História pré-cabralina do Brasil: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
m Foram revertidas as edições de 2804:14D:5C75:9032:55C1:BEDF:7E78:AB63 para a última revisão de JoãoGuilherme68, de 18h13min de 5 de abril de 2018 (UTC)
Etiqueta: Reversão
Linha 5:
A expressão '''pré-história do Brasil''' também era usada para se referir este período, mas foi abolida por vários motivos. Principalmente, devido ao fato de o termo "[[pré-história]]", modernamente, ser combatido por alguns [[academia|acadêmicos]], pois partiria de uma visão [[eurocentrismo|eurocêntrica]] de mundo, na qual os povos sem [[escrita]] seriam povos sem história (o [[prefixo]] "pré" indica "anterioridade", ou seja, período "anterior à [[história]]"). No contexto da história do Brasil, essa nomenclatura não aceitaria que os [[povos indígenas do Brasil|indígenas]] tivessem uma história própria.<ref name="books.google.com.br"/> Por essa razão, costuma-se, hoje, denominar esse período histórico como pré-cabralino.
 
A pré-história tradicional geralmente se divide nos períodos [[paleolítico]], [[mesolítico]] e [[neolítico]]. Porém, atualmente, essa periodização tem sido revista no mundo todo. No Brasil, alguns autores preferem trabalhar com as [[época geológica|épocas geológicas]] do atual [[quaternário|período quaternário]]: o [[pleistoceno]] e o [[holoceno]].<ref name= <ref name="google.com.br">{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=yhAsAAAAYAAJ&q=arqueologia+brasileira&dq=arqueologia+brasileira&hl=pt-BR&sa=X&ei=o_wMT4OuJdHAtgfkmbjiBQ&redir_esc=y |título=Arqueologia brasileira |língua= português |autor= André Prous |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Neste sentido, a periodização mais aceita se divide em: pleistoceno (caçadores e coletores com pelo menos 12 000 anos atrás) e holoceno, sendo que este último pode ser subdividido arcaico antigo (12 000 a 9 000 anos atrás), arcaico médio (9 000 a 4 500 anos atrás) e arcaico recente (de 4 000 anos atrás até a chegada dos europeus). Acredita-se que os primeiros povos começaram a habitar a região onde hoje se situa o território brasileiro há 60 mil anos. Recomenda-se o uso da abreviação [[antes do presente|a.p. (antes do presente)]] para referir-se aos anos de acontecimento de cada período.massacre indiana,quebrada acreana e paleolítico e neolítico acrescento oral a guerra civil contra avós velhos de {[(“1500”)]}
 
==Metodologia de estudo==
Linha 26:
A história recente da [[arqueologia]] no [[Brasil]] inclui a criação da PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas)<ref>{{Citar web |url=http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol6_rsm3.htm |título= Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> com o auxílio do [[IPHAN]] (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)<ref>{{Citar web |url=http://www.iphan.gov.br/ |título= IPHAN |língua= português |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>, que teria como objetivo realizar buscas para fornecer um panorama mais completo do passado histórico-cultural brasileiro. Enquanto isso, instituições como o [[Museu Nacional]], o [[Museu Paulista]] e o instituto de Pré-História realizaram pesquisas isoladas, enquanto o Museu Emílio Goeldi se lançou num projeto chamado PRONAPABA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas na [[Bacia Amazônica]]). Vários estudos foram realizados desde então sobre os [[sambaquis]], a pintura rupestre brasileira<ref name="books.google.com.br"/> e a indústria lítica antiga. Em 1980 foi criada a primeira Sociedade de Arqueologia Brasileira.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=Qp7qSAAACAAJ&dq=arqueologia+brasil&hl=pt-BR&sa=X&ei=nSQNT__EN8batwfG98X2BQ&redir_esc=y |título= Construindo a arqueologia no Brasil: a trajetória da Sociedade de Arqueologia Brasileira |língua= |autor= Instituto Anchietano de Pesquisas |obra= |data= 2009 |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.sabnet.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=33&Itemid=48 |título= Sociedade de Arqueologia Brasileira |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> O ensino de [[arqueologia]] é hoje ministrado no [[Brasil]], embora de forma limitada.<ref name="ambientes.ambientebrasil.com.br"/>
 
