Usuário(a):Tetraktys/Da tradução e da pesquisa própria e outras ninharias: diferenças entre revisões

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Também poderíamos ser mais exigentes em relação à tradução em si, pois o que mais tenho visto são traduções pobres e enganosas, provavelmente feitas na pressa ou por pessoas com pouca experiência. Diz um velho ditado que todo tradutor é um traidor, pois ele ''transmuta'' o texto original a fim de fazê-lo compreensível para o novo público e transmite uma informação que é de certa forma falsa. O problema é especialmente pungente na tradução artística, que trabalha sobre textos literários, onde a preservação do estilo é fundamental, basta ver a quantidade de traduções de [[Homero]], que divergem tanto entre si que parecem obras diferentes. Na tradução de artigos meramente informativos como os nossos esse aspecto é muito minimizado, pois aqui não se faz literatura, e sim reportagem, e mesmo que um estilo elegante e claro seja sempre recomendado e favoreça a leitura e mesmo a assimilação do conteúdo, estamos interessados centralmente na substância e não na forma. Porém, mesmo assim estamos oferecendo ao público material não apenas de má qualidade, mas positivamente prejudicial, pois nessas traduções o mais comum é encontrar interpretações equivocadas de expressões idiomáticas, desvirtuando completamente o sentido da mensagem que se quer transmitir.
 
Não se pode fugir dessa traição completamente, todo tradutor sabe que é tão impossível como indesejável preservar uma fidelidade absoluta ao texto original, porque quem vai ler a tradução pertence a uma outra cultura, com referenciais muitas vezes diametralmente opostos, mas se poderia tentar evitar que ela se transforme em uma calamidade, como está acontecendo. Na tradução de artigos informativos, como a preocupação com a fidelidade estilística é pequena, deveríamos usar essa maior liberdade de escrita para articular os nossos textos conforme os usos da cultura lusófona, se necessário alterando radicalmente a forma da redação primitiva, mas preservando seu conteúdo essencial.
 
Mas no geral as traduções na Wikipédia têm se caracterizado por um lamentável literalismo, pegando cada palavra individualmente e traduzindo-a sem muita preocupação com a coerência do trecho, com o contexto, com as sutilezas ou variantes de significado, e o resultado final não raro nos faz tropeçar a cada meia dúzia de frases, ou ficamos tentando entender o que aquele trecho realmente significa, encontrando uma sequência de palavras que não fazem muito sentido juntas, mas que individualmente até podem estar bem traduzidas. Mas traduzir bem não é dissecar e esquartejar as frases e apresentar os pedaços separadamente, é tomá-las por inteiro articulando significados consequentes, inteligíveis e sobretudo corretos.
 
Isso implica também nos preocuparmos se os editores anglófonos interpretaram bem suas fontes, o que só pode ser assegurado indo a elas e verificando trecho por trecho se o que foi sintetizado no artigo corresponde ao que as fontes dizem. Só que ninguém faz isso. Mais um motivo para abandonarmos a prática das traduções integrais e irmos direto às fontes para elaborar um texto original. Isso também não quer dizer que não possamos nos valer dos artigos prontos, sem a menor dúvida há uma infinidade de artigos de boa ou ótima qualidade em inglês, que já foram consolidados e refinados no conteúdo e têm uma estrutura bem organizada, e que podem ser tomados como modelo geral, mas não precisamos nos curvar completamenteaté o chão e imitar tudo.
[[File:African Grey Parrot, peeking out from under its wing - edit.jpg|thumb|Que vergonha...]]