Interregno otomano: diferenças entre revisões

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O ''' Interregno otomano''' ou '''guerra civil otomana'''<ref>Dimitris J. Kastritsis, ''The Sons of Bayezid'', (Brill, 2007), xi.</ref> ([[língua turca|turco]]: '''Fetret Devri''') foi um período de caos no [[Império Otomano]] que começou na [[Batalha de Ancara]], em 20 de julho de 1402, quando o [[sultão otomano|sultão]] [[Bayezid {{lknb|Bajazeto|I]]}} foi derrotado pelas forças da [[Ásia Central|centro-asiáticas]] de [[Tamerlão]]. Embora [[Mehmed{{lknb|Maomé|I, Çelebi]]o Cavalheiro}} tenha sido confirmado como sultão pelo vencedor, seus irmãos, [[{{ilc|Issa|Issa, o Cavalheiro|İsa Çelebi]]}}, [[{{ilc|Muça|Muça, o Cavalheiro|Musa Çelebi]]}}, [[{{ilc|Solimão|Solimão, o Cavalheiro|Süleyman Çelebi]]}} e, posteriormente, [[{{ilc|Mustafá|Mustafá, o Cavalheiro|Mustafa Çelebi]]}}, se recusaram a reconhecer sua autoridade, cada um reivindicando o trono para si<ref>Fine, John Van Antwerp, ''The Late Medieval Balkans'', (University of Michigan Press, 1994), 499.</ref>. O resultado foi uma guerra civil que durou até a [[Batalha de Camurlu]], em 5 de julho de 1413, quando Mehmed ÇelebiMaomé emergiu como vencedor e se autoproclamou sultão com o nome de [[MehmedMaomé I]], restaurando a paz.
 
== Guerra civil ==
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| width = 150
| header = Protagonistas
| footer =
| image1 = Musa Çelebi.jpg
| caption1 = [[{{ilc|Muça|Muça, o Cavalheiro|Musa Çelebi]]}}
| alt1 =
| caption1 = [[Musa Çelebi]]
| image2 = Çelebi Mehmet.jpg
| alt2caption2 = {{lknb|Maomé|I, o = Cavalheiro}}
| caption2 = [[Mehmed I]]
}}
=== IsaIssa e MehmedMaomé ===
A guerra civil irrompeu entre os filhos do sultão BayezidBajazeto I depois de sua morte em 1403. O mais velho, [[Süleyman{{ilc|Solimão|Solimão, Çelebio Cavalheiro|Süleyman]] Çelebi}}, cuja capital era [[Edirne]], governava o norte da [[Grécia otomana|Grécia]], a [[Bulgária otomana|Bulgária]] e a [[Trácia turca|Trácia]]. O segundo, [[{{ilc|Issa|Issa, o Cavalheiro|İsa Çelebi]]}}, se estabeleceu como monarca independente em [[Bursa (Turquia)|Bursa]]<ref>Dimitris J. Kastritsis, 79.</ref> enquanto MehmedMaomé formou um reino em [[AmasyaAmásia (Turquia)|Amásia]]<ref>Dimitris J. Kastritsis, 73.</ref>. A guerra irrompeu entre MehmedMaomé e IsaIssa e, depois das batalhas de Ermeni-beli<ref>Donald Edgar Pitcher, ''An Historical Geography of the Ottoman Empire'', (E.J.Brill, 1968), 59.</ref> e [[Batalha de Ulubad|Ulubad]] (março-maio de 1403)<ref>Dimitris J. Kastritsis, 79.</ref>, IsaIssa fugiu para [[Constantinopla]] e MehmedMaomé ocupou Bursa<ref>Dimitris J. Kastritsis, 90-91.</ref>. A batalha seguinte, em Karasi, entre MehmedMaomé e IsaIssa resultou na vitória de MehmedMaomé e na fuga de IsaIssa para [[Karaman]]<ref>Donald Edgar Pitcher, 59.</ref>. Ele foi posteriormente morto num [[banho turco|banho]] por agentes de MehmedMaomé<ref>Dimitris J. Kastritsis, 109-110.</ref>.
 
