Frígia: diferenças entre revisões
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'''Frígia''' ({{langx|el|Φρυγία}}; {{lang-la|''Phrygia''}}; {{lang-tr|''Frigya''}}) era o nome da região centro-oeste na antiga [[Ásia Menor]] ([[Anatólia]]), na moderna [[Turquia]], centrada no [[rio Sakarya]] (antigo rio Sangário ou ''Sangarios''). Ali floresceu o [[Reino da Frígia]], famoso por seus reis lendários que povoaram a [[Era heróica grega|era heróica]] da [[mitologia grega]]: [[Gordias]], cujo [[nó górdio]] seria desatado por [[Alexandre, o Grande]], [[Midas]], que transformava em ouro tudo o que tocava, e [[Migdon da Frígia|Migdon]], que lutou contra as [[amazonas (mitologia)|amazonas]]. De acordo com a [[Ilíada]], de [[Homero]], os frígios eram grandes aliados dos [[troianos]] e participaram da [[Guerra de Troia]] contra os [[aqueus (tribo)|aqueus]].
O poder frígio teve seu apogeu no
{{Âncora|Frígios}}
== Frígios ==
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Inscrições encontradas em [[Górdio]] deixam claro que os antigos [[frígios]] falavam uma [[língua indo-europeia]] com pelo menos uma parte de seu vocabulário similar ao do [[língua grega|grego]] e era claramente diferente das demais [[línguas anatólicas]] faladas pela grande maioria dos vizinhos da Frígia.<ref>Claude Brixhe, ''Phrygian'', in Roger D. Woodard (editor), ''The ancient Languages of Asia Minor'', Cambridge University Press, 2008, p. 72</ref><ref>[http://www.scribd.com/doc/44668910/Midas-and-the-Phrygians Midas and the Phrygians, by Miltiades E. Bolaris (2010)]</ref> Um dos [[Hinos Homéricos]] descreve a [[língua frígia]] como não sendo compreensível para os troianos.<ref name="Hymns5">[[Hinos Homéricos]] 5, ''A Afrodite''.</ref>
De acordo com uma antiga tradição entre os historiadores gregos, os frígios migraram para a Anatólia vindos dos [[Balcãs]] e [[Heródoto]] afirma que eles eram chamados de ''"[[bryges]]"'' quando ainda viviam ali.<ref name="Herodotus-VII73">{{citar heródoto|7|73}}</ref> Ele e outros autores gregos também preservaram uma lenda sobre o rei Midas que o associa com a [[Macedônia (região)|Macedônia]] (ou identifica-o como macedônio); Hérodo, por exemplo, afirma que um jardim de rosas selvagens na Macedônia tinha o nome de Midas.<ref>{{citar heródoto|7|73}}; {{citar heródoto|8|138}}</ref> Os frígios também foram ligados pelos autores clássicos aos [[migdones]], o nome de dois grupos distintos, um dos quais vivia no norte da Macedônia e outro, na [[Mísia]]. Os frígios também já foram identificados como sendo os ''[[bebryces]]'', um povo que acredita-se ter guerreado contra a Mísia antes da Guerra de Troia sob a liderança de um rei chamado Migdon mais ou menos na mesma época que os frísios teriam tido um [[Migdon da Frígia|rei de mesmo nome]]. O historiador clássico [[Estrabão]] agrupa frígios, migdones, [[mísios]], ''bebryces'' e [[bitínios]] num mesmo conjunto de povos que teria migrado dos Balcãs para a Anatólia.<ref>[[Estrabão]] 7.3.3.</ref>
Alguns estudiosos propõem que esta migração teria acontecido em tempos mais recentes do que sugerem as fontes clássicas e buscaram encaixar a chegada dos frígios com a narrativa da queda do [[Império Hitita]] e o [[colapso da Idade do Bronze]].<ref>Veja, por exemplo, a [[Encyclopædia Britannica]].</ref> De acordo com esta "teoria da migração recente", os frígios teriam invadido imediatamente antes ou depois do colapso dos hititas no início do
Porém, a maior parte dos estudiosos rejeita a "migração recente", preferindo o relato da Ilíada de que os frígios já estavam bem estabelecidos na região do [[rio Sakarya]] antes da [[Guerra de Troia]] e, portanto, estavam lá nos estágios finais do Império Hitita ou provavelmente antes. Estes estudiosos tentam buscar a origem dos frígios entre os muitos povos que habitavam a Anatólia ocidental e que estavam sujeitos ao domínio hitita.<ref>Phillip Clapham, "Hittites and Phrygians", C&AH IV:2, pp.71-121.</ref> Esta interpretação também é apoiada pelas lendas gregas sobre a fundação da capital frígia, Górdio, por [[Gordias]] e de [[Ancira]] por Midas,<ref>[[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]] 1.4.5.</ref> o que sugere que ambas seriam muito antigas, anteriores à Guerra de Troia.