== Pleistoceno: (60 000 - 12 000 a.p.) ==
 
=== Ocupação do território ===
Linha 34:
As descobertas no [[Brasil]] polemizaram a visão tradicional da ocupação da América.<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13144.shtml |título= Crânios sugerem que povo de Luzia habitou México e São Paulo |língua= |autor= Claudio Angelo |obra= Folha de S.Paulo |data= 21/03/2005 |acessodata=}}</ref> Os arqueólogos passaram a defender outras teorias sobre as grandes migrações, entre elas, a de que o homem teria chegado à [[América]] entre cerca de 150 mil e 100 mil anos atrás, vindo por correntes Malásio-Polinésias (oriundas do sudeste asiático) ou australianas (oriundas do pacífico sul), enquanto outros autores ainda pensam numa corrente migratória originada na [[África]]. Contribuem para a definição dessas teorias as similaridades entre os vestígios materiais encontrados na América com aqueles encontrados na [[Oceania]]. De qualquer forma, pode-se admitir hoje de forma geral que o Brasil foi ocupado há 60 mil anos atrás, no que diz respeito ao Piauí.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=exmtOsvSKj4C&pg=PA102&dq=ocupa%C3%A7%C3%A3o+brasil+pr%C3%A9+hist%C3%B3ria&hl=pt-BR&sa=X&ei=fwUNT_TaNYSJtweBq-DoBQ&ved=0CD0Q6AEwAA#v=onepage&q=ocupa%C3%A7%C3%A3o%20brasil%20pr%C3%A9%20hist%C3%B3ria&f=false |título=Pré-história do Nordeste do Brasil |língua= |autor= Gabriela Martin |obra= |data= 1997 |acessodata=}}</ref> As correntes migratórias teriam atingido Minas Gerais há 30 mil anos e o [[Rio Grande do Sul]], há 15 mil anos.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=mwfcCCX_2x0C&pg=PA202&dq=ocupa%C3%A7%C3%A3o+brasil+pr%C3%A9+hist%C3%B3ria&hl=pt-BR&sa=X&ei=fwUNT_TaNYSJtweBq-DoBQ&ved=0CEMQ6AEwAQ#v=onepage&q=ocupa%C3%A7%C3%A3o%20brasil%20pr%C3%A9%20hist%C3%B3ria&f=false |título= Pré-história do Mato Grosso: Cidade de Pedra - Página 202 |língua= |autor= Águeda Vilhena Vialou |obra= |data= 2006 |acessodata=}}</ref> Todo o país estava ocupado há 12 mil anos.
 
=== Luzia remontada foi a paleontóloga indígena ===
[[Imagem:IMG Montagem wiki sharpen.png|thumb|direita|Reconstituição computadorizada de [[Luzia (fóssil)|Luzia]], o fóssil mais antigo das Américas]]
 
Linha 42:
Essa tese não foi muito bem recebida por alguns cientistas.<ref name="news.com.br"/> De acordo com a [[National Geographic]], além de as raças não serem uma maneira científica de classificar seres humanos, as diferenciações entre os grupos humanos só surgiram após 9,5 mil anos.<ref>{{Citar web |url=http://news.nationalgeographic.com/news/2003/09/0903_030903_bajaskull.html|título= Who were the first americans? National Geographic |língua= inglês |autor= |obra= |data= |acessodata= 11/1/2012}}</ref>
 
==== O povo de Luzia paleontóloga indígena ====
Os estudos realizados na região habitada por [[Luzia (fóssil)|Luzia]] e outros paleoíndios demonstram que eles desconheciam a cerâmica e que sua indústria lítica era relativamente simples.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=BLg-5ps_QmcC&dq=o+povo+de+luzia&hl=pt-br&ei=IdHETOH0EIKB8gaF_bzXBg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCkQ6AEwAA|título= O Povo de Luzia |língua= português |autor= Walter Alves Neves & Luís Beethoven Piló |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Pesquisas recentes, contudo, afirmam que esses homens eram [[sedentarismo|sedentários]]. Achados como enterros numerosos e uso de matérias-primas existentes apenas neste local reforçaram estas ideias. Uma análise das cáries nos dentes destes americanos demonstra que eles, embora não tivessem [[agricultura]], se aproveitavam intensamente de recursos [[vegetais]].<ref>{{Citar web |url=http://www.jornaldosite.com.br/materias/corpo&cuca/anteriores/edicao146/corpocuca146_9.htm|título= Primeiros brasileiros eram sedentários, sugerem pesquisas. Folha de S.Paulo, 21 de outubro de 2009 |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>
 
== Holoceno no Brasil (12 000 – 4000 a.c.p.) ==
Os arqueólogos denominam por '''fase''' um complexo cultural onde os elementos são intimamente associados. Por '''tradição''', os arqueólogos entendem as práticas e técnicas padrão dos antigos para a confecção, por exemplo, da indústria lítica e da [[Arte Rupestre|pintura rupestre]]. Uma subtradição é uma divisão dentro da tradição, normalmente porque houve uma diferenciação do padrão original em dois ou mais padrões novos.
 
