As Mil e Uma Noites: diferenças entre revisões

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[[imagem:Ferdinand Keller - Scheherazade und Sultan Schariar (1880).jpg|thumb|220px|''Xerazade e o sultão Xariar'', por [[Ferdinand Keller]]]]
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== Origens e manuscritos ==
A mais antiga menção a um livro árabe das ''Mil e uma noites'' é um fragmento de um [[manuscrito]] do início do {{séc|IX}} em que se lê o título da obra e algumas linhas iniciais, em que Duniazade pede a um narrador não especificado que conte uma história.<ref name="ABBOTT">Abbott, Nabia. Cap 2. in ''The Arabian Nights reader''. Wayne State University Press, 2006 [http://books.google.com.ar/books?id=AKd6mZSGsVUC&pg=PA21&lpg=PA21&dq=nabia+abbot+%22thousand+nights%22&source=bl&ots=-Fq8eCTkK_&sig=QNWqNKXmX6p9yt1NtlHDq9IOobk&hl=es&ei=OFtcS6u5E9ChuAet3ejxDw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CAkQ6AEwAA#v=onepage&q=nabia%20abbot%20%22thousand%20nights%22&f=false]</ref>. Mais dados sobre a existência deste livro e sua origem encontram-se nos escritos do [[historiador]] [[Almaçudi]] (888-957), que se refere a uma coleção de contos fantasiosos traduzidos do [[Língua persa|persa]], [[sânscrito]] e [[Língua grega|grego]], incluindo-se entre eles um livro persa chamado ''Hazār afsāna'' ("''Mil histórias''" em persa) .<ref name="IRANICA">[http://www.iranica.com/newsite/index.isc?Article=http://www.iranica.com/newsite/articles/v1f8/v1f8a035.html ''Alf Layla Wa Layla'' na Encyclopedia Iranica]</ref>. Segundo Almaçudi, a coleção era conhecida como "''As mil noites e uma noite''" em [[Língua árabe|árabe]] e contava a história de "um rei, seu vizir, sua filha Xerazade e sua escrava, Duniazade". A existência desta tradução do persa ao árabe é corroborada pelo [[bibliógrafo]] [[xiita]] [[ibne Nadim]] (m. 995 ou 998), que menciona o livro em sua obra ''Fehrest'' (ou ''Fihrist''), escrita em 987-988.<ref name="IRANICA"/>. ibne Nadim informa ainda que o livro possui menos de 200 contos, uma vez que cada conto ocupa mais de uma noite.<ref name="TRANSNATIONALII4">Grotzfeld, Heinz. Cap II.4. in ''The Arabian nights in transnational perspective''. Wayne State University Press, 2007 [http://books.google.com.ar/books?id=tknULXNl21oC&pg=PA49&dq=Panchatantra+%22thousand+nights%22&source=gbs_toc_r&cad=7#v=onepage&q=Panchatantra%20%22thousand%20nights%22&f=false]</ref>.
 
[[Imagem:Arabian nights manuscript.jpg|right|250px|thumb|Manuscrito árabe utilizado por Galland em sua tradução das ''Mil e uma noites'' ({{séc|XIV}} ou XV)]]
Assim, uma versão árabe das ''Mil e uma noites'', estruturada ao redor dos contos narrados por Xerazade para escapar da execução por Xariar, já existia no {{séc|IX}} e o núcleo de contos era derivado de uma tradução da obra persa ''Hazār afsāna'' realizada talvez no {{séc|VIII}}.<ref name="IRANICA"/><ref name="BRILL"/>. A história da traição do rei Xariar pela primeira mulher, que explica o comportamento do rei, não é mencionada por ibne Nadim e provavelmente surgiu após o {{séc|X}}. Além da referência à tradução do persa ao árabe contida nos escritos de Almaçudi e ibne Nadim, uma evidência sobre a origem das ''Mil e uma noites'' é o fato de que os nomes dos personagens do prólogo são persas,<ref name="BRILL"/>, como Xerazade ("de nobre linhagem"), Xariar ("príncipe" ou "rei"), Duniazade ("à deusa ''dēn'' glorificada") e Xazamã ("rei do seu tempo").<ref name="IRANICA"/>. Por outro lado, a estrutura do prólogo das ''Mil e uma noites'', em que é contada a história de Xerazade e Xariar e que cria o marco narrativo do livro, seguidos por contos estruturados em cadeia, com histórias dentro de outras histórias, é comum na literatura indiana e pode ter sido influenciada por esta. Por exemplo, a coleção de contos em [[sânscrito]] ''[[Panchatantra]]'', compilada entre os séculos III a V dC, também está organizada ao redor de um narrador, neste caso um sábio que conta uma série de histórias de animais para três príncipes.<ref name="TRANSNATIONALII8">Naithani, Sadhana. Cap II.8. in ''The Arabian nights in transnational perspective''. Wayne State University Press, 2007 [http://books.google.com.ar/books?id=tknULXNl21oC&pg=PA133&lpg=PA133&dq=Panchatantra+%22thousand+nights%22&source=bl&ots=RuauNppr7z&sig=coX4L393U-Q-Mjr0WdVfcuVRRVo&hl=es&ei=gkdbS8X_K5ChuAfQxfnxDw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=10&ved=0CDQQ6AEwCQ#v=onepage&q=Panchatantra%20%22thousand%20nights%22&f=false]</ref>.
 
Os contos que compõe as ''Mil e uma noites'' são de diversas origens e foram sendo acrescentados e suprimidos ao longo da história da obra, sendo alguns possivelmente originários da Índia, outros da Pérsia e outros do mundo árabe.<ref name="IRANICA"/>. As mais antigas referências à obra não mencionam quais contos compunham a coleção e, uma vez que os manuscritos com contos que chegaram até a atualidade são já do {{séc|XV}}, é hoje impossível saber quais eram os contos que compunham as primeiras versões das ''Mil e uma noites'', inicialmente derivados da obra persa ''Hazār afsāna''.<ref name="BRILL">[http://www.brill.nl/uploadedFiles/EI3preview.pdf Encyclopedia of Islam 3. Brill, 2007]</ref>. Sobre o estado inicial das ''Mil e uma noites'' o único que se pode afirmar com certeza é que a história básica de Xerazade e Xariar, que unifica a obra, já estava presente desde o {{séc|IX}}.
 
Os estudiosos acreditam que os manuscritos das ''Mil e uma noites'' que existem atualmente são derivados de reelaborações realizadas entre os séculos XIII e XIV no [[Médio Oriente]], à época dominado pelos [[mamelucos]]. O mais famoso e um dos mais completos e antigos dos manuscritos é o utilizado por [[Antoine Galland]] para sua tradução publicada em 1704. Este manuscrito em três volumes, originário da [[Síria]] e conservado hoje na [[Biblioteca Nacional de Paris]] (''arabe'' 3609-3611), data de meados do {{séc|XV}} (alguns pensam que é do {{séc|XIV}}) e contém um total de 282 noites.<ref name="GROTZFELD"/>. Há ainda um pequeno grupo de manuscritos relacionados a este aos quais se dá o nome de ramo sírio dos manuscritos, todos terminando na noite 282 e deixando incompleto o ''Conto do Príncipe Camaralzaman e da Princesa Budura''.<ref name="GROTZFELD">Grotzfeld, Heinz. ''The manuscript tradition of the Arabian Nights'' in ''The Arabian nights encyclopedia, vol. 1''. ABC-CLIO, 2004 [http://books.google.com.ar/books?id=EMKSYqUQ4QcC&pg=PA18&dq=%22syrian+branch%22+%22thousand+nights%22&cd=1#v=onepage&q=%22syrian%20branch%22%20%22thousand%20nights%22&f=false]</ref><ref name="CODENHOTO"/>. Um grupo de manuscritos mais recente, e diferentes linguisticamente do ramo sírio, foi compilado entre os séculos XVII e XVIII e constitui o chamado ramo egípcio, por serem em sua maioria provenientes [[Egipto|desta região]].<ref name="CODENHOTO">Codenhoto, Christiane D. Resenha do ''Livro das mil e uma noites. Tradução de Mamede Mustafa Jarouche''. Revista de Estudos Árabes e das Culturas do Oriente Médio. FFLCH, USP. 2006.[http://www.fflch.usp.br/dlo/tiraz/2006/CODENHOTO_CHRISTIANE_DAMIEN_06.pdf]</ref>. Estes manuscritos, compilados em parte para atender à demanda europeia de histórias das ''Mil e uma noites'' após o êxito da obra de Galland, chegou ao número de noites do título, ou seja, mil e uma. A compilação egípcia mais moderna - datada da segunda metade do {{séc|XVIII}} e base de muitas traduções e edições posteriores - é referida como ZER (''Zotenberg Egyptian's Recension''; edição crítica egípcia de Zotenberg) em homenagem ao estudioso Hermann Zotenberg, autor de importantes estudos sobre esses manuscritos no final do {{séc|XIX}}.<ref name="BRILL"/>. O termo "ZER" também é utilizado como sinônimo para o ramo egípcio.<ref name="BRILL"/>.
 
== Traduções e edições ==
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