Papa Inocêncio III: diferenças entre revisões

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Inocêncio respondeu em 26 de maio de 1207, ameaçando o rei João de excomunhão, e o Reino da Inglaterra com um [[interdito]]. O rei então disse que assassinaria e torturaria todos os clérigos enviados por Roma a Inglaterra.{{sfn|Llorca|Garcia-Villoslada|Laboa|2009|p=464-465}} Dessa forma, Inocêncio proclamou o interdito em 24 de março de 1208, o rei João reagiu expulsando os clérigos fiéis a Roma de seus cargos e confiscando seus bens, enquanto os bispos fugiram da Inglaterra para não serem mortos. Alguns membros da nobreza se rebelaram em nome do papa e foram severamente torturados e mortos. Assim, Inocêncio, com aprovação da maioria dos nobres e bispos ingleses, em 1211 desligou todos os súditos e vassalos do juramento de fidelidade com o Rei João, autorizando sua deposição, e depois, em 1212, depôs oficialmente o rei e deu o Reino da Inglaterra para o rei [[Filipe II de França|Filipe II da França]], que deveria executar a sentença conquistando a Inglaterra em uma cruzada contra João.{{sfn|Llorca|Garcia-Villoslada|Laboa|2009|p=465}}
 
Porém, assim que o Filipe preparou uma frota marítima para invadir a Inglaterra, o rei João procurou o representante do papa na Inglaterra, Randulfo, em 13 de maio de 1213, reconhecendo Stephen Langton como arcebispo, permitindo a volta dos bispos exilados, prometendo indenização aos clérigos prejudicados, e além disso, entregou em [[vassalagem]] todo o Reino da Inglaterra e da Irlanda para Inocêncio, que se tornaria o senhor e [[suserano]] desses territórios, e assim, entregando anualmente, como era costume entre os vassalos na época, um tributo de mil moedas de prata. A submissão de João foi total, entregando-se a proteção de Inocêncio.{{sfn|Llorca|Garcia-Villoslada|Laboa|2009|p=465}} Imediatamente, Inocêncio retirou as penas sobre a Inglaterra e não permitiu mais sua invasão por Felipe. Segundo o estudioso brasileiro André Arthur Costa: "O caso da Inglaterra é um exemplo paradigmático da mudança que ocorreu no jogo político europeu, e a instalação da nova ordem assentada no papado, devido as manobras de Inocêncio. Assim, durante o reinado de Henrique VI, a Inglaterra, comandada pelo rei cruzado Ricardo Coração de Leão (1157-1199), foi um feudo do Sacro Império e de Henrique (...). Durante o pontificado de Inocêncio, sendo comandada por João Sem-Terra (1166-1216), a Inglaterra se torna justamente um feudo papal sob o controle do pontífice. A situação literalmente se inverte, e exterioriza o contexto geral europeu: da forte liderança dos Hohenstaufen, especialmente de Henrique, para uma forte liderança agora comandada pelo papado, sob comando de Inocêncio".{{sfn|Costa|2017|p=100}}
 
O enfraquecimento do poder do Rei João foi aproveitado pelos nobres que se rebelaram em 1215, e tendo vencido João, impuseram a ele a [[Magna Carta]], em 15 de junho de 1215, limitando o poder do monarca inglês. O rei João recorreu ao papa Inocêncio como seu suserano em seguida, e o papa anulou a Magna Carta por considerá-la uma violação dos direitos tradicionais do rei inglês como seu vassalo, e suspendeu e depôs Stephen Langton que apoiou o documento.{{sfn|Llorca|Garcia-Villoslada|Laboa|2009|p=465}} João então iniciou a [[Primeira Guerra dos Barões]], atacando e prendendo os senhores que haviam se rebelado contra ele. Porém, apenas um ano depois, em 1216, tanto Inocêncio como o Rei João faleceram.