José Teófilo de Jesus: diferenças entre revisões

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[[FileImagem:José Teófilo de Jesus - Jesus institui a Eucaristia - versão restaurada digitalmente.jpg|thumb|250px|''Jesus institui a Eucaristia'', antes na Capela do Santíssimo Sacramento da Antiga Sé, hoje no Museu de Arte Sacra da Bahia]]
[[FileImagem:Teofilo-africa-mab.jpg|thumb|250px|''África'', da série de alegorias sobre os quatro continentes. Museu de Arte da Bahia]]
 
'''José Teófilo de Jesus''' ([[Salvador (Bahia)|Bahia]], [[1758]] — [[Salvador (Bahia)|Salvador]], 19 de julho de [[1847]]) foi um [[pintor]] e [[decorador]] [[brasil]]eiro, um dos mais notados representantes da [[Escola Baiana]] de pintura.
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{{AP|[[Barroco]], [[Barroco no Brasil]], [[Pintura do Rococó]], [[Neoclassicismo]], [[Pintura no Brasil]]}}
 
[[FileImagem:José Teófilo de Jesus - O Rapto de Helena.jpg|thumb|left|250px|''O Rapto de Helena de Troia'', Museu de Arte da Bahia]]
Enquanto seu mestre José Joaquim da Rocha ainda pintou tudo para a [[Catolicismo|Igreja]] e suas irmandades, num tempo em que no Brasil a religião era a força social dominante e a Igreja era praticamente o único [[mecenas]], a dedicação de Teófilo às [[alegoria]]s e outros temas profanos tirados da [[mitologia clássica]] ou da [[história]] - sendo um pioneiro neste campo no Brasil - reflete a transformação de uma sociedade que em breve deixaria de ser uma colônia dependente e explorada, mergulhada no [[misticismo]] emocional e dogmático do [[Barroco]] [[católico]], para a partir de 1822 se tornar um [[Império do Brasil|Império]] autônomo recém-fundado, que buscava um lugar na comunidade internacional e também definir a si mesmo sobre outras bases institucionais e filosóficas. Mas se era um período de transição, se desde 1808 o [[Neoclassicismo]] já se institucionalizara na capital, o [[Rio de Janeiro]], com a chegada da corte portuguesa, mais "atualizada" em gostos, e se logo após sua morte o novo Império viria enfim a se estabilizar com um rosto todo novo, esculpido pelo [[Academismo no Brasil|Academismo]] clássico-[[Pintura do Romantismo brasileiro|romântico]], durante a maior parte da carreira de Teófilo o Barroco ainda permaneceu uma referência forte nas províncias, em especial para a produção sacra. Pois continuando o Catolicismo como religião oficial do país, a Igreja, a instituição mais rica da época, e a mais conservadora, ainda foi o seu maior patrono, como fora há longos séculos na história das artes coloniais. Em suma, dado o seu contexto, atuando num centro importante que já fora capital colonial mas ora era periférico, é natural que sua obra se tenha construído principalmente sobre os fundamentos estilísticos do arraigado Barroco e sido produzida com temática sagrada.<ref name="Campos"/><ref name="Valadares"/><ref>Campos (2003a), pp. 264-270; 282-284; 334-335; 480</ref><ref name="Iphan"/>
[[FileImagem:José Teófilo de Jesus - A Divina Pastora 2.jpg|thumb|250px|''A Divina Pastora'', forro da Matriz de Divina Pastora]]
[[FileImagem:José Teófilo de Jesus - Santa Cecília.jpg|thumb|250px|''Santa Cecília'', Museu de Arte da Bahia]]
 
