Constâncio II: diferenças entre revisões

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=== Ascensão ao trono ===
Constantino I morreu a 22 de maio de 337, quando preparava uma campanha militar contra os [[Império Sassânida|sassânidas]]: não nomeou o seu sucessor, mas a situação viu o poder repartido entre os seus [[césar]]es. Constâncio, que estava comprometido na [[Mesopotâmia]] setentrional a supervisionar a construção de fortificações fronteiriças,{{HarvRef|name=b12|Bury|1925|p=12}} apressou-se a voltar a [[Constantinopla]], onde organizou e presenciou a cerimónia fúnebre do pai: com este gesto reforçou o seu direito como sucessor e obteve o apoio do exército, componente fundamental da política de Constantino.<ref>''Chronicon paschale'', p. 533, 5-17;''Passio Artemii'', 8 (8.12-19);Giovanni Zonara,&nbsp;xiii.4, 25-28.</ref>
 
Durante o verão de 337, houve um massacre por mãos do exército, dos membros masculinos da [[dinastia Constantiniana]] e de outros representantes de grande relevo do estado: apenas os três filhos de Constantino e dois de seus netos crianças ([[Constâncio Galo|Galo]] e [[Juliano (imperador)|Juliano]], filhos do meio-irmão [[Júlio Constâncio (cônsul em 335)|Júlio Constâncio]]) foram poupados.<ref>{{harvnb|Giuliano|270 C (3.5-8, p. 215)}}. In particolare furono uccisi i fratellastri di Costantino I, [[Giulio Costanzo]], [[Nepoziano]] e [[Flavio Dalmazio (console 333)|Dalmazio]], alcuni loro figli, come [[Flavio Dalmazio (cesare)|Dalmazio Cesare]] e [[Annibaliano]], e alcuni funzionari, come [[Optato]] e [[Ablávio (cônsul)|Ablávio]].</ref> As razões por trás deste massacre não são claras: de acordo com Eutrópio Constâncio não estava entre os seus promotores, mas não estava tão certo deste se opôr a ela e perdoar os assassinos;{{HarvRef|name=eut9||Eutropio|x.9}} [[Zósimo]] afirma que Constâncio foi o organizador do massacre.<ref name="B">{{citar livro|nome = Zosimo|sobrenome = |título = Ἱστορία νέα (Storia nuova)}}</ref> Em setembro do mesmo ano, os restantes três césares (Dalmácio tinha sido vítima da purga) reuniram-se em [[Sirmio]] na [[Panónia]], onde a 9 de setembro foram aclamados imperadores pelo exército, e dividiram o império: Constâncio viu reconhecida a soberania do Oriente.<ref name=eut9 />
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=== Confronto com os Sassânidas {{nwrap||338|350}} ===
 
[[Imagem: Shapurii.jpg|thumb|[[Dinar de ouro]] do [[xá sassânida|xá]] [[{{lknb|Sapor |II]]}} {{nwrap|r.|309|379}}, um contemporâneo de Constâncio: todo o reino de Constâncio foi caracterizado por hostilidade de alta e baixa intensidade com os vizinhos de Leste, com os dois soberanos que obtiveram vitórias e derrotas, sem nunca dar o golpe decisivo]]
 
Depois de ser proclamado imperador, Constâncio foi para [[Antioquia]], na [[Síria]], a cidade que foi a [[capital]] durante os últimos anos como [[César (título)|César]], onde ele poderia lidar melhor com a fundamental fronteira leste do que se permanecesse na capital imperial de [[Constantinopla]]. Aqui, manteve-se de 338 para 350.{{HarvRef|name=bury11|Bury|1925|p=11}}
 
Durante todo o tempo de seu reinado Constâncio II esteve envolvido em guerras romano-persianas contra o rei[[xá sassânida|xá]] [[{{lknb|Sapor |II]]}}. Se antes de morrer [[Constantino I]] pretendia resolver de uma vez por todas o problema da fronteira oriental, tocou a Constâncio resolver este problema, obtendo resultados variáveis. Havia dois principais pontos de colisão entre os dois grandes impérios: a fronteira leste, com a contenção da província da Mesopotâmia, e o controle do reino da Armênia, que estava entre as órbitas das duas potências vizinhas.<ref name=bury11 />
 
Constâncio primeiro enfrentou o problema da Arménia. Após a morte de [[{{lknb|Tirídates |III]]}}, fiel aliado dos Romanos em todo o seu longo reinado, os seus sucessores foram influenciados pelo partido pró-persa e o país tinha entrado na esfera de influência dos [[sassânidas]]. Constâncio foi capaz de ganhar a lealdade do soberano [[{{lknb|Ársaces |II |da Armênia|Ársaces II]] (''Arshak'')}} e da aristocracia arménia através dos canais diplomáticos, já em 341, graças aos dons prodigais concedidos à classe dominante do país, que ficou sob influência romana para todos os anos 340.<ref name=b12 /><ref>Ársaces aceitou pagar um tributo anual ao Império; em troca Constâncio concedia-lhe para esposa Olímpia (entre 350 e e 360), filha do prefeito [[Ablávio (cônsul)|Ablávio]] (condenado à morte por Constâncio com uma acusação falsa por ter sido um apoiante do bispo [[credo niceno|niceno]] de [[Alexandria]] [[Atanásio de Alexandria|Atanásio]]), precedentemente amigo de [[Constante I]] ([[William Smith (lexicografo)|William Smith]], ''s.v. Arsaces II'' in ''[[Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology]]'', volume 1, Boston 1849, p. 363).</ref>
 
O conflito na Mesopotâmia era totalmente militar, mas Constâncio fez, neste caso, uma escolha original, pelo menos de acordo com a estratégia romana consolidada: em vez de escolher a opção da maciça campanha militar destinada a atacar o coração do Estado inimigo, como previa fazer Constantino e como havia mais tarde feito [[Juliano (imperador)|Juliano]], Constâncio preferiu contar com uma linha de fortificações de fronteira dispostas em profundidade, girando em cima delas para conter ataques sassânidas; Por isso, era uma guerra defensiva, em que foram evitadas, tanto quanto possíveis manobras em campo aberto com o exército para concluir. Essa escolha, embora muito eficaz e barata em termos de mobilização de tropas, não era certa para atender a expectativa de vitórias decisivas que existiam no mundo romano;<ref>É significativo o fato que em 340 alguns datarem o [[Itinerário Alexandrino]], uma ópera dedicada a Constâncio e celebrante da vitória de [[Alexandre Magno]] contra os [[Persas]], mas originalmente também contém a descrição da campanha oriental de [[Trajano]] contra os Partas{{Harvnb|Bury|1925|p=14}}</ref> entre os principais episódios da guerra havia algumas vitórias obtidas por seu General, o que lhe permitiu se orgulhar em 338 do título de Pérsico e em 343 do de ''Adiabênico Máximo''<ref name=":0" />, os dois cercos incorridos pela fortaleza de Nísibis ([[Nusaybin]]) (346 e 350, após o cerco do verão de 337) e o único confronto militar de grande escala, a batalha do Singara (344 ou 348), teve lugar perto de outra fortaleza de fronteira, em que a vitória de Constâncio foi diminuída pela falta de disciplina das tropas.{{sfn|Bury|1925|p=13}}