No final do período pleistocênico a temperatura variou amplamente em fases de expansão e contração das geleiras. Acredita-se que as temperaturas eram mais frias no pleistoceno do que no holoceno, quando sofreram um aumento considerável. No começo do período arcaico médio, o nível do mar se encontrava 10 metros abaixo do atual. Muitas regiões do país, como o [[Piauí]], por exemplo, eram muito mais úmidas do que o são hoje.<ref name="news.com.br"/>
 
=== Nordeste e centro-sul do MéxicoBrasil ===
 
[[Imagem:Sambaqui, MAE-USP (2).JPG|thumb|Modelo de [[sambaqui]] do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo]]
 
A idade [[Paleolítico|Neolíticopaleolítica]] brasileira é normalmente situada entre 12 mil e 4-2 mil anos antes do presente, quando do surgimento e difusão da prática agricultora na região.<ref name= <ref name="mae.com.br">{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=S0p7AAAAMAAJ&q=holoceno+brasil&dq=holoceno+brasil&hl=pt-BR&sa=X&ei=BwQNT4aXEoiEtgfonpS6BQ&redir_esc=y |título= Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia |língua= português |autor= |obra= Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia |data= |acessodata=}}</ref> Antes disso, os homens viviam de caça, pesca e coleta, fato comprovado por achados arqueológicos e representações em pinturas pré-cabralinas. Nesta época, os arqueólogos constataram a existência de diferentes tipos de indústria lítica em diversas regiões do Brasil. No [[nordeste]], vários [[sítios arqueológicos]] indicam o desenvolvimento da [[pedra lascada]], contendo lesmas (artefato lítico em forma de [[lesma]] utilizado para raspar suportes de madeira), lascas, furadores e fogões para assar caça. A pintura rupestre era realizada nesses primeiros sítios.<ref name="news.com.br"/>
 
Na região nordeste, as técnicas de trabalho com o material lítico se tornam cada vez mais diversificadas e complexas com o passar do tempo. O número de fogões, por exemplo, aumenta conforme as datações se aproximam do ano 8 mil antes do presente. Fogueiras também são encontradas.<ref name="mae.com.br"/><ref>{{Citar web |url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-18032008-104931/pt-br.php |título= Arqueologia do Noroeste Mineiro: análise de indústria lítica da bacia do Rio Preto - Unaí, Minas Gerais, Brasil |língua= |autor= Leandro Augusto Franco Xavier |obra= USP |data= 2007 |acessodata=}}</ref>
Linha 69:
O aparecimento de plantas cultivadas em [[Minas Gerais]] data de 4 mil anos atrás.<ref>{{Citar web |url=http://books.google.com.br/books?id=yZr-lxQgJiAC&pg=PA1127&dq=brazil+archaeology&hl=pt-BR&sa=X&ei=uiUNT6-jHcTptgeG9KmbBQ&redir_esc=y#v=onepage&q=brazil%20archaeology&f=false |título= Handbook of South American Archaeology: Public Archaeology and Management of the Brazilian Archaeological-Cultural Heritage |língua= |autor= Rossano L. Bastos e Pedro Funari |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Em [[São Raimundo Nonato]], a agricultura parece ter sido praticada desde há pelo menos 2090 anos. Embora a [[cerâmica]] amazônica seja mais antiga que a agricultura, o mesmo fenômeno não ocorre no resto do país, onde a cerâmica mais antiga data de 3 mil anos atrás (na área de São Raimundo Nonato). Arqueólogos brasileiros consideram que o surgimento da cerâmica nas regiões em questão está ligado ao sedentarismo e à [[agricultura]], uma vez que a cerâmica é de difícil transporte e, normalmente, teve a função de armazenar víveres. A '''tradição Taquara-Itaré''' é talvez a mais estudada tradição de cerâmica do país.<ref name="books.google.com.br"/>
 
== Período pré-cerâmico (AmericaAmazônia) (12000 - 3000 ap) ==
[[Imagem:Fazenda Colorada.jpg|thumb|direita|Alguns especialistas, como Eduardo Goes Neves, argumentam que paisagens da Floresta Amazônica (acima) teriam sido moldadas pela ação dos povos pré-cabralinos.<ref>{{Citar web |url=http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista 12 - artigo 1.pdf |título= Evolução antropomorfa da Amazônia |língua= |autor = Marcos Pereira Magalhães|obra= |data= |acessodata=}}</ref>. Na imagem, [[geoglifo]]s em terras desmatadas na floresta amazônica do [[Acre]].]]