Mas em que pese esta definição genérica, isso não quer dizer que tenha se mostrado totalmente insensível às novidades neoclássicas. Se o Barroco foi excesso visual e ornamentos superabundantes, drama à flor da pele e religião por toda a parte, já o Rococó e ainda mais o Neoclassicismo foram propostas de progressivo despojamento, de uma busca de essências em formas mais leves, composições mais diretas e cores mais claras, numa sociedade que se laicizava com rapidez e passava a prezar o [[racionalismo]] e o [[liberalismo]]. Sua produção madura reflete um pouco dessa tendência nova, interpretando visualmente o choque entre dois conceitos de mundo e de representação. Serve como exemplo o teto da [[Matriz de Divina Pastora]] em Sergipe, o último de sua carreira e considerado pelo [[Iphan]] uma de suas melhores obras: sua complexa arquitetura ilusionística é filha direta do Barroco italiano do século XVII, mas já não é tão complexa e densa como foram as de seus antecessores, e no medalhão central criou uma cena bucólica e singela digna dos [[arcadismo|árcades]]. Também é preciso lembrar que em seu aperfeiçoamento em Portugal o Barroco típico que herdara seu primeiro professor, José Joaquim, foi aligeirado e "modernizado" pelo contato com o Rococó e com o Neoclassicismo que começavam a se fazer notar por influência francesa, de modo que ele já trazia germes de renovação consigo desde relativamente cedo em sua carreira.<ref name="Campos"/><ref name="Iphan"/><ref>Campos (2003a), pp. 282-334</ref><ref>Nigra, p. 359</ref>
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==Legado==
[[FileImagem:Teofilo-milagre-bonfim.jpg|thumb|left|250px|''Milagre de Jesus'', painel na Igreja do Bonfim]]
Teófilo é consensualmente considerado um dos pilares da chamada Escola Baiana de pintura, ao lado de [[Franco Velasco]] e do seu fundador [[José Joaquim da Rocha]], uma escola que pôde absorver as melhores lições internacionais disponíveis em um contexto nacional ainda cheio de limitações, e com elas fundar um novo vernáculo visual, genuinamente brasileiro. Todos foram muito celebrados em vida, e um manuscrito de c. 1866-1876 descoberto na [[Biblioteca Nacional]] ainda os louva em conjunto como artistas insignes, dignos de toda a admiração, responsáveis por tornar Salvador uma "nova [[Atenas]]". Teófilo em particular, foi chamado de "o [[Rafael]] baiano". Além disso, foi um dos últimos grandes continuadores dos princípios do [[Barroco]] (incluindo-se aqui sua floração final, o [[Rococó]]), que permaneceram tão vivos na cultura brasileira até meados do século XIX, quando o estilo já se tornara um anacronismo na Europa em geral há pelo menos cinquenta anos, suplantado pelo [[Neoclassicismo]] e pelo [[Romantismo]].<ref name="Campos"/><ref name="Valadares"/><ref name="Iphan">Ott, Carlos. [http://www.docvirt.com/WI/hotpages/hotpage.aspx?bib=RevIPHAN&pagfis=2966&pesq=&esrc=s&url=http://docvirt.com/docreader.net# "Noções Sobre a Procedência d'Arte de Pintura na Província da Bahia"]. In: ''Revista do IPHAN'', 1947; (11):208-209</ref><ref>Campos (2003a), pp. 38-50; 224-226; 334-335; 473</ref> Mesmo com o reconhecimento que já assegurou entre os peritos, os estudos que o enfocam são poucos e insuficientes para que sua vida e obra sejam conhecidas e apreciadas em mais larga escala como mereceria sua importância. Um bom número de obras a ele atribuídas não têm qualquer documentação comprobatória, complicando o trabalho da crítica.<ref name="Campos"/><ref name="Orazem"/>
 
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==Ver também==
{{commonscat|José Teófilo de Jesus}}
*[[Anexo:Lista de pintores do Brasil|Lista de pintores do Brasil]]
*[[José Joaquim da Rocha]]
*[[Mestre Ataíde]]
*[[Barroco no Brasil]]
*[[Pintura no Brasil]]
 
{{sem interwiki}}
 
[[Categoria:Mortos em 1847]]