=== SuleymanSolimão entra na guerra ===
Enquanto isso, o outro filho ainda vivo de BayezidBajazeto, [[Musa Çelebi]]Muça, que havia sido capturado na [[Batalha de Ancara]], foi solto por Tamerlão sob a custódia de YakubIacube de [[Germiyan]]<ref>Dimitris J. Kastritsis, 85.</ref> depois de um pedido feito por MehmedMaomé. Depois da morte de IsaIssa, SüleymanSolimão cruzou os estreitos com um grande exército<ref>Dimitris J. Kastritsis, 110.</ref> e, num primeiro momento, alcançou alguns sucessos. Ele invadiu a Anatólia, capturou Bursa em março de 1404<ref>Dimitris J. Kastritsis, 112.</ref> e Ancara no final do mesmo ano.
 
Durante o impasse na Anatólia, que perdurou entre 1405 e 1410, MehmedMaomé enviou Musa através do [[Mar Negro]] até a Trácia com uma pequena força para atacar os territórios de SüleymanSolimão no sudeste da Europa. Esta manobra logo conseguiu que SüleymanSolimão voltasse para a Trácia, onde uma curta, mas sangrenta, disputa entre os irmãos se seguiu. A princípio, SüleymanSolimão conseguiu se impor, vencendo em [[Batalha de Cosmídio|Cosmídio]] em 1410, mas, no ano seguinte, seu exército desertou para o lado de Musa em Edirne e SüleymanSolimão foi executado<ref>Finkel, Caroline, ''Osman's Dream'', (Basic Books, 2004), 32.</ref><ref>Kastritsis, Dimitris J., 155-156.</ref>. Musa era agora o sultão otomano na Europa.
 
=== MehmedMaomé e Musa===
[[Manuel II Paleólogo]], o [[imperador bizantino]], era aliado de SüleymanSolimão e, por conta disso, Musa [[Cerco de Constantinopla (1411)|cercou Constantinopla]]. Desesperado, Manuel convidou MehmedMaomé para protegê-lo e os otomanos agora guarneciam a capital bizantina contra os invasores, também otomanos, da Trácia. MehmedMaomé tentou por várias vezes romper o cerco, mas foi obrigado a cruzar de volta o [[Bósforo]] para lidar com uma revolta que irrompera em seus territórios na Ásia. Musa pressionava o cerco e, quando MehmedMaomé retornou para a Trácia, contava com um novo aliado, o [[déspota da Sérvia]] [[Estêvão Lazarevic]].
 
Os exércitos otomanos rivais se encontraram finalmente na [[Batalha de Camurlu|planície de Chamurli]] (moderna [[Samokov]], na [[Bulgária]]). Hassan, o [[aga (Império Otomano)|aga]] dos [[janízaros]] de MehmedMaomé, se adiantou durante o enfileiramento dos exércitos e tentou desertar. Musa rapidamente o matou, mas acabou ele próprio ferido por um dos oficiais de Hassan. Os otomanos de Musa lutaram bem, mas a batalha terminou em vitória para MehmedMaomé e seus aliados. Musa e seu exército fugiram, mas ele foi alvejado, derrubado de seu cavalo e morto por um dos comandantes de MehmedMaomé. Com Musa morto, MehmedMaomé era o único filho sobrevivente do finado sultão BayezidBajazeto I e tornou-se o sultão MehmedMaomé I. O Interregno é um excelente exemplo do [[fratricídio]] que se tornaria comum durante a sucessão ao trono no Império Otomano nos séculos seguintes.
 
== Títulos ==
Durante o Interregno, apenas MehmedMaomé cunhou moedas se intitulando "sultão"<ref>Dimitris J. Kastritsis, 198.</ref>. As moedas de SuleymanSolimão o chamavam de "Emir SuleymanSolimão, filho de BayezidBajazeto", enquanto que as de Musa chamavam-no de "MusaMuça, filho de BayezidBajazeto"<ref>Dimitris J. Kastritsis, 198.</ref>. Até hoje não foram encontradas moedas de IsaIssa<ref>Dimitris J. Kastritsis, 198.</ref>.
 
{{Referências|col=2}}