Orestes (prefeito do Egito): diferenças entre revisões

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== Biografia ==
[[Imagem:Cyril of Alexandria.jpg|thumb|Bispo [[Cirilo de Alexandria]], oponente de Orestes, que fez uso de sua influência sobre civis governados pelo prefeito em Alexandria.]]
 
Em 415, durante seu governo, teve divergências com o jovem bispo de [[Alexandria]], [[Cirilo de Alexandria|Cirilo]], que tinha sido apontado para suceder o [[Patriarcado de Alexandria]] depois da morte do patriarca [[Teófilo I de Alexandria|Teófilo]], seu tio. Orestes resistiu firmemente as tentativas de Cirilo de intervir em assuntos seculares.<ref>Wessel, p. 34.</ref>
 
Em uma ocasião, Cirelo enviou o [[gramático]] [[Hierax]] para descobrir secretamente o conteúdo de um edito que Orestes estava para promulgar nos shows de mímica que atraíam grandes multidões. Quando os judeus, com quem Cirilo tinha sido desentendido anteriormente, descobriram a presença de Hierax, se revoltaram, queixando-se que a presença de Hierax tinha como objetivo provocá-los.<ref>[[João de NikiuNiquiu]], 84.92.</ref> Então Orestes torturou Hierax em público em um teatro. Este ato teve dois objetivos: o primeiro foi o de conter as revoltas e o outro impor a autoridade de Orestes sobre Cirilo.<ref>[[Sócrates Escolástico]], vii.13.6-9. Wessel, p. 34</ref>
 
De acordo com fontes cristãs, os judeus de Alexandria tramaram contra os cristãos e assassinaram muitos deles. Cirilo reagiu e expulsou todos os judeus, ou os assassinos (segundo algumas fontes), exercendo um poder que pertenceria, de fato a Orestes.<ref>[[Sócrates Escolástico]], vii.13 (que cita que toda a comunidade judaica de Alexandria foi expulsa da cidade); João de NikiuNiquiu, 84.95-98 (que defende que somente os assassinos foram expulsos). Welles, p. 35.</ref> Orestes se mostrava impotente, mas mesmo assim rejeitou o gesto de Cirilo que lhe ofereceu uma Bíblia, o que significaria que a autoridade religiosa de Cirilo exigiria a aquiescência de Orestes.<ref name="wessel35">Wessel, p. 35.</ref>
 
[[Imagem:Hypatia Raphael Sanzio detail.jpg|thumb|left|[[Hipátia]]. Detalhe de ''[[A Escola de Atenas]]'', por [[Rafael Sanzio|Rafael]], [[Palácio Apostólico]], Roma (1509-1510).]]
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O prefeito escreveu ao [[imperador bizantino|imperador]] [[Teodósio II]], relatando as ocorrências, mas Cirilo fez o mesmo contando a sua versão dos fatos. Além disto, o bispo havia tomado o corpo de Amônio, levando-o a uma igreja e mandando listá-lo entre os santos [[mártir]]es com o nome de Taumásio, que, em [[língua grega clássica|grego clássico]], significa "maravilhoso", "admirável". Segundo [[Sócrates Escolástico]], este ato foi malvisto mesmo entre os cristãos já que Amônio teria morrido não por não [[apostasia|renunciar a fé]], mas sim por um crime comum. Cirilo, ciente disso, deixou o episódio cair no esquecimento, afirma Sócrates.<ref name="ss7_14">[[Sócrates Escolástico]], vii.14.</ref><ref>Wessel, p. 35-36.</ref>
 
Orestes contava com o apoio político de [[Hipátia]], uma filósofa, professora e cientista de considerável sabedoria, virtuosidade e autoridade moral na cidade Alexandria. De fato, muitos estudantes de ricas e influentes famílias se dirigiam a Alexandria com o propósito de estudar com Hipátia e muitos dos seus discípulos, mais tarde alcançavam postos de destaque no governo e na Igreja. Muitos cristãos acreditavam que a influência de Hipátia fez Orestes rejeitar as ofertas de reconciliação oferecidas por Cirilo. Historiadores modernos acreditam que Orestes cultivou seu relacionamento com Hipátia para fortalecer seu vínculo com a [[Religião na Roma Antiga|comunidade pagã]] de Alexandria, da mesma forma que fez com os judeus, de modo a lidar com maior eficácia com a difícil vida política da capital egípcia.<ref>Christopher Haas, ''Alexandria in Late Antiquity: Topography and Social Conflict'', JHU Press, 2006, ISBN 0-8018-8541-8, p. 312.</ref> As disputas entre Orestes e Cirilo resultaram em um fim trágico para Hipátia: uma multidão cristã tomou a filósofa de sua carruagem e brutalmente a assassinou, cortando seu corpo em pedaços e queimando os pedaços fora dos muros da cidade.<ref name="ss7_15">[[Sócrates Escolástico]], vii.15.</ref><ref>[[João de NikiuNiquiu]], 84.87-103.</ref>
 
Este assassinato político teria eliminado um importante e influente suporte para o governo do prefeito, fazendo Orestes desistir de sua disputa com Cirilo e levando-o a deixar definitivamente a cidade de Alexandria.