altura) e até transformou o Palácio de Gatchina num pólo da [[Cruz Vermelha]] Dinamarquesa que também serviu de refúgio após a Revolução. Também durante a sua estadia na Rússia recebeu finalmente o título de [["Condessa]] Brassova, juntamente com o seu filho que recebeu o título de Conde Brassov. Apesar de muitos dos membros da família a receberem, incluindo a mãe e irmãs de Miguel, a Condessa nunca foi convidada por Nicolau e Alexandra. Contudo, de acordo com os relatos da época, ela achava suficiente que a tratassem pela "mulher do grão-duque" e aceitava o desdém de outros membros dos Romanov com dignidade. Enquanto Misha estivesse vivo, ela estava feliz. Como anfitriã, entretinha frequentemente membros da [[Duma]] Imperial.
 
Miguel provou ser um corajoso comandante da sua "Divisão Selvagem". É interessante que, enquanto grande parte do exército se tenha revoltado e dispersado após a revolução, esta divisão manteve a sua disciplina e objectivo, sendo que apenas se separou em 1920 depois de ter combatido ao lado do [[Exército Branco]], altura em que foram evacuados para [[Constantinopla]] com o general Wrangel. Alguns dos seus descendentes podem muito bem ser rebeldes combatentes na [[Chechénia]], uma vez que muitos dos membros da unidade provinham dessa região.
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O seu manifesto dizia:
{{Citação2|bq=s|cinza=s|
1=''Um pesado fardo foi-me entregue pela vontade do meu irmão que, numa altura de luta descontrolada e tumulto popular decidiu transferir-me o trono imperial da Rússia. Partilho com o povo a ideia de que o bem do país se deve elevar acima de qualquer outra coisa e decidi firmemente que apenas aceitarei o poder se essa for a vontade do nosso grande povo, que tem, através do sufrágio universal, de eleger os seus representantes para a Assembleia Constituinte, para assim determinar a forma de governo e as novas leis fundamentais da Rússia. Por isso, pedindo a bênção de Deus, peço a todos os cidadãos da Rússia que obedeçam ao Governo Provisório, que subiu ao poder e tem autoridade plena na iniciativa da Duma Imperial até que chegue a altura certa para uma Assembleia Constituinte, convocada o mais cedo possível e eleita de acordo com os princípios do sufrágio universal, directo, igual e secreto, para que se dê voz ao povo para escolher a sua forma de governo.''|2=Miguel_Alexandrovich Romanov}}
 
Neste documento, Miguel nem aceita, nem rejeita a coroa. Claramente não se trata de uma [[abdicação]], como alguns afirmaram. Em vez disso, Miguel inicia um novo rumo que defendia já antes da queda de Nicolau, para que se formasse um governo representativo. Ele governaria como um monarca constitucional, ou então, se o povo assim o decidisse, nem sequer subiria ao trono. Miguel manteria o contacto com [[Alexander Kerensky]] até à subida ao poder dos [[bolchevique]]s após a [[Revolução de Outubro]] de 1917. As eleições que Miguel convocara chegaram a realizar-se, mas a [[Assembleiaassembleia Constituinte]]constituinte acabou por ser dissolvida pelos bolcheviques.
''Um pesado fardo foi-me entregue pela vontade do meu irmão que, numa altura de luta descontrolada e tumulto popular decidiu transferir-me o trono imperial da Rússia. Partilho com o povo a ideia de que o bem do país se deve elevar acima de qualquer outra coisa e decidi firmemente que apenas aceitarei o poder se essa for a vontade do nosso grande povo, que tem, através do sufrágio universal, de eleger os seus representantes para a Assembleia Constituinte, para assim determinar a forma de governo e as novas leis fundamentais da Rússia. Por isso, pedindo a bênção de Deus, peço a todos os cidadãos da Rússia que obedeçam ao Governo Provisório, que subiu ao poder e tem autoridade plena na iniciativa da Duma Imperial até que chegue a altura certa para uma Assembleia Constituinte, convocada o mais cedo possível e eleita de acordo com os princípios do sufrágio universal, directo, igual e secreto, para que se dê voz ao povo para escolher a sua forma de governo.''
 
Neste documento, Miguel nem aceita, nem rejeita a coroa. Claramente não se trata de uma [[abdicação]], como alguns afirmaram. Em vez disso, Miguel inicia um novo rumo que defendia já antes da queda de Nicolau, para que se formasse um governo representativo. Ele governaria como um monarca constitucional, ou então, se o povo assim o decidisse, nem sequer subiria ao trono. Miguel manteria o contacto com [[Alexander Kerensky]] até à subida ao poder dos [[bolchevique]]s após a [[Revolução de Outubro]] de 1917. As eleições que Miguel convocara chegaram a realizar-se, mas a [[Assembleia Constituinte]] acabou por ser dissolvida pelos bolcheviques.
 
Miguel era uma visita frequente do [[Palácio de Alexandre]] depois de regressar à Rússia. A sua última visita ocorreu no dia 31 de julho de 1917 quando lhe foi dada permissão pelo líder do governo provisório, Alexandre Kerensky, para visitar o seu irmão mais velho, [[Nicolau II da Rússia]], antes de a família imperial ser enviada para o exílio em [[Tobolsk]]. Essa foi também a última vez que se viram.
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== Exílio e execução ==
Muitos dos [[Romanov]] que permaneceram na Rússia, excepto os que se refugiavam na [[Crimeia]], foram enviados para os [[montes Urais]] durante a primavera de [[1918]]. Miguel gostou da relativa liberdade durante muitas semanas e sentia-se aliviado por Natália e o filho terem escapado.
 
Na noite de 11 de junho de 1918, um grupo de bolcheviques entrou de rompante no quarto de hotel de Miguel e ordenou-lhe que se preparasse para ser transferido para um local seguro. Quando ele protestou e tentou telefonar ao líder do [[Partido Bolchevique]] a sua liberdade as linhas foram cortadas. Ele vestiu-se, foi puxado pelo colarinho e atirado para dentro de um carro juntamente com o seu secretário, o britânico Brian Johnson.