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=== Religião ===
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Era a "Grande Mãe", [[Cibele]], como os gregos e romanos a chamavam, que era originalmente adorada nas montanhas da Frígia, onde ela era chamada de "Mãe [da] Montanha". Em sua típica representação frígia, ela veste um longo vestido cinturado, um ''polos'' (um chapéu cilíndrico alto) e um véu cobrindo o corpo todo. A versão posterior foi estabelecida por um pupilo do grande [[Fídias]], [[Agorácrito]], e tornou-se a imagem mais adotada pelos seguidores de Cibele, tanto na [[civilização egéia]] quanto na [[Roma Antiga]]. Nela, Cibele aparece sentada num trono com um das mãos repousadas sobre um leão e a outra segurando o ''[[timpani|tympanon]]'', um tambor circular parecido com um [[tamborim]].
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=== Reino da Frígia ===
==== Passado mítico ====
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O nome do mais antigo rei mítico conhecido da Frígia é ''Nannacus'' (ou ''Annacus'').<ref>Suidas s. v. Νάννακος; Stephanus of Byzantium s.v. Ἰκόνιον; Ambas as passagens traduzidas em: A new system: or, An analysis of antient mythology by Jacob Bryant (1807) [http://books.google.com/books?id=QzoGAAAAQAAJ&pg=PA14&dq=annacus+phrygia&hl=en&ei=1f2kTefUB8Ga0QH9oumHCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&ved=0CDAQ6AEwAjgU#v=onepage&q&f=false Pages 12-14]</ref> Ele morava em [[Icônio]], a mais oriental das cidades frígias na época e, depois de sua morte, com 300 anos, uma grande inundação devastou a região, como havia sido previsto por um antigo [[oráculo]]. O próximo rei mencionado nas fontes clássicas sobreviventes é ''Manis'' ou ''Masdes''. De acordo com [[Plutarco]], "manico" era um adjetivo utilizado para descrever grandes coisas por causa deste rei.<ref>[[Plutarco]], Sobre Ísis e Osíris, [http://www.sacred-texts.com/cla/plu/pte/pte04.htm cap. 24]</ref> Depois, o Reino da Frígia parece ter se fragmentado entre vários reis. Um deles era [[Tântalo]], que reinou sobre a região norte da Frígia, perto do [[monte Sípilo]]. Ele recebeu uma punição eterna no [[Tártaro (mitologia)|Tártaro]] por ter, como alegavam, matado seu filho [[Pélope]] como sacrifício aos olímpicos, uma referência à supressão dos [[sacrifício humano|sacrifícios humanos]]. Tântalo também foi falsamente acusado de roubar das loterias que ele mesmo havia inventado. Na era mítica antes da [[Guerra de Troia]], durante um [[interregno]], [[Gordias]], um fazendeiro frígio, tornou-se rei, cumprindo outra profecia oracular: os frígios, sem rei, havia buscado a ajuda do oráculo de [[Sabazios]] em [[Telmissos]], na parte da Frígia que depois seria incorporada pela [[Galácia]], onde foram instruídos a aclamarem como rei o primeiro homem que chegasse ao templo de Sabazios numa carroça. Gordias chegou e depois dedicou ao deus a carroça de bois e a deixou amarrada ali com o famoso "[[nó górdio]]". Ele refundou uma capital em Górdio à beira de um antigo caminho que atravessava toda a Anatólia e que se tornaria, muito depois, a "[[Estrada Real Persa|Estrada Real]]" de [[Dario I]], que seguia de [[Pessino]] até [[Ancira]], não muito longe do [[rio Sangário]], uma região que permaneceria como o centro da região da Frígia por toda a sua história e uma terra famosa por seus vinhos e seus ''"corajosos e habilidosos"'' cavaleiros.
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==== Guerra de Troia ====
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Antes da [[Guerra de Troia]], um jovem rei, [[Príamo]] de [[Troia]], marchou com um grande exército para a Frígia para apoiar os vizinhos em uma guerra contra as [[amazonas]]. Homero chama os frígios de ''"o povo de [[Otreu (mitologia)|Otreu]] e do divino [[Migdon da Frígia|Migdon]]"''.<ref>Ilíada, III.216-225</ref> De acordo com [[Eurípides]], [[Quinto de Esmirna]] e outros, o filho deste Migdon, [[Coroebus]], lutou e morreu na Guerra de Troia; ele teria pedido a mão da princesa troiana [[Cassandra]] em casamento. O nome ''"Otreus"'' pode ser um [[epônimo]] para [[Otroea]], um local no [[Lago Iznik|lago Ascânia]] nas redondezas da futura [[Niceia (cidade)|Niceia]] e o ''"Mygdon"'' é certamente um epônimo para os ''[[mygdones]]'', um povo que, segundo Estrabão, vivia no noroeste da Ásia Menor ([[Mísia]]) e que era, por vezes, considerado como sendo distinto dos frígios.<ref>Ilíada II.1055-1057; {{citar livro|último =Smith|primeiro =William|autorlink =William Smith (lexicógrafo)|título=A Dictionary of Greek and Roman Geography|publicado=J. Murray|local=London|ano=1878|páginas=page 230}}</ref> Porém, Pausânias acreditava que o túmulo de Migdon estava em ''[[Stectorium]]'', nas terras altas no sul da Frígia, perto da moderna [[Sandikli]].<ref>Pausânias 10.27</ref>
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==== Apogeu e destruição ====
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No século VIII a.C., o Reino da Frígia, com sua capital em [[Górdio]], no vale do alto Sangário, se expandiu e formou um império que dominou a maior parte da Anatólia central e ocidental, invadindo o território do [[Império Neo-Assírio|Império Assírio]] para o sudeste e do reino de [[Urartu]] para o nordeste.▼
▲No
De acordo com Estrabão<ref>[[Estrabão]], I.3.21.</ref> [[Eusébio de Cesareia|Eusébio]] e [[Júlio Africano]], o rei da Frígia nesta época era um outro [[Midas]]. Acredita-se que este Midas histórico seja o ''Mita'' citado nos registros assírios da época e identificado como sendo rei dos ''[[mushki]]''. Estudiosos propõem que este seria o nome dado pelos assírios aos frígios, pois ambos os povos estavam, na época, em campanha contra a Assíria.<ref>''[[Encyclopædia Britannica]]''.</ref> Acredita-se que este Midas teria reinado durante o apogeu do poder frígio, por volta de 720 a.C. até cerca de 695 a.C. (Eusébio) ou 676 a.C. (Africano). Uma inscrição assíria mencionando ''Mita'', datada de 709 a.C., durante o reinado de [[Sargão II|Sargão II da Assíria]], sugere que a Frígia e a Assíria haviam firmado uma trégua na época. Midas parece ter tido boas relações e fortes laços comerciais com os gregos e teria, supostamente, se casado com uma princesa grega.▼
▲De acordo com Estrabão<ref>[[Estrabão]], I.3.21.</ref> [[Eusébio de Cesareia|Eusébio]] e [[Júlio Africano]], o rei da Frígia nesta época era um outro [[Midas]]. Acredita-se que este Midas histórico seja o ''Mita'' citado nos registros assírios da época e identificado como sendo rei dos ''[[mushki]]''. Estudiosos propõem que este seria o nome dado pelos assírios aos frígios, pois ambos os povos estavam, na época, em campanha contra a Assíria.<ref>''[[Encyclopædia Britannica]]''.</ref> Acredita-se que este Midas teria reinado durante o apogeu do poder frígio, por volta de {{AC|720
O [[alfabeto frígio]] se desenvolveu e floresceu em Górdio nesta época, tendo como base um alfabeto derivado dos [[fenícios]] similar ao [[alfabeto grego|grego]]. Uma [[cultura material|cultura cerâmica]] distinta dos frígios, chamada "Cerâmica Polida" (''"Polished Ware"'') aparece neste período.
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Porém, o Reino da Frígia foi finalmente sobrepujado pelos [[cimérios]] e Górdio foi saqueada e destruída. De acordo com Estrabão e outros, Midas se matou tomando sangue de touro.
Uma série de [[escavação arqueológica|escavações arqueológicas]] revelou a importância de Górdio entre os sítios antigos turcos. Elas confirmam o fim violento da cidade por volta de {{AC|675
=== Província do Reino da Lídia ===
Depois de destruírem Górdio, os cimérios permaneceram na Anatólia ocidental e lutaram contra o [[Reino da Lídia]], que finalmente conseguiu expulsá-los por volta de {{AC|620
É possível que haja uma disputa com a Lídia e, talvez, uma referência velada a reféns da casa real implícita na lenda do duplamente azarado príncipe frígio [[Adrasto (filho de Górdio)|Adrasto]], que matou acidentalmente seu irmão e seu exilou na Lídia, onde o rei Creso o recebeu. Uma vez mais, Adrasto matou por acidente, desta vez o filho de Creso, e acabou cometendo suicídio.
=== Satrapia persa ===
Em algum momento na década de {{AC|540
=== Alexandre, o Grande, e seus sucessores ===
[[Alexandre, o Grande]], passou por [[Górdio]] em {{AC|333
[[
No confuso período que se seguiu à [[morte de Alexandre, o Grande|morte de Alexandre]] em 323 a.C., o norte da frígia foi invadida por [[gauleses]] e tornar-se ia a futura região da [[Galácia]]. Górdio foi capturada e destruída uma vez mais, desta vez desaparecendo da história. Em 188 a.C., a região sul passou para o controle dos [[atálidas]] do [[Reino de Pérgamo]], um presente da [[República Romana]] depois de a receberem pelos termos da [[Tratado de Apameia|Paz de Apameia]] com o [[Império Selêucida]], que, por sua vez, havia recebido a região depois das [[Guerras dos Diádocos]]. A língua frígia ainda sobrevivia nesta época, mas agora escrita com o [[alfabeto grego]].▼
▲No confuso período que se seguiu à [[morte de Alexandre, o Grande|morte de Alexandre]] em {{AC|323
=== Período romano e bizantino ===
{{AP|Frígia (província romana)}}
Em {{AC|133
Elas sobreviveram até o final do
As últimas menções à língua frígia datam do
A Frígia é mencionada também nos [[Atos dos Apóstolos]] como um dos lugares visitados por [[Paulo de Tarso]] e [[Silas (Bíblia)|Silas]] na [[segunda viagem missionária de Paulo]] ({{citar bíblia|Atos|16|6}}).
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== Galeria